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* * ESMAC DIREITO PENAL IV PROF: Waldir Freire * * EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – art. 159, do CPB 1) INTRODUÇÃO: É mais um crime de extorsão. Trata-se neste caso, da privação da liberdade da vítima tendo por fim a obtenção de vantagem, como CONDIÇÃO OU PREÇO DO RESGATE. CONCEITO: sequestrar(PRIVAR A VÍTIMA DE SUA LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO) pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem (de natureza econômica), como condição ou preço do resgate. Pena de reclusão de 08 a 15 anos. 2) OBJETO JURÍDICO: Crime complexo, formado por sequestro ou cárcere privado e extorsão. Tutela-se a inviolabilidade patrimonial e a liberdade de locomoção, além da integridade física, diante das formas qualificadas pelo resultado lesão grave ou morte. O sequestro é crime-meio para a obtenção da vantagem patrimonial. * * 3) ELEMENTOS DO TIPO: A) ação nuclear: consubstanciada no verbo SEQUESTRAR (privar a vítima de sua liberdade de locomoção, ainda que por breve espaço de tempo). O termo sequestro tem acepção ampla englobando o cárcere privado (segregação da vítima em recinto fechado). A intenção de obter vantagem não necessita ser anterior ao sequestro, pode ocorrer posteriormente a este. (ex: quem sequestra um inimigo, por qualquer razão – até para se defender – mas exige depois, para a restituição da liberdade, lhe seja paga certa quantia). Difere do sequestro (art. 148) (ex: impedir que a vítima saia de casa, trancá-la em um quarto)porque na extorsão se exige uma vantagem econômica como condição ou preço do resgate, e no sequestro ocorre a ilegitimidade da retenção ou detenção da vítima (sem o consentimento desta). Ou seja, no sequestro não existe uma finalidade específica, podendo ser vingança, ciúme, etc...(ex: reter paciente em hospital até que ele pague a conta * * SUJEITO ATIVO : qualquer pessoa. Pode ser o que realiza o sequestro, o que vigia a vítima no local do crime para que ela não fuja, bem como, o que leva a mensagem para a vítima. SUJEITO PASSIVO: a pessoa que sofre a lesão patrimonial como a que é sequestrada. 4) ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo. Consiste na vontade livre e consciente de sequestrar a vítima, acrescido da finalidade especial de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate. Não havendo a finalidade especial, poderá ocorrer o crime de sequestro e cárcere privado (se a finalidade for apenas se vingar da vítima). Qualquer vantagem : deve ser econômica, posto tratar-se de crime patrimonial. Mesmo que o tipo não menciona, tipifica o crime a vantagem indevida. Se for devida configura exercício arbitrário das próprias razões, em concurso formal com o sequestro.(credor que sequestra devedor, como forma de constranger os filhos deste a lhe pagarem a dívida). Preço do resgate: indica a exigência de um valor em dinheiro ou qualquer utilidade; Condição: a qualquer tipo de ação do sujeito passivo que possa conduzir a uma vantagem econômica (assinatura de uma nota promissória, entrega de um documento, etc...) * * 5) MOMENTO CONSUMATIVO: Trata-se de crime formal. Logo se consuma com o sequestro, independentemente da obtenção da vantagem econômica. Basta comprovar-se a intenção do agente de obter a vantagem como condição de preço do resgate, o que se faz por meio de negociações entre o sequestrador e parentes da vítima.(por telefone, por mensagens escritas, etc...) Se o agente não entra em contato com familiares da vítima é de se supor que a intenção dele era outra, por exemplo, vingar-se da vítima. È crime PERMANENTE, cujo momento consumativo se prolonga no tempo, enquanto a vítima é mantida em cativeiro. TENTATIVA: admitida. Se o agente não lograr privar a vítima de sua liberdade de locomoção por circunstâncias alheias a sua vontade, provada a intenção de obter vantagem econômica (através de confissão do agente). * * 6 – FORMAS: SIMPLES (ART. 159, caput – pena reclusão, de 8 a 15 anos ) e QUALIFICADAS (§§ 1º, 2º E 3º). Todas as formas são consideradas como CRIME HEDIONDO, na forma do art. 1º, inciso IV, da Lei 8.072/90. 6.1 – QUALIFICADA pelo §1º: PENA: 12 A 20 ANOS. A) Sequestro por mais de 24 horas: B) Sequestro de menor de 18 ou maior de 60 anos(Estatuto do Idoso: Lei 10.741/2003, art. 110, §1º): deve se avaliado no momento da conduta. C) Sequestro praticado por bando ou quadrilha (art. 288). Deve ser uma associação habitual e não ocasional. 6.2 – QUALIFICADA PELO § 2º : pena 16 a 24 anos. Qualificada pela lesão corporal grave. Crime qualificado pelo resultado. Pode ter sido ocasionado tanto dolosa como culposamente. Se a vítima for outra pessoa que não o sequestrado haverá o crime na forma simples em concurso com o crime contra a pessoa. * * 6.3 - § 3º - Qualificada pela morte ( pena de 24 a 30 anos). A morte deve decorrer dos maus-tratos dispensados ao sequestrado como da natureza ou modo do sequestro. 7) CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA : DELAÇÃO EFICAZ OU PREMIADA. § 4º, DO ART. 159. Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. ( imposição pelo art. 7º, da Lei 8.072/90, e depois introduzida pela lei 9.269/96). REQUISITOS PARA A DELAÇÃO PREMIADA: A) Pratica de um crime de extorsão mediante sequestro; B) Cometimento em concurso – Liame subjetivo entre os agentes.Devem agir com unidade de desígnios – Na hipótese de autoria colateral, não falar em aplicação do benefício; C) Delação feita por um dos co-autores ou partícipes à autoridade; D) Eficácia da delação: não basta dar conhecimento da existência do crime, sem indicar dados que permitam a libertação da vítima. * * Não confundir a delação eficaz com a traição benéfica inserida no § único do art. 8º, da Lei dos crimes hediondos. Na delação o que deve ser levado ao conhecimento da autoridade é o crime de extorsão mediante sequestro, E A TRAIÇÃO BENÉFICAPARA O CRIME DE BANDO OU QUADRILHA Para ser eficaz, é necessário que o co-autor ou partícipe delate o crime a autoridade, que a vítima seja libertada, que a delação tenha efetivamente contribuído para sua libertação. CRITÉRIO PARA REDUÇÃO DA PENA EM RAZÃO DA DELAÇÃO EFICAZ: o quantum a ser reduzido pelo Juiz varia de acordo com a maior ou menor contribuição da delação para a libertação. Trata-se de causa obrigatória de diminuição de pena. Preenchidos os pressuposto, não pode ser negada pelo Juiz. È circunstância incomunicável aos demais agentes, posto ter o caráter pessoal. Lei 9.807, de 13/07/1999 – Trata-se da Lei de Proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas, que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigação policial e ao processo criminal – Prevê perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade a criminosos (art.13) que tenham colaborado efetiva e voluntariamente com as investigações.
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