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qualidade de vida do enfermeiro

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Qualidade de Vida
Enviado por RayaraSilva2304
 
26/05/2014
 
1793 Palavras
PÁGINA 
8
 DE 8
INTRODUÇÃO
Diante dos fatos observados na atualidade torna-se evidente que para o profissional de Enfermagem trabalhar em uma unidade de emergência ele precisa estar preparado não só intelectualmente com os conhecimentos teórico-prático, mas também está munido de um preparo físico e mental; dessa forma poderá prestar uma assistência de excelência, promovendo a sua qualidade de vida e beneficiando também os clientes desse serviço.
Uma série de fatores podem influenciar na qualidade de vida de um (a) Enfermeiro (a), entre eles os mais citado é o estresse, ainda mais quando discutido dentro de uma unidade emergencial, onde existe uma demanda aumentada de atendimentos por dia; neste ponto de vista fez-se necessário investigar justamente sobre a qualidade de vida desses profissionais.
Trata-se de uma documentação indireta com revisão de literatura, onde foi narrado o conhecimento produzido nos artigos selecionados, destacando os resultados, discussões e conclusões importantes para elaboração do mesmo; tem por objetivo apontar a qualidade de vida dos profissionais de Enfermagem, além de identificar quais os fatores que interferem nessas condições bio-psico-sociais do enfermeiro, incluído o estresse, bem como analisar a sua influência no rendimento desses profissionais.
A qualidade de vida nas unidades de emergência foi analisada através de dados publicados porSpanhol, Barreto e Melo (2012); tendo como referência nas implicações na jornada de trabalho de Lima (2012) e com base em Harbs, Rodrigues e Quadros (2008), foi debatido o estresse da equipe de Enfermagem.
Assim, ao final espera-se que o artigo possa trazer benefícios para a população estudada, mostrando-os os riscos que correm ao exercerem a profissão escolhida e fornecer dados que possam ajudar a melhorar esse fato.
DESENVOLVIMENTO
Qualidade de Vida
Muitas são as definições encontradas para o termo qualidade de vida, já que cada indivíduo a partir de seu histórico pessoal almeja algo que possa se satisfizer completamente, seja ele um bom emprego, uma boa moradia, bons relacionamentos interpessoais ou simplesmente ter saúde. Outros conceitos mais concretos mostram que a qualidade de vida está ligada ao todo de uma pessoa, ou seja, ela precisa ter saúde mental, física e social. 
No âmbito profissional, qualquer que seja a área de atuação, essa é uma questão fundamental, já que para desempenhar as atividades habituais de forma satisfatória é imprescindível que o trabalhador esteja bem consigo mesmo. 
A qualidade de vida no trabalho é um conjunto de ações de uma instituição visando à melhoria do desempenho de seus funcionários e que envolve vários aspectos relacionados às atividades a serem desenvolvidas como: aspectos de vida particular, como lazer entreoutros aspectos que são responsáveis pelo bom andamento do serviço. De forma geral a ênfase é dada ao grau de satisfação da pessoa com a instituição, condições ambientais gerais e promoção da saúde que favorecem o ser enquanto pessoa e profissional (FRANÇA,1996 apud MIRANDA, 2006, p.30). 
Qualidade de vida dos Enfermeiros na Emergência
Quando se tratando de enfermeiros, a situação fica ainda mais intrigante já que uma de suas funções é promover a saúde. Segundo Rios, Barbosa e Belasco (2010), o ambiente de trabalho desses profissionais é insalubre, os turnos são alternados, onde a subordinação e hierarquia existem. Os horários são rígidos, há falta de autonomia, alta rotatividade, a desarticulação das defesas coletivas, o esforço físico constante, a exposição a agentes biológicos e cuidados diretos de pacientes com diferentes necessidades e complexidades. 
Diante de tantas adversidades torna-se complicado adquirir uma qualidade de vida padrão e por conseqüência a execução de um bom serviço. 
São muitos os benefícios da qualidade de vida no trabalho: redução do absenteísmo, baixa rotatividade, atitude favorável ao trabalho, redução / eliminação da fadiga, promoção da saúde e segurança, integração social, desenvolvimento das capacidades humanas e aumento da produtividade (MIRANDA, 2006, p.31). 
De acordo com o Código de ética ‘’ A Enfermagem é uma profissãocomprometida com saúde e a qualidade de vida da pessoa, família e coletividade’’ [...]. (COREN, 2007)
É uma profissão que necessita de atenção, responsabilidades, técnicas e compromisso; na unidade de emergência essas exigências são ainda maiores vendo que [...] é caracterizado como um trabalho intenso, no qual o enfermeiro tem que cumprir suas tarefas em tempo diminuído e em condições inadequadas devido a uma série de implicações que interferem no processo de trabalho. (LIMA, 2012, p.7)
Diversas são as conseqüências trazidas aos profissionais de enfermagem pelo seu meio de trabalho que irá afetar sua qualidade de vida, entre elas estão lesõesMUSCULARES devido a esforços e movimentos repetitivos; problemas psicológicos por conta das cobranças sofridas e do próprio ambiente com pessoas sofridas e doentes; acidentes de trabalho ocasionado pelas péssimas condições da instituição; obesidade graças a uma alimentação altamente desregulada; entre outras mais. 
Fatores que influenciam na qualidade de vida dos enfermeiros
Dessa forma essa área especifica de atuação pode interferir diretamente na qualidade de vida dos profissionais, inúmeros são os fatores citados pelos autores, como por exemplo, as péssimas condições de trabalho, a sobrecarga e dupla jornada de trabalho, baixas remunerações, desvalorização da classe, dificuldade de relacionamento entre osmembros da equipe e por conseqüência o estresse, comprometendo a saúde e o rendimento dos enfermeiros. 
O estresse que também possui várias definições e no cotidiano é utilizado em situações diversas correspondendo a resposta do nosso corpo, tanto físico quanto mental, aos momentos vivenciados por cada um possui papel significativo na vida do enfermeiro ou enfermeira.
A enfermagem foi classificada pela Health Education Authority, como a quarta profissão mais estressante, no setor público. São poucas as pesquisas que procuram investigar os problemas associados ao exercício da profissão do enfermeiro no Brasil. A história da enfermagem revela que desde sua implementação no Brasil ela é uma categoria marginalizada e assim, o enfermeiro vem tentando afirmar-se profissionalmente sem contar com apoio e compreensão de outros profissionais” (STACCIARINI; TRÓCCOLI, p. 2. 2001). 
Rendimento dos enfermeiros frente sua qualidade de vida
É evidente que para os profissionais de enfermagem executarem suas funções de forma eficiente eles precisam manter sua qualidade de vida, caso contrário estará colocando em risco a vida dos pacientes, cometendo erros, que muitas vezes são fatais e certamente o comprometimento da sua carreira profissional, provocando grande impacto psicológico e emocional. 
Desta forma é correto afirmar que [...] a qualidade de vida doprofissional de enfermagem implica na qualidade do atendimento prestada ao cliente [...] (SPANHOL, BARRETO E MELO, 2012). Assim torna mais eficiente e gratificante o papel do profissional de enfermagem em seu ambiente de trabalho. Isso se reflete melhor em uma sociedade onde o cuidador é responsável por cuidar de si e dos outros (VIEIRA; ALVES; KAMADA, 2007).
Projeto de valorização dos Enfermeiros
Como já abordado anteriormente a Enfermagem é uma categoria profissional que tem como seu maior objetivo o cuidar. Assistir vidas durante sua fragilidade requer muito mais do que conhecimento técnico, experiência e agilidade. No momento que se coloca um profissional para prestar assistência a um cliente com problemas na saúde, outros fatores importantes tanto como o técnico devem ser observados, a questão física, psicológica e a valorização desse profissional. 
Submeter um colaborador da assistência de enfermagem a longas jornadas de trabalho é comprometer sua qualidade de vida e prestação de serviços. Hoje um profissionalfica em média 24h sem dormir, muitas vezes não bebe água devido à correria no trabalho e a falta de trabalhadores. Muitos vivem sob o estresse de ter que possuir dois empregos, devido à baixa remuneração e como conseqüência de tudo isso são os problemas de saúde que vão surgindo. 
Foi criado um projeto de valorização dos enfermeiros, técnicos deenfermagem e auxiliares de enfermagem, com o objetivo de diminuir essa jornada de trabalho e determinar um piso salarial. Esse Projeto é da Deputada Valéria Macedo do PDT PL 2295/2000, alguns setores públicos federais, estaduais e municipais já diminuíram a jornada dos seus servidores para 30h sem diminuir o salário, mas, a grande maioria que trabalha em empresas privadas aguarda a lei ser aprovada e sancionada pela Presidenta Dilma. Esse projeto é esperado por todos profissionais da enfermagem como um marco na valorização do seu trabalho, melhoria na qualidade de vida e assistência. 
CONCLUSÃO
Com o presente trabalho pode-se concluir que é importante sim ter qualidade de vida visto que a falta dele pode acarretar problemas secundários para o profissional, o cliente e para a instituição.
De acordo com Bulhões (1994) apud. Miranda et al. (2005), o ritmo de trabalho intenso da enfermagem exige grande esforço físico, e para o profissional não estar sujeito a qualquer tipo de adoecimento é preciso um planejamento que assegure à equipe o repouso necessário, ambiente de trabalho seguro, insalubre, adequado para as realizações da prática de enfermagem e com um programa alimentar adequado para a reposição da energia gasta durante a jornada de trabalho. 
O grande segredo para o equilíbrio do organismo é o respeito aos seus ritmos,ou seja, cuidar de quem cuida, potencializando sua qualidade de vida e no trabalho (HARBS, RODRIGUES, QUADROS, 2008 p.55).
É extremamente necessário também que [...] os enfermeiros estejam juntos na luta por seus interesses [...], citado por (LIMA, 2012, p.12), juntamente com o comprimento das leis inerentes a profissão. 
. 
REFERÊNCIAS
LIMA, Graziana Ramos. Implicações da jornada de trabalho na qualidade de vida do Enfermeiro em Unidade de Emergência. Cabo Frio – RJ, 2012. 
SPANHOL, Karla Danielle; BARRETO, Chayanne Neves Telles; MELO, Willian Augusto de. Profissionais de Enfermagem: Avaliação da qualidade de vida nas unidades de emergência nos diferentes tipos de gestão hospitalar. Anais Eletrônico - VI Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica., 2012.
HARBS, Thaiana Crisley Harbs; RODRIGUES, Silvia Terezinha; QUADROS, Valdete Alves da S. de. Estresse da equipe de enfermagem em um centro de urgência e emergência. Boletim de Enfermagem., v.01, n. 02, 2008.
PANIZZONA, Cristiane; LUZ, Anna Maria Hecker; FENSTERSEIFER, Lísia Maria. Estresse da equipe de enfermagem de emergência clínica. Rev Gaúcha Enferm.,Porto Alegre (RS) 2008 set;29(3):391-9.
BATISTA, Karla de Melo; BIANCHI, Estela Regina Ferraz. Estresse do enfermeiro em unidade de emergência. Rev. Latino-Am. Enfermagem., v.14 n.4, 2006.
Qualidade de vida do enfermeiro
Enviado por JCNJRS
 
09/06/2013
 
4449 Palavras
PÁGINA 
1
 DE 18
Qualidade de vida no trabalho do enfermeiro da Atenção Básica à Saúde
Qualidade de vida (QV), segundo a Organização Mundial da Saúde, pode ser entendida como "a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto cultural e no sistema de valores nos quais ele vive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações"(1). Essa expressão tem sido referida tanto ao momento de vida dos indivíduos em sociedade, como aos momentos de trabalho – qualidade de vida no trabalho (QVT) – devido à premissa de que não há como dissociar a vida e o trabalho.
Atualmente, tem-se que a QVT abrange dimensões físicas, tecnológicas, psicológicas e sociais do trabalho, correspondendo a valores de uma organização mais humana e saudável(2), relacionando-se com a satisfação dos trabalhadores em um ambiente de trabalho seguro, de respeito mútuo, com oportunidades para o desempenho de suas funções(3). Considera-se, para concretização satisfatória da QVT, a necessidade de se valorizar o trabalhador, sua participação no processo decisório, o incentivo do potencial criativo, a satisfação de suas necessidades, a humanização das relações de trabalho e a melhoria das condições laborais(4).
De um modo geral, não está estabelecido um consenso sobre o conceito e qual seria a melhor forma de avaliar a QVT e/ou satisfação de trabalhadores da Enfermagem(3). A maioria dos estudos dessa área vem abordando a QV dos pacientes e de seus familiares, sendo que estudos sobre a QVT de profissionais são produzidos com menor frequência. E, dentre os estudosrealizados, predomina a ênfase maior na dimensão patológica, incluindo principalmente o processo de adoecimento e fatores de risco para os profissionais de saúde ligados às cargas biológica, física e química a que são submetidos, especialmente no ambiente hospitalar(5).
Na Atenção Básica à Saúde da população, tem sido possível perceber várias situações de estresse e insatisfação quanto ao trabalho por parte dos trabalhadores de diferentes categorias profissionais, dentre eles a da Enfermagem(6-,8), que apontam para a pouca atenção as suas próprias condições de saúde. De fato, as unidades básicas de saúde (UBS), como principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), configuram-se como ambientes em frequente tensões para as equipes de saúde e para os usuários(9). Neste contexto, é constante o lidar com novos e diversos problemas de saúde, nem sempre de fácil e rápida resolução, implicando a responsabilização pela atenção à saúde dos usuários no decorrer do tempo, devendo-se acolher a população, atentando-se para suas inúmeras necessidades e demandas. Contudo, torna-se necessária essa atenção também para quem a proporciona, visto que os profissionais de saúde, como os agentes comunitários (ACS), médicos, dentistas e profissionais de Enfermagem, dentre outros, devem estar muito bem preparados e com condições biopsicosociais satisfatórias para o trabalho(10), tornando o local de trabalho mais interessante e humanizado, valorizando-se todos os envolvidos na produção de saúde(11).
Tomando por base a importância da participação ativa dosprofissionais nas questões relativas às suas vidas, saúde e trabalho, o presente estudo objetivou apreender as concepções e experiências sobre QV e QVT para enfermeiros da Atenção Básica à Saúde, tendo em vista as particularidades que tais concepções e experiências possam assumir, já que têm suas histórias de vida e características sócio-culturais e de trabalho singulares(12).
MÉTODOS
Inicialmente, foi realizada análise descritiva sobre aspectos sociais, demográficos e de trabalho de profissionais da rede básica de saúde de Marília, interior do estado de São Paulo, Brasil. Foram consideradas estudadas as variáveis: idade, sexo, categoria profissional, data de contratação, tempo de trabalho e tipo de UBS na qual estava trabalhando, das categorias comuns aos diferentes modelos assistenciais adotados neste nível assistencial (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, ACS, dentistas e médicos).
A partir desse universo de profissionais, para responder às questões centrais deste estudo, foi realizada a investigação de cunho qualitativo(12), junto aos enfermeiros. Essa categoria profissional foi priorizada por ser aquela que mais comumente assume a gerência das UBS, nos diferentes modelos assistenciais adotados, bem como a chefia da equipe de Enfermagem e de ACS em todas as situações, em período integral, apresentando assim condições de relacionar a QVT aos diferentes momentos do próprio processo de trabalho com o da equipe de saúde. Os participantes foram selecionados intencionalmente, incluindo os advindos dos diferentes modelosassistenciais e unidades de cada microrregião de saúde do município, com experiência de mais de um ano na Atenção Básica, sendo o seu número delimitadopelo critério de saturação dos dados em oito participantes(13).
Os dados foram colhidos por meio de gravação de entrevistas semi-estruturadas pautadas pelas questões norteadoras: O que é qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho? Discorra sobre sua qualidade de vida e sobre sua qualidade de vida no trabalho. O que sugere para melhorar a qualidade de vida no trabalho na Atenção Básica? A Análise de Conteúdo Temática, proposta por Bardin(14), foi aplicada aos depoimentos transcritos na íntegra. Operacionalmente, o processo analítico seguiu-se em três momentos: 1- pré-análise: quando se realizou a leitura flutuante dos dados transcritos, buscando formular e reformular as hipóteses e objetivos do estudo; 2- exploração do material: quando se iniciou a classificação dos dados, em um sistema de categorias, reunindo-os de acordo com o seu significado (núcleos de sentido), 3- tratamento dos resultados obtidos e interpretação: quando os resultados brutos foram submetidos a operações para colocar em destaque as informações obtidas, correlacionando-as aos temas de estudo, por meio de um processo analítico indutivo e interpretativo, com base no quadro teórico(12).
Cabe registrar que este estudo seguiu os preceitos éticos da Resolução 196/96, que versa sobre as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa em Seres Humanos, sendo que seu projeto de pesquisa foi aprovado pelo Conselho Municipal deAvaliação em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde e pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina de Marília (Protocolo nº 396/09).
RESULTADOS
Em uma breve caracterização do grupo de enfermeiros entrevistados, pode-se destacar que apenas um era do sexo masculino; a faixa etária variou de 25 a 49 anos e o tempo de trabalho de um a 21 anos, sendo dois enfermeiros assistenciais e dois gerentes de unidades básicas de saúde com Programa de Agentes Comunitários de Saúde (UBS/PACS) e quatro de unidades da Estratégia Saúde da Família (ESF), com ambas as funções. Dois entrevistados citaram um segundo vínculo empregatício e um mencionou trabalhar em três locais diferentes, todos relacionados à ESF. Os depoimentos obtidos com as entrevistas feitas com esses profissionais seguem apresentados de forma descritiva, classificados por temas e núcleos de sentido, com as respectivas unidades de registros, por sua vez identificadas com o número do enfermeiro entrevistado (E1... E2).
Tema 1 – Concepções sobre qualidade de vida
Partindo para a apreensão das concepções dos enfermeiros entrevistados sobre QV, obteve-se que esse termo para eles denota um sentido genérico e complexo, de difícil definição, porém com relação direta à sensação de bem estar em diferentes aspectos da vida:
Termo muito genérico, complexo e subjetivo.
Qualidade de vida, eu entendo assim, o termo em si como algo muito genérico, que generaliza muitas outras coisas. Mas é muito subjetivo no sentido que depende muito do indivíduo e de suas escolhas, das opções, dos valores que eleconsidera. Quais são os valores que estão em jogo, qual é a conduta ética, moral, que esse indivíduo acredita que é pra si, para que exista ou não qualidade de vida? (E1) Qualidade de vida é o bem-estar físico, mental e psicossocial. (E2)
Os enfermeiros também relacionaram a QV à satisfação (ou não) de necessidades apresentadas pelos indivíduos, referindo-se às diferentes dimensões de suas vidas, com destaque àquelas relacionadas ao trabalho, deixando transparecer a importância do equilíbrio dessas condições:
É ter condição para a satisfação de diferentes necessidades das pessoas
Qualidade de vida é quando você tem condições de desenvolver seus potenciais em todos os seus aspectos: na vida emocional, na vida financeira, na vida profissional. (E3) Importante é você fazer o que gosta, dentro dos seus limites, dentro do que é permitido ao seu redor, o trabalho, ambiente, tudo mais. E estar perto das pessoas que você gosta também, mesmo que não seja um ambiente agradável, tanto no trabalho quanto no dia-a-dia. É ter paz, ter harmonia. (E7)
O cuidar de si foi lembrado pelos enfermeiros, como condição para se ter QV, deixando transparecer que o profissional que tem como profissão cuidar do próximo, pode por vezes deixar de ter cuidado consigo mesmo:
É cuidar de si
Cuidar de você como um indivíduo, não só dos outros, mas de você também. (E3)
Os profissionais reconhecem que, quando existe QV, vive-se melhor e, consequentemente, trabalha-se com mais tranquilidade e com maior satisfação:
Se tiver qualidade de vida, tudo fica mais fácil e melhorEntão, a qualidade vem melhorar aquilo que você faz. Você vai fazer com maior satisfação, com maior prazer, não se tornando um peso a mais, faz de uma maneira mais solta, mais leve. (E3)
Tema 2 – Concepções sobre qualidade de vida no trabalho
Os enfermeiros deram grande importância ao trabalho que, por sua vez, foi considerado fator essencial para a viabilização (ou não) da QV de cada um:
O trabalho é algo muito importante na vida de um ser humano
O trabalho é algo muito importante na vida de um ser humano, é algo que mexe muito com a vida dele, influencia em tudo. Se a pessoa não está feliz no trabalho, dificilmente ela vai estar feliz em casa, dificilmente ela vai proporcionar felicidade para outras pessoas. (E1)
Embora, o trabalho fosse considerado fundamental para a QV das pessoas, os enfermeiros destacaram que nem sempre há esse reconhecimento por parte dos próprios trabalhadores e dos gestores da saúde:
Mas eu não penso muito nisso não, a gente vai tocando o serviço. Quando a gente começa a discutir um pouco sobre isso é que a gente começa a sentir um pouco o peso. Quando a gente está trabalhando, no dia a dia, nem dá tempo de pensar. (E7) E muitos dos administradores não vêem isso como uma coisa importante e seria... Até porque se a pessoa tem qualidade de vida, ela trabalha melhor. (E2)
Os enfermeiros relacionaram a QVT basicamente às condições de trabalho a que se expõem cotidianamente:
É ter um bom ambiente de trabalho, condições para se empenhar nas tarefas de forma adequada, é ter um bom espaço físico. É não ter tantafalta de medicamento e de funcionários. Eu acho que é uma somatória de fatores (E5)
Ter a autonomia e responsabilidade para realizar suas funções, segundo suas competências e habilidades, e o respeito entre os sujeitos do cuidado foram fatores considerados como importantes para o estabelecimento pleno da QVT:
É ter autonomia, responsabilidade profissional, respeitar e ser respeitado
Pra você ter uma boa qualidade de vida no trabalho, tanto para as enfermeiras, como também para os outros profissionais é ter um pouco mais de autonomia e se responsabilizar. Acho que é muito importante: respeitar e ser respeitado. Cumprir com seus deveres, saber dos seus direitos, agir da maneira mais ética e moral possível com o próximo e, também, receber isso. (E1) É quando o empregado tem condições de exercer o seu trabalho de maneira livre, de maneira tranquila. (E3)
A própria satisfação com e no trabalho é um item que foi apontado como essencial para a adequada QVT, funcionando como indicador dessa:
É a satisfação individual com e no próprio trabalho
É a gente se sentir bem, um profissional se sentir bem no que está fazendo. É ser saudável, tanto fisicamente quanto psicologicamente. É se gostar. É estar bem com o que está fazendo. Se sentir bem com o que faz no trabalho. (E2)
Ao se reportarem às condições para o alcance da QVT, os enfermeiros deram destaque ao trabalho em equipe:
É valorizar o trabalho em equipe
Eu acho que um coleguismo, um carinho que você tem pelo serviço, porque um funcionário que falta, pesa no serviço. E, se ele não comunicar aninguém a falta e nem justificar, vai ficar um "buraquinho" vazio na unidade, mas se ele avisar o fato, não só pra enfermeira, mas para todos da equipe, vai ficar mais tranqüilo e a equipe não vai ficar tão fragilizada. (E1) É ter uma boa integração na equipe. (E8)
O adequado cuidado ao usuário foi relacionado à QVT satisfatória, demonstrando a preocupação dos entrevistadoscom o trabalho prestado:
É poder proporcionar um cuidado adequado para os usuários
É poder estar assistindo a comunidade no que ela precisa, dentro dos limites do SUS, da Atenção Básica. (E5)
Tema 3 - Experiências sobre a própria qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho do enfermeiro da Atenção Básica à Saúde
A maior parte dos enfermeiros, em um primeiro momento, explicitou estar satisfeita com sua QV e sua QVT:
Tenho satisfação com minha qualidade de vida
Eu vivo bem no dia-a-dia, tanto na minha casa, como no meu serviço. Apesar das condições não favorecerem, acho que tenho boa qualidade de vida no trabalho. (E7)
Justificando essa percepção, os enfermeiros apontam o envolvimento dos profissionais da Atenção Básica à Saúde com o trabalho, valorizando o trabalho em equipe:
Há um grande envolvimento da equipe no trabalho
Aqui a gente veste a camisa e trabalha em equipe, conseguindo se desenvolver. (E4)
Entretanto, os enfermeiros deixaram transparecer que em alguns momentos as condições do trabalho em equipe têm interferido negativamente, comprometendo a QV deles:
Os problemas do trabalho em equipe têm interferido na qualidade de vida
Mesmo sendo umaequipe que eu considero bastante unida, tem essas situações, que um se sente trabalhando mais que o outro. E, na Atenção Básica eu percebo que o processo de trabalho, está muito centrado na enfermeira, de modo geral, tanto nas unidades básicas de saúde como nos PSF. (E1) Eu não estou tendo muita qualidade de vida. Por causa do trabalho que é cansativo. (E2) Vai pra casa mal, não almoça bem e acaba refletindo no contexto de vida da gente. (E5)
Outros problemas indicados pelos enfermeiros que não tem favorecido a QVT na Atenção Básica à Saúde se relacionaram às próprias características da demanda/perfil dos usuários, desorganização do modelo assistencial com priorização da assistência curativa em detrimento do papel de promoção e prevenção à saúde, estresse no trabalho, absenteísmo, falta de recursos materiais, físicos e humanos:
A qualidade de vida no trabalho fica comprometida por alguns problemas existentes na Atenção Básica à Saúde
Não tem qualidade de vida no trabalho porque é muito estressante o ambiente em que nós estamos inseridos, pelas condições de trabalho e pelos próprios pacientes. Eles são menos instruídos, não têm paciência. E, também, é difícil lidar com a população pelo modo que é construído o serviço. A prevenção e a promoção são bem diminuídas, tendo mais ênfase no curativo. (E2)
Para fazer frente aos problemas/dificuldades encontrados no trabalho, para melhor a QVT da equipe de saúde da Atenção Básica à Saúde, os enfermeiros indicaram várias medidas já bem sucedidas, bem como outras possíveis intervenções. Essasindicações abrangeram uma larga faixa de possibilidades, desde a atenção à saúde mental e física dos trabalhadores até medidas administrativas de organização do processo de trabalho, havendo destaque para as intervenções de educação permanente em saúde (EPS):
São necessárias intervenções para melhorar a qualidade de vida no trabalho na Atenção Básica à Saúde
Eu acho que seria interessante a gente trabalhar com educação permanente. A gente levantar as necessidades da equipe, ver o que precisa mudar e discutir, fazer uma busca teórica sobre isso pra ver o que precisa melhorar e ter espaço pra isso. A reunião de equipe é o único momento para pensar, conversar, acertar o que está errado e elogiar o que está bom. (E5) Acredito que falta iniciativas tanto dos gestores como da gente para melhorar a qualidade de vida no trabalho. (E8)
DISCUSSÃO
O quantitativo de oito enfermeiros incluídos intencionalmente no estudo, de modo geral, correspondeu à diversidade de características, verificadas previamente em estudo de cunho quantitativo, do universo de enfermeiros atuantes na Atenção Básica à Saúde no município em 2009, mostrando-se suficiente para permitir a obtenção de diferentes dimensões do fenômeno estudado, favorecendo a análise aprofundada pretendida(13). Entretanto, cabe salientar que, se por um lado a abordagem desses enfermeiros foi adequada aos propósitos da presente pesquisa, um limite a ser apontado na mesma foi a não inclusão de demais membros das equipes de saúde, o que poderia possibilitar a apreensão de outras perspectivas e contribuiçõessobre os temas estudados.
Neste estudo, pode-se verificar que a maioria dos enfermeiros entrevistados, em um primeiro momento, teve dificuldade em definir QV e QVT, relacionando-os a visão de mundo e experiências de vida de cada um. Sabe-se que a natureza abstrata e subjetiva dos termos, especialmente da expressão - qualidade de vida - implica diversos significados atribuídos aos conhecimentos, experiências e valores, tanto individuais como coletivos. Esses significados dependem das dimensões do momento histórico, da classe social e da cultura a que pertencem os indivíduos, sendo que QV pode ser discutida sob diferentes facetas e pontos de vista, podendo haver amplos debates conceituais(4).
No transcorrer das entrevistas, pôde-se constatar que às concepções iniciais sobre QV e QVT foram agregados alguns sentidos e esses se mostraram convergentes ao que a literatura científica atual da área da saúde vem apontando(3-4). Assim, a QV foi relacionada às condições de satisfação das necessidades das pessoas, trabalhadores e usuários, em suas diversas dimensões biopsicosocioespirituais, principalmente ao equilíbrio dessas condições. Foi citada uma grande variedade de necessidades a serem satisfeitas, tais como relacionamentos profissionais, familiares e sociais, lazer, saúde, alimentação, educação. O conceito também esteve atrelado à sensação de bem-estar resultante da satisfação desses vários aspectos da vida, indicando a amplitude do mesmo e sua correlação à perspectiva mais ampla do processo saúde e doença, nas dimensões que favorecem aconquista da cidadania. Torna-se válido ressaltar que, devido à dinâmica do processo de viver, a satisfação com a vida e a sensação de bem-estar podem ser sentimentos transitórios(4).
Houve um grande destaque ao trabalho na composição do conceito sobre QV, sendo apontado como o principal fator para o alcance de uma QV satisfatória. Essa apareceu atrelada à capacidade de distanciamento entre trabalho e vida, ter o descanso e o lazer, o que, segundo os entrevistados, muitas vezes não estava acontecendo em seus cotidianos. Para eles a QV desejada se referia a conviver em um ambiente agradável e tranquilo, tanto familiar como profissional, sem conflitos emocionais. Se, em um primeiro momento, as concepções se mostraram muito ingênuas e descoladas da realidade, ao se reportarem as suas experiências de vida e trabalho, os enfermeiros deixaram transparecer o reconhecimento de dimensões mais realistas inerentes ao termo, revelando os limites e potencialidades da concretização satisfatória da QV e QVT para eles(11).
A QVT na Atenção Básica à Saúde foi relacionada à satisfação das condições de trabalho, como a disponibilidade e recursos humanos, materiais e ambientais, a organização do processo de trabalho, as formas de cuidar e o resultado e o reconhecimento do trabalho. A remuneração foi citada como um importante fator para a QVT. Sabe-se que remuneração é um significativo fator de motivação no trabalho, não sendo, no entanto, o principal. Tem-se que o trabalho, quando realizado em condições favoráveis, promove a sensação de bem-estar que favorece asrelações humanas e o processo de trabalho, refletindo na QV dos profissionais e na melhoria da assistência prestada(3,15-16).
Destaca-se que autonomia e maturidade profissional foram aspectos relacionados à adequada QVT no contexto analisado. Nos estudos de QVT realizados sob o ponto de vista da satisfação dos trabalhadores em relação ao trabalho, verifica-se a importância dada às relações que se estabelecem e ao poder que os trabalhadores têm em relação aos processos de trabalho(3-4). Coerentemente, o trabalho em equipe adequado foi referido como necessário para a QVT satisfatória. O trabalhoem equipe multiprofissional tem sido considerado um importante pressuposto para a reorganização do processo de trabalho no âmbito da Atenção Básica à Saúde, em especial na ESF, visando à abordagem mais integral e resolutiva(17).
Quanto às próprias experiências de QV e QVT, os enfermeiros apontaram vários aspectos positivos em relação às mesmas, como o envolvimento e responsabilização da equipe com o trabalho. Contudo, eles relataram já ter vivenciado situações adversas, especialmente devido à sobrecarga horária e de atividades, em consequência da falta de colaboração entre os membros da equipe ou centralização do processo de trabalho no enfermeiro. Em estudo realizado no contexto da ESF, foi detectado que os enfermeiros atribuíam a real sobrecarga de trabalho à falta de uma melhor divisão das tarefas burocráticas(17). Outro fator considerado negativo para a QVT, especialmente para os enfermeiros da ESF, foi o fato de esses últimos terem um segundo eaté um terceiro vínculo empregatício, mostrando a incoerência do que se é preconizado oficialmente, quanto à dedicação exclusiva do profissional que atua sob esse modelo assistencial(9). A necessidade de muitos trabalhadores de enfermagem possuir mais de um emprego e de trabalharem em finais de semana e feriados faz com que grande parte deles não consiga usufruir de momentos de lazer, os quais são considerados necessários para manutenção de uma vida saudável.
Foi lembrado pelos entrevistados, como fator predisponente à insatisfação no trabalho, o fato de nem sempre haver possibilidades de lidar racionalmente com o grande envolvimento que ocorre entre eles e os usuários da Atenção Básica à Saúde. É preconizado que esses profissionais devam estabelecer vínculos com a população que assistem(9-10), entretanto o contexto familiar e sociocultural dos usuários, geralmente mostra-se permeado por problemas de diferentes ordens e de difícil resolução. Características distorcidas do modelo assistencial adotado também foram referidas como complicadoras da QVT, especialmente a adoção prioritária do atendimento à demanda espontânea, em detrimento da realização de ações de prevenção e promoção da saúde. Uma caracterização recentemente realizada sobre as ações das equipes de saúde da família do município em estudo revelou que as equipes estão propondo estratégias coerentes com os propósitos do SUS, fazendo-se realmente necessária a ampliação da oferta dessas ações, valorizando a intersetorialidade e a participação popular(18).
Os enfermeiros indicaramvárias possíveis medidas para melhorar a QVT nas unidades de saúde, passando por ações específicas voltadas para a promoção da saúde mental e física dos membros da equipe de saúde, até mudanças de postura profissional como a responsabilização de todos para com o processo e a finalidade do trabalho. Considerando medidas de âmbito municipal, apontou-se a necessidade de maior envolvimento dos gestores do Setor Saúde com a realidade da população e a preocupação desses para com a QVT. Foi frequente a indicação da necessidade de ações educativas efetivas voltadas aos profissionais da saúde da Atenção Básica à Saúde, a exemplo do que já vem ocorrendo em algumas USF. Nessas unidades, segundo os depoentes, a EPS melhorou o processo de trabalho, o atendimento ao usuário e o olhar ampliado às necessidades de saúde e às oportunidades de reflexão da equipe, inclusive sobre a QVT. Esses espaços de discussão e a realização de futuras pesquisas sobre a temática poderão contribuir com a melhora das condições de trabalho dessa população, sendo importante o desenvolvimento de investigações que, a partir dos achados deste estudo, busquem a superação dos problemas apreendidos, em uma perspectiva mais ampla, com abordagem que inclua os demais membros das equipes de saúde.
Por fim, vale destacar o reconhecimento por parte dos enfermeiros sobre a importância do autocuidado, como um fator para se ter QV e QVT, muito embora por vezes os enfermeiros deixem de cuidar de si, contraditoriamente, apesar de terem uma profissão pautada no cuidado aos usuários. Sob ponto devista institucional, torna-se necessária a articulação de estratégias para investir nas relações interpessoais, implementando ações e programas que contemplem as expectativas dos trabalhadores de se cuidar, ao mesmo tempo em que são cuidados pela organização(4) e no exercício profissional do cuidado em saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De um modo geral, os enfermeiros apresentaram-se satisfeitos com as próprias QV, entretanto revelaram vários aspectos a serem considerados para se satisfazerem com a QVT, no contexto da Atenção Básica à Saúde, tanto no que se refere a sua categoria profissional, como a aspectos mais gerais desse nível assistencial. Tomando por base a perspectiva ampliada dos enfermeiros sobre QV e QVT, pode-se constatar a necessidade e importância de se mobilizar atenção de gestores, para a incorporação de ações específicas voltadas a essa temática, no cotidiano das UBS, levando em conta a participação ativa dos enfermeiros e demais membros da equipe de saúde, neste processo.
O Erro Humano e a Segurança do Paciente é livro coordenado por equipe de enfermeiros; mestres e doutores do Departamento de Enfermagem da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo; UNIFESP; a que se agrega equipe multidisciplinar; constituída por antropólogos sociais; advogado; farmacêuticos e pediatras.
Seus objetivos são:
a. o estudo do erro médico – cujos conhecimentos ao se considerar a multidisciplinaridade – apresentam percepções compreensivelmente diver-sas e que não obstante estas diferenças convergem para inclusãodentro de um processo (constituído pelos elos das ações de saúde) e que se desenvolvem individualmente por cada profissional. Ou seja; o erro aparece quando o processo é ignorado; desconhecido e não praticado.
b. transmissão – para os profissionais da área da Saúde; gestores e socie-dade de informações que possibilitem criar ações transformadoras.
Seguindo esta temática o livro apresenta 15 capítulos; bastante elucidativos; os quais de forma objetiva passam ser enumerados:
1. Errar é Humano: Estratégias para a Busca da Segurança do Paciente 2. Os Erros Humanos: Abrangência e Tipos 3. A Prevenção do Erro Humano 4. Componentes da Qualidade e a Prevenção do Erro Humano. 5. A Bioética e o Erro Humano 6. Implicações Legais do Erro para Profissionais de Saúde 7. Erros de Medicação: Aspectos Relativos à Prática Médica 8. Erros de Medicação: Aspectos Relativos à Prática do Farmacêutico 9. Erros de Medicação: Aspectos Relativos à Prática do Enfermeiro 10. A Tecnologia da Informação na Prevenção de Erros no Sistema de Saúde 11. O Impacto Econômico dos Eventos Adversos para o Sistema de Saúde 12. Aprendendo com os Erros 13. Intrincadas Relações: o Erro Humano na Saúde 14. A Documentação da Assistência de Enfermagem e a Segurança do Paciente 15. O Erro Durante o Processo de Aprendizagem do Profissional de Saúde
O Erro Humano e a Segurança do Paciente é livro que se tornará texto obrigatório de referência; consulta e leitura para todos os preocupados com uma melhor qualificação da prática médica em todas suas áreas de atividade.
O ENFERMEIRO DO TRABALHO E A DEPRESSÃO EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Graziele Schumanski
RESUMO
O presente artigo analisa a atuação do enfermeiro do trabalho junto aos profissionais de enfermagem no que se refere à depressão. A atenção a depressão é importante, por ser um agravo de saúde que tende a afetar os enfermeiros devido as situações que vivenciam no seu cotidiano laboral, cabendo a adoção de medidas que possam minimizar os fatores que originam sua ocorrência, como também o correto encaminhamento quando for diagnostica a depressão. A metodologia empregada foi à pesquisa qualitativa, sendo a coleta de dados efetivada mediante a pesquisa bibliográfica. Ao final da pesquisa foi possível detectar o importante papel que o enfermeiro do trabalho desempenha na abordagem da depressão, estabelecendodesde um papel preventivo até uma atenção particularizada junto ao profissional de enfermagem, para que este possa buscar tratamento quando estiver com depressão, evitando seu agravamento.
Palavras-Chave: Depressão; Enfermeiro do Trabalho; Saúde Mental. 
INTRODUÇÃO
O percurso laboral nas profissões relacionadas à saúde demandam um preparo psicológico considerável do profissional, posto que este convive, principalmente nas unidades de saúde, com situações que exigem muito da sua dimensão psíquica, principalmente ao vivenciar situações de doenças crônicas, dramas pessoais em virtudes do paciente encontrar-se em estado terminal, condições inadequadas no ambiente onde atuampara propiciar maior conforto a pessoa hospitalizada, entre outras.
Calderero, Miasso e Corradi-Webster (2008) pontuam que as situações vivenciadas pelos profissionais no ambiente de trabalho interferem diretamente na sua qualidade de vida, principalmente quando convive diariamente com dor, sofrimento e angústia. Não há preparo técnico que possa oportunizar o profissional da área de saúde manter a indiferença em relação ao padecimento do ser humano que atende, evidenciando que tende a comprometer seu bem estar.
O profissional de enfermagem, nesse cenário, passa por situações que demandam da sua dimensão psíquica, considerando desde as dificuldades atinentes ao desenvolvimento de suas funções até a vivência de momentos significativos de tensão, seja no convívio do estágio no ambiente hospitalar, seja em relação a sua preocupação no que se refere à avaliação do seu desempenho.
Santos e Guirardello (2007, p. 15) identificam que a atuação laboral do enfermeiro é “[...] caracterizada como fonte geradora de sofrimento e desgastes, tanto físico como emocional, sendo oportunizado, entre outros fatores, pelas condições inadequadas de trabalho”.
Nesse cenário, a possibilidade de surgimento da depressão é significativa, sendo esta um transtorno psíquico, que impacta em seu desempenho laboral, como também nas relações que estabelece com os colegas, docentes, profissionais de saúde e pacientes com que convive no transcorrer da sua atuação na unidade de saúde, ocasionando efeitos também nasvivências familiares.
A depressão dos enfermeiros, originária do ambiente de trabalho, é demarcada por sintomas que afetam seu desempenho, como também comprometem sua qualidade de vida, identificando a relevância de atenção à esta doença, principalmente para preveni-la (TEIXEIRA, 2007).
Devido a tais características, torna-se importante para o enfermeiro do trabalho considerar na sua atuação junto aos profissionais de enfermagem a depressão, estabelecendo ações que possam mitigar as condições laborais que podem auxiliar no seu desencadeamento como também no encaminhamento deste profissional a um especialista que possa estabelecer um diagnóstico acerca da sua saúde mental.
Mediante essa percepção, o presente artigo aborda aspectos relacionados a atuação do enfermeiro do trabalho em relação a depressão nos profissionais de enfermagem, pelo fato deste enfermeiro ter a possibilidade de auxiliar na melhoria da qualidade de vida no trabalho, como também oportunizar uma atenção particularizada para que o enfermeiro possa ter ciência da situação da sua saúde mental e buscar o tratamento.
Justifica-se essa abordagem em decorrência do cotidiano laboral dos profissionais de enfermagem exercer grande influência na sua dimensão psíquica, pelo fato de conviver com situações de sofrimento, dor e perda, o que pode, aliado a condições inadequadas de trabalho, pode resultar no surgimento de sintomas depressivos, comprometendo seu bem estar, sua capacidade de trabalho e, principalmente sua saúde. Essacondição é corroborada por Lira (2013), ao ressaltar que a saúde mental do profissional de enfermagem demanda maior atenção, posto que a sua rotina de trabalho origina inúmeros riscos que, quando não devidamente mitigados, podem ocasionar o desencadeamento da depressão, demandado, por parte do enfermeiro do trabalho uma atenção especial, com a intenção de prevenir tais riscos, reduzindo a possibilidade da ocorrência desta doença.
A metodologia empregada foi a pesquisa qualitativa, que oportuniza um aprofundamento maior em relação ao tema enfocado, procurando aprofundar o estudo acerca das suas principais características e de seus significados, oportunizando uma compreensão mais significativa em relação ao tema enfocado.
A coleta de dados foi efetivada mediante uma pesquisa bibliográfica, contemplando diversas fontes, como livros, artigos e textos da internet, oportunizando maior compreensão sobre o tema enfocado.
1. A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DO TRABALHO JUNTO À DEPRESSÃO EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
A sociedade contemporânea, mesmo com seus avanços significativos científicos e tecnológicos, presencia a elevação do caso de pessoas que sofrem de depressão.
A depressão é uma doença cada vez mais comum na sociedade, sendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, até 2020, será a segunda causa de comprometimento da saúde humana, sendo somente superada pelas doenças cardíacas (BAHLS, 2002).
No tocante ao seu conceito, considera-se como uma modalidade de transtorno mental, cujaprincipal característica reside em uma sensação de constante tristeza, fazendo com que o ser humano apresente uma conduta de afastamento gradativo da vivência social, realçando um estado de extrema melancolia que, se não receber a devida atenção clínica, pode se tornar uma doença crônica (PORTO, 1999).
No entendimento de Marsren (2011), a melancolia é um dos principais sintomas da depressão devido a influir diretamente no humor do ser humano, influindo para que este passe a ter menos entusiasmo e predisposição para as tarefas e relações do cotidiano, comprometendo sua saúde mental e física.
Teixeira (2007) relata que a depressão se caracteriza por sintomas como: insegurança, isolamento social e familiar, apatia, desmotivação, tristeza, fadiga, perda de memória, do apetite e da concentração, irritação, baixa auto-estima, além de insônia. Nesse sentido, a depressão afeta tanto a dimensão psíquica como a física, ocasionando efeitos que colocam em risco o bem estar e a qualidade de vida da pessoa.
Cabe destacar que a depressão, como transtorno mental, se caracteriza como episódios depressivos, que podem durar alguns meses, podendo haver recaídas ao longo dos anos. Como doença, há um quadro crônico de comprometimento da pessoa depressiva que, quando não recebe o tratamento adequado, vai evoluindo, resultando, em casos mais extremos, em suicídio. Cabe ressaltar que a OMS identifica que de 15% a 20% das pessoas com depressão crônica põem termo a sua vida (VIEIRA, 2005). 
Há a identificação de quea depressão, seja crônica ou se constitua de episódios sazonais, se caracteriza como altamente incapacitante, interferindo significativamente nas vivências sociais, profissionais e pessoais do ser humano, sendo potencialmente letal conforme seu recrudescimento (TERRA, 2010). 
O ser humano pode desenvolver a depressão em qualquer etapa de sua vida, sendo que, na infância e na adolescência, pode ocorrer uma dificuldade maior em ser diagnosticada, o que pode agravar ainda mais o quadro depressivo da criança e do adolescente. Balhs (2002, p. 364) relata que a depressão “[...] tem apresentação heterogênea já desde a infância, requerendo cuidadosa avaliação diagnóstica dos profissionais envolvidos com crianças e adolescentes”.
As causas que originam a depressão são inúmeras, constando, entre elas, as originárias do ambiente e das condições de trabalho. Teixeira (2007) identifica que o trabalho, por ocupar grande período da vida diária do ser humano, acabe influindo diretamente na saúde do ser humano, sendo que, quando este não consegue lidar emocionalmente com as situações que ocorrem no âmbito laboral, pode vir a desenvolver a depressão.
Há diversas profissões onde o ser humano está mais exposto a situações que podem desencadear a depressão, como as relacionadas à área de saúde, como os enfermeiros.Menetti e Marziale (2007, p. 82) relatam que:
Os trabalhadores de enfermagem, em sua atividade laboral, encontram-se expostos a psicopatologias, como a depressão, em função da relação entre otrabalho hospitalar e a saúde e, mais especificamente da convivência diuturna com a dor, o sofrimento, a doença e a morte. 
Nem sempre, nas unidades de saúde, há uma atenção ao bem estar do profissional de enfermagem, fazendo com que a exposição a fatores que ocasionam a depressão seja contínua, condição que se agrava pelo fato deste profissional nem sempre cuidar da sua saúde, fazendo com que haja um comprometimento significativo da sua saúde física e mental (SANTOS e GUIRARDELLO, 2007).
Devido às características de atuação do profissional de enfermagem, em especial, em um ambiente onde há uma exigência significativa da dimensão psíquica, por lidar com fatores como sofrimento, dor, doença e morte, a possibilidade de surgimento da depressão é significativa.
1.1 A Depressão no Ambiente de Trabalho do Profissional de Enfermagem
O trabalho é uma atividade importante para o ser humano, não somente por lhe conferir uma remuneração que permite ter um sustento financeiro, mas é também fonte de atendimento aos seus anseios.
Vilares (2013, p. 5) relata que “O ser humano é um ser social e precisa integrar-se e engajar-se na sociedade de um modo responsável. O trabalho representa essa dimensão através da qual o homem se encaixa de maneira responsável na sociedade, realizando seus desejos e atendendo suas necessidades”.
Nesse sentido, o ser humano passa grande parte do seu tempo diário no ambiente de trabalho, exercendo sua função e interagindo com seu semelhante, identificando que esteambiente interfere significativamente no seu bem estar e na sua qualidade de vida.
Devido a essa situação, as condições e o ambiente de trabalho afetam diretamente o nível de desempenho profissional do ser humano, originando efeitos em sua saúde, bem como na conduta que adota no exercício laboral.
Martins (2003) reconhece que somente em um ambiente laboral adequado, existindo as condições mínimas necessárias é que o profissional poderá desempenhar adequadamente sua função, sendo que tais fatores são determinantes para reduzir os riscos de acidentes e à sua saúde, como também conferir-lhe um mínimo de bem estar, para que haja a preservação da sua dimensão biológica e psíquica.
No âmbito da saúde, esses fatores são ainda mais relevantes, quando considera-se que a atuação laboral está vinculada a saúde, que envolve não somente os pacientes, mas também os profissionais que atuam junto a estes usuários, sendo determinado que haja um mínimo de qualidade ambiental e condições adequadas para que seu desempenho não seja afetado (MARTINS, 2003).
No ambiente laboral com qualidade há a redução dos fatores que podem comprometer a saúde do profissional, pois, segundo Teixeira (2007, p. 15), neste ambiente são instituídos níveis de segurança que atentam para o bem estar do ser humano enquanto realiza sua atividade laboral.
No âmbito das atividades que tratam da saúde humana, há uma sobrecarga de responsabilidade, uma vez que, qualquer desatenção pode ocasionar resultados desastrosos, sendo que o ambientee as condições de trabalho podem proporcionar esta situação, revelando que o nível de atenção do enfermeiro necessita ser redobrado, principalmente quando tais componentes não são devidamente considerados no seu exercício laboral (TERRA, 2010).
Nesse contexto, Martino e Misko (2004) relatam que o enfermeiro convive com uma realidade laboral cansativa e que origina muito desgaste, proveniente do seu envolvimento emocional no momento do atendimento, além de conviver diariamente com a dor e sofrimento. 
Caso o profissional não consiga equilibrar bem essa situação, pode ser acometido de um estado de ansiedade que, quando ultrapassa o nível mínimo desejável, afeta seu desempenho, resultando em conseqüentes níveis progressivos de estresse, comprometendo também sua saúde (BALHS, 2002).
Além da questão emocional, a saúde do enfermeiro está em constante risco, principalmente quando atua em hospitais, devido aos níveis de periculosidade e insalubridade existentes, condição apontada por Pelliciotti (2009). Há também o reconhecimento de que o trabalho de enfermagem é penoso que, somados a periculosidade e insalubridade, indicam um nível significativo de risco à sua saúde física e mental.
O desgaste pode ser ainda maior quando não se observa a constituição de um ambiente laboral adequado e quando as condições de trabalho são precárias ou não atende adequadamente o nível de responsabilidade inerente ao exercício da assistência de enfermagem, situação anteriormente citada, mas que merece sempre umamenção especial, posto que, na compreensão de Pelliciotti (2009), ocasiona efeitos significativos no desempenho profissional.
Considerando essa percepção, o ambiente de trabalho é um fator que contribui no desencadeamento ou no agravamento da depressão em profissionais de enfermagem, advindos do desgaste físico e mental ocorrido ao longo do exercício laboral, refletindo diretamente na sua qualidade de vida, comprometendo sua saúde quando resulta em um transtorno depressivo.
Além desses fatores, muitos profissionais, devido à baixa remuneração, passam a atuar em jornada dupla de trabalho, sem haver uma preocupação maior com sua saúde, bem como encontrando ambientes de trabalho nem sempre adequados as exigências do cargo, como: proporção inadequada de pacientes por profissionais qualificados, turnos rotativos, manipulação de substâncias tóxicas e presença de fatores de riscos pertinentes ao ambiente (MARTINS, 2003).
Essa condição resulta em desequilíbrios na sua dimensão física, emocional e social, originária da impotência profissional em conseguir atender adequadamente a sobrecarga de trabalho, ansiedade e medo, o que interfere também em sua qualidade de vida fora do ambiente laboral. Outro aspecto que pode ser afetado é as relações com os demais profissionais, o que pode gerar conflitos e tensões, resultando na possibilidade de originar a depressão (GOMES, 2010).
No quadro depressivo do profissional de enfermagem, os sintomas mais comuns são: fadiga emocional, física e mental, sentimentosde impotência e inutilidade, falta de entusiasmo pelo trabalho, pela vida em geral e baixa auto-estima, o que ocasiona um desinteresse pelo exercício laboral, resultando na dificuldade ou no afastamento das relações interpessoais (CARLOTTO, 2002).
O enfermeiro do trabalho tem um importante papel na abordagem da depressão no ambiente laboral, sobretudo no que tange aos profissionais de enfermagem, podendo contribuir para que se minimize os riscos do seu surgimento, como também estabelecendo a atenção adequada aos que já desenvolveram este transtorno.
1.2 A Atuação do Enfermeiro do Trabalho Junto a Depressão em Profissionais de Enfermagem
A atuação do enfermeiro do trabalho pauta-se na percepção de que a atenção a saúde no ambiente laboral é relevante para possibilitar aos obreiros a condição de manter um nível mínimo de qualidade de vida no exercício profissional, contribuindo para minimizar os riscos e os agravos à saúde.
Nesse sentido, sua atuação, no entendimento de Facin e Pavão (2013, p. 3), “[...] consiste em promoção de cuidados e proteção aos trabalhadores, torná-los conscientes dos riscos a que estão expostos e fazer com que participem do seu autocuidado. Com isso pretende-se minimizar os riscos ocupacionais”.
Considerando essa atuação, o enfermeiro do trabalho estimula junto aos profissionais de enfermagem a conscientização acerca dos riscos laborais, fazendo com que adotem condutas que possam minimizar seu impacto na saúde, contribuindo para que possam ter um nívelmínimo de qualidade de vida no ambiente laboral.
Oliveira (2013) considera que o enfermeiro do trabalho relaciona-se com a intencionalidade das unidades em saúde em oportunizar o acesso as condições de trabalho que favoreçam o exercício dos profissionais de saúde, sendo que, no caso dosenfermeiros, tal acesso é relevante, devido às exigências físicas e mentais a que são submetidos no seu cotidiano.
A atenção do enfermeiro do trabalho junto ao profissional de enfermagem, segundo Forlin (2013, p. 2) pauta-se na seguinte percepção:
Na enfermagem, vive-se uma realidade de trabalho cansativo e com muito desgaste devido à convivência com a dor e sofrimento dos clientes. A diversidade de atividades executadas, as interrupções freqüentes, os imprevistos, o contato direto com o sofrimento e a morte, são fatores agravantes no trabalho de enfermagem, que na maioria das vezes podem produzir um desgaste mental.
O desgaste mental pode evoluir quando não há uma atenção junto ao profissional de enfermagem, havendo um sério comprometimento que pode resultar na depressão. No tocante a depressão, o enfermeiro do trabalho tem a condição de oportunizar esclarecimentos acerca de suas principais características, os fatores de riscos e seus sintomas, oportunizando ao profissional de enfermagem o acesso a conhecimentos que serão relevantes para evitar seu surgimento ou que receba a atenção adequada quando este apresenta o transtorno depressivo.
O desconhecimento, conforme aponta Oliveira (2013) é um dosprincipais fatores que acarreta no comprometimento da saúde mental do enfermeiro, sobretudo da depressão, fazendo com que este, mesmo padecendo deste transtorno, acabe ignorando a gravidade de sua situação, vindo, ao longo do tempo, comprometer seriamente sua saúde.
Nesse sentido, a postura educativa do enfermeiro do trabalho revela a possibilidade de oportunizar a prevenção, sendo que pode detectar situações que estejam afetando a saúde mental dos profissionais de enfermagem, podendo intervir com maior propriedade, conferindo maior qualidade de vida no ambiente laboral, reduzindo os fatores de risco.
Schmidt (2009) pontua que o enfermeiro do trabalho pode contribuir para que a qualidade de vida seja inserida no planejamento do trabalho do profissional de enfermagem nas unidades de saúde, sendo um fator relevante para que se reduza alguns dos estressores que podem desencadear a depressão.
Cabe ressaltar que o enfermeiro do trabalho tem a capacidade de intervir na unidade de saúde, propondo ações que possam influir no bem estar dos profissionais de enfermagem, contribuindo para que se minimize a ocorrência da depressão que, além de afetar a saúde deste profissional, ocasiona efeitos na sua produtividade e no absenteísmo nesta unidade.
Além desses esclarecimentos, o enfermeiro do trabalho pode desenvolver ações preventivas como as destacadas por Menetti e Marziale (2007, p. 84):
Melhora do suporte administrativo e do relacionamento interpessoal, entre a equipe de enfermagem e demaisprofissionais, a melhor divisão do trabalho entre um número adequado de profissionais, apoiados no gerenciamento da depressão e a redução do estresse relacionado ao trabalho, e a implantação de programas de atenção a saúde do trabalhador. 
As ações preventivas são relevantes, propiciando que o enfermeiro do trabalho tenha uma atuação mais significativa, no sentido de propiciar um ambiente laboral que atente para sua qualidade de vida, como também para a sua saúde mental, atentando para a problemática relativa à depressão.
Nesse sentido, Freitas (2013, p. 2) aponta que o enfermeiro do trabalho tem a condição de aquilatar, em relação ao profissional de enfermagem, “[...] o seu desgaste físico e psíquico e estabelecer a relação causa-efeito com as diversas atividades produtivas ou laborativas”. 
A possibilidade de efetivar esse levantamento origina-se do fato do enfermeiro do trabalho ter como encargo estudar as condições de segurança e periculosidade do ambiente do trabalho do profissional de enfermagem, considerando o impacto deste ambiente na sua saúde mental.
Outro aspecto relevante a ser considerado na atuação do enfermeiro do trabalho no tocante a depressão é a sua relação com o profissional de enfermagem, propiciando que seja estabelecida uma relação de confiança que oportunize a este relatar a condição em que se encontra, incluindo os efeitos do ambiente e da atuação laboral na sua saúde mental. O estabelecimento da relação de confiança é um diferencial que permite ao enfermeiro dotrabalho detectar sintomas relacionados à depressão no profissional da enfermagem, possibilitando que possa efetivar os procedimentos para que este receba a atenção adequada de forma mais célere, oportunizando o encaminhamento ao especialista que poderá diagnosticar o quadro depressivo, evitando seu agravamento.
Sampaio (2013, p. 2) relata que o profissional de enfermagem com quadro depressivo apresenta as seguintes características:
O cansaço físico excessivo e a perda de interesse em geral dificultam a realização das atividades rotineiras. Tudo parece demandar esforço extra. O raciocínio e a memória ficam lentos e o que antes era fácil de entender e resolver, agora não é mais. O deprimido esquece-se do que era para fazer, para quem era para ligar, o que escreveu ou falou, etc. Por não conseguir armazenar os dados em sua memória, tem mais dificuldade para tomar decisões, se concentrar, se organizar e planejar suas tarefas. Os relacionamentos interpessoais no trabalho também são afetados. O humor deprimido pode ser triste (choro excessivo sem motivo correspondente), apático ou irritável (comum em crianças). Psicologicamente, seus pensamentos, sentimentos e comportamento são alterados para uma forma negativa.
Ao perceber essas características, o enfermeiro do trabalho pode, por meio do diálogo, estabelecer a relação de confiança, para que o profissional de enfermagem com sintomas de depressão possa reconhecer sua condição e buscar o tratamento. Quando o profissional de enfermagem nãoreconhece sua condição psíquica, acaba tendo sua saúde mental comprometida, originando sintomas de alteração de humor, de comportamento, de padrões de pensamento e da percepção da pessoa acerca de si mesmo, sendo considerado por alguns enfermeiros, conforme aponta Oliveira (2013), como um estado passageiro, que será superado sem maiores dificuldades, o que ocasiona, com o passar do tempo, o comprometimento do estado depressivo.
Nesse sentido, a interação com o enfermeiro do trabalho pode ser relevante para sua conscientização acerca do problema que está vivenciando no ambiente de trabalho, podendo iniciar o tratamento compatível com sua saúde mental. Essa condição deriva, segundo Lira (2013), o enfermeiro do trabalho tem a função educativa que envolve o profissional com atividades a fim de promover o autocuidado, possibilitando que se detecte a depressão em seus estágios iniciais, oportunizando um pronto-atendimento que tende a oportunizar a sua melhora.
O diálogo é relevante também para que o enfermeiro do trabalho possa, na percepção de Sato e Bernado (2005, p. 12), detectar “[...] as condições inadequadas, particularmente no que diz respeito ao ritmo de trabalho e às pressões cotidianas, que se tornam um fator adicional de sofrimento psíquico”.
Mediante essa percepção, o enfermeiro do trabalho possui um papel relevante no tocante a depressão nos profissionais de enfermagem, propiciando desde mudanças no ambiente laboral relacionadas a qualidade de vida, reduzindo os fatores que podeminduzir no seu surgimento como também no encaminhamento do profissional para que possa ter um diagnóstico adequado da sua condição, passando a ter um tratamento adequado visando restaurar sua saúde mental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A depressão é uma doença cada vez mais presente no meio social, suscitando a atenção dos profissionais de saúde, pelo fato de seus sintomas, muitas vezes, serem ignorados, fazendo com que o quadro psíquico da pessoa acometida se complique. 
Nesse sentido, os profissionais de enfermagem estão expostos a esta doença, o que acarreta não apenas o comprometimento de sua vida acadêmica, mas também do seu bem estar e da sua saúde como um todo.
A possibilidade desses profissionais enfrentarem quadros depressivos é significativo, pelofato de ser uma profissão onde a dimensão emocional é bastante exigida, desde ter que lidar com situações onde há tristeza, pesar e sofrimento que, se não forem gerenciadas adequadamente, podem ocasionar o surgimento de um quadro de depressão.
Nesse cenário, a atuação do enfermeiro do trabalho é relevante, pelo fato do ambiente de trabalho ser um fator que pode influir no surgimento do quadro depressivo.
A partir dessa constatação, o enfermeiro do trabalho pode desenvolver ações educativas, relacionadas a uma condita preventiva, com a intenção de oportunizar que o ambiente de trabalho observe a qualidade de vida laboral dos profissionais de enfermagem.
O estímulo ao debate acerca da depressão no ambiente laboral por parte do enfermeirodo trabalho é importante, para que os profissionais de enfermagem tenham um nível maior de informação e possam adotar condutas adequadas quando houver a percepção de que há indícios de um quadro depressivo originários da sua atuação laboral.
Outra forma de atuação é auxiliar o profissional de enfermagem a identificar algum comprometimento da sua saúde mental, oportunizando a procura por atendimento clínico, que possibilite verificar se está com depressão, passando a ter um tratamento compatível com a situação que apresenta.
Considerando esse aspecto, ressalta-se a importância do enfermeiro do trabalho para que abordagem acerca da depressão junto aos profissionais de enfermagem seja o mais abrangente possível resultando desde a melhoria das condições de trabalho até a contribuição para que este profissional receba o tratamento compatível com sua condição.
REFERÊNCIAS
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