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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM AMANDA RAMOS DE BRITO ESTRESSE DOS ENFERMEIROS QUE PRESTAM ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO EM UM HOSPITAL GERAL DE RORAIMA BOA VISTA, RR 2017 AMANDA RAMOS DE BRITO ESTRESSE DOS ENFERMEIROS QUE PRESTAM ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO EM UM HOSPITAL GERAL DE RORAIMA Monografia apresentada como requisito para conclusão do Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Roraima – UFRR Orientadora: Profª Msc. Andrea dos Santos Cardoso Co-orientador: Profª Msc. Raquel Voges Caldart BOA VISTA, RR 2017 AMANDA RAMOS DE BRITO ESTRESSE DOS ENFERMEIROS QUE ATUAM NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO EM UM HOSPITAL GERAL DE RORAIMA Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem na Universidade Federal de Roraima – UFRR. Defendida no dia 01 de novembro e avaliado pela banca examinadora: _____________________________________ Profª Msc. Andrea dos Santos Cardoso Orientadora/ Curso de Enfermagem- UFRR _____________________________________ Profº. Esp. Raphael Florindo Amorim Coordenador/ Curso de Enfermagem- UFRR _____________________________________ Enf.Esp. Alice Dantas Medeiros Secretaria Estadual de Saúde (SESAU- RR) DEDICATÓRIA Dedico a minha mãe Maria Helena, a luz da minha vida, a verdadeira fonte de inspiração e força. Obrigada pelo amparo e exemplo de amor, luta e perseverança. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus pela minha vida, minha saúde, meu conhecimento. Sou imensamente grata por Ele ter me direcionado para este caminho, e me permitir enxergar a quão maravilhosa é esta profissão. Espero poder retribuir me doando a cada indivíduo que necessite dos meus cuidados. Permita-me levar a alegria onde houver tristeza e levar luz onde houver trevas. Agradeço à luz dos meus olhos, minha mãe, Maria Helena Amorim, minha referência de tudo mais correto e puro, exemplo de profissional, de mãe, de mulher, de trabalho, de vitória e amor. Devo tudo o que tenho a ti, és o meu maior orgulho, obrigada por estar ao meu lado e me incentivar a ser sempre melhor, meu amor pela senhora vai além da vida. Ao meu pai, Aldemar Marinho, que sempre me encorajou a dar o melhor de mim, obrigada por tudo paizinho. Ao meu companheiro, Diego Rodrigues, que encoraja meus sonhos, me apoia nas minhas decisões, está comigo em todos os momentos me ajudando todo o tempo, até quando sou chata. Você é um modelo de perseverança e dedicação à profissão, espero ser assim. Obrigada vida, por todo o amor e carinho, te amo. As amizades sinceras que a Enfermagem me proporcionou, principalmente minha amiga pleníssima Fernanda Zambonin, você me incentiva a ser sempre mais, sempre um passo a frente do mundo, sou grata por te ter ao meu lado sempre. Aos meus grudinhos Amanda Braga, minha pequena grande mulher, linda, pura e doce, Beatriz Nina, minha preciosidade, obrigada meus amores pela parceria, por me aturarem todos os dias do internato, sou muito grata por ter sido com vocês, essa amizade é para a vida toda. A minha amiga, Janayra Moraes, que apesar da distância, sempre torceu por mim e continua torcendo pela minha vitória, volta logo meu amor, por favor. As minhas amigas lindas Nathália Aquino e Ully Castro, obrigada por estarem sempre perto quando eu precisei, vocês três são as irmãs que nunca tive. Amo vocês! A minha orientadora, Andrea Cardoso, por ter aceitado fazer parte dessa pesquisa, muito obrigada professora por todas as orientações e conselhos, tanto do trabalho quanto da vida, sempre fui uma grande admiradora do seu trabalho, e hoje sou imensamente grata à senhora. A minha co-orientadora e mãe da LAREE, Raquel Caldart, agradeço por ter me ajudado em todos os momentos que precisei e me direcionado ao caminho certo. Sem vocês duas, esta pesquisa não seria possível. Aos professores do curso de enfermagem, agradeço por terem compartilhado o conhecimento de vocês conosco, com certeza, seremos ótimos profissionais graças a cada um de vocês. RESUMO A enfermagem é uma profissão que lida diretamente com a saúde e o bem-estar do indivíduo, quando comparada a outras profissões da saúde, a enfermagem é uma das mais estressantes, pois convive diariamente com o adoecimento, o sofrimento, e a morte no âmbito hospitalar. Este estudo trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa, transversal do tipo descritivo. Foi realizado em unidades que recebem pacientes potencialmente críticos de um hospital geral de Roraima, sendo elas: Unidade de Terapia Intensiva e Pronto Socorro. A coleta de dados utilizou dois instrumentos: I) Inventário de Estresse em Enfermeiros (IEE); II) formulário para levantamento sociodemográfico. Os resultados confirmaram a predominância do sexo feminino na enfermagem, correspondendo a 62,9%, com tempo médio de formação como enfermeiros de 9,4 anos. Quanto a formação em pós-graduação, observou-se que 85,2% possuem pós graduação, vale ressaltar que a UTI possui cerca de 65% de profissionais especializados na área, enquanto o PS conta apenas com 33%. Os enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos participantes da pesquisa foram classificados, de maneira geral, como alto estresse, apresentando um score de 3,10. Os principais estressores identificados foram: falta de material necessário para a realização do trabalho, falta de recursos humanos, desenvolver atividades além da sua função, trabalhar em ambiente insalubre, administrar ou supervisionar o trabalho de outras pessoas, executar tarefas distintas simultaneamente, atender um grande número de pessoas, trabalhar com pessoas despreparadas, resolver imprevistos no local de trabalho, trabalhar em instalações físicas inadequadas, sentir-se impotente diante das tarefas a serem realizadas . Muitos estudos são realizados sobre o estresse laboral dentro da enfermagem, avaliam suas fontes, seus os mecanismos de combate e suas consequências para a vida profissional e pessoal, incentivando a discussão sobre esse assunto tão presente na vida dos enfermeiros. Porém, os resultados são cada vez mais altos e alarmantes, o enfermeiro e os demais profissionais da enfermagem adoecem rotineiramente devido à interferência negativa que o estresse pode causar na saúde e na vida do indivíduo. Palavras-chave: Estresse. Estresse laboral. Estresse em enfermeiros. ABSTRACT Nursing is a profession that deals directly with the health and well-being of the individual, when compared to other health professions, nursing is one of the most stressful, as it coexists daily with illness, suffering, and death within the scope hospital. This study is a quantitative, cross-sectional research of the descriptive type. It was performed in units that receive potentially critical patients from a general hospital in Roraima, being: Intensive Care Unit and Emergency Room. The data collection used two instruments: I) Inventory of Stress in Nurses (ISN); II) form for sociodemographic survey. The results confirmed the female predominance in nursing, corresponding to 62.9%, with average time of training as nurses of 9.4 years. Regarding postgraduate training, it was observed that 85.2% have postgraduate degrees, it is worth mentioning that the ICU has about 65% of professionals specialized in the field, while the ER counts only 33%. Nurses who provide assistance to critical patients participating in the research were generallyclassified as high stress, with a score of 3.10. The main stressors identified were: lack of material needed to carry out the work, lack of human resources, activities beyond their functions, working in an unhealthy environment, managing or supervising the work of other people, performing different tasks simultaneously, attending a large number of people, working with unprepared people, resolving unforeseen situations in the workplace, working in inadequate physical facilities, feeling powerless in the face of tasks. Many studies are carried out on work stress within nursing, assess their sources, their combat mechanisms and their consequences for professional and personal life, encouraging the discussion about this subject so present in nurses' lives. However, the results are getting higher and alarming, nurses and other nursing professionals routinely become ill due to the negative interference that stress can cause in the health and life of the individual. Key words: Stress. Work stress. Stress in nurses. LISTA DE ABREVIATUAS E SIGLAS COFEN- Conselho Federal de Enfermagem IEE- Inventário de Estresse em Enfermeiros PS- Pronto Socorro TA- Tempo de Atuação UTI- Unidade de Terapia Intensiva SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA.11 1.2 OBJETIVOS ............................................................................................... 12 1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 12 1.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 12 1.3 PROBLEMA ............................................................................................... 12 1.4 HIPÓTESE ................................................................................................. 13 1.5 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 13 2 REFERENCIAL TEMÁTICO ......................................................................... 14 2.1. O ESTRESSE ........................................................................................... 14 2.2 O ESTRESSE NA ENFERMAGEM ............................................................ 16 2.3 O ESTRESSE NAS UTIs............................................................................ 18 2.4 O ESTRESSE NO PS ................................................................................ 20 3 METODOLOGIA .......................................................................................... 22 3.1 TIPO DE ESTUDO ..................................................................................... 22 3.2 LOCAL DO ESTUDO ................................................................................. 22 3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ....................................................................... 22 3.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................. 23 3.5 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................. 24 3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ................................................................ 25 4 RESULTADOS .............................................................................................. 27 5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 36 5.1 FATORES INTRÍNSECOS AO TRABALHO ............................................... 39 5.2 PAPÉIS ESTRESSORES DA CARREIRA ................................................. 41 5.3 RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS .................................................. 43 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 54 ANEXOS .......................................................................................................... 65 APENDICES .................................................................................................... 70 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA A Lei do Governo Federal nº7498 de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências elenca, no artigo 11, as inúmeras atividades privativas do enfermeiro, dentre elas a chefia do órgão de enfermagem, o planejamento, a organização, a coordenação e a avaliação dos serviços de enfermagem prestados por toda a equipe de enfermagem. A enfermagem é uma profissão que lida diretamente com a saúde e o bem- estar do indivíduo, os serviços prestados requerem uma atenção redobrada do profissional enfermeiro que é o líder da equipe, assumindo então uma grande responsabilidade que engloba o trabalho assistencial e de gestão, além de responder por todos os serviços prestados, o que causa um desgaste físico e psicológico, tornando o profissional vulnerável ao estresse (EMILIO, 2013; ROCHA; MARTINO, 2010). Quando comparada a outras profissões da saúde, a enfermagem é uma das mais estressantes, pois convive diariamente com o adoecimento, o sofrimento, e a morte no âmbito hospitalar (WU, et. al., 2010). Os profissionais que trabalham nas instituições de saúde pública encontram um enorme desafio frente à tentativa de ofertar uma assistência em saúde segura e de qualidade, estes atuam cercados por incontáveis dificuldades (COELHO, 2014). A profissão de enfermagem é habitualmente relacionada a um trabalho árduo e penoso, pois além de os profissionais lidarem diretamente o processo doloroso e complexo do adoecimento, estes convivem com a falta de reconhecimento e os riscos que o ambiente laboral oferece, soma-se há estes o tempo reduzido de repouso, o quantitativo elevado de atividades privativas a serem realizadas e isto pode provocar o estresse e resultar em distúrbios ocupacionais levando ao aumento de acidentes no trabalho (MEDEIROS, 2011). A enfermagem tem como base a assistência à saúde livre de danos ao paciente, e para atingir o serviço resolutivo e de qualidade, há a necessidade do bem-estar físico e mental. Quando o enfermeiro convive cotidianamente com o 12 estresse e a pressão diária recebida no ambiente hospitalar, há o aparecimento de fatores negativos que interferem na assistência prestada e também na própria saúde deste profissional (BORINE et. al., 2012). A presente pesquisa tem por objeto de estudo os enfermeiros que atuam em ambientes que prestam assistência a pacientes críticos em um Hospital Geral de Boa Vista/RR. 1.2 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral Identificar a presença e classificar os níveis de estresse, vivenciados por enfermeiros atuantes nas unidades de terapia intensiva e pronto Socorro de um Hospital Geral de Boa Vista/RR. 1.1.2 Objetivos Específicos - Caracterizar sociodemograficamente os enfermeiros que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), e Pronto Socorro (PS) do HGR; - Identificar os principais estressores no trabalho do enfermeiro que atua no atendimento a pacientes críticos de acordo com o IEE; - Comparar os principais estressores no trabalho do enfermeiro que atua no PS e UTI de acordo com o IEE; - Comparar os níveis de estresse entre os setores pesquisados. 1.3 PROBLEMA 13 Os enfermeiros que atuam na assistência a pacientes críticos no pronto Socorro (PS) e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HGR apresentam algum nível de estresse laboral? 1.4 HIPÓTESE As atividades exercidas pelos enfermeiros que prestamo cuidado a pacientes críticos possibilitam um maior desgaste físico e emocional, favorecendo consequentemente, o desenvolvimento de estresse laboral. 1.5 JUSTIFICATIVA A presente pesquisa foi motivada pelo interesse da pesquisadora em se especializar na assistência a pacientes críticos, e este despertou algumas indagações: qual dos setores que prestam assistência a pacientes críticos seria menos estressante para trabalhar? O estresse acomete a todos os enfermeiros desses setores da mesma maneira? Se sim, quais os fatores que mais estressam esses enfermeiros? A respeito do processo de trabalho as atividades que o enfermeiro exerce são complexas, diversificadas, muitas vezes repetitivas e rotineiras causando desgaste físico e emocional (LINCH; GUIDO; UMANN, 2010). Inclui-se ainda a realidade difícil do Sistema Único de Saúde (SUS) que conta com dificuldades estruturais, funcionais e logísticas que são frequentes no dia a dia. Todo esse quadro atual origina um desgaste físico e emocional nos profissionais. Baseando-se nesse contexto, é de suma importância traçar um diagnóstico situacional em relação aos níveis de estresse e situações estressoras em diferentes unidades, com o objetivo de mostrar aos enfermeiros e gestores a realidade de trabalho vivenciada por esses profissionais. Bem como os fatores que levam ao desencadeamento do estresse de maneira que ao ter conhecimento destes, se torne mais simples elaborar estratégias para diminuir sua ocorrência possibilitando assim, alcançar uma assistência de saúde adequada ao paciente crítico. 14 2 REFERENCIAL TEMÁTICO 2.1. O ESTRESSE O estresse é percebido como uma reação do organismo a alguma situação, que pode então gerar mudanças psicológicas ou/e físicas e de alguma maneira possa interferir no equilíbrio do organismo (SELYE, 1936 apud. LORICCHIO, 2012). O estresse também pode ser definido como um estado decorrente de uma alteração no ambiente e que é percebido pelo organismo como desafiador, que causa ameaça ou dano para a homeostase do indivíduo, e esse ambiente pode ser considerado um estressor, que consiste em uma situação ou evento, seja ele externo ou interno, que criam potencial para causar alterações fisiológicas, psicológicas, cognitivas ou comportamentais, e consequentemente mudar o equilíbrio dos sistemas do indivíduo (BRUNNER & SUDDARTH, 2014). Pode-se considerar o estresse como um fator funcional que faz com que o organismo do indivíduo crie mecanismos para se defender dos fatores estressores, sendo assim, este é necessário nas diversas realidades que o ser humano enfrenta ao longo da vida. Porém, pode deixar de ser considerado normal a partir do momento que sua intensidade, duração e a forma de enfrentamento passam a causar um desgaste no organismo, deixando de ser uma resposta positiva de adaptação transformando-se em reações intensas de estresse sem que haja motivo suficiente para justificá-las (LIPP; MALAGRIS, 2011). Quando a duração e a exposição cotidiana a episódios considerados estressantes são prolongadas e repetitivas, há o aparecimento de consequências bem mais intensas quando comparado a episódios esporádicos de estresse, levando assim a um desgaste vigoroso e esgotamento físico e mental, o que consequentemente interfere de maneira direta no desempenho da pessoa exposta (SILVA, 2010). O estresse ocupacional acontece quando a demanda requerida pelo ambiente de trabalho do profissional é maior do que a capacidade do trabalhador (BANDEIRA, 2017). Atualmente a sociedade vive de maneira acelerada, assumindo grandes jornadas de trabalhos que causam exaustão e diminui o tempo do lazer do 15 profissional, isso faz com que os indivíduos fiquem mais impacientes, cansados, estressados e estabelecem pouca relação com as demais pessoas, isso compromete o bem-estar (BANDEIRA, 2017). Existem inúmeros aspectos corriqueiros na vida do trabalhador que influenciam de maneira significativa no seu desempenho e saúde. Essa influência pode ser positiva e negativa, quando negativa podem trazer prejuízos ao indivíduo e ocasionar o estresse ocupacional (ALMEIDA et al., 2017). O estresse ocupacional tem se tornado cada vez mais comum e isto configura-se um problema, pois interfere diretamente na saúde do profissional favorecendo o adoecimento. Esse estresse diminui a qualidade e a eficiência do serviço prestado e, além disso, aumenta as taxas de absenteísmo. Por essa razão é considerado negativo para o profissional, para o empregador e para o cliente (FARIAS et al.,2011; PRADO, 2016). Vários fatores influenciam no desenvolvimento do estresse laboral, didaticamente eles se dividem em fatores intrínsecos e ambientais. Os fatores intrínsecos englobam a personalidade de cada pessoa, as situações que tem passado, a sua rotina, o estresse e principalmente como individuo lida as situações estressoras. Os fatores ambientais fazem relação, como o próprio nome diz, ao ambiente, inclui fatores como a característica do serviço, o estado dos clientes atendidos, a estrutura física do local e a segurança (CHIAVENATO, 2010). O estresse laboral é capaz de causar danos para a saúde física e mental. Corriqueiramente os sinais e sintomas não são identificados precocemente, pois aparecem de maneira discreta, isto dificulta o diagnóstico e acarreta consequências para a saúde do indivíduo, pois posterga o tratamento (TAVARES et al., 2017). Inúmeros sintomas físicos podem ser identificados no profissional acometido pelo estresse laboral como mudança no apetite, dores musculares, instabilidade emocional, falta de concentração, tiques nervosos, cansaço excessivo, hiperidrose, poliúria, tremores, dores de cabeça, dor na região mandibular, insônia ou sonolência, impulsividade, entre outros sinais (SMELTZER, 2012). Esse estresse laboral pode causar interferências na capacidade de trabalho do profissional, influenciando assim, na assistência prestada aos pacientes que 16 necessitam deste atendimento, gerando um impacto negativo na qualidade da assistência prestada (MARTINS, 2011). Excluir o estresse totalmente da realidade é quase impossível, porém faz-se necessário aprender a compreendê-lo, pois assim o profissional se torna capaz de criar mecanismos de combate, visando diminuir os níveis de estresse laboral, o que gera, consequentemente, um impacto positivo na saúde do profissional (SILVA, 2010). A adoção de medidas que previnam ou diminuem o estresse ocupacional, são essenciais para a melhoria da assistência e da saúde do trabalhador (RODRIGUES, 2013). 2.2 O ESTRESSE NA ENFERMAGEM Os problemas causados pela relação entre corpo e mente tem gerado prejuízos para a saúde de toda a população (BANDEIRA, 2017). Na área da saúde, o estresse tem sido considerado como causador de diversas doenças, seja de maneira direta ou indireta, e pelo fato de ser tão comum assume um papel de destaque dentro da realidade dos serviços de saúde (NORDANI, et al., 2014). Características inerentes ao serviço hospitalar como, por exemplo, a insalubridade e a exposição a perigos de adoecimento, já o classificam como um ambiente altamente estressante, principalmente quando comparado com outros tipos de serviços que o profissional de enfermagem pode atuar (MELO et. al, 2013). No Brasil existe uma desconformidade quanto à assistência à saúde ofertada e as vagas disponíveis, ou seja, os serviços de saúde são incapazes de atender todos os pacientes que necessitam do serviço de saúde pública. Em consequência disto os profissionais de enfermagem e das demais áreas da saúde, estão em constante exposição às sobrecargas físicas e psicológicas, além da realidade deficiente do Sistema Único de Saúde (PIEDADE; SANTOS; CONCEIÇÃO, 2012). Segundo Farias et al. (2011) a profissão de enfermagem é considerada, dentro da realidade do setor público, como a quarta profissãomais estressante. Isso pode ser explicado por inúmeros fatores que os profissionais de enfermagem são 17 expostos diariamente, como por exemplo, a longa jornada de trabalho com o descanso mínimo e também se pode citar as condições precárias que estes são submetidos, o que influencia no cotidiano da oferta de serviço (UMANN, 2011). O fato do profissional enfermeiro assumir dois vínculos empregatícios mediante as suas atribuições privativas em cada um deles, gera uma sobrecarga física e psicológica, e isto aumenta a probabilidade do aparecimento do estresse (PRETO; PEDRÃO, 2009). A meta do enfermeiro hospitalar é alcançar a qualidade da assistência, porém, a rotina de trabalho no ambiente hospitalar é exaustiva, pois é rodeada de estressores que interferem no desempenho do enfermeiro. A soma dos fatores estressantes e das características intrínsecas do serviço causam o desequilíbrio nos mecanismos de defesa do indivíduo, colaborando para o adoecimento e de maneira geral, prejudica diretamente a qualidade da assistência (HORA; FERREIRA; SILVA, 2013). A atribuição dos profissionais de enfermagem tem como base principal o cuidado com os pacientes, porém quando se trata do autocuidado estes profissionais negligenciam esta tarefa, tornando-os cada vez mais suscetíveis ao adoecimento, causado pelas condições laborais e pelo ambiente que se torna desfavorável para que estes possam exercer, de maneira eficiente, o seu trabalho de cuidador (RIBEIRO et al.,2012). Alguns fatores favorecem o surgimento do estresse no ambiente laboral da enfermagem, como por exemplo, a supervisão rígida, que cobra um ritmo rápido de trabalho, o ambiente de competitividade, a falta de organização do setor bem como a carga horária excessiva, tudo isso influencia na saúde do profissional (RODRIGUES, 2013). Neste contexto, compreende-se que o desgaste sofrido pelo trabalhador pode elevar suas taxas de estresse, e trazer sérios riscos para saúde (FONSECA; NETO, 2014). E esse estresse pode causar interferências e diminuir sua capacidade de trabalho, influenciando na assistência prestada aos pacientes que necessitam deste atendimento (MARTINS, 2011). Os riscos que ambiente laboral pode vir a oferecer a saúde do profissional, dependem diretamente do tipo de atividade exercida no setor, e também das condições em que estas atividades são desempenhadas. Os hospitais, de maneira 18 especial, tendem a expor os profissionais a trabalhos reconhecidamente insalubres (SANTOS; FRAZÃO; FERREIRA, 2011). Além disso, esta realidade fica mais evidente em ambientes que atendem pacientes críticos, em que os profissionais de enfermagem têm assumido o cuidado. O enfermeiro toma a liderança da equipe de enfermagem, o que requer atenção redobrada, exigindo o conhecimento teórico e prático do serviço para embasar soluções rápidas e resolutivas, a fim de prestar a assistência de qualidade aos pacientes (CAMELO, 2012; MAURICIO, 2017). 2.3 O ESTRESSE NAS UTIs A UTI possui uma realidade peculiar, onde as atividades realizadas são extremamente complexas e demandam uma competência técnica e científica dos profissionais que nela atuam, somado a isto há a necessidade de preparo, pois todas as decisões tomadas estão diretamente relacionadas ao estado do paciente e esta decisão pode influenciar na vida e na morte dos pacientes (INOUE; MATSUDA, 2010). O trabalho da enfermagem já é caracterizado como fonte de estresse, todavia a UTI é ainda mais estressante dado o estado de saúde do paciente internado nesse setor (SANTOS et al., 2010). As características do processo de trabalho da própria UTI, predispõe ao estresse, como o excesso de intercorrências, os ruídos dos equipamentos, a exposição a agentes nocivos e as ações repetitivas e rotineiras (RODRIGUES, 2012). Este setor é frequentemente definido como um ambiente instável, traumatizante e fonte de tensão, essas características podem ser sentidas tanto pelos pacientes quanto pelos profissionais atuantes no setor, e principalmente a equipe de enfermagem que lida 24h por dia com o paciente crítico e vivencia o processo saúde-doença de perto, tendo que ver e conviver com situações difíceis. Contudo, diante desta realidade, a probabilidade do profissional de enfermagem ser acometido pelo estresse é ainda maior que em outros setores hospitalares (SANTOS et al., 2010; KOTZ et al.,2014). 19 As características dos pacientes, a responsabilidade assumida é desgastante, uma vez que há uma grande quantidade de procedimentos que necessitam da máxima atenção do profissional. Porém, as condições desfavoráveis de trabalho tornam ainda mais evidente a dificuldade de prestar uma assistência de qualidade, ademais os profissionais assumem uma carga superior a sua capacidade, expondo-os assim, a riscos ocupacionais, comprometendo rotineiramente sua saúde (FROTA et al.,2013). A atuação do enfermeiro dentro da UTI perpassa tanto o cuidado assistencial, quanto a burocracia do setor, ambas são complexas e demandam competência prática e teórica do mesmo (CAMELO, 2012). Sendo assim, é imprescindível a qualificação do enfermeiro para atuar neste setor, de maneira a garantir uma assistência de qualidade que ofereça segurança para o paciente (INOUE; MATSUDA, 2010). Além da formação, algumas características profissionais e pessoais são necessárias para o enfermeiro atuante na UTI, como a resolutividade, o domínio científico e prático, a agilidade, o conhecimento sobre as tecnologias utilizadas no setor, à humanização no atendimento e principalmente o olhar holístico para o estado do paciente (CAMELO, 2012). O desgaste físico e mental dentro desse setor é comum, uma vez que o profissional necessita estar constantemente atento a todos os pacientes e a todas as atividades dispensadas (FERNANDES; MEDEIROS; RIBEIRO, 2008). A sobrecarga dos profissionais da UTI é potencialmente geradora de estresse, o que afeta as condições de trabalho e a socialização da equipe (FOGAÇA, 2009). Nota-se que os fatores psicológicos desencadeiam estresse nos profissionais da UTI como os sentimentos, ainda difíceis de lidar, como o medo, a morte, a dor, o sofrimento, os procedimentos invasivos de alta complexidade, e as dificuldades quanto a falta de compromisso de muitas equipes (RODRIGUES, 2012). É realidade dentro das UTIs a presença de agentes estressores (RODRIGUES, 2013), vários fatores são considerados como geradores de estresse para os profissionais de enfermagem atuantes nesse setor, os que mais influenciam nos níveis de estresse são: a deficiência de insumos materiais, o dimensionamento incorreto gerador de sobrecarga, o risco diário envolvido nos procedimentos e a 20 suas complexidades, a falta de comprometimento e responsabilidade dos demais profissionais, o excesso de ruídos dentro da UTI e insatisfação quanto à remuneração, todos esses fatores interferem negativamente na saúde física e mental do profissional (RODRIGUES, 2012). As características da UTI, sua complexidade e a rotina, são fatores de risco para o desenvolvimento de ansiedade, tensão, estresse, pois a responsabilidade do enfermeiro na realidade deste setor é intensa. Esses fatores tendem a influenciar no serviço dispensado ao paciente, além de afetar a saúde do profissional, que muitas vezes passam a necessitar de suporte emocional e ajuda (MOURA et al., 2011). 2.4 O ESTRESSE NO PS Unidades de emergência são responsáveis pela estabilização do paciente, na maioria das vezes presta assistência a pessoas em situação eminente de morte ou de lesões irreparáveis, e isto tende a gerar o estresse ocupacional dos profissionais que atuam nessa área, sendo um fator importante e de grande influência no adoecimento desses trabalhadores (DINIZ; SILVA; ESPÍNDULA, 2013). Essas unidades também possuem características que expõe os profissionais de enfermagema um maior sofrimento devido à dinâmica instável dos serviços prestados (SILVA E GONÇALVEZ, 2012). É um setor muito importante do hospital, pois é a porta de entrada para os pacientes mais graves que necessitam de assistência especializada e rápida, restaurando a saúde de muitos pacientes que demandam cuidado imediato (VALENTE,2013). O PS é um dos setores mais complexos e desgastantes de todo o ambiente hospitalar. Trata-se de um setor onde nada é controlado ou planejado, ou seja, não há como saber ou especular a quantidade de pacientes ou as condições de saúde que esses chegarão ao setor. Essa incerteza quanto ao trabalho acarreta um desgaste aos funcionários atuantes (FARIAS et al.,2011). A quantidade e a complexidade dos atendimentos prestados aos pacientes geram uma sobrecarga física nos profissionais, pois a assistência dispensada a esses pacientes em condições de eminente morte, requerem do enfermeiro um 21 conhecimento científico, pensamento resolutivo e eficácia nas atividades realizadas (FARIAS et al.,2011). O desgaste imposto pelo setor pode acarretar o estresse dos trabalhadores e gerar grandes riscos para a sua saúde. Porém, por ser um sentimento intrínseco e dependente de outros fatores, muitos profissionais lidam normalmente com o estresse gerado no PS, pois permanecem em constante equilíbrio entre a vida profissional e pessoal (FONSECA; NETO, 2014). Intrinsecamente, as unidades de emergência já se configuram como fonte de estresse, por conta das suas características (DINIZ; SILVA; ESPÍNDULA, 2013). Além disso, assim como na UTI, o enfermeiro convive diariamente com situações desconfortáveis e tensas, relacionadas ao processo saúde-doença, como o medo, a dor e a morte, e essa realidade pode colaborar para o surgimento do estresse ocupacional (BEZERRA; SILVA; RAMOS, 2012). O PS, demanda dos profissionais atuantes no setor características como criatividade e rapidez nas atividades, pois nesse setor, o paciente necessita ser estabilizado de maneira ágil, uma vez que a maioria deles se encontra instáveis hemodinamicamente e em risco de morte ou sequelas irreparáveis. Essa realidade vivida no setor predispõe o enfermeiro ao estresse ocupacional (MELO et. al, 2013). O enfermeiro tem a responsabilidade de prestar um cuidado humanizado aos pacientes, principalmente àqueles que atuam em PS, pois se trata de ser um setor crítico, e tende a oferecer ao paciente internado sentimentos como o medo e a ansiedade, cabe então ao enfermeiro tornar este ambiente, o mais confortável e humano possível através do relacionamento interpessoal (SALOME; MARTINS; ESPOSITO, 2009). Podem-se citar como estressores no PS: a alta rotatividade, ruídos, superlotação, sobrecarga dos profissionais, deficiência de materiais para a realização de procedimentos considerados importantes, além de, o enfermeiro por diversas vezes, ter que escolher entre a vida social e a vida laboral, acarretando assim altos níveis de estresse (PEREIRA et al., 2009). Acredita-se que os setores de urgência e emergência influenciem nos níveis de estresse dos profissionais da enfermagem, mas que cada profissional é responsável pelos mecanismos para o enfrentamento do estresse (CAMPONÊS, et al., 2015). 22 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa, transversal do tipo descritivo. 3.2 LOCAL DO ESTUDO A pesquisa foi desenvolvida no Hospital Geral de Roraima, uma instituição pública de média e alta complexidade, considerado referência no estado e também dos países que fazem fronteira: República Cooperativa da Guiana e República Bolivariana da Venezuela. Para este estudo foram consideradas as unidades que recebem pacientes potencialmente críticos sendo elas: Unidade de Terapia Intensiva e Pronto Socorro. A unidade de terapia intensiva é destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). O HGR conta com duas unidades de terapia intensiva, com dez leitos sendo um isolamento em cada, totalizando vinte leitos. O Pronto Socorro Francisco Elesbão atende emergências clínicas e traumatológicas. É dividido em três áreas: vermelha, amarela e verde, que variam quanto à condição do paciente. A Área Vermelha é responsável pelo recebimento e estabilização dos pacientes e possui seis leitos fixos, a Área Amarela atua como uma unidade de terapia semi-intensiva e conta com cinco leitos, e a Área Verde é destinada a pacientes não críticos que estão em observação e possui onze leitos fixos. 3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA 23 A população deste estudo é composta pelos enfermeiros atuantes nos setores UTI e PS, estes totalizam 32 profissionais, de acordo com os dados fornecidos pela direção de enfermagem da instituição. Foram incluídos na amostra enfermeiros que atuam nos referidos setores por um tempo superior a seis meses e que aceitaram participar da pesquisa. Excluíram-se os enfermeiros que não estavam presentes nos setores durante o período de coleta de dados por motivos de afastamento como, férias, licenças, entre outros motivos de ausência no setor de trabalho. Considerando os critérios a amostra total foi de 28 enfermeiros, o que de acordo com o cálculo amostral realizado no programa Epi Info”® versão 7.2.1.0., atinge um nível de confiança de 97%. 3.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS Para atender aos objetivos da pesquisa, dois instrumentos foram utilizados para a coleta de dados: 3.4.1 Inventário de Estresse em Enfermeiros O Inventário de Estresse em Enfermeiros (IEE) (ANEXO A) foi desenvolvido para a população brasileira e validado por Stacciarini e Tróccoli (2000) e tem base teórica nas propostas de Cooper que investiga os principais estressores na profissão de enfermagem, o estresse ocupacional é interpretado através da identificação destes estressores vivenciados no ambiente laboral (STACCIARINI & TRÓCCOLI, 2000). O IEE é composto por 38 itens que remetem aos estressores no ambiente laboral, os quais devem ser avaliados de acordo com uma escala de frequência de cinco pontos, que vão da opção nunca (1) para sempre (5). O inventário é dividido em categorias sendo elas: 24 - Papéis estressores da carreira com 11 itens: estes são relacionados ao trabalho com profissionais, com o ambiente físico da unidade, a diferença do que se aprende na teoria quando comparado à prática e a autonomia do enfermeiro; - Relações interpessoais que contém 17 itens: estes abrangem o contato com os outros membros da equipe, a necessidade do enfermeiro ter sempre que atualizar seu conhecimento e de compartilhar com alunos, entra também a relação enfermeiro- paciente; - Fatores intrínsecos ao trabalho que conta com 10 itens: estes tratam das atribuições dos enfermeiros relacionando-os com o tempo de execução e as condições que a unidade oferece (UMANN, 2011). 3.4.2 Caracterização sociodemográfica Para atender o objetivo de caracterizar sociodemograficamente os enfermeiros foi elaborado, especificamente para fins desta pesquisa um formulário com as seguintes variáveis: idade, sexo, pós-graduação (se possui e em qual área), estado civil, número de filhos; variáveis funcionais: carga horária semanal, tempo de trabalho no setor, turno, faltas ao trabalho e satisfação quanto à profissão (APÊNDICE A). Os dois instrumentos foram aplicados em conjunto, durante o plantão na unidade que cada enfermeiro atua, primeiramente foi indagado ao profissional se o mesmo gostaria de fazer parte da pesquisa, após o aceite, o instrumento foi entregue ao enfermeiro, mediante a presença do pesquisador para a explicação sobre os instrumentos e solução de dúvidas. Por vezes, foi necessário retornar várias vezes aosetor até que o profissional estivesse disponível para participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada nos meses de abril e maio de 2017, em turnos variados com a finalidade de alcançar todos os profissionais que atuam nesses setores. 3.5 ANÁLISE DOS DADOS 25 O Inventário leva em consideração os estressores, a frequência e a o calculo da média deles nas atividades realizadas pelos enfermeiros de maneira que o estresse é avaliado pela identificação dos estressores no trabalho. A média dos fatores da escala é calculada, e esta pode representar alto ou baixo nível de estresse, baseando-se, no valor 3, abaixo deste considera-se baixo estresse e acima alto estresse (FIGURA 1). Os profissionais são classificados como estressados se o valor for superior a três (UMANN, 2011). Figura 1- Classificação dos valores obtidos através do IEE. Baixo estresse < 3 > Alto estresse Para a tabulação e organização dos dados do IEE foram utilizados os programas Microsoft® Excel e Epi Info”® versão 7. 2. 1. 0. Nestes foi analisada a frequência e a média dos fatores tanto individualmente quanto de maneira categorial: papéis estressores da carreira, relações interpessoais e fatores intrínsecos ao trabalho. As variáveis sociodemográficas foram avaliadas através da frequência, média e desvio-padrão. 3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Roraima (CEP∕UFRR), conforme resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466∕12, e aprovado com o parecer número 1855229, CAAE: 62559116.3.0000.5302. Posteriormente solicitou-se ao Departamento de Ensino (DEDIC) autorização para a realização da pesquisa, que só foi iniciada após a liberação pelo referido órgão. Considerou-se como risco relativo à pesquisa a possibilidade do participante sentir-se desconfortável com alguma pergunta contida no questionário ou com os resultados da pesquisa, porém foi explicado durante a coleta de dados que a confidencialidade dos resultados e o anonimato dos enfermeiros participantes serão mantidos, e o indivíduo pesquisado só iniciou a o questionário após a leitura, 26 consentimento e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APENDICE B), ficando, o mesmo, com uma cópia do termo. 27 4 RESULTADOS De acordo com os dados fornecidos pela direção de Enfermagem, a população de enfermeiros que atendem pacientes críticos no Hospital Geral de Boa Vista - Roraima, relativa aos setores a UTI e o PS, corresponde a um total de 32 profissionais. Destes, 12,5% (n=4) foram excluídos por motivo de licença, férias ou por ocupar no setor cargo administrativo. Sendo assim, do total da amostra foram entrevistados 96,4% (n=27), 12 enfermeiros atuantes no PS e 15 na UTI, 3,6% (n=1) optaram por não participar da pesquisa. Os dados contidos na Tabela 1 ilustram que houve a predominância do sexo feminino, correspondendo a 62,9% (n=17) e 37,1% (n=10) do sexo masculino, a idade média dos enfermeiros foi de 37,6 (±7,8) anos. Quanto ao estado civil 51% (n=14) dos participantes da pesquisa são casados, 40,7% (n=11) solteiros e os 7,5% (n=2) divorciados. Quanto ao número de filhos, a média foi de um filho por profissional (±1,3). A carga horária que prevaleceu dentre os enfermeiros participantes foi a de 30h semanais correspondendo a 77,8% (n=21), porém 22,2% (n= 6) dos profissionais possuem um segundo vínculo empregatício em outra unidade hospitalar trabalhando 60h/semana, divididos em turnos sendo 59,3% (n=16) nos plantões noturnos, 22,2% (n=6) no matutino e 18,5% (n=5) no vespertino. O tempo médio de formação como enfermeiros foi de 9,4 anos (±6,8), quanto ao tempo de atuação (TA) prevaleceu 48,2% (n= 13) atuam na unidade por um período entre 2 ou 3 anos, seguido de 18,5% (n=5) dos enfermeiros com tempo superior a 10 anos, como apresentado na Tabela 1. Quanto analisado a formação em pós-graduação, observou-se que 85,2% (n = 23) possuem pós graduação e apenas 14,8% (n=4) não possuem, 65,3% (n=15) atuam na área em que se especializaram e 34,7% (n= 8) são especializados em outras áreas que não são ligadas ao atendimento ao paciente crítico. Vale ressaltar que a UTI possui cerca de 65% (n=9) de profissionais especializados na área, enquanto o PS conta apenas com 33% (n=3). 28 Além disso, quando perguntado sobre a satisfação com a atuação na área de enfermagem, 62,9% (n=17) consideram-se satisfeito, 22,2% (n=6) pouco satisfeito, 11,2% (n=3) muito satisfeito e 3,7% não respondeu (n=1). Tabela 1 - Perfil dos enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos em um hospital geral de. Boa Vista – RR, 2017. Variáveis qualitativas n % Sexo Feminino 17 62,9 Masculino 10 37,1 Estado civil Solteiro 11 40,7 Casado 14 51,8 Divorciado 2 7,5 Escolaridade Pós-graduação incompleta 4 14,8 Pós-graduação completa 23 85,2 Área da pós Especialização na área em que atua 15 65,3 Especialização fora da área em que atua 8 34,7 CH de trabalho semanal 30h 21 77,8 60h 6 22,2 Turno de trabalho Matutino 6 22,2 Vespertino 5 18,5 Noturno 16 59,3 Tempo de atuação no setor 6 a 11 meses 1 3,7 1 a 2 anos 4 14,8 2 a 3 anos 13 48,2 3 a 4 anos 2 7,4 4 a 9 anos 2 7,4 Superior a 10 anos 5 18,5 Satisfação com a profissão Não respondeu 1 3,7 Pouco satisfeito 6 22,2 Satisfeito 17 62,9 Muito satisfeito 3 11,2 Média DP Idade 37,6 7,8 Número de filhos 1,5 1,3 TA como enfermeiro 9,4 6,8 29 Para avaliar o estresse dos enfermeiros que atuam nos setores críticos foi aplicado o IEE. Realizou-se uma análise geral de todos os itens integrantes do IEE baseando-se no score 3, quando superior corresponde a alto nível de estresse e quando inferior classifica-se como baixo estresse. Os enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos participantes da pesquisa foram classificados, de maneira geral, como alto estresse, apresentando um score de 3,10. Os dados apresentados no gráfico 1, ilustram a classificação das categorias do IEE, a categoria fatores intrínsecos, apresentou o maior score com a pontuação de 3,3, seguida pela papéis estressores da carreira (m= 3,1). A única categoria que apresentou baixo estresse com um score de 2,9, foi a relações interpessoais. Gráfico 1- Valores obtidos através do IEE aplicado em enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos de um hospital geral. Boa Vista-RR, 2017. Posteriormente realizou-se uma análise dos itens de cada categoria do IEE. A categoria fatores intrínsecos refere-se à responsabilidade do enfermeiro e sua atuação de acordo com a realidade do seu setor, seus itens de maior destaque foram à falta de material necessário ao trabalho (m= 4,6) e a falta de recursos humanos (m= 4,5). Os menos pontuados foram cumprir uma carga horária maior (m= 2,3) e levar serviço para casa (m= 1,55) (Tabela 2). 2,9 3,1 3,3 Relações interpessoais Papéis estressores da carreira Fatores intrínsecos ao trabalho 30 Tabela 2- Itens com as pontuações máximas e mínimas da categoria fatores intrínsecos ao trabalho, obtidas dos enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos em um hospital geral. Boa Vista- RR, 2017. ITENS Valores Mais pontuados Média DP Falta de material necessário ao trabalho 4,65 0,1 Falta de recursos humanos 4,55 0,07 Menos pontuados Média DP Cumprir na prática uma carga horária maior 2,3 0,2 Levar serviço para fazer em casa 1,55 0,36 A segunda categoria: papéis estressores da carreira relaciona o trabalho com o ambiente físico da unidade, aborda a diferença entre a teoria e prática, além da autonomia do enfermeiro dentro do setor. Como ilustrado na Tabela 3 os itens que apresentarammaior score nessa categoria foram trabalhar em ambiente insalubre (m= 3,9) e a interferência política institucional no trabalho (m=3,6), os de menor score foram indefinição do papel do enfermeiro (m= 2,3) e trabalhar em clima de competitividade (m= 2,3). Tabela 3- Itens com as pontuações máximas e mínimas da categoria papéis estressores da carreira, obtidas dos enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos em um hospital geral. Boa Vista – RR, 2017. ITENS Valores Mais pontuados Média DP Trabalhar em ambiente insalubre 3,9 0,09 Interferência da Política Institucional no trabalho 3,6 0,7 Menos pontuados Média DP Indefinição do papel do enfermeiro 2,3 0,6 Trabalhar em clima de competitividade 2,3 0,1 A categoria relações interpessoais trata sobre o contato com os outros membros da equipe, a necessidade do enfermeiro ter sempre que atualizar seu conhecimento e de compartilhar com alunos, além da relação enfermeiro- paciente. Seus itens mais pontuados dentro desta categoria foram resolver imprevistos que 31 acontecem no local de trabalho (m= 3,5) e atender um número grande de pessoas (m= 3,7), os menos pontuados retratam um bom relacionamento com a chefia (m= 2,4) e o item ensinar o aluno com a média de 2,3 (tabela 4). Tabela 4- Itens com as pontuações mínimas e máximas da categoria relações interpessoais, obtidas dos enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos em um hospital geral. Boa Vista – RR, 2017. ITENS Valores Mais pontuados Média DP Resolver imprevistos que acontecem no local de trabalho 3,5 0,04 Atender um número grande de pessoas 3,7 1,2 Menos pontuados Média DP Relacionamento com a chefia 2,4 0,2 Ensinar o aluno 2,3 0,2 O gráfico 2 ilustra os itens que foram considerados como estressores de trabalho de acordo com o resultado geral do IEE dos enfermeiros atuantes nos setores que prestam assistência ao paciente crítico do hospital participante da pesquisa, os itens foram organizados na ordem crescente para melhor visualização. 32 Gráfico 2- Itens considerados estressores no atendimento ao paciente crítico nos setores UTI e PS de um Hospital Geral. Boa Vista- RR, 2017. 4,6 4,5 4,04 3,8 3,7 3,7 3,6 3,6 3,5 3,5 3,5 3,4 3,2 3,1 3 Falta de material necessário ao trabalho Falta de recursos humanos Desenvolver atividades além da minha função ocupacional Trabalhar em ambiente insalubre Administrar ou supervisionar o trabalho de outras pessoas Executar tarefas distintas simultaneamente Atender um número grande de pessoas Trabalhar com pessoas despreparadas Resolver imprevistos que acontecem no local de trabalho Responsabilizar-se pela qualidade de serviço que a Instituição Interferência da Política Institucional no trabalho Trabalhar em instalações físicas inadequadas Sentir-se impotente diante das tarefas a serem realizadas Restrição da autonomia profissional Relacionamento com a equipe médica Média 33 A tabela 5 mostra os resultados do IEE considerando a relação entre estresse, idade e o sexo. As enfermeiras totalizam uma pontuação de 3,2 e os enfermeiros de 3,0, ou seja, os enfermeiros de ambos os sexos são classificados como alto estresse, porém as enfermeiras participantes da pesquisa apresentam um score superior ao dos enfermeiros. Em relação à faixa etária observou-se que todos os enfermeiros apresentam alto nível de estresse, todavia a faixa etária de 36 a 45 apresentou nível de estresse superior às demais (média= 3,2), seguido pelo grupo de 25 a 35 anos (média= 3,07), e os enfermeiros de 46 a 56 anos foram os que apresentaram menor nível de estresse (média= 3,03). Tabela 2- Relação entre o estresse, idade e sexo, de acordo com os dados obtidos através do IEE aplicado em enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos de um hospital geral. Boa Vista-RR, 2017. Quando a média geral do IEE foi analisada de acordo com os setores de realização da pesquisa obtiveram-se resultados diferentes, sendo que os enfermeiros que atuam no PS apresentaram um score de 3,30, considerando assim alto nível de estresse enquanto os enfermeiros que atuam na UTI revelaram um score de 2,92 e apesar de apresentarem um resultado limítrofe ainda puderam ser classificados como baixo estresse (Tabela 6). Em relação aos itens do IEE os valores mínimos encontrados corresponderam, em ambos os setores, ao item levar serviço para casa, enquanto o item de valor mais expressivo reflete uma diferença, na UTI encontra-se relacionada à falta de recursos humanos e no PS à falta de material necessário para o trabalho, como apresentado na tabela a seguir. IEE Valores Mínimo Máximo Média DP Faixa etária De 25 a 35 anos 2,42 3,95 3,07 0,45 De 36 a 45 anos 1,97 3,95 3,20 0,64 De 46 a 56 anos 2,16 4,03 3,03 0,71 Sexo Feminino 2,16 2,03 3,25 0,60 Masculino 1,97 3,95 3,01 0,51 34 Tabela 3- Valores obtidos através do IEE de acordo com setores do PS e UTI no Hospital Geral de Roraima. Boa Vista – RR, 2017. IEE Valores Mínimo Máximo Média DP PS 1,8 4,75 3,30 0,59 UTI 1,3 4,6 2,92 0,45 Ao agrupar as duas unidades (PS e UTI), cerca da metade dos enfermeiros (52%, n=14) são considerados estressados de acordo com os resultados do IEE (com score superior a 3), e 48% (n=13) não apresentam estresse (gráfico 3). Gráfico 3- Classificação de estresse dos enfermeiros que atuam na assistência ao paciente crítico de um hospital geral, segundo o IEE. Boa Vista – RR, 2017. Na análise dos resultados de cada setor observou-se que dentre os enfermeiros que atuam no PS aproximadamente 67% (n=8) dos profissionais apresentaram elevado nível de estresse, apenas 33% (n=4) se encaixam na categoria baixo estresse (gráfico 4). Em contrapartida na UTI 40% (n=6) dos enfermeiros pesquisados apresentaram alto estresse, prevalecendo 60% (n= 9) com o score abaixo de 3 (gráfico 5). 52% 48% Alto estresse Baixo estresse 35 Gráfico 4- Classificação de estresse, de acordo com o IEE, dos enfermeiros atuantes no PS de acordo com o IEE. Boa Vista – RR, 2017. Gráfico 5- Classificação de estresse, de acordo com o IEE, dos enfermeiros atuantes na UTI. Boa Vista – Roraima, 2017. 67% 33% Alto estresse Baixo estresse 40% 60% Alto estresse Baixo estresse 36 5 DISCUSSÃO Os resultados obtidos revelam a prevalência das mulheres na profissão da enfermagem correspondendo a 62,9% (n=17) do total da amostra. Esta predominância de mulheres na enfermagem deve-se a fatores históricos, o ato de cuidar sempre esteve ligado à natureza feminina, a sua personalidade afetuosa e a maternidade, pois a mãe era responsável pelo cuidado das crianças e posteriormente também assumiu o cuidado dos enfermos que necessitavam de assistência (PASSOS, 2012). Segundo uma pesquisa realizada pela FIOCRUZ em 2015, a equipe de enfermagem é preponderantemente feminina, equivalendo a 84,5%. Porém, a quantidade de enfermeiros do sexo masculino apresentadas nos resultados do presente estudo, evidencia que os homens têm conquistado gradativamente seu lugar nesta profissão, enfrentando todas as dificuldades e resistências impostas pelo evidente padrão feminino (SOUZA, 2014). A idade média dos enfermeiros foi de 37,6 anos. Um estudo sobre estresse, absenteísmo e coping realizado em Santa Maria- RS teve como resultado uma idade média de 39,47 anos, análogo ao presente estudo (UMANN, 2011). Quanto ao tempo de serviço nos setores aproximadamente 50% trabalha por um tempo entre de 2 e 3 anos. A média de atuação como enfermeiro foi de 9,4 anos, sendo considerado um tempo significativo de atuação. Uma pesquisa realizada em Santa Maria identificou a ligação entre o bem estar e o tempo de profissão, ou seja, a experiência profissional influenciou positivamente na atuação e bem estar dos enfermeiros pesquisados(SANTOS; VANDENBERGHE, 2013). Com relação à carga horária semanal dos enfermeiros da pesquisa prevaleceram os que possuem um único vínculo empregatício correspondendo a 77,8% dos enfermeiros, porém 22,2% possuem dois, acumulando um total de 60h semanais. Um estudo, realizado em um município de Mato Grosso, corrobora com o resultado da presente pesquisa, onde apenas 26% dos profissionais de enfermagem entrevistados, assumem dois empregos (SANTOS; CASTRO, 2010). . 37 Em contrapartida, uma pesquisa realizada no Rio de Janeiro, com 66 enfermeiros de um hospital geral, identificou que mais de 50% dos pesquisados possuem duplo vínculo empregatício (FRANCA, et al., 2012). A dupla carga horária é uma prática frequente entre os profissionais da enfermagem, o que ocupa uma parte considerável da rotina diária, consequentemente diminuindo a qualidade de vida e o tempo disponível para outras atividades externas, como o lazer, a prática de alguma atividade física ou doméstica (SEEMANN; GARCEZ, 2012). O serviço de enfermagem é dividido normalmente em três turnos-matutino, vespertino e noturno, na pesquisa predominou o horário noturno correspondendo aproximadamente 60% dos enfermeiros. A prática da enfermagem, em geral, é cansativa, dada a realidade encontrada nos serviços de assistência hospitalar, principalmente os plantões noturnos que influenciam em todo o organismo, mudam ciclo circadiano ao alterar os horários do descanso e das refeições (FRANÇA; FERRARI, 2012). Quanto a formação profissional 85,2% possuem pós graduação e 14,8% não possuem. A UTI mostrou um número expressivo de profissionais especializados na área em que atua, corresponde a 65%, em contrapartida o PS possui apenas 33%. Isso pode ser considerado um ponto negativo já que a especialização contribui de maneira positiva para o aperfeiçoamento profissional, pois aumenta a segurança nas decisões a serem tomadas e melhora o enfrentamento de situações estressoras, influenciando assim, diretamente, na qualidade do serviço prestado (COSTA et al., 2014; BEZERRA, 2012). A complexidade dos pacientes e do ambiente da UTI, exige do enfermeiro a qualificação adequada para garantir uma assistência segura e livre de danos, a tecnologia ofertada nesse setor evolui rapidamente e para que possam acompanhá- la os profissionais precisam estudar e especializar-se (VIANA, et al., 2014). Os enfermeiros participantes de uma pesquisa realizada na UTI de um hospital universitário de Natal/ RN, relatam haver a necessidade da profissionalização e qualificação técnica/científica para exercer o trabalho dentro desse setor (MOURA et al., 2011). Assim, os profissionais demonstram estar conscientes da importância de manter-se atualizados, pois a especialização tende a amenizar a sobrecarga imposta pela rotina laboral (PRETO; PEDRÃO, 2009). 38 É essencial que os enfermeiros possuam embasamento teórico e prático, para que exerça as suas atribuições de maneira resolutiva e correta, desenvolvendo ações baseadas no seu conhecimento científico, evitando assim a atuação empírica ou improvisada nas diversas situações cotidianas (ANTONELLI; JUNIOR, 2014). A respeito da satisfação profissional aproximadamente 80% dos enfermeiros consideram-se satisfeitos ou muito satisfeitos com a atuação na enfermagem, este dado caracteriza-se bastante significativo, visto que é de suma importância que o enfermeiro se sinta contente com o seu serviço, para que possa prestar uma assistência adequada aos pacientes, os demais enfermeiros declararam estarem pouco satisfeitos. Assim a satisfação profissional pode ser entendida como um sentimento de contentamento que o profissional tem pelo seu trabalho, esta pode ser positiva ou negativa. Um estudo realizado em Florianópolis mostra que as condições inadequadas de trabalho tendem a gerar certa insatisfação quanto ao exercício da enfermagem dentro de ambientes críticos, podendo trazer prejuízos tanto para a qualidade de vida do profissional quanto para o exercício da profissão. (WISNIEWSKI, 2015). Estudos demonstram o aumento da insatisfação do enfermeiro quanto a sua atuação, deve-se isso as dificuldades enfrentadas diariamente por esses profissionais, estas contribuem para a redução da motivação e da satisfação pelo trabalho como enfermeiro (RODRIGUES; FERREIRA, 2011; VERSA; MATSUDA, 2014). Além disso, existem também inúmeros fatores que contribuem para a satisfação profissional, como por exemplo, o reconhecimento profissional, a autonomia, o local de trabalho, as situações cotidianas, a felicidade com a profissão e até a escolha da mesma (NUNES; TRONCHIN; MELLEIRO, 2010). Uma vez que a escolha pela profissão é um ponto importante, pois é dada na maioria das vezes pelo perfil do indivíduo, e para atuar na enfermagem é imprescindível se identificar com o ato de cuidar de pessoas que necessitam de assistência integral e humanizada (SILVA, et al., 2011). Os enfermeiros participantes da pesquisa que prestam assistência a pacientes críticos nos setores UTI e PS, de um hospital geral de Roraima foram 39 classificados como estressados, de acordo com o IEE com um score de 3,10. Diferente do presente estudo, uma pesquisa que também utilizou o instrumento IEE, identificou um score inferior, correspondendo a 2,7, classificando os enfermeiros como não estressados (UMANN, 2011). As unidades que prestam assistência a pacientes considerados críticos, são popularmente consideradas como as mais estressantes dentro do contexto hospitalar, isto pode ser explicado pelo número expressivo de estressores dentro destes setores. A rotina exaustiva que requer um ritmo acelerado e a atenção redobrada para com os pacientes graves, causando um estresse ao trabalhador deste setor (VERSA et al., 2012). Além disso, é previsto por lei que a assistência de enfermagem a pacientes críticos com risco de morte é atribuição privativa do enfermeiro (BRASIL, 1986). E pelo fato do enfermeiro ser o líder da equipe, ser responsável por outros profissionais, acumulando então além das suas atividades burocráticas e assistenciais, o gerenciamento da equipe. Estas atribuições aliada a fatores já mencionados podem desencadear elevados níveis de estresse (PEREIRA et al., 2013). Os dados que serão apresentados a seguir, correspondem aos itens com pontuação máxima e mínima dentro de cada categoria do IEE: 5.1 FATORES INTRÍNSECOS AO TRABALHO A categoria fatores intrínsecos ao trabalho, obteve maior pontuação, seu item com maior score trata-se da falta de materiais (m= 4.6), o que evidencia os problemas da saúde pública. Atualmente a saúde tem enfrentado restrições de recursos devido ao crescente aumento da demanda pelos serviços de saúde (GIL; CHAVES; LAUS, 2015). A falta de materiais nos hospitais brasileiros configura-se um obstáculo para a assistência, pois influencia diretamente na qualidade do serviço (NUNES et al., 2010) e na atuação do profissional, visto que o recurso material é imprescindível aos 40 serviços de saúde. Essa impotência frente às situações cotidianas é fonte de estresse para os enfermeiros (CARDOSO et al., 2015). Uma pesquisa referente ao atendimento ao paciente crítico ilustra que o principal obstáculo está na escassez de materiais. Os enfermeiros da pesquisa relatam que é difícil atender e monitorar todos os pacientes, pois o atendimento intensivo requer um aparato tecnológico e material, e essa deficiência gera empecilhos na assistência de enfermagem a esses clientes (ZANDOMENIGHI et al., 2014). Uma pesquisa realizada no setor de emergência de um hospital de Porto Alegre/RS obteve resultados diferentes quanto a escassez de recursos humanos e materiais, estes não foram classificados como agentes estressores dos profissionais (SILVEIRA; STUMM; KIRCHNER, 2009). Os ambientes de atendimento a pacientes críticos são locais ondehá um número expressivo de procedimentos tanto simples quanto complexos, e estes necessitam de materiais para a sua execução eficaz. Quando existe a escassez de materiais os procedimentos são realizados de maneira deficitária, oferecendo risco para o paciente. O enfermeiro por sua vez, é impedido de realizar o seu trabalho de acordo com as regras padrões de cada procedimento, isto pode ser considerado uma fonte de estresse, pois constantemente lida com esta realidade laboriosa. Outra dificuldade identificada nesta categoria trata-se da ineficiência dos recursos humanos (m= 4.5), isto também prejudica o serviço, pois a qualidade da assistência está conectada a capacidade de trabalho da equipe, um dimensionamento eficaz repercute positivamente nos serviços de saúde e gera bons resultados na recuperação da saúde do paciente (LEITE et al.,2011). Um estudo realizado nas UTIs de hospitais públicos em São Paulo, revela que a sobrecarga de trabalho influencia no aumento dos dias de internação e também no risco de mortalidade dos pacientes avaliados nas duas unidades de terapia intensiva estudadas (NOVARETTI et al., 2014), repercutindo, então, negativamente na saúde do paciente. Além disso, o excesso de atividades aliada a deficiência de recursos humanos causa um desgaste ao profissional, gera insatisfação e interfere na efetividade necessária para a realização do trabalho (PIRES; MACHADO; 41 SORATTO, 2016). Ou seja, a sobrecarga tem influência negativa na assistência prestada ao paciente internado. Quando há deficiência de recursos humanos, o enfermeiro além das atividades cotidianas assume uma grande quantidade de pacientes críticos, e por vezes é incapaz de realizar todos os procedimentos envolvidos no cuidado do paciente (TAMPIERI; RODRIGUES; MESQUITA, 2015). Essas sobrecargas físicas e as precariedades enfrentadas no dia a dia da assistência de enfermagem contribuem para o aumento dos acidentes de trabalho e dos níveis de estresse (SILVA, et al., 2013; SILVA et al., 2011). A sobrecarga, seja ela física ou mental, gera consequências como o adoecimento dos profissionais, o absenteísmo, a exaustão, erros no cuidado com o paciente, como troca ou erro de medicação (ROBAZZI, 2012). O desgaste físico precede o desgaste psicológico, e este é ainda mais intenso, pois reflete no processo de trabalho, na insatisfação profissional e na vida pessoal do enfermeiro e os demais profissionais da equipe de enfermagem (SOUZA, et al., 2015). Na assistência à saúde é essencial que os profissionais envolvidos no cuidado tenham uma saúde física e psicológica saudável (PIEDADE; SANTOS; CONCEIÇÃO, 2012). O item de menor pontuação dentro desta categoria foi levar serviço para casa, este dado é justificado pelo fato dos enfermeiros assistenciais serem responsáveis pelo serviço da enfermagem apenas dentro do setor hospitalar, sendo então desnecessário levar alguma atividade para casa. Acredita-se que a baixa pontuação do item cumprir uma carga horária maior, possa ser explicada pela instalação de pontos eletrônicos que registram o horário da entrada e da saída dos profissionais, devendo cumprir apenas a sua carga horária semanal, não excedendo o tempo de permanência dentro do hospital. 5.2 PAPÉIS ESTRESSORES DA CARREIRA O item trabalhar em ambiente insalubre obteve maior score na categoria papéis estressores da carreira (m=3,9), visto que o ambiente hospitalar oferece diversos riscos ao enfermeiro, pois estes se encontram em contato direto com o processo saúde-doença, e isto consequentemente os obriga a manipular agentes 42 biológicos nocivos que ameaçam a sua própria saúde. Estas situações geram tensão, ansiedade e estresse (SEEMANN; GARCEZ, 2012). Para que haja um desenvolvimento satisfatório das atividades laborais do enfermeiro e da equipe, é de suma importância avaliar as condições de trabalho a qual o profissional é submetido. É necessária uma agregação entre o ambiente, o serviço, os recursos humanos e materiais e as condições do setor (CARDOSO et al., 2015), ou seja, o local de trabalho deve ser um espaço que oferte segurança para a atuação do enfermeiro e de qualquer outro profissional da saúde. Trabalhar com interferência política também foi classificado como estressor, com um score de 3,6. Poucos estudos exploratórios relacionados à interferência política foram encontrados, impossibilitando um maior entendimento a respeito deste fator. Porém, uma pesquisa de revisão integrativa identificou que a interferência política no trabalho tende a gerar sentimentos como depressão e estresse nos profissionais da enfermagem, pois limita o seu serviço, o que muitas vezes os impede de prestar uma assistência de qualidade, causando um desgaste emocional e físico (AMARAL; RIBEIRO; PAIXÃO, 2015). A menor pontuação desta categoria com m= 2,3 foi o item trabalhar em ambiente de competitividade. Contrapondo este resultado uma revisão integrativa sobre estresse laboral, revelou que trabalhar em clima de competitividade é um estressor comum na realidade dos enfermeiros (BEZERRA; SILVA; RAMOS, 2012). Considera-se esta contradição um ponto positivo, pois é imprescindível que no trabalho em equipe exista harmonia e respeito bilateral, onde os profissionais integrantes da equipe possam conviver de maneira a complementar o serviço em busca de alcançar a qualidade. O objetivo do trabalho em equipe é estabelecer metas em comum para crescimento do próprio profissional e da equipe, com foco no atendimento dos usuários do serviço (SILVEIRA; SENA; OLIVEIRA, 2011). A mais evidente especificidade do trabalho de enfermagem é o serviço coletivo, sendo necessária uma boa relação entre seus componentes, esta relação é construída com base na reciprocidade e na interação dos profissionais para que haja uma boa dinâmica no serviço prestado (NAVARRO; GUIMARAES; GARANHANI, 2013). Porém é real a dificuldade de estabelecer um relacionamento recíproco e respeitoso dentro da 43 equipe multidisciplinar, sendo uma constante fonte de estresse para os profissionais (AMARAL; RIBEIRO; PAIXÃO, 2015). 5.3 RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS A categoria relações interpessoais obteve um score de 2,9, sendo a única categoria classificada como baixo estresse. Porém foram identificados estressores dentro dela, como resolver imprevistos que acontecem no local de trabalho (m= 3,5). Para que o enfermeiro possa realizar um trabalho resolutivo e eficaz, ele precisa lidar com as inúmeras dificuldades encontradas no seu dia a dia, tendo que desenvolver mecanismos para conseguir conclui-lo. É necessário persistência, atenção, criatividade, trabalho em equipe, a fim de sanar os problemas e defrontar o inesperado (PRADEBON, 2011). O princípio da enfermagem é prestar uma assistência livre de danos ao paciente, porém muitas vezes situações cotidianas impede o profissional de assistir o paciente de maneira adequada gerando insatisfação tanto profissional quanto pessoal. O improviso é uma realidade dentro do atendimento nos setores públicos, pois os enfermeiros passam diariamente por situações inesperadas tendo que enfrentá-las e principalmente resolvê-las para tentar realizar o seu trabalho da melhor maneira possível, e isso acarreta medo, insegurança e estresse (RODRIGUES, 2012). Outro estressor identificado que faz relação com resolver imprevistos é o atendimento de um grande número de pessoas (m= 3,7). É frequente ver na mídia as denúncias sobre a falta de leitos e de profissionais para atender a demanda da população (JORGE et al., 2012). Uma das principais características do setor hospitalar público é a desproporção entre a capacidade e a procura por atendimentos, o que resulta na superlotação e na deficiência de recursos materiais e humanos e tente a gerar uma sobrecarga nos profissionais atuantes (GRIMBERG et al, 2015). A assistênciaa pacientes críticos tem peculiaridades devido a sua instabilidade hemodinâmica, estes demandam um atendimento mais minucioso, que requer maior tempo e atenção do profissional. Desta maneira é essencial um 44 dimensionamento correto, para garantir uma assistência de qualidade a estes pacientes (BARBOSA et al, 2014). O setor de emergência é comumente citado em pesquisas quando se referem à superlotação, pois este se trata de um setor aberto, que recebe os pacientes além do número de leitos disponíveis. Nesse setor a sobrecarga do enfermeiro é intensa, pois precisa realizar todas as suas atividades independentemente da quantidade de pacientes, o que torna difícil a sua atuação eficaz, comprometendo o serviço (PAIXÃO, et al., 2015; JORGE, et al., 2012). Em contrapartida o processo de trabalho na UTI é diferente do PS, pois trata-se de um setor ser fechado, onde a quantidade de vagas é limitada. Porém, neste setor também é importante o dimensionamento para garantir o cuidado integral aos pacientes, além de manter condições favoráveis para a saúde do profissional, evitando sobrecargas e situações que causam estresse. Entretanto estudos identificam que o dimensionamento ineficaz nesse setor também é frequente, o que interfere na gestão do enfermeiro, pois quando o número de profissionais é inadequado torna-se difícil direcionar o cuidado de acordo com a necessidade de cada paciente (OLIVEIRA, et al., 2013; INOUE; MATSUDA, 2010). O relacionamento dos entrevistados com a chefia não foi considerado um fator estressor (m= 2,4), vê-se este resultado como positivo uma vez que a equipe de enfermagem, desde o auxiliar até o enfermeiro-chefe, deve conviver harmoniosamente e cordial. Um estudo realizado em Portugal, com 235 enfermeiros que prestam assistência a pacientes que necessitam de cuidados intensivos, revelou que cerca de 30% deles possuem uma má relação com a chefia, sendo este relacionamento fonte de estresse (RODRIGUES; FERREIRA, 2011). Não é uma tarefa fácil a de liderar uma equipe, pois se trata de uma função carregada de responsabilidades. O enfermeiro líder deve possuir características como saber lidar com problemas, ser imparcial e justo nas decisões tomadas, e principalmente exercer a autoridade de maneira a promover uma convivência harmoniosa entre a sua equipe e o líder (MOURA et al., 2013; PRADEBON, 2011). Ensinar alunos também não foi classificado como estressor nesta categoria (m=2,3), esse item faz relação com os estágios supervisionados dos discentes que adentram nos setores, a fim de aprimorar seu conhecimento prático. É nesse 45 momento que os futuros enfermeiros têm a oportunidade de pôr em prática o que aprenderam na teoria, além de acompanhar continuamente o serviço de um enfermeiro já atuante no setor e conviver com as responsabilidades próprias da liderança da equipe, sendo de suma importância para a formação de profissionais capacitados e seguros (EVANGELISTA; IVO, 2014; BENITO et al., 2012). De maneira geral vários itens foram classificados como estressores de acordo com os resultados do IEE. Porém, as maiores pontuações correspondem primeiramente à deficiência de material necessários para o trabalho e o segundo lugar à falta de recursos humanos, como já discutido anteriormente. O terceiro maior score corresponde ao item desenvolver atividades além da sua função (m= 4,04), o que leva a conclusão que por vezes o enfermeiro tem que assumir as atribuições de outro profissional, normalmente em locais que não possuem equipe multiprofissional completa (SAMPAIO, 2011). Contrapondo, então, o Art. 10 do código de ética que diz: “Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, família e coletividade.” (COFEN, 2007). Pode-se notar a importância do profissional enfermeiro ter conhecimento sobre as legislações vigentes, para assim ter capacidade de se posicionar frente a situações adversas, que vão de encontro aos seus direitos ou preceitos. Administrar ou supervisionar o trabalho de outras pessoas obteve score de 3,8, seguido por trabalhar com pessoas despreparadas (m=3,6), os dois itens se relacionam, uma vez que o enfermeiro necessita lidar e conviver com os profissionais da sua equipe, sejam eles capacitados ou não. Uma pesquisa realizada com os profissionais de enfermagem de um hospital geral de Minas Gerais, identificou que aproximadamente 60% dos profissionais consideram como estressor o item de trabalhar com pessoas despreparadas (SOUZA et al. 2009), o que corrobora com o presente estudo. O enfermeiro por ser o líder da equipe de enfermagem deve estar constantemente vigilante quanto à atuação dos membros de sua equipe. Além disso, no momento de delegar atividades, o enfermeiro deve ter conhecimento sobre a competência de cada membro da equipe, para evitar possíveis erros (NASCIMENTO, 2012). É de suma importância o papel do enfermeiro gestor da 46 equipe, pois este tem a capacidade de aprimorar o serviço de qualidade da equipe de enfermagem, através das suas decisões e ações (VITURI; EVORA, 2015), uma vez que a supervisão é uma ferramenta gerencial que pode vir a contribuir positivamente para a assistência de enfermagem (CARVALHO; CHAVES, 2011). Atualmente existem grandes desequilíbrios quanto à formação teórica e prática da equipe de enfermagem, é cada vez maior a quantidade de cursos técnicos particulares que não se preocupam com a real formação profissional, e isso tem um impacto negativo na produtividade, na qualidade e principalmente na segurança dos serviços dispensados pela enfermagem (CASSIANI, 2014). Para se trabalhar em equipe é necessário o comprometimento de cada componente, pois se um dos profissionais deixar de realizar sua função, outro terá que assumi-la, aumentando assim a carga de trabalho do mesmo, e interferindo diretamente na agilidade necessária no atendimento a pacientes críticos (MOURA et al., 2011). Logo, sempre haverá um desfalque na equipe se qualquer um dos profissionais não for competente o suficiente para realizar a sua função dentro da equipe. Por ser líder da equipe, a responsabilidade de todos os atos praticados pelos membros da enfermagem são do enfermeiro, por esse motivo trabalhar com pessoas despreparadas põe em risco a sua atividade profissional. Assim o enfermeiro está em constante estado de tensão, com relação à atuação dos membros da equipe, e por vezes essa equipe é incompatível quanto ao número de enfermeiros, dificultando a supervisão e observação dos serviços realizados. O item instalações físicas inadequadas foi classificado como fator gerador de estresse e é frequentemente classificada como estressores em outros estudos (BEZERRA; SILVA; RAMOS, 2012; PASSOS; SILVA; CARVALHO, 2010). Trabalhar onde há exposição a possíveis acidentes é fonte de preocupação, uma vez que atuar em um ambiente que não lhe proporcione segurança é um incomodo e arriscado para o profissional. A falta de autonomia dentro dos setores de atendimento a pacientes críticos da pesquisa, também foi considerada estressor (m= 3,1), apesar da autonomia ser fundamental no processo de trabalho do enfermeiro, é notável que ainda há restrições quando a prática autônoma do enfermeiro, isso é um fator que dificulta o 47 crescimento da profissão e diminui o reconhecimento profissional (SANTO, et al. 2010, SANTOS; MONTEZELI; PERES, 2012). A falta de reconhecimento pode ser oriunda dos colegas de profissão, dos profissionais de outras equipes e até do próprio paciente, isso gera uma insatisfação pessoal. Este processo está ligado também à indefinição do papel do enfermeiro, onde muitas vezes é confundido com outro profissional, tendo assim um impacto negativo no serviço prestado pelo enfermeiro (NAVARRO; GUIMARAES; GARANHANI, 2013).