Buscar

Imunidade Tributária: Abrangência e Entidades Religiosas

Prévia do material em texto

Tributário - imunidades 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imunidade_tribut%C3%A1ria
http://www.arcos.org.br/monografias/imunidade-tributaria-da-casa-pastoral/2-imunidades-tributarias/21-abrangencia-das-imunidades
Questão 3. 
Considerando estabelecido o conceito de imunidade tributária, deve-se atentar à abrangência da imunidade. Ocorre que esta abrangência não é pacífica na doutrina, havendo discussão acerca da abrangência das imunidades a todos os tributos, conforme disposições constitucionais. 
Há doutrinadores como Eduardo Sabbag que defendem a tese unicamente de que o artigo 150 da Constituição Federal, ao descrever imunidades tributárias, se refere exclusivamente aos impostos, não se estendendo a proibição às taxas ou às contribuições. O referido doutrinador defende a tese de que a regra imunitória, se interpretada literalmente, alcança apenas os impostos. 
Em sentido contrário, há doutrinadores que se posicionam diferentemente. Entre eles está Paulo de Barros Carvalho, que entende ser mais amplo o alcance da norma constitucional, abrangendo todos os tributos, aplicando-se interpretação extensiva ao disposto pelo legislador no termo “impostos”, aplicando-se imunidades ao gênero tributos e não apenas a uma das suas espécies, impostos. 
Assim, defende-se a diretriz de que o texto constitucional abrange imunidades não apenas referentes à impostos, havendo abrangência extensiva ao termo “imposto” presente no artigo 150 da CF, sendo que as imunidades transcendem os impostos. Nesse sentido, pode-se afirmar que a imunidade se estende e alcança a tributos como a taxa e a contribuição, conforme aludido nas normas constitucionais expostas a seguir. 
Art. 5º, inciso XXXIV, 'a' e 'b' da CF
“São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas”. 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal” 
Art. 226, §1º da CF
 O dispositivo impede a cobrança de taxa pela celebração do casamento civil, garantindo a sua gratuidade. 
Art. 230, §2º Da CF
 Tal dispositivo prevê que, nos serviços de transporte coletivo urbano remunerados por via de taxa, há imunidade para os maiores de sessenta e cinco anos de idade. 
Art. 5º, inciso LXXIII, da CF
 Previsão de que o cidadão que propuser ação popular ficará imune às custas judiciais, que são taxas. 
 Art. 5º, inciso LXXVI, ‘a’ e ‘b’ da CF
 Dispõe que aqueles que àqueles que são reconhecidamente pobres, é conferida por lei imunidade acerca das taxas do registro civil de casamento e certidão de óbito. 
 Art. 5º, inciso LXXVII, da CF
 Prevê imunidade das custas judiciais (taxas) àqueles que impetrarem habeas corpus e habeas data, bem como àqueles que praticarem atos necessários ao exercício da cidadania. 
 Art. 201 e 40, §18 da CF
 Previsão de que a contribuição de seguridade social só incide sobre os valores adventos da aposentadoria e pensão, que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do programa geral de previdência social. Assim, as quantias situadas abaixo de tal patamar estão imunes à contribuição previdenciária. 
 Art. 195, inciso III, §7º da CF
 Define que há imunidade à contribuição para seguridade social para as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências legais. 
 Art. 149, §2º, inciso I da CF
 Prevê a imunidade das contribuições de intervenção no domínio econômico, relativo às receitas provenientes de operações de exportação. 
 
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2984564/na-hipotese-de-uma-igreja-locar-um-imovel-resta-reconhecida-a-imunidade-tributaria-do-art-151-vi-b-da-cf-patricia-donati-de-almeida
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=59828
 
Questão 4. A. 
 Em alusão ao artigo 150, §4º da CF, que remete ao inciso IV, alíneas ‘a’ e ‘b’, o Supremo Tribunal Federal determinou por meio da súmula 724 que: 
“ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades”. (grifei). 
 Conforme tais disposições, entende-se que as entidades religiosas têm direito à imunidade tributária sobre qualquer patrimônio, renda ou serviço, desde que se relacionem diretamente à atividade essencial desenvolvida pela entidade, mesmo que estas aluguem os seus imóveis ou o mantenham desocupados. Assim, entende o STF que o benefício do não pagamento do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) deve se limitar aos templos em que são realizados cultos religiosos e às dependências que servem à realização das finalidades dos mesmos. 
 Aos imóveis pertencentes às entidades religiosas que estiverem alugados, objetivando angariar fundos para cumprir a sua atividade essencial, ou seja, seu trabalho missionário, aplica-se a imunidade do pagamento do IPTU. 
Diante do exposto, se um imóvel pertencente à uma Igreja é alugado visando que a renda proveniente do aluguel se destine a cumprir a finalidade essencial da entidade, se aplica a imunidade do IPTU. Considerando o caso exposto, em que a Igreja se encontra em dificuldades financeiras para cumprir sua atividade essencial, e, por essa razão, opta por locar um imóvel de sua propriedade, a fim de utilizar a totalidade do rendimento locatício para manter as despesas advindas do seu templo religioso para dar continuidade aos cultos, observa-se que se aplicam os requisitos dispostos no artigo 150, §4º da Constituição Federal, pois, resta claro que os valores obtidos pelo aluguel do imóvel da Igreja visa assegurar a continuidade da sua atividade essencial, que é a realização dos cultos religiosos. 
No caso de não haver dificuldades financeiras pela Igreja, e esta locar o imóvel de sua propriedade visando a obtenção de lucros, não se aplicaria a imunidade prevista no artigo constitucional, vez que a locação não se destinaria a assegurar a continuidade do desempenho de atividade essencial desenvolvida pela Igreja, mas somente a obtenção dos valores locatícios para auferir lucro.

Continue navegando