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UTILITARISMO Bentham S. Mill

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UTILITARISMO, VALOR UTILIDADE, PRINCÍPIO DA UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE;
O Utilitarismo é uma expressão que ficou conhecida através do filósofo Jeremy Bentham porém, sua ideia foi originalmente usada por Stuart Mill. O utilitarismo tem como objetivo alcançar a extrema felicidade, mas não individual e sim coletiva. Na economia, esta doutrina se baseia na ideia de que uma ação só pode ser concretizada se o benefício for coletivo. Entretanto, o utilitarismo não se restringe apenas a economia, mas também aos aspectos políticos e sociais. Esta escola filosófica também pode ser chamada de Radicalismo Filosófico pois, busca também transformar a sociedade. Embora sejam os dois fundamentalistas dessa expressão, Jeremy Bentham e Stuart Mill divergem alguns conceitos do utilitarismo. Jeremy tinha uma visão quantificada das ações, buscando maior prazer. Enquanto isso, Stuart acreditava tanto na quantidade de prazer, quanto na sua qualidade, explorando um maior número de prazeres e mais valorosos.
O valor utilidade é uma teoria que defende o que o produto pode proporcionar ao comprador. Desse modo, o valor é atribuído ao quanto essa mercadoria pode satisfazer o indivíduo, independentemente do seu preço e de quanto foi necessário para sua produção. Assim, uma compra depende muito da preferência do consumidor, o que gera uma satisfação a um indivíduo pode não proporcionar a mesma sensação a outro, mesmo que tenham uma renda similar. Um Exemplo que pode ser usado é: será que um indivíduo que reside no Nordeste pagaria o mesmo preço por um aquecedor de ambiente do que um morador do Sul está disposto a pagar?
Uma outra teoria que é diretamente ligada as duas já apresentadas é a teoria da utilidade marginal decrescente. Esta, por sua vez, relata que quanto mais se consumimos um produto, menor passa a ser sua utilidade para nós, já que o prazer de usar essa mercadoria já foi “absorvido”. Um exemplo muito simples que podemos citar é um copo cheio de água para matar a sede, o primeiro é muito satisfatório, o segunda já não traz uma utilidade tão grande e o terceiro é rejeitado, já que o prazer fora saciado pelo primeiro e pelo segundo.
......
Bentham afirma que a natureza colocou o gênero humano sob o domínio de dois senhores soberanos: a dor e o prazer e que somente a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que na realidade faremos.
 
Ao trono desses dois senhores, diz ele, está vinculada, por uma parte, a norma que distingue o que é certo do que é errado, e, por outra, a cadeia das causas e dos efeitos.
 
Segundo Jeremy Bentham, a dor e o prazer governam tudo o que fazemos, dizemos e pensamos: “Através das suas palavras, o homem pode pretender abjurar [renegar] tal domínio, porém na realidade permanecerá sujeito a ele em todos os momentos da sua vida. ”
 
A fim de esclarecer como poderá se dar o aperfeiçoamento de uma ciência moral, o filósofo define o que significa então seu “princípio da utilidade” (reitero, princípio da maior felicidade, pois segundo ele, a palavra “utilidade” não ressalta as ideias de prazer e dor com tanta clareza como o termo “felicidade”).
 
Pois bem, por princípio de utilidade entende-se aquele princípio que aprova OU desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar OU a diminuir a felicidade da pessoa ou (o que é a mesma coisa), segundo a tendência a promover OU a comprometer a referida felicidade. E ressalta: QUALQUER AÇÃO, seja do indivíduo particular e/ou qualquer ato ou medida de governo.
 
Em Jeremy Bentham, o termo utilidade designa aquela propriedade existente em qualquer coisa, propriedade em virtude da qual o objeto tende a produzir ou proporcionar benefício, vantagem, prazer, bem ou felicidade OU a impedir que aconteça o dano, a dor, o mal, ou a infelicidade para a parte cujo interesse está em pauta.
 
Se esta parte for a comunidade em geral, tratar-se-á da felicidade da comunidade, ao passo que, em se tratando de um indivíduo particular, estará em jogo a felicidade desta pessoa.
 
Uma das expressões mais comuns que pode ocorrer na terminologia e na fraseologia moral, diz ele, é “o interesse da comunidade”, que constitui um corpo fictício, composto de pessoas individuais, seus membros. Interesse da comunidade nada mais é que soma dos interesses dos diversos membros que a integram.
 
Atento, infere que é inútil falar do interesse da comunidade, se não se compreender qual é o interesse do indivíduo: “Diz-se que uma coisa promove ou favorece o interesse de um indivíduo, quando tende a aumentar a soma total dos seus prazeres, ou então, o que vale afirmar o mesmo, quando tende a diminuir a soma total das suas dores. ”
 
Sendo assim, uma determinada ação está em conformidade com o princípio da utilidade quando a tendência que ela tem a aumentar a felicidade for maior do que qualquer tendência que tenha a diminuí-la: “Pode-se afirmar que uma medida de governo (a qual constitui apenas uma espécie particular de ação, praticada por uma pessoa particular ou por pessoas particulares) está em conformidade com o princípio de utilidade – ou é ditada por ele – quando, analogamente, a tendência que tem a aumentar a felicidade da comunidade for maior do que qualquer tendência que tenha a diminuí-la. ”
 
Para Bentham, quando uma pessoa supõe que uma ação ou, em particular, uma medida de governo, está em conformidade com o princípio de utilidade, pode ser conveniente imaginar uma espécie de lei ou ditado de utilidade.
 
Uma pessoa é partidária do princípio de utilidade quando a aprovação OU a desaprovação que dá a alguma ação (ou a alguma medida), for determinada pela tendência que, no seu entender, tem a aumentar OU a diminuir a felicidade da comunidade; pela sua conformidade (ou não) com as leis OU os ditames da utilidade.
 
De uma ação que é conforme ao princípio da utilidade (felicidade), podemos sempre afirmar que ela deve ser praticada, que é reto praticá-la (no mínimo, que não é proibido). Se assim forem interpretadas, têm sentido as palavras deveria, certo, reto, errado, o mesmo valendo de outros termos análogos. De outra forma, os mencionados termos carecem totalmente de significado, diz o filósofo.
 
Ele mesmo afirma que a justeza do referido princípio foi contestada por parte daqueles que não sabiam o que diziam e que este princípio não é suscetível de alguma demonstração direta, pois o princípio que se utiliza para demonstrar todas as outras coisas não pode ele mesmo ser demonstrado: “Uma cadeia de demonstração deve ter o seu início em algum ponto. Consequentemente, fornecer uma tal demonstração é tão impossível quanto supérfluo. “
 
Em virtude da própria constituição natural, na maioria das ocasiões da sua vida, os homens geralmente abraçam este princípio sem pensar explicitamente nele: senão para orientar a sua própria conduta, pelo menos para julgar as suas próprias ações e as atitudes dos outros.
 
Refutar a justeza do princípio da utilidade com argumentos constitui tarefa impossível. Entretanto, em virtude das razões acima mencionadas, ou por motivo de uma visão confusa e limitada que se tem do princípio, é possível que uma pessoa não o aprecie.  
 
Se a pessoa estiver inclinada a crer que a própria aprovação ou desaprovação que dá à ideia de um ato, sem qualquer consideração pelas suas consequências, constitui para ela um fundamento suficiente para julgar e agir, façamo-la refletir consigo mesma sobre a seguinte questão: o seu modo de pensar deve ser considerado como norma do certo e do errado para todos os outros homens? OU será que a convicção de cada um tem o mesmo privilégio de constituir uma norma-padrão?
 
O princípio da utilidade, que dialogará com a economia (oikós = casa + nomós = lei, norma) é o princípio que estabelece como sendo a justa e adequada finalidade de nossas ações.
 
A finalidade justa de nossas ações, as adequadas e universalmente desejáveis, diz Bentham: ”(...) sobretudo na condição de um funcionário ou grupo de funcionários que exerçam os poderes de governo, pois abarcae zela pela promoção da felicidade de seus membros.
 
Como está claro, a adoção desse princípio deveria pautar nossa conduta, bem como a conduta de nossos dirigentes políticos: o que é útil no sentido de trazer felicidade a nós e o que é útil e traz felicidade ao povo.
 
Certamente atingiria sua finalidade desde que fosse incorruptível. No entanto, egoísmo, ganância e vaidade eclipsam o intento, deturpando o que deveria ser útil à uma vida prazerosa, genuína e licitamente feliz.
 
 
 
(*) “ A palavra “utilidade” não ressalta as ideias de prazer e dor com tanta clareza como o termo “felicidade”; tampouco o termo nos leva a considerar o número este que constitui a circunstância que contribui na maior proporção para formar a norma em questão – a norma do certo e do errado, a única que pode capacitar-nos a julgar da retidão da conduta humana, em qualquer situação que seja. Esta falta de uma conexão suficientemente clara entre as ideias de felicidade e prazer, por uma parte, e a ideia de utilidade, por outra, tem constituído um obstáculo para a aceitação do princípio acima, aceitação que, de outra forma, possivelmente não teria encontrado resistência”.

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