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Universidade Federal do Pará - UFPA Instituto de Ciências Biológicas – ICB Bacteriologia Fisiologia Bacteriana - crescimento, meios de cultura e metabolismoe metabolismo Profa. Dra. Valéria R Oliveira Crescimento de uma população é o aumento do número de células e não o aumento das dimensões celulares. CRESCIMENTO BACTERIANO Crescimento de uma população de células Fatores químicos Água Fatores físicos - condições ambientais Fatores necessários para o crescimento São necessários fatores físicos e químicos para o crescimento bacteriano Macronutrientes: carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, enxofre, fósforo Micronutrientes: ferro, zinco, manganês, cálcio, sódio, cobre condições ambientais Temperatura pH Pressão osmótica CRESCIMENTO BACTERIANO CARBONO Está presente na maioria das substâncias que compõem as células, sendo considerado o elemento estrutural básico. HIDROGÊNIO Componente muito freqüente da matéria orgânica e inorgânica, também constitui um elemento comum de todo material celular CRESCIMENTO BACTERIANO NITROGÊNIO Componente de proteínas e ácidos nucléicos, além de vitaminas e outros compostos celulares. Está disponível na natureza sob a forma de gás (N ) ou na forma Está disponível na natureza sob a forma de gás (N2) ou na forma combinada. Sua utilização como N2 é restrita a um grupo de bactérias cujo principal habitat é o solo. Processo de fixação de N Na forma combinada, o nitrogênio é encontrado como matéria inorgânica (NH3 , NO3-,etc.) ou matéria orgânica: aminoácidos, purinas e pirimidinas. CRESCIMENTO BACTERIANO FÓSFORO É essencial para a síntese dos ácidos nucléicos e para os fosfolipídeos componentes da membrana celular. O íon fosfato (PO43-) é uma fonte importante de fósforo para a célula. Muitas enzimas tornam-se ativas ao serem fosforiladas. CRESCIMENTO BACTERIANO ENXOFRE Faz parte de aminoácidos (cisteína e metionina), de vitaminas e grupos prostéticos de várias proteínas importantes em reações de óxido-redução. Pode ser encontrado no ambiente na forma elementar, oxidada e reduzida; estas duas últimas aparecem como compostos reduzida; estas duas últimas aparecem como compostos orgânicos e inorgânicos. Fontes naturais de enxofre importante incluem o íon sulfato (SO4-2), sulfito de hidrogênio e alguns aminoácidos - formas preferencialmente assimiladas. Na forma oxidada, também pode ser aceptor final de elétrons das cadeias de transporte de elétrons anaeróbias. CRESCIMENTO BACTERIANO OXIGÊNIO É requerido na forma molecular como aceptor final na cadeia de transporte de elétrons aeróbia. Também é elemento importante em várias moléculas orgânicas e inorgânicas o O2 é tóxico para os anaeróbios. CRESCIMENTO BACTERIANO Por que o O2 é tóxico para os anaeróbios? Formas tóxicas do oxigênio • Ânion superóxido (O2-) • Peróxido de hidrogênio (H2O2) • Radical Hidroxila (OH) A SUPERÓXIDO DISMUTASE elimina os radicais superóxido convertendo-os em peróxido de hidrogênio ENZIMAS QUE INATIVAM O O2 TÓXICO O peróxido de hidrogênio produzido por esta reação pode ser metabolizado por duas outras enzimas: CATALASE: converte peróxido de hidrogênio em oxigênio molecular e água. PEROXIDASE: converte peróxido de hidrogênio em água. CRESCIMENTO BACTERIANO Os organismos aeróbicos, anaeróbicos facultativos e anaeróbios aerotolerantes devem conter as enzimas: superóxido dismutase (SOD) 2 O2- + 2H + O2 + H2O2 Teste de catalase 2 2 2 2 catalase 2 H2O2 2 H2O + O2 peroxidase H2O2 + 2H + 2 H2O •AERÓBIAS ESTRITAS (ou obrigatórias) - exigem a presença de oxigênio - gênero Acinetobacter •ANAERÓBIOS FACULTATIVOS - apresentam mecanismos que as capacitam a utilizar o oxigênio quando disponível, mas desenvolver-se também em sua ausência. Escherichia coli e várias bactérias entéricas tem esta característica. OXIGÊNIO tem esta característica. •ANAERÓBIAS ESTRITAS (obrigatórias) - não toleram o oxigênio. Ex.: Clostridium tetani, bactéria produtora de potente toxina que só se desenvolve em tecidos necrosados carentes de oxigênio. •ANAERÓBIAS AEROTOLERANTES - toleram o oxigênio, mas não o utilizam para o crescimento •MICROAERÓFILAS - necessitam de baixos teores de oxigênio. Ex: Campylobacter jejuni. O oxigênio pode ser indispensável, letal ou inócuo para as bactérias, o que permite classificá-las em: OXIGÊNIO Aeróbicos obrigatórios Anaeróbicos facultativos Anaeróbicos obrigatórios Anaeróbicos aerotolerantes Microaerófilos Catalase Superóxido dismutase (SOD) + + neutralização das formas tóxicas de oxigênio _ _ não toleram o oxigênio _ + neutralização parcial Produção de quantidades letais das formas tóxicas de oxigênio qdo expostas à atmosfera normal + + neutralização das formas tóxicas de oxigênio OXIGÊNIO CRESCIMENTO BACTERIANO MICRONUTRIENTES Elementos: ferro, magnésio, manganês, cálcio, zinco, potássio, sódio, cobre, cloro, cobalto, molibdênio, selênio e outros são encontrados sempre na forma inorgânica, fazendo parte de minerais.inorgânica, fazendo parte de minerais. São necessários ao desenvolvimento microbiano, mas em quantidades variáveis, dependendo do elemento e do microrganismo considerados. CRESCIMENTO BACTERIANO MICRONUTRIENTES Podem atuar de diferentes maneiras, incluindo: • componentes de proteínas, como o ferro que participa da composição de várias proteínas enzimáticas • cofatores de enzimas, como o magnésio, potássio, • cofatores de enzimas, como o magnésio, potássio, molibdênio, etc • componentes de estruturas, como o cálcio, presente em um dos envoltórios dos esporos • osmorreguladores CRESCIMENTO BACTERIANO FATORES AMBIENTAIS A tomada de nutrientes e posterior metabolismo são influenciados por fatores físicos e químicos são influenciados por fatores físicos e químicos do meio ambiente. Os principais fatores são: temperatura, pH, pressão osmótica e luz. CRESCIMENTO BACTERIANO TEMPERATURA Temperatura ótima de crescimento • em torno desta temperatura observa-se um intervalo dentro do qual o desenvolvimento ocorre. Temperaturas superiores à ótima • rapidamente ocorre desnaturação do material Temperatura • Mínima de crescimento • Máxima de • rapidamente ocorre desnaturação do material celular e, conseqüentemente, a morte da célula. Temperaturas inferiores à ótima • desaceleração das reações metabólicas, com diminuição da velocidade de multiplicação celular, que em caso extremo, fica impedida. crescimento • Ótima de crescimento CRESCIMENTO BACTERIANO TEMPERATURA Classificação segundo a temperatura ótima para o crescimento bacteriano: • psicrófilas: entre 12 e 17º C• psicrófilas: entre 12 e 17º C •mesófilas: entre 28 e 37ºC • termófilas: 57 e 87ºC a maioria das bactérias de interesse médico, veterinário e agronômico concentra-se no grupo das mesófilas TEMPERATURA Curva de crescimento características de diferentes m.o em resposta à variação de temperatura CRESCIMENTO BACTERIANO TEMPERATURA o princípio da refrigeração considera o fato de que o de que o crescimento de microrganismos decresce em baixas temperaturas TEMPERATURA Efeito da quantidade de alimento em relação à velocidade de resfriamento e sua probabilidade de degradação em um refrigerador CRESCIMENTO BACTERIANO pH Os valores de pH em torno da neutralidade são os mais Os valores de pH em torno da neutralidade são os mais adequados para absorção de alimentos para a grande maioria das bactérias. Existem, no entanto, grupos adaptados a viver em ambientes ácidos ealcalinos. Existem, no entanto, grupos adaptados a viver em ambientes ácidos e alcalinos. •Acidófilas: pH ≤ 5 • Alcalófilas: pH ≥ 10 pH • Alcalófilas: pH ≥ 10 • Neutrófilas: pH = 6,5 a 7,5 Substância tampão: impedir alterações drásticas de pH PRESSÃO OSMÓTICA Força que a água se move através da membrana citoplasmática, de uma solução contendo uma baixa concentração de solutos para uma contendo altas concentrações de solutos • Solução isotônica: ideal - bactéria viável • Solução hipertônica: a maioria dos microrganismos entra • Solução hipertônica: a maioria dos microrganismos entra em PLASMÓLISE (perda de água por osmose) “murcha” • Sol. hipotônica: bactéria se rompe devido entrada de água Organismos halofílicos podem tolerar elevadas concentrações de sais Organismos osmofílicos: toleram grandes pressões osmóticas PRESSÃO OSMÓTICA PLASMÓLISE A adição de sais em uma solução é usada para preservar alimentos - aumento da pressão osmótica CONDIÇÕES DE CULTIVO Condições ótimas (químico e físico) aumento de massa Para se cultivar microrganismos deve-se incubá-los: • em meios de cultura adequados • em condições ambientais adequadas divisão celular - aumento da população bacteriana MEIOS DE CULTURA É o material nutriente preparado no laboratório para crescimento de microrganismos Basicamente deve conter a fonte de energia e de todos os elementos imprescindíveis à vida das células. Deve-se considerar:Deve-se considerar: * a fonte de energia (luz ou substância química), * o substrato doador de elétrons (orgânico ou inorgânico) * fonte de carbono (orgânica ou inorgânica). Deve-se atender também as necessidades específicas do grupo, da família, do gênero ou da espécie que se deseja cultivar (vitaminas, cofatores, aminoácidos, etc. quando necessário) MEIOS DE CULTURA MEIO QUIMICAMENTE DEFINIDO • no qual a composição química exata é conhecida • usado para trabalhos experimentais MEIO COMPLEXOMEIO COMPLEXO • no qual não se conhece a concentração exata dos compostos químicos • pequena variação nos lotes. • Ex: extrato de carne e de levedura O meio deverá inicialmente ser estéril OBTENÇÃO DE CULTURA PURA Normalmente são obtidas através do método de semeadura em placas MEIOS DE CULTURA COLÔNIA é uma massa de células bacterianas visíveis, originadas teoricamente de uma única célula UFC: unidade formadora de colônia REPRODUÇÃOFissão binária mais comumente encontrado Algumas CRESCIMENTO DAS CULTURAS BACTERIANAS Algumas bactérias se reproduzem por brotamento, formação de esporos aéreos ou por fragmentação. TEMPO DE GERAÇÃO Tempo necessário para uma célula se CRESCIMENTO DAS CULTURAS BACTERIANAS célula se dividir (e sua população dobrar de tamanho) E.coli: 20 a 30 min M. tuberculosis: 12 a 14 h Maioria: 1 a 3 h CURVA DE CRESCIMENTO FASES DE CRESCIMENTO Quando uma determinada bactéria é semeada num meio líquido de composição apropriada e incubada em temperatura adequada, o seu crescimento segue uma curva definida e característica. FASES DE CRESCIMENTO Fase log ou crescimento exponencial - a bac se Fase lag - ocorre pouca ou nenhuma variação no número de céls, no entanto existe muita atividade metabólica Fase log ou crescimento exponencial - a bac se multiplica em alta velocidade Fase estacionária - equilíbrio entre divisão e morte celular Fase de morte celular ou declínio - existe um número maior de mortas em relação às novas células formadas QUANTIFICAÇÃO DO CRESCIMENTO Método de contagem em placa - UFP - 30-300 colônias/placa associado ao método de diluições seriadas QUANTIFICAÇÃO DIRETA associado ao método de diluições seriadas Método de filtração Método do Número Mais Provável (NMP) Contagem direta no microscópio QUANTIFICAÇÃO DO CRESCIMENTO Contagem em placa e diluições seriadas QUANTIFICAÇÃO INDIRETA Turbidimetria O espectrofotômetro é utilizado na determinação de turbidez, estimando a quantidade de luz que atravessa uma suspensão de células Atividade metabólica Determinando-se a produção de ácido ou consumo de oxigênio Peso seco As substâncias com alto valor energético são sempre aquelas com elevado grau de redução • grande parte das bactérias (exceção às fotossintéticas) vai obter toda energia de que necessita por oxidação desses substratos. As substâncias preferencialmente oxidadas por m.o. heterotróficos são os Obtenção de energia METABOLISMO BACTERIANO As substâncias preferencialmente oxidadas por m.o. heterotróficos são os açúcares, seguidos de proteínas, peptídeos e, mais raramente, as gorduras. *biossínteses *transporte de nutrientes *movimento dos flagelos *mltiplicação etc ATP adenosina trifosfato Liberação CATABOLISMO Requerem ANABOLISMO ENERGIA REAÇÕES QUÍMICAS CRESCIMENTO E MULTIPLICAÇÃO CATABOLISMO ANABOLISMO Reações químicas que liberam energia a partir da quebra de moléculas orgânicas complexas em subst. simples. Síntese de ATP Reações químicas que consomem energia e permitem a síntese de precursores metabólicos, macromoléculas e estruturas celulares a partir de moléculas mais simples. Quebra de ATP Ex: quebra do açúcar em dióxido de carbono e água Ex: Biossíntese de polissacarídeos, de lipídeos, aminoácidos e proteínas METABOLISMO BACTERIANO ANABOLISMO CATABOLISMO ATP ADP + + energia P ANABOLISMO Acoplamento através da molécula de trifosfato adenosina - ATP ATP ADP + + energia ATP P METABOLISMO BACTERIANO Parte da energia é perdida = calor Papel do ATP no acoplamento das reações anabólicas e catabólicas Fontes de energia externa METABOLISMO BACTERIANO Catabolismo dos carboidratos A maior parte da energia de uma célula é produzida a partir da oxidação dos carboidratos VIAS METABÓLICAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA oxidação dos carboidratos A glicose é a fonte mais comum de energia de carboidrato Principais tipos de catabolismo da glicose: • Respiração celular - na qual a glicose é completamente quebrada • Fermentação - no qual a glicose é parcialmente quebrada METABOLISMO BACTERIANO Catabolismo dos carboidratos - Glicólise Via mais comum para oxidação da glicose é a glicólise - que é a oxidação da glicose a ácido pirúvico com a produção de ATP Não requer Oxigênio - Respiração e fermentação VIAS METABÓLICAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA Não requer Oxigênio - Respiração e fermentação Há um ganho de dois ATPs e duas moléculas de NADH por cada molécula de glicose que é oxidada Outras vias de oxidação da glicose • Pentose-fosfato - E.coli • Entner-Doudoroff - Pseudomonas METABOLISMO BACTERIANO VIAS METABÓLICAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA Envolve glicólise, ciclo RESPIRAÇÃO CELULAR Envolve glicólise, ciclo de Krebs e cadeia transportadora de elétrons VIAS METABÓLICAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA RESPIRAÇÃO CELULAR Na respiração aeróbica o aceptor final de elétrons é o O2 molécula produzida/molécula de glicose: 38 Na respiração anaeróbica o aceptor final de elétrons é uma molécula inorgânica que não o oxigênio molecular (NO3-, molécula inorgânica que não o oxigênio molecular (NO3-, N2, SO42-, H2S) molécula produzida/molécula de glicose: variável (maior que 2 e menor que 38) O rendimento total de ATP na respiração anaeróbica é menor porque somente parte do ciclo de Krebs trabalha sob condições anaeróbicas VIAS METABÓLICAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA C6H12O6 + 6O2 + 38ADP +38 + P 6CO2 +6H20 + 38ATP RESPIRAÇÃO CELULAR FERMENTAÇÃOProcesso que libera energia de açúcares ou moléculas orgânicas, tais como aminoácidos,ácidos orgânico, purinas e pirimidinas, através da oxidação Não requer oxigênio Duas moléculas de ATP são Duas moléculas de ATP são produzidas pela fosforilação em nível de substrato O aceptor final de elétrons é uma molécula orgânica Não requer o uso do ciclo de Krebs ou de uma cadeia transportadora de elétrons Vários m.o. podem fermentar vários subprodutos VIAS METABÓLICAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA FERMENTAÇÃO Testes de laboratório tipo de fermentação Usos industriais para diferentes tipos de fermentação FERMENTAÇÃO METABOLISMO BACTERIANO Proteínas, carboidratos, lipídios e hidrocarbonetos Degradados por diferentes vias Economia de energia acetil-CoA (intermediário comum) Rota única METABOLISMO BACTERIANO Classificação metabólica de acordo com o padrão nutricional • Baseado na fonte de energia e de carbono DIVERSIDADE METABÓLICA ENTRE OS ORGANISMOS FONTE DE ENERGIA Fototrófico - usam luz como fonte de energia primária Quimiotrófico - dependem de reações de oxi-redução de compostos orgânicos ou inorgânicos para energia METABOLISMO BACTERIANO FONTE DE CARBONO Autotrófico (litotrófico) - utilizam dióxido de carbono Heterotrófico (organotrófico) - requerem uma fonte de carbono DIVERSIDADE METABÓLICA ENTRE OS ORGANISMOS Heterotrófico (organotrófico) - requerem uma fonte de carbono orgânica FONTE DE ENERGIA X FONTE DE CARBONO • fotoautrotófico • foto-heterotrófico • quimioautotrófico • quimioheterotrófico DIVERSIDADE METABÓLICA ENTRE OS ORGANISMOS Classificação nutricional dos microrganismos TRABULSI, L. R. ; ALTERTHUM, F. Microbiologia - 4° edição. São Paulo: Editora Atheneu, 2009 Bibliografia básica TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia 8 ° edição. Porto Alegre: Artmed, 2012
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