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Diego Mardegan 1 FISIOLOGIA RENAL Os rins são fundamentais para a sobrevivência e suas principais funções são regulação do volume, osmolaridade, equilíbrio iônico, excreção de resíduos e substâncias estranhas, produção de hormônios e regulação do equilíbrio ácido-básico. A relação entre o ganho e perda de água precisa estar em equilíbrio, se o ganho é maior que a perda há balanço positivo de água; se a perda é maior que o ganho, há balanço negativo de água. A unidade funcional dos rins são os nefros, que podem corticais e justamedulares; eles apresentam elementos vasculares e tubulares, e tanto nos nefros corticais quanto nos justamedulares o corpúsculo renal está no córtex. Os elementos vasculares são importantes pela presença das fibras aferentes e da rede de capilares. Os nefros justamedulares são importantes pela presença dos vasos retos, onde a alça de Henle é mais comprida e ambos atuam em conjunto para concentrar ou diluir a urina através de mecanismos de produção e manutenção da hiperosmolaridade da medula renal. Os mecanismos de produção são: modificação por contracorrente e reciclagem da ureia; o que mantém é a troca por contracorrente. Os elementos tubulares são compostos pelo corpúsculo renal, túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal, aparelho justaglomerular e ducto coletor. A alça de Henle é composta pelo segmento fino descendente, que é permeável somente a água, pelo segmento intermediário, e pelo segmento espesso ascendente, onde é absorvida a maior parte de sódio. O aparelho justaglomerular é composto pelas células da mácula densa, que passam entre as arteríolas aferente e eferente, pelas células mesangiais extraglomerulares e pelas células granulares, localizadas em volta da fibra aferente que produz renina. Com relação ao processo de formação da urina, a excreção urinária depende: (conteúdo filtrado – conteúdo excretado + conteúdo secretado). Não confunda, excreção é diferente de secreção; o conteúdo da secreção pode ser reabsorvido ou eliminado, enquanto a excreção é tudo o que será eliminado na urina. O volume e a osmolaridade das substâncias que passam pelos segmentos do túbulo proximal até o final do ducto coletor são alterados. Na cápsula de Bowman são filtrados, por dia, 180 litros de plasma; íons e líquidos tem maior permeabilidade, diferente das proteínas Diego Mardegan 2 e células, que não são filtradas. A maior parte do que foi filtrado (água, sódio, bicarbonato) é reabsorvido no túbulo proximal; no final do túbulo, a osmolaridade é a mesma que a do plasma, pois a reabsorção é isosmótica (água e sódio são reabsorvidos na mesma proporção) – mesmo que a quantidade esteja diminuída, a concentração é a mesma. Na extremidade da alça de Henle a osmolaridade diminui porque nesse limite reabsorve mais sódio; na extremidade do ducto coletor ela varia de acordo com as condições de volemia e a osmolaridade do indivíduo, que vai secretar ou não o hormônio antidiurético. O hormônio antidiurético (ADH) atua no nefro distal, localizado no túbulo distal final do ducto coletor, fazendo com que os canais de água que estão dentro da célula se coloquem na membrana luminal e absorvam água. No túbulo proximal não há regulação hormonal direta pra reabsorção de água, bem como no segmento fino descendente da alça de Henle; nesses locais existem canais que absorvem sódio e criam um gradiente para que a água seja reabsorvida. Sendo assim, o túbulo distal final precisa diretamente do ADH para absorver água. Este hormônio, que promove antidiurese e absorve água, é secretado quando a volemia está baixa e a osmolaridade está alta, pela angiotensina II, pelo vômito e pela nicotina; a inibição do ADH ocorre pelo álcool e peptídeo natriurético. As barreiras de filtração são o endotélio capilar fenestrado, membrana basal e o epitélio da cápsula de Bowman dos podócitos. O endotélio capilar fenestrado tem carga negativa, onde os poros são pequenos e dificultam a passagem de moléculas. Algumas vezes o epitélio emite projeções, os pedicelos, que envolvem o capilar e formam fendas de filtração; nessas fendas estão proteínas (nefrina, podocina, -actinina-4, NEPH-1, CD-2AP) que auxiliam na regulação da filtração. A síndrome nefrotica ocorre devido a mutação na nefrina (síndrome nefrotica congênita) ou podocina (síndrome nefrotica autossômica), e em ambos os casos o indivíduo tem proteinúria, pois a ausência da nefrina permite que proteínas sejam filtradas. Com relação ao clearance, normalmente a depuração renal da proteína é 0, mas na síndrome nefrotica é diferente de 0. Diego Mardegan 3 No gráfico estão representadas moléculas aniônicas (negativa), catiônicas (positiva) e neutras. Considere que a barreira de filtração é negativa, então moléculas positivas são facilmente filtradas, enquanto as negativas encontram dificuldades. Se eu colocar na prova A, B, C, e explique, a dextrana policatiônica é positiva e passa facilmente na barreira de filtração, pois esta tem cargas negativas; a dextrana polianiônica é negativa e tem a passagem dificultada porque sua carga é igual a da barreira, e a outra molécula é neutra, ficando intermediária. No indivíduo normal, a pressão de filtração glomerular depende de três pressões: pressão hidrostática do capilar glomerular, pressão coloidosmótica e pressão hidrostática do espaço de Bowman. As proteínas não são filtradas e permanecem dentro do capilar. O líquido filtrado cria uma pressão hidrostática no fluído do espaço de Bowman, que é contra a saída do líquido. Na síndrome nefrotica, que pressões vão aumentar a pressão de filtração? Pressão hidrostática no capilar glomerular e a pressão coloidosmótica do espaço de Bowman, pois na síndrome nefrotica passa proteína. Quais pressões que determinam a pressão de filtração? No individuo normal são essas três. A pressão hidrostática e a taxa de filtração glomerular (TFG) aumentam quando a fibra aferente vasodilata, ao passo que, se houver resistência, diminui-se a pressão hidrostática, a TFG e o fluxo sanguíneo renal. As prostaglandinas amortecem o efeito do sistema simpático e da Diego Mardegan 4 angiotensina II (exemplo: quando há hemorragia, há grande ativação simpática e alterações de angiotensina II – que diminuem o fluxo sanguíneo renal e podem causar isquemia renal e necrose; a prostaglandina age promovendo vasodilatação da arteríola eferente e aumento do fluxo sanguíneo renal). O peptídeo natriurético atrial promove vasodilatação da arteríola aferente e constrição da arteríola eferente, logo, ele eleva a pressão hidrostática no capilar glomerular e aumenta a TFG, com pequena mudança no fluxo sanguíneo renal. Sempre que houver aumento da pressão arterial haverá aumento na TFG? Cite os fatores que justifiquem sua resposta. Não, pois há mecanismos de autorregulação, que são resposta miogênica da arteríola aferente e retroalimentação tubuloglomerular. A resposta miogênica se dá quando a arteríola aferente se estira e o músculo liso que a envolve se contrai, como uma resposta reflexa ao aumento da pressão arterial. A retroalimentação tubuloglomerular ocorre quando a pressão sanguínea aumenta e eleva a TFG: o aumento do fluxo é visto pela mácula densa, pois a entrada de sódio ativa a bomba sódio-potássio- nuclease e gera ADP; a adenosina chega aos vasos e promove vasoconstrição, e a pressão que estava alta dentro do glomérulo diminui, reduzindo a TFG; esse mecanismo inibe a produção de renina. Quando ocorre o contrário, ou seja, o fluxo está diminuído, o mecanismo de retroalimentação não vai atuar, mas as células da mácula densavão liberar vasodilatadores para aumentar a pressão. Assinale os hormônios abaixo que aumentam ou diminuem a TGF. Sobre a depuração renal de proteínas e glicose, em um indivíduo normal o valor é igual a zero; isso ocorre porque as proteínas não são filtradas, e a glicose é totalmente reabsorvida. No indivíduo com síndrome nefrotica os valores são diferentes de zero. A depuração de sódio, ureia e fosfato é maior porque eles são filtrados e parcialmente reabsorvidos. A inulina é uma molécula utilizada em experimentos para medir a taxa de filtração glomerular devido a sua depuração, pois é uma substância que é filtrada, mas não é reabsorvida nem secretada. Tomando a inulina como padrão, se a depuração de x é menor, significa que essa substância foi absorvida; se for igual, a molécula não é reabsorvida nem secretada, se a depuração é maior, ela foi secretada. Decore que, a inulina é uma molécula filtrada, mas não é nem reabsorvida nem secretada. No final do túbulo proximal, a concentração dela estará alta, e da creatinina também. Na clínica, a análise da taxa de Diego Mardegan 5 filtração glomerular é feita através da creatinina – ela é produzida no organismo de maneira relativamente constante, e uma pequena parte é secretada. A concentração de inulina é alta porque ela não é nem absorvida nem secretada; o sódio e a água têm a mesma concentração porque são reabsorvidos na mesma proporção; o cloreto é menos reabsorvido que o sódio e o bicarbonato é mais reabsorvido que o sódio; a glicose, os aminoácidos ou o lactato são totalmente reabsorvidos no túbulo proximal. Na micção, quando a urina se acumula tem o estiramento da bexiga e ativação dos receptores que enviam sinais ao sistema nervoso, onde estão interneurônios que estimulam os neurônios parassimpáticos a contrair a bexiga para urinar. Posteriormente, os neurônios motores cessam o disparo, o esfíncter externo relaxa e o esfíncter interno se abre passivamente. No túbulo proximal, a reabsorção de sódio e secreção de hidrogênio está ligada a que evento? Reabsorção de bicarbonato ou atividade da bomba sódio-ATPase. No segmento inicial do túbulo proximal há bastante glicose, que é transportada pelo cotransportador sódio-glicose; na primeira metade do túbulo o transportador de glicose é o SGLT-2 na membrana luminal, e na membrana basolateral é o GLUT-2. Na segunda metade do túbulo o transportador é o SGLT-1 e o GLUT-1; o canal de água aquaporina-1 está presente na membrana luminal, por isso a água atravessa livremente. No túbulo distal final e ducto coletor, os canais de água aquaporina-2 estão ausentes na membrana luminal e é necessária a ação do ADH; o hormônio entra na célula, transloca o canal pra membrana luminal e promove a entrada de água. No segmento espesso da alça de Henle há reabsorção de sódio, no segmento fino ascendente há pouca reabsorção de sódio e no segmento fino descendente é zero a reabsorção de sódio; a água é permeável somente neste último segmento. Sobre as células que compõe o túbulo distal inicial, elas são mais simples, o transporte de sódio é feito pelo transportador sódio-cloreto, o segmento é permeável a água, e o transporte de sódio é inibido pelo diurético tiazídico. O mecanismo de transporte de sódio no segmento espesso ascendente é principalmente pelo cotransportador sódio-cloreto-potássio, mas pode ser feito pelo cotransportador sódio- hidrogênio; o fármaco furosemida é chamado de diurético de alça, pois inibe o cotransportador sódio-cloreto-potássio. Desse modo, a furosemida atua no segmento espesso ascendente da alça de Henle. Diego Mardegan 6 O sódio é absorvido no túbulo distal final e ducto coletor através dos canais de sódio, e pela aldosterona; ela estimula a secreção de potássio, logo, o excesso desse hormônio pode causar hipercalemia. A aldosterona é um hormônio secretado pela angiotensina II e quando a concentração de potássio está aumentada. As células intercaladas e são relacionadas ao equilíbrio ácido-básico, sendo secretora de hidrogênio e de bicarbonato; quando há secreção de hidrogênio o bicarbonato é reabsorvido, quando há secreção de bicarbonato, o hidrogênio é reabsorvido. Com relação ao transporte de sódio através do nefro, a maior parte de filtração ocorre no túbulo proximal, estimulada pela angiotensina II, noradrenalina e adrenalina e inibida pela dopamina, a guanilina e uruguanilina; depois na alça de Henle, estimulada pela angiotensina II, aldosterona e o ADH; no túbulo distal pela aldosterona e angiotensina II, e no túbulo distal final e ducto coletor pela aldosterona e angiotensina II – o peptídeo natriurético atrial, a urudilatina, a uroguanilina e a guanilina inibem a reabsorção. Com relação ao transporte de água, no túbulo proximal não há atuação hormonal direta, no túbulo distal não há absorção de água, no túbulo distal final e ducto coletor varia de 8 a 17% e há regulação hormonal, uma que estimula (ADH) e outra que inibe (peptídeo natriurético atrial). Diego Mardegan 7 A angiotensina II é estimulada pela renina e aldosterona. Além de reabsorver sódio, a aldosterona promove secreção de potássio, logo, quando a concentração deste hormônio estiver elevada o indivíduo pode ter hipercalemia. Quando a pressão diminui, os barorreceptores param de atuar e liberam a ativação simpática; se a pressão aumenta, a água e o sódio precisam ser reabsorvidos. O peptídeo natriurético atrial e a urodilatina vão diminuir a pressão e a reabsorção de água e sódio; a ativação simpática aumenta a pressão e aumenta a reabsorção de sódio e água; a dopamina vai diminuir a pressão, então diminui a absorção de sódio e água; o ADH aumenta a pressão, logo, aumenta a reabsorção de sódio e água. Os rins tem a finalidade de manter a volemia, no entanto, eles conseguem estabelecer a volemia através da ativação do mecanismo da sede. A hipervolemia e o aumento da osmolaridade são fatores que estimulam os osmorreceptores hipotalâmicos a secretar ADH (ou vasopressina). O ADH que é liberado promove aumento da absorção de água e com isso aumenta o volume do fluido extracelular; a sede também aumenta esse volume. Os fatores que vão promover a concentração e diluição da urina são o ADH e a hiperosmolaridade da medula renal; outros que promovem secreção são fatores osmóticos e hemodinâmicos (osmolaridade e pressão). A secreção de ADH é mais sensível ao fator de osmolaridade: a variação de 1% da osmolaridade promove uma grande secreção de ADH. Quando o ADH atua há antidiurese, pois ele atua no canal aquaporina-2 que reabsorve água e diminui o volume da urina; na ausência dele, o volume de urina será maior, Diego Mardegan 8 porque não está ocorrendo reabsorção de água. Para que o hormônio antidiurético atue, a medula precisa estar hiperosmótica pra que haja reabsorção passiva de água; se a medula tiver diluída, mesmo com a ação do hormônio não terá absorção de água. Quais são os mecanismos que produzem e mantém a hiperosmolaridade da medula? Os que produzem são multiplicação por contracorrente e reciclagem da ureia, e o que mantém é a troca por contracorrente. Se há expansão do volume, a renina e a ativação simpática são inibidas. A renina é liberada quando há diminuição da volemia ou aumento da atividade simpática, e a secreção reduzida de renina diminui os hormônios angiotensina I, angiotensina II e aldosterona. Por outro lado, a expansão de volume chega ao coração e aumenta a liberação de peptídeo natriurético atrial cerebral e da urodilatina; à nível renal, o peptídeo natriurético e a urodilatina promovem dilatação da arteríola aferente e constriçãoda eferente. Assim, entra mais sangue no glomérulo, há aumento da pressão hidrostática e da excreção de sódio e água. Ainda, o peptídeo natriurético e a urodilatina inibem a ação do ADH no nefro distal, inibem a secreção de aldosterona e renina, e no SNC inibem a liberação do ADH (vasopressina). Quando ocorre diminuição da pressão arterial e redução de volume, tanto o simpático quanto a renina estarão ativados, haverá liberação de angiotensina I e II, e aldosterona; a angiotensina promove aumento na absorção de sódio no túbulo proximal, libera aldosterona, e atua no segmento ascendente da alça de Henle no túbulo distal promovendo absorção de sódio. Com a diminuição do volume, há redução na liberação do hormônio natriurético atrial e cerebral, com efeito, a liberação de ADH será aumentada e haverá absorção de sódio e água no nefro distal, de sódio no segmento ascendente da alça de Henle, e consequente diminuição da excreção de água e sódio. Considerando o valor de 7,4 como pH normal, o individuo estará com acidose se esse valor estiver abaixo de 7,35 e alcalose se tiver acima de 7,45. O controle do pH é feito por três mecanismos: tampões, ventilação e regulação renal de hidrogênio e amônia. O tampão bicarbonato é o mais importante, pois está em altas concentrações nos eritrócitos; em termos de pKa o tampão fosfato é o mais importante, porém, sua quantidade é limitada. Em relação aos mecanismos renais pra promover o equilíbrio ácido-básico, os tampões renais de grande importância são amônia e fosfato; no organismo, a amônia é Diego Mardegan 9 liberada a partir da metabolização da glutamina. Normalmente, a maior parte do bicarbonato é totalmente reabsorvida, mas se a concentração no plasma estiver muito alta ele será excretado. As células intercaladas e são responsáveis pela regulação ácido-base, devido a alta concentração de citoplasma em seu citoplasma; a célula secreta hidrogênio e a bicarbonato; na acidose estarão ativas principalmente as células que secretam hidrogênio e reabsorvem bicarbonato – a endotelina e o cortisol promovem aumento extra na síntese de bombas de hidrogênio e do cotransportador bicarbonato-cloreto. Quando há alcalose, as células secretam bicarbonato pelo transportador bicarbonato-cloreto, e reabsorvem o hidrogênio pela bomba hidrogênio-ATPase. Quando expande muito o volume do fluido extracelular, 80% do bicarbonato é reabsorvido no túbulo proximal; quando são reabsorvidos, a água, o sódio e o bicarbonato ficam no interstício, mas podem voltar para a luz tubular e retornar ao sangue. No sangue estão proteínas dotadas de pressão coloidosmótica, que puxam o infiltrado do interstício de volta para o sangue; se a concentração de proteínas estiver baixa, o túbulo proximal volta a filtrar e tem reabsorção dos íons. Desse modo, quando há expansão do volume a concentração de proteínas diminui, bem como a reabsorção dos íons bicarbonato. A contração do volume pode aumentar a concentração de proteínas (estimulam os íons a ir para o sangue) ou aumentar a liberação de angiotensina II (atua no cotransportador do túbulo proximal onde o sódio é reabsorvido e o hidrogênio é eliminado; a saída do hidrogênio permite que o bicarbonato seja reabsorvido, pois no túbulo proximal há bastante anidrase carbônica). A alcalose por contração pode ocorrer pelo excesso de angiotensina II ou pelo uso prolongado de furosemida ou diurético tiazídico. O aumento na concentração de CO2 aumenta a reabsorção de bicarbonato; se diminui o nível de CO2, diminui a reabsorção de bicarbonato. A ausência de tampões fosfato e amônia na luz tubular faria com que a secreção de hidrogênio fosse diminuída, pois o ambiente estaria muito ácido e impediria a secreção. A excreção do tampão amônio aumenta a excreção de bicarbonato, porque ela causa diminuição do pH, aumenta a metabolização de glutamina que gera amônia e consequentemente o bicarbonato, por isso na acidose crônica tem aumento de amônia. A hipercalemia inibe a síntese de NH3, porque quando há muito potássio na célula o Diego Mardegan 10 hidrogênio sai para manter a eletroneutralidade, diminuindo o pH da célula e a acidez, e nisso diminui a metabolização de glutamina e produção de amônia. Os desequilíbrios ácido-base são classificados pela mudança no pH (acidose e alcalose) e pelas suas causas (metabólica ou respiratória). Na acidose metabólica, a alteração primária é diminuição do íon bicarbonato (se o sangue estiver com bastante ácido o bicarbonato será utilizado para tamponar a acidez). Na alcalose metabólica há grande concentração de bicarbonato. Na acidose respiratória a alteração primária é o aumento de CO2 e PCO2 no sangue. A alcalose respiratória é causada pela diminuição do CO2. Para aumentar a PCO2 na alcalose respiratória, a troca gasosa é reduzida e os rins diminuem a excreção líquida dos ácidos, logo, aumenta a PCO2 no organismo; o individuo em alcalose respiratória começa hiperventilar e elimina muito CO2. O indivíduo chega ao consultório e começa a hiperventilar. Qual distúrbio ácido-básico pode causar essa hiperventilação? Alcalose respiratória. Qual a conduta para contornar essa alteração? Respiração no saquinho, porque o paciente vai respirar mais CO2 para controlar a alcalose. A primeira linha de defesa para controlar a acidose respiratória é o tampão intracelular (proteína e fosfato), depois o tampão extracelular (fosfato e bicarbonato); os pulmões tentarão compensar com a hiperventilação; a compensação renal aumenta a excreção liquida de ácido. Com relação a alcalose metabólica, há aumento na concentração de bicarbonato, e para reduzi-lo haverá compensação respiratória através da hipoventilação para aumentar PCO2. A alteração primária da acidose respiratória é a diminuição de trocas gasosas nos pulmões, assim, as compensações respiratórias são ineficientes, então a compensação renal aumenta a excreção líquida de ácidos. Na alcalose metabólica a alteração primária é o aumento do bicarbonato, e pra reverter tem a compensação respiratória através da hipoventilação para aumentar a PCO2 e diminuir a alcalinidade. Na acidose metabólica a alteração primária é a diminuição de bicarbonato e pra reverter tem a compensação respiratória através da hiperventilação para tirar diminuir a concentração de CO2. Diego Mardegan 11 Na acidose respiratória a PCO2 está alta e a compensação renal aumenta a absorção de carbono, então ele estará mais alto que o normal. Na alcalose respiratória a alteração primária é a diminuição da PCO2, então as células renais vão diminuir a absorção de bicarbonato, aumentando sua concentração no sangue. Enquanto o pH cai na acidose respiratória e metabólica, na alcalose ele aumenta. Observe que na acidose respiratória a alteração primária é o aumento PCO2, na alcalose respiratória diminui a PCO2. Com a compensação renal, na acidose respiratória aumenta a absorção de bicarbonato, e na alcalose respiratória diminui a absorção de bicarbonato. Na acidose metabólica a alteração primária é a grande diminuição de bicarbonato, então os pulmões farão hiperventilação como compensação respiratória para tirar a acidez, logo, a PCO2 cai. Na alcalose metabólica a alteração primária é o aumento de bicarbonato, então se aumenta a PCO2 pela hipoventilação. Lembre que, alteração metabólica está relacionada ao bicarbonato e alterações respiratórias à PCO2. Quais dos itens abaixo é acidose metabólica (ou acidose respiratória)? O edema é exemplo de acidose respiratória, pois diminui a troca gasosa e aumenta PCO2. Exemplos de acidose metabólicasão: diabetes, Diego Mardegan 12 acidose lática e diarreia. A diarreia é um exemplo de acidose metabólica porque no TGI o estômago é acido, e quando o quimo cai no intestino precisa ser ionizado, e para isso aumenta a secreção de bicarbonato; o bicarbonato secretado é reabsorvido, mas quando o individuo tem diarreia ele não consegue reabsorver o bicarbonato. Desse modo, a concentração de bicarbonato cai por isso que da acidose metabólica. Quando o indivíduo vomita há contração de volume, com efeito, haverá secreção de angiotensina II e aldosterona, que promovem reabsorção de sódio, secreção de hidrogênio e reabsorção de bicarbonato. Se muito bicarbonato é reabsorvido ocorre alcalose metabólica.
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