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Prévia do material em texto

MARIA TEREZA TARGINO HORA
OS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE 
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E DE 
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA NO NOVO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Criação Editora 
CRIAÇÃO EDITORA
CONSELHO EDITORIAL 
Fábio Alves dos Santos
Jorge Carvalho do Nascimento
José Afonso do Nascimento
José Eduardo Franco
José Rodorval Ramalho
Justino Alves Lima
Luiz Eduardo Oliveira Menezes
Martin Hadsell do Nascimento
Rita de Cácia Santos Souza
www.editoracriacao.com.br
Aracaju | 2017
Criação Editora 
MARIA TEREZA TARGINO HORA
Aracaju | 2017
Criação Editora 
OS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE 
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E DE 
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA NO NOVO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Projeto gráfico: Adilma Menezes
Capa: © Steve Lovegrove | Dreamstime.com
Todos os direitos reservados a Maria Tereza Targino Hora
Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, com finali-
dade de comercialização ou aproveitamento de lucros ou vantagens, com observân-
cia da Lei em vigência. Poderá ser reproduzido texto, entre aspas, desde que haja 
expressa marcação do nome do autor, título da obra, editora, edição e paginação. A 
violação dos direitos de autor (Lei nº 9.619/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 
do Código Penal.
Hora, Maria Tereza Targino
H811c Os procedimentos especiais de jurisdição contenciosa e de 
jurisdição voluntária no novo Código de Processo Civil /Maria 
Tereza Targino Hora. - Aracaju: Criação, 2017.
 ISBN: 978-85-8413-150-1
 126 p.,il. 21 cm
 
 1. . Código de Processo Civil 2. Jurisdição-contenciosa
 3. Jurisdição - voluntária
 I. Título II.Maria Tereza Targino Hora III.Assunto 
CDU 347:342 
Catalogação – Claudia Stocker – CRB 5/1202
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA
1.1) Da Ação de Consignação em Pagamento 9
1.2) Da Ação de Exigir Contas 17
1.3 Das Ações Possessórias 24
1.4) Da Ação de Divisão e Demarcação de Terras Particulares 32
1.5) Da Ação de Dissolução Parcial da Sociedade 35
1.6) Do Inventário e da Partilha 43
1.7) Dos Embargos de Terceiro 56
1.8) Da Oposição 60
1.9) Da Habilitação 63
1.10) Das Ações de Família 64
1.11) Da Ação Monitória 67
1.12) Da Homologação de Penhor Legal 72
1.13) Da Regulação de Avaria Grossa 75
1.14) Da Restauração dos Autos 78
DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
2.1) Disposições Gerais 81
2.2) Da Notificação e da Interpelação 84
2.3) Da Alienação Judicial 86
2.4) Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção 
Consensual de União Estável e da Alteração do Regime
de Bens do Matrimônio 86
2.5) Dos Testamentos e dos Codicilos 92
2.6) Da Herança Jacente 96
2.8) Dos Bens dos Ausentes 98
2.9) Das Coisas Vagas 100
2.10) Da Interdição 101
2.11) Das Disposições Comuns à Tutela e à Curatela 114
2.12) Da Organização e da Fiscalização das Fundações 117
2.13) Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos
Testemunháveis a Bordo 119
BIBLIOGRAFIA 123
7
MARIA TEREZA TARGINO HORA
Introdução
Introdução
O presente trabalho versa sobre os procedimentos especiais de juris-
dição contenciosa e de jurisdição voluntária previstos no Novo Códi-
go Processo Civil. Conforme será demonstrado, o novo diploma pro-
cessual corrigiu antiga crítica da doutrina para alocar, dentro da parte 
especial e do respectivo Livro I (Processo de Conhecimento), tanto o 
procedimento comum (Título I), quanto os procedimentos especiais 
(Título III), de modo a quebrar a equivocada classificação do Código 
revogado que tratava dos procedimentos especiais em livro próprio, 
segregando, assim, estes últimos e o processo de conhecimento.
Ademais, necessário registrar que o NCPC teve uma política clara de 
racionalizar os procedimentos especiais, isto é, de tentar manter ape-
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
8
MARIA TEREZA TARGINO HORA
nas os procedimentos que ainda tinham alguma utilidade. Isso não 
significa, contudo, que as ações deixaram de existir, mas apenas que 
o procedimento a elas aplicado passa a ser o comum, é o caso, por 
exemplo, da ação de depósito e da ação de prestação de contas. 
Finalmente, assinalo que as principais mudanças em relação à legis-
lação anterior atinentes aos procedimentos especiais de jurisdição 
contenciosa foram devidamente enfrentadas nessa obra, merecendo 
destaque a introdução, pelo novel código, de novos procedimentos 
relacionados às ações de família, à ação de dissolução parcial de so-
ciedade e à regulação de avaria grossa. Além disso, a oposição deixou 
de ser incluída como hipótese de intervenção de terceiro, para ser 
tratada como modalidade de ação autônoma. 
Quanto à jurisdição voluntária, observar-se-á que poucas modifica-
ções foram trazidas pelo Novo Código de Processo Civil, permanecen-
do os procedimentos ali indicados, de um modo geral, regulamenta-
dos de forma similar ao disciplinado no Código revogado. Todavia, 
conforme será estudado ao longo dessa obra, foram introduzidas 
significativas transformações na interdição, na parte geral dos proce-
dimentos de jurisdição voluntária, assim como no procedimento de 
divórcio e de separação consensual.
Feita essa breve introdução, espero que a obra venha a colaborar 
com a divulgação das alterações trazidas pelo NCPC no tocante aos 
procedimentos especiais de jurisdição contenciosa como os de juris-
dição voluntária. Almejo também que seja útil àqueles que buscam 
aprimorar os estudos sobre a nova lei processual e as suas principais 
inovações. 
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
9
MARIA TEREZA TARGINO HORA
Dos Procedimentos 
Especiais de Jurisdição 
Contenciosa
1.1) DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
O pagamento em consignação, modalidade especial de pagamento, 
pode ser conceituado como um mecanismo existente na lei civil, de 
que pode se valer o devedor da coisa devida, para liberar–se de uma 
obrigação assumida em face de um devedor determinado, quando 
esteja em dificuldades para fazê-lo, seja porque o credor, por exem-
plo, recusa-se a receber ou dar quitação, está em lugar inacessível ou, 
ainda, porque existe dúvida real a respeito de quem possui legitimi-
dade para receber o pagamento. 
O Código Civil, em seu art. 355, elenca um rol meramente exemplifi-
cativo de situações que a consignação poderá ocorrer, in verbis:
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
10
MARIA TEREZA TARGINO HORA
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar rece-
ber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lu-
gar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, 
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de aces-
so perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente re-
ceber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
É certo que a consignação em pagamento libera o devedor do vín-
culo obrigacional, isentando-o dos riscos da dívida e de eventual 
obrigação de pagar juros moratórios ou multa contratual. Em suma, 
a consignação, desde que cumpridos os requisitos do pagamento 
(pessoa, modo, tempo, lugar), é capaz de afastar eventual aplicação 
das regras do inadimplemento, seja ele absoluto ou relativo.
Ao discorrer sobre o tema, o Ilustre processualista Alexandre Freitas 
Câmara1 nos ensina que “não se pode admitir, por exemplo, que o 
pagamento por consignação de dívida já vencida, seja feito sem o 
depósito da multa moratória (quando, evidentemente, houver mora 
do devedor, o que se dá, por exemplo, no caso de o devedor procuraro credor após o vencimento da dívida para efetuar o pagamento, re-
cusando – se este a lhe dar o recibo de quitação)”. 
Pois bem, ultrapassadas as breves considerações sobre o aspecto 
material do instituto, passemos agora à análise do seu aspecto pro-
cessual, em especial, as novidades trazidas pelo Código de Processo 
Civil de 2015. 
1 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Editora Lumen Juris. 2008, p. 272.
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
11
MARIA TEREZA TARGINO HORA
Inicialmente, imperioso ressaltar que o procedimento de consigna-
ção em pagamento extrajudicial foi substancialmente mantido pelo 
Novo CPC. O art. 593, §3ª, apenas amplia o prazo para ajuizamento 
da ação, na hipótese de recusa do credor, de trinta dias para um mês. 
Outra novidade está prevista no art. 539,§2º, ao registrar que o pra-
zo de dez dias para o credor manifestar a recusa à consignação, será 
contado do retorno do aviso de recebimento. 
A primeira mudança significativa verificada na ação de consignação 
em pagamento diz primeira diz respeito à supressão do parágrafo 
único do art. 891 (CPC/1973). Por sua vez, o art. 540 do NCPC (891 
CPC/1973) – sem alterações substanciais - dispõe que a ação de con-
signação deverá ser requerida no lugar do pagamento. 
Vejamos a literalidade dos artigos mencionados. 
Art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do paga-
mento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o 
depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada impro-
cedente.
Parágrafo único. Quando a coisa devida for corpo que deva 
ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor re-
querer a consignação no foro em que ela se encontra.
Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamen-
to, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e 
os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.
Como pode ser observado, o parágrafo suprimido mostrava-se de 
pouca utilidade prática, tendo em vista que a regra prevista em 
seu teor, já estava abrangida pelo caput do mesmo dispositivo. 
Isto é, se o devedor tem a obrigação de entregar a coisa onde ela 
está, este também será o local do pagamento, de modo que, nesse 
caso, deve incidir a regra geral, qual seja, a de que a ação de con-
signação deve ser proposta no lugar em que a obrigação deve ser 
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
adimplida.
Nesse sentido, o Enunciado 59 do Fórum Permanente de Processua-
listas (FPPC): “Em ação de consignação em pagamento, quando a 
coisa devida for copo que deva ser entregue no lugar em que está, 
poderá o devedor requer a consignação no foro que ela se encontra. 
A supressão do parágrafo único do art. 891 do Código de Processo 
Civil em vigor não afetará a regra acima destacada, tendo em vista 
que ainda possui previsão no art. 541 do Código Civil”. 
O art. 541 repete o disposto no art. 892 do CPC/173 ao apontar que 
se tratando de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o 
devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais for-
malidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cin-
co) dias contados da data do respectivo vencimento.
Em relação ao dispositivo acima comentado, também foi editado o 
Enunciado 60 do Fórum Permanente de Processualistas (FPPC): “Na 
ação de consignação em pagamento que tratar de prestações suces-
sivas, consignadas uma delas, pode o devedor continuar a consignar 
sem mais formalidades as que se forem vencendo enquanto estiver 
pendente o processo”. 
Como bem registra Daniel Amorim2, continua, no Novo CPC (art. 542), 
cabendo ao juiz a análise da regularidade formal da petição inicial, e, 
sendo superada positivamente essa fase procedimental, o autor de-
verá ser intimado para que realize o depósito no prazo de cinco dias, 
dependendo a citação do réu da efetiva realização desse ato pelo 
autor. Em havendo omissão de depósito, será caso de extinção do 
processo sem julgamento de mérito, existindo decisão do STJ3 que 
2 NEVES, Daniel Amorim Assumpção Neves. Novo CPC – Código de Processo Civil – Inovações, 
Alterações e Supressões Comentadas. Editora Método, 2015, pg. 320.
3 REsp 702.739/PB, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. p/ acórdão Ministro Ari 
Pargendler, j. 19/09/2006.
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
admite o depósito após o prazo mencionado (cinco dias) previsto no 
art. 893, I, do CPC/1973 e mantido pelo art. 542, I, do Novo CPC. 
Outra alteração que merece ser comentada é a introdução, pelo Novo 
Código de Processo Civil, da regra prevista no parágrafo único do 
art. 542 (art. 892 CP/1973) o qual estabelece que se o autor da ação 
não consignar/depositar o valor que entende devido, o processo 
deverá ser extinto sem resolução de mérito pelo magistrado. Frise-
se, mais uma vez, que não havia dispositivo correspondente no CPC 
de 1973, muito embora existam diversos julgados em que o aludido 
entendimento já era aplicado. Senão, vejamos.
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - AUSÊNCIA 
DE DEPÓSITO, APESAR DO DEFERIMENTO - PRESSUPOS-
TOS DE CONSTITUIÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO VÁLIDO 
E REGULAR DO PROCESSO - EXTINÇÃO DO FEITO - SEN-
TENÇA MANTIDA. (...) -O depósito do valor em conten-
to é pressuposto essencial para o desenvolvimento 
válido e regular do processamento da ação de con-
signação em pagamento, consoante as regras do art. 
337 do CC e art. 893 e seguintes do CPC.(TJ-MG - AC: 
10707130097314001 MG , Relator: Wanderley Paiva, Data 
de Julgamento: 02/04/2014, Câmaras Cíveis / 11ª CÂMARA 
CÍVEL, Data de Publicação: 07/04/2014)(grifo nosso).
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. AUSÊNCIA DO DEPÓSITO A 
CONSIGNAR. EXTINÇÃO. INCIDÊNCIA ART. 267, IV, E 893, I, DO 
CÓDIGO DE RITOS. Na demanda de consignação em paga-
mento, deixando o autor de efetuar o depósito, providên-
cia essencial ao prosseguimento regular da demanda, im-
põe-se a extinção do processo, sem resolução do mérito, 
por falta de pressuposto de desenvolvimento válido do 
processo (art. 267, inc. IV, c.c. art. 893, inc. I, ambos do 
CPC). Sentença mantida. Recurso não provido.(TJ-BA - APL: 
03417260920138050001 BA 0341726-09.2013.8.05.0001, 
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
Data de Julgamento: 03/12/2013, Segunda Câmara Cível, 
Data de Publicação: 06/12/2013)(grifo nosso)
Igualmente, não é demais lembrar que o Superior Tribunal de Jus-
tiça, no julgamento do RESP 1170188-DF, sob a Relatoria do Minis-
tro Luis Felipe Salomão, firmou o posicionamento no sentido de 
que em ação de consignação em pagamento, ainda que cumulada 
com revisional de contrato, é inadequado o depósito tão somente 
das prestações que forem vencendo no decorrer do processo, sem 
o recolhimento do montante incontroverso e já vencido (STJ. 4a 
Turma. REsp 1.170.188-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado 
em 25/2/2014). Isto é, o autor da ação, além de depositar em juízo, 
mensalmente, o valor das prestações que considera correto, deve 
consignar também o valor correspondente às parcelas vencidas e 
inadimplidas. 
Os artigos 543 e 544 não trazem nenhuma novidade, vez que repe-
tem as previsões dos art. 894 e 896 do Código de 1973, in verbis:
Art. 541 -  Tratando-se de prestações sucessivas, consigna-
da uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no 
mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem 
vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados 
da data do respectivo vencimento.
Art. 544 -  Na contestação, o réu poderá alegar que: I - não 
houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa 
devida; II - foi justa a recusa; III - o depósito não se efetuou 
no prazo ou no lugar dopagamento; IV - o depósito não 
é integral.
Parágrafo único -  No caso do inciso IV, a alegação somente 
será admissível se o réu indicar o montante que entende 
devido.
Uma vez alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor com-
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
pletá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo 
inadimplemento acarrete a rescisão do contrato (art. 545). Quanto 
ao levantamento imediato dos valores previstos no art. 889, §1º, do 
CPC/1973 e mantido no art. 545, §1º, do Novo CPC, vale registrar 
o Enunciado 61 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “É 
permitido ao réu da ação de consignação em pagamento levantar 
“desde logo” a quantia ou coisa depositada em outras hipóteses além 
da prevista no §1º do art. 559 [atual art. 545] (insuficiência de depósi-
to), desde que tal postura não seja contraditória com fundamento da 
defesa”. 
Quanto à última mudança a ser analisada, certo é que sempre foi 
possível propor uma ação de consignação contra várias pessoas, 
quando existisse dúvida fundada por parte do credor sobre quem 
deva legitimamente receber o pagamento. Por exemplo, com o fa-
lecimento do credor, pode surgir confusão a respeito de quem seja 
o legítimo sucessor; ou podem surgir questões decorrentes de uma 
cláusula ambígua em um contrato, que não se permita identificar a 
quem deva ser dirigido o pagamento. Quanto a esse ponto não há 
novidade. 
A inovação está no art. 548 do NCPC ao regulamentar a possibilidade 
de ação de consignação contra vários credores presuntivos, in verbis:
Art. 547.  Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitima-
mente receber o pagamento, o autor requererá o depó-
sito e a citação dos possíveis titulares do crédito para 
provarem o seu direito.
Art. 548 – No caso do art. 547:
I - não comparecendo pretendente algum, converter-se-
-á o depósito em arrecadação de coisas vagas;
II - comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano;
III - comparecendo mais de um, o juiz declarará efetua-
do o depósito e extinta a obrigação, continuando o 
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
16
MARIA TEREZA TARGINO HORA
processo a correr unicamente entre os presuntivos cre-
dores, observado o procedimento comum.
Em relação ao inciso III, vale ressaltar que se houver dúvida quanto ao 
montante do crédito o processo não será extinto, devendo o magis-
trado dar prosseguimento ao feito, para que se apure qual o correto 
valor da dívida. Assim, se a dúvida não disser respeito ao valor do de-
pósito, mas apenas à titularidade do crédito, a obrigação será extinta 
par o devedor e o litígio remanescerá entre os possíveis credores.
A respeito do tema, o Enunciado 62 do Fórum Permanente de Pro-
cessualistas Civis: “A regra prevista no art. 548, III, que dispõe que, em 
ação de consignação em pagamento, o juiz declarará efetuado o de-
pósito extinguindo a obrigação em relação ao devedor, prosseguin-
do o processo unicamente entre os presuntivos credores, só se apli-
cará se o valor do depósito não for controvertido, ou seja, não terá 
aplicação caso o montante depositado seja impugnado por qualquer 
dos presuntivos credores”.
Por fim, quanto à sentença proferida em ação de consignação em 
pagamento, em regra, terá natureza meramente declaratória. Toda-
via, como bem registra Daniel Amorim Assumpção Neves4, excepcio-
nalmente, terá também natureza condenatória quando o réu alegar 
insuficiência do depósito e o autor não complementá-lo em dez dias, 
caso em que o juiz irá condená-lo a pagar a diferença apurada (art. 
899, §2 do CPC/1973 e art. 545, §2º, do Novo CPC).
1.2) DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
Ab initio, cumpre esclarecer que a “Ação de Prestação de Contas” era 
regulada no Código de Processo Civil de 1973 pelos artigos 914 a 919. 
Nestes dispositivos, em verdade, eram encontrados dois distintos 
4 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Op.cit., p. 357.
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
17
MARIA TEREZA TARGINO HORA
procedimentos especiais: o da “Ação de Dar Contas” e o da “Ação de 
Exigir Contas”. Ocorre que, o CPC de 2015 menciona, entre as ações 
de procedimento especial, apenas a de exigir contas, de modo que 
devemos observar o procedimento comum na ação de dar contas.
Assim, tanto no CPC 1973 como no CPC 2015, quem estiver adminis-
trando certos bens ou interesses de outrem, tem o dever de prestar 
contas de sua gestão, que poderá ser realizada de forma voluntária 
(prestar contas) ou mediante exigência dos interessados (exigir con-
tas). Vários exemplos podem ser encontrados no Código Civil, tais 
como o mandatário (art. 668), os administradores nas sociedades 
(art. 1020), o síndico de condomínio (art. 1348), os tutores (art. 1755), 
os curadores (art. 1781), entre tantos outros. 
O procedimento especial de “exigir contas” será utilizado no caso de 
“prestação forçada de contas”. Trata-se, como se poderá observar, de 
um procedimento distinto da maioria dos conhecidos no ordena-
mento brasileiro, pois existem, em regra, duas fases distintas: a pri-
meira, para que o magistrado decida sobre a existência ou não da 
obrigação de o réu prestar contas. A segunda fase, que só se instaura 
se restar verificada a obrigação do réu de prestar contas, a qual servi-
rá para que as contas sejam efetivamente prestadas, bem como para 
que se verifique a existência de eventual saldo em favor do credor ou 
devedor. 
Ao discorrer sobre o tema, Alexandre Freitas Câmara5 nos ensina o 
seguinte:
É preciso notar, porém, que não se estará diante de dois 
processos distintos, tramitando simultaneamente nos 
mesmos autos. O processo, em verdade, é único, embora 
dividido em duas fases distintas. Há, pois o ajuizamento de 
uma única demanda, contendo um único mérito.A análi-
5 CÂMARA, Alexandre Freitas. Op.cit., p. 325. 
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
18
MARIA TEREZA TARGINO HORA
se deste, porém, é dividido em dois momentos: o pri-
meiro, dedicado à verificação da existência do direito 
de exigir a prestação de contas; o segundo, dirigido á 
verificação das contas e do saldo devedor eventual-
mente existente (grifo nosso).
O §1º do art. 540 do NCPC revoluciona ao exigir como requisito da 
petição inicial, que o autor especifique, de forma detalhada, as ra-
zões pelas quais exige as contas, devendo, ainda, instruí-la com os 
documentos comprobatórios dessa necessidade, caso existirem. Ou 
seja, alegações genéricas da existência de um dever de prestação de 
contas são insuficientes, devendo o autor demonstrar as razões pelas 
quais necessita da atuação do Poder Judiciário para tanto. Tal exigên-
cia visa dar maior segurança ao processo, bem como afastar as lides 
meramente temerárias. 
Uma particularidade desse procedimento é que, ao contrário do pro-
cedimento comum ordinário, não existe previsão de marcação de 
audiência preliminar. A cabeça do art. 550 estabelece que o réu será 
citado diretamente para prestar contas ou contestar, de modo que 
diante da ausência de previsão acerca da referida audiência, deve –se 
observar a lógica do procedimento especial. 
Assim, citado o réu, no prazo de 15 (quinze dias) previsto no caput 
do art. 540, poderá este adotar uma entre várias condutas possíveis:
• Pode reconhecer a obrigação de prestar constas, e já as apresen-
tar, caso em que o juiz considerará superada a primeira fase e 
passará desde logo à segunda. 
• Uma vez prestadas as contas, o autor terá o prazo 15 (quinze) dias 
para manifestar - se sobre as mesmas (§2º) e, caso não concorde, 
deverá oferecer impugnação fundamentada e especificada, fa-
zendo referência expressa ao lançamento questionado (§3º).
Dos Procedimentos Especiaisde Jurisdição Contenciosa
19
MARIA TEREZA TARGINO HORA
• Pode permanecer inerte, sem contestar nem prestar as contas soli-
citadas, caso em que, o juiz, aplicando ao réu os efeitos da revelia, 
julgará antecipadamente a lide, nos termos do art. 355 (§4º), de-
terminando que preste as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob 
pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar (§5º).
• Se o demandado não apresentar as contas no prazo de quinze dias 
acima mencionado, o autor deverá apresentá-las, podendo o juiz 
determinar a realização de exame pericial se necessário (§6º). 
• Pode apresentar resposta, alegando, por exemplo, a inexistência 
da obrigação de prestar contas. Caso o magistrado entenda que 
os pedidos formulados são procedentes, o réu será condenado a 
prestar contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe 
ser lícito impugnar as que o autor apresentar.
• Pode o réu contestar, negando a obrigação de prestar contas, 
mas, ao mesmo tempo, já apresentá-las. Nesse caso, o processo 
passará logo à segunda fase, pois ao apresentar as contas, o réu 
reconhece a obrigação, cumprindo apenas ao magistrado veri-
ficar se elas estão corretas e se há saldo em favor dos litigantes. 
Importante frisar que, o art. 915, §2º do CPC de 1973 previa que o 
ato que condenava o réu a prestar contas, sem por fim ao processo, 
marcando o fim da primeira fase e a passagem para a segunda, teria 
natureza de sentença, in verbis:
§ 2o Se o réu não contestar a ação ou não negar a obrigação 
de prestar contas, observar-se-á o disposto no art. 330; a sen-
tença, que julgar procedente a ação, condenará o réu a pres-
tar as contas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena 
de não Ihe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.
Ocorre que, o CPC de 2015 não mais designa o ato judicial que encer-
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
20
MARIA TEREZA TARGINO HORA
ra a primeira fase como sentença, mas sim como decisão. Assim, em-
bora existam controvérsias acerca da sua natureza jurídica, o enten-
dimento que prevalece entre os doutrinadores é no sentido de que a 
nova legislação optou por considerá-la como decisão interlocutória, 
em face de qual caberá agravo de instrumento. 
No mesmo sentido, e Enunciado nº 177 do Fórum Permanente de 
Processualistas Civis afirma que “a decisão interlocutória que julga 
procedente o pedido para condenar o réu a prestar contar, por ser 
de mérito, é recorrível por agravo de instrumento”. Segundo a me-
lhor doutrina, o fato ser cabível o agravo de instrumento facilita a 
utilização do recurso, pois o mesmo possui instrumento próprio, não 
paralisando o processo, assim como pelo fato de não possuir efeito 
suspensivo ope legis. 
Ademais, o novo diploma processual altera a forma de apresentação 
das contas prevista no art. 917 do CPC/1973, o qual dispunha que 
aquelas deveriam ser apresentadas na forma mercantil. Agora, o arti-
go 551 e seus parágrafos exigem apenas que as contas apresentadas 
tanto pelo réu, como pelo autor, nas hipóteses acima elencadas, se-
jam demonstradas na forma adequada, especificando – se as recei-
tas, a aplicação das despesas e os investimos, se houver.
Outra alteração realizada pelo CPC/2015 é que, pelo regime previsto 
no art. 917 do CPC/1973, as contas deveriam ser apresentadas em 
conjunto com os documentos justificativos. O §1º do art. 551 altera 
esse regime. Esses documentos só precisam ser apresentados após a 
impugnação justificada e específica do autor e apenas na medida de 
sua impugnação. 
De acordo com Ravi Peixoto6, 
6 PEIXTO, Ravi. Procedimentos Especiais, Tutela Provisória e Direito Transitório. Ação de 
Prestação de Contas e o CPC/2015. Salvador: Editora Juspodivm. 2015, p. 323. 
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
21
MARIA TEREZA TARGINO HORA
o réu não precisará apresentar a documentação referente 
a todos os lançamentos, mas tão somente em relação aos 
que forem impugnados pelo autor. Há de se destacar que 
os documentos só precisam ser apresentados caso haja 
impugnação específica e fundamentada dos lançamentos, 
não se admitindo impugnações genéricas, no sentido de 
que os débitos lançados estão incorretos. 
Um dos exemplos mais comuns de ação de exigir contas é aquela 
proposta pelo correntista em face do banco. Foi editada, inclusive, 
uma súmula para reconhecer essa possibilidade: Súmula 259 do Su-
perior Tribunal de Justiça que assim dispõe: “A ação de prestação de 
contas pode ser proposta pelo titular de conta corrente bancária” (Obs: 
a súmula continua válida com o CPC 2015, mas a redação da súmula 
deverá ser atualizada com o novo nome do procedimento (ação de 
exigir contas)). 
Situação diversa que também envolve bancos e correntistas é aque-
la que envolve os contratos de mútuo (empréstimo de dinheiro) e 
financiamento. Nesses casos, o STJ decidiu que não há interesse de 
agir por parte do devedor para a ação de exigir contas, tendo em 
vista que esta tem por finalidade essencial dirimir incertezas surgi-
das a partir da administração de bens, negócios e interesses alheios, 
cabendo ao gestor a apresentação minuciosa de todas as receitas e 
despesas envolvidas na relação jurídica e, ao final, a exibição do sal-
do, que tanto pode ser credor quanto devedor. Ou seja, é fundamen-
tal que exista, entre autor e réu, relação jurídica de direito material 
em que um deles administre bens, direitos ou interesses alheios. Sem 
essa relação, inexiste o dever de prestar contas.
No contrato de mútuo bancário, a obrigação do mutuante (no caso, 
a instituição financeira) cessa com a entrega da coisa (na hipótese, 
o dinheiro). Assim, não há obrigação do banco em prestar contas, 
porquanto a relação estabelecida com o mutuário não é de admi-
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
nistração ou gestão de bens alheios, sendo apenas um empréstimo. 
Concluiu-se, então, pela inexistência de interesse de agir do cliente/
mutuário para propor ação de prestação de contas, haja vista que 
o mutuante/instituição financeira exime-se de compromissos com a 
entrega da coisa (STJ. 2ª Seção. REsp 1.293.558-PR, Rel. Min. Luis Feli-
pe Salomão, julgado em 11/3/2015 (Informativo 558)).
Por fim, faço a ressalva de que a Corte Cidadã firmou entendimento 
no sentido de que o dever de prestar contas não se transmite aos 
herdeiros, devido ao caráter personalíssimo da obrigação, não se po-
dendo exigir que o espólio ou os sucessores o façam pelo de cujus 
(AgRg no REsp 1.145.754⁄ES, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 
de 07⁄03⁄2014; REsp 1.122.589⁄MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 
DJe de 19⁄04⁄2012). Todavia, o mesmo não se pode afirmar quando 
é o espólio que pretende exigir as contas, porque “as circunstâncias 
que impedem a transmissibilidade do dever de  prestar contas aos 
herdeiros do mandatário não se verificam na hipótese inversa, rela-
tiva ao direito de os herdeiros do mandante exigirem a prestação de 
contas do mandatário”. (REsp 1.122.589⁄MG, Rel. Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, 3ª Turma, DJe de 19⁄4⁄2012).
Em suma, o direito de exigir a prestação de contas transmite-se aos 
herdeiros do de cujus, mas não o dever de prestá-las, tendo em vista 
que este é personalíssimo e, portanto, intransmissível. 
Por oportuno, colaciona–se recente julgado relatado pela Ministra 
Nancy Andrighi que trata do tema em análise:
CIVIL E PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS. 
MORTE DA PARTE RÉ. SUCESSÃO PROCESSUAL. IMPOS-
SIBILIDADE. OBRIGAÇÃO PERSONALÍSSIMA. 1. Ação de 
prestação de contas, distribuída em 23/06/2003, da 
qual foi extraído o presente recurso especial, conclu-
so ao Gabinete em 28/09/2012. 2. Recurso especial em 
Dos ProcedimentosEspeciais de Jurisdição Contenciosa
23
MARIA TEREZA TARGINO HORA
que se discute se o espólio da ré falecida pode suceder-
-lhe na ação de exigir contas. 3. A disposição do art. 
914, II, do CPC, de que a ação de prestação de con-
tas compete a quem tiver a obrigação de prestá-las, 
deve ser lida e interpretada no sentido de competir 
somente àquele que administra os bens e interes-
ses de terceiros (obrigação personalíssima), porque 
é a pessoa capaz de informar quais providências e 
despesas foram feitas, como foram feitas e por que 
o foram. 4. Os herdeiros não podem ser obrigados a 
prestar contas relativas a atos de gestão praticados 
por terceiro, realizados sem a anuência ou qualquer 
participação deles, mormente se considerado o ônus 
que a inércia lhes impõe, de o Juiz, eventualmente, 
acolher aquelas que o autor apresentar (art. 915, §§ 
2º e 3º, do CPC). Precedentes. 5. A pretensão deduzi-
da na ação de prestação de contas - o aclaramento dos 
gastos, rendimentos e a prova da boa administração - 
não se confunde com o direito material ao crédito even-
tualmente existente, de modo que poderá o credor, pela 
via comum, buscar satisfazê-lo em face dos herdeiros, 
nos limites da herança. 6. Recurso especial conhecido e 
desprovido.(STJ - REsp: 1354347 SP 2011/0299177-0, Re-
lator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 
06/05/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: 
DJe 20/05/2014)(grifo nosso).
O art. 552 faz referência à sentença da segunda fase, impondo que a 
mesma seja líquida, apurando o saldo devedor, que poderá benefi-
ciar tanto o autor, como o réu, ressaltando-se, nesse momento, o seu 
caráter de duplicidade. Como bem registra Ravi Peixoto7 o referido 
dispositivo apenas reproduz a lógica das decisões relativas a ações 
7 PEIXTO, Ravi. Op.cit, p. 324.
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
24
MARIA TEREZA TARGINO HORA
de obrigação de pagar quantia, que, de acordo com o art. 491 do 
CPC/2015, devem sempre ser líquidas, ainda que o pedido seja gené-
rico, salvo as exceções dos incisos I e II. Assim, exclui-se a possibilida-
de de utilização da liquidação, de modo que não havendo a fixação 
de valores, a decisão deve ser anulada. 
O art. 553 trata de uma hipótese específica de prestação de contas, 
que é aquela relacionada com os casos em que o dever de prestar 
contas refere-se a administrador nomeado judicialmente (inventa-
riante, tutor, curador, depositário, etc.). 
A particularidade dessa prestação de contas está no parágrafo único 
do mencionado dispositivo, que consiste na forma de efetivação de 
pagar quantia, caso exista saldo devedor. O juiz poderá destituí-lo, 
sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a gratificação 
a que teria direito o administrador. A novidade fica por conta da par-
te final do parágrafo, ao estabelecer que este rol de medidas passa a 
ser meramente exemplificativo, pois, além das diligências elencadas, 
permite-se a adoção, pelo magistrado, de outras as medidas executi-
vas necessárias à recomposição do prejuízo.
1.3 DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
Inicialmente, vale ressaltar que o direito brasileiro confere proteção à 
posse, permitindo que o possuidor a defenda de eventuais agressões 
de duas formas: pela autotutela e heterotutela (ações possessórias).
A primeira é tratada no art. 1210, §1º do Código Civil que dispõe o 
seguinte: “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou 
se restituir por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de 
defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manu-
tenção, ou restituição da posse”. Este mecanismo de defesa, muito em-
bora de grande relevância, desvia- se do âmbito de nossos estudos, já 
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
25
MARIA TEREZA TARGINO HORA
que feito sem a instauração do processo e sem a intervenção do Poder 
Judiciário. 
Desta feita, passemos a análise do que realmente nos interessa, as 
inovações trazidas pelo Código de Processo Civil de 2015 às ações 
possessórias e o seu procedimento (heterotutela).
As ações possessórias são também chamadas pela doutrina de inter-
ditos possessórios, a saber: a reintegração de posse, a manutenção 
de posse e o interdito proibitório, cabíveis, quando houver, respecti-
vamente, esbulho, turbação ou ameaça. O tipo de agressão permite 
identificar qual a adequada ação. 
As formas de agressão ora mencionados são conceituadas por Mar-
cus Vinicius Rios Gonçalves8 da seguinte forma:
Esbulho: pressupõe que a vítima seja desapossada do 
bem, que o perca para o autor da agressão. É o que ocorre 
quando há uma invasão e o possuidor é expulso da coisa;
Turbação: pressupõe a prática de atos materiais concretos 
de agressão à posse, mas sem desapossamento da vítima. 
Por exemplo, o agressor destrói o muro do imóvel da ví-
tima; ou ingressa frequentemente, para subtrair frutas ou 
objetos de dentro do imóvel;
Ameaça: não há atos matérias concretos, mas o agressor 
manifesta a intenção de consumar a agressão. Se ele vai 
até a divisa do imóvel, e ali se posta, armado, com outras 
pessoas, dando a entender que vai invadir, haverá ameaça.
8 GONÇAVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. Editora Saraiva. 
2015, p.860. 
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
26
MARIA TEREZA TARGINO HORA
Certo é que, no caso concreto, nem sempre será fácil identifi-
car quando há esbulho, turbação ou ameaça, razão pela qual o 
CPC/1973 considera as três ações possessórias fungíveis entre si, 
permitindo que o magistrado conceda uma forma de proteção di-
ferente da pleiteada, sem que fique configurada a sentença extra 
petita (além do pedido). Ademais, caso no curso do processo, um 
tipo de agressão transforme-se em outro, poderá o juiz conceder a 
proteção adequada a esta nova circunstância, sem necessidade de 
alteração do pedido formulado na inicial. A fungibilidade das ações 
foi mantida pelo CPC/2015 em seu art. 554: “A propositura de uma 
ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça 
do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos 
pressupostos estejam provados”. 
O Novo CPC também conservou a possibilidade de cumulação do 
pedido de condenação de perdas e danos (inciso, I, do art. 555) e 
de multa cominatória ao pedido principal, sem prejuízo do procedi-
mento especial (§, único). Todavia, suprimiu o inciso III do art. 921, 
do CPC/1973 que previa a possibilidade de ser cumulado o pleito de 
desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento da 
posse do autor. 
Em razão do caráter dúplice das ações possessórias, é lícito ao réu, na 
contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar 
a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes 
da turbação ou do esbulho cometido pelo autor (art. 556). Esse 
dispositivo autoriza ao demandando formular pedidos em sede de 
contestação, sem necessidade de reconvir. 
Feitas essas considerações iniciais, iniciemos os estudos das altera-
ções mais relevantes realizadas pelo CPC/2015. 
Pois bem, em relação à vedação de propositura, tanto pelo autor 
como pelo réu, de ação petitória durante o trâmite do processo pos-
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
27
MARIA TEREZA TARGINO HORA
sessório, o Novo CPC introduziu a ressalva de que tal impedimen-
to não se aplica nos casos em que a pretensão for introduzida por 
terceira pessoa. Isto é, a vedação prevista no art. 557 do Novo CPC 
somente se aplica as partes da ação, não alcançando terceiros estra-
nhos à lide possessória. 
Por oportuno, trago à baila o Enunciado 65 do FFPC, que assim dis-
põe: “O art. 557 do projeto não obsta a cumulação pelo autor de açãoreivindicatória e de ação possessória, se os fundamentos forem dis-
tintos”.
Ademais, o Código de Processo Civil de 2015 mantém a exigência 
de prestação de caução quando o réu comprovar que o autor rein-
tegrado ou mantido provisoriamente na posse carece de idoneidade 
financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e da-
nos (art. 559). Todavia, existem duas novidades referentes à caução.
A primeira é que o artigo em análise expressamente dispõe que a 
caução poderá ser real ou fidejussória; a segunda inovação é permitir 
que a parte economicamente hipossuficiente seja liberada da pres-
tação de caução. 
Ao comentar esta última novidade, o Professor Daniel Amorim As-
sumpção9, registra que esta regra é de difícil compreensão, vez que 
sendo requisito da exigência de prestação de caução a fal-
ta de idoneidade financeira, como afastá-la para os econo-
micamente hipossuficientes? Ao que parece, o dispositivo 
se valeu de expressões diferentes para indicar o autor que 
não tem condições de arcar com eventuais perdas e da-
nos do réu, e ao mesmo tempo prevê que essa condição é 
causa para a exigência e dispensa de caução. O paradoxo 
criado pela norma é garantia de polêmica.
9 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Op.cit., p. 359.
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
28
MARIA TEREZA TARGINO HORA
Para melhor compreensão da matéria, transcreverei os dispositivos ora 
comentados, grifando as modificações introduzidas pelo Novo CPC:
Art. 557.  Na pendência de ação possessória é vedado, tan-
to ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento 
do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face 
de terceira pessoa.
Parágrafo único.  Não obsta à manutenção ou à reintegra-
ção de posse a alegação de propriedade ou de outro direi-
to sobre a coisa.
Art. 559.  Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor 
provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece 
de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, 
responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o pra-
zo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejus-
sória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, res-
salvada a impossibilidade da parte economicamente 
hipossuficiente.
Outro ponto de destaque quando da análise do Capítulo III do 
Novo CPC, que trata das Ações Possessórias, foi a introdução dos 
§1º, §2º e 3º ao art. 554, que discorrem sobre as ações posses-
sórias multitudinárias, ou seja, aquelas ações que envolvem inú-
meras pessoas, não sendo possível individualizar os ocupantes. 
Diante da importância do tema, imprescindível a leitura atenta 
dos parágrafos mencionados:
§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo 
passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação 
pessoal dos ocupantes que forem encontrados no lo-
cal e a citação por edital dos demais, determinando-se, 
ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver 
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, 
da Defensoria Pública.
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
29
MARIA TEREZA TARGINO HORA
§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o ofi-
cial de justiça procurará os ocupantes no local por 
uma vez, citando-se por edital os que não forem en-
contrados.
§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publici-
dade da existência da ação prevista no § 1o e dos res-
pectivos prazos processuais, podendo, para tanto, 
valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da pu-
blicação de cartazes na região do conflito e de outros 
meios.
Conforme observado, os dois primeiros parágrafos dispõem basica-
mente sobre a forma de citação dos réus nas ações multitudinárias. 
Aqueles que forem encontrados no local serão citados pessoalmen-
te e, os demais, deverão ser citados por edital. O parágrafo segun-
do, determina que o oficial somente procurará os ocupantes no lo-
cal uma vez, citando-se por edital os que no momento não forem 
encontrados. 
Ademais, a intimação do Ministério Público nos interditos posses-
sórios em que figure no polo passivo grande número de pessoas é 
obrigatória, assim como a da Defensoria Pública, se existirem réus em 
situação de hipossuficiência econômica.
Por sua vez, o parágrafo terceiro determina que deverá ser dada am-
pla publicidade à existência da ação possessória multitudinária e 
dos seus prazos processuais. Ao comentar o novel dispositivo, Daniel 
Amorim Assumpção Neves10, faz a seguinte ponderação:
Como a experiência mostra, a grande maioria dos réus 
nesse tipo de ação possessória será citada por edital, e 
é notória a ineficácia desse meio de tornar a existência 
10 NEVES, Daniel Amorim Assumpção.op.cit. 2015, p. 360.
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
30
MARIA TEREZA TARGINO HORA
do processo conhecida. Por isso, elogiável o art. 554, §3º 
ao prever ampla publicidade da existência da ação e 
também dos prazos processuais por outros meios além 
do edital, tais como anúncios em jornal ou rádios locais 
e publicação de cartazes na região do conflito. De qual-
quer forma, na maioria das vezes, a liderança do movi-
mento responsável pela agressão possessória toma co-
nhecimento da existência do processo judicial e de seu 
andamento. 
Ainda a respeito do tema, o Enunciado 63 do Fórum Permanente de 
Processualistas Civis: 
No caso de ação possessória em que figure no polo passi-
vo grande número de pessoas, a ampla divulgação previs-
ta no §3º do art. 554 contempla a inteligência do art. 301, 
com a possibilidade de determinação de registro de pro-
testo para consignar a informação do litígio possessório na 
matrícula imobiliária respectiva. 
Em relação ao procedimento das ações possessórias regulado pelo 
Código de Processo Civil de 2015, a única novidade diz respeito à in-
trodução do art. 565 e seus parágrafos, que discorrem sobre o litígio 
coletivo pela posse de imóvel. 
O caput do dispositivo dispõe que nesse tipo de demanda, quan-
do o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver 
ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido 
de concessão da medida liminar, obrigatoriamente deverá desig-
nar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias. O 
parágrafo primeiro dispõe, ainda, que se a liminar concedida não 
for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de dis-
tribuição, também caberá ao magistrado designar audiência de 
mediação. 
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
31
MARIA TEREZA TARGINO HORA
Ao comentar o mencionado artigo, Brunela Vieira Vicenzi e Fernanda 
Pompermayer Almeida de Oliveira11 discorrem que 
 previsão de audiência de mediação obrigatória garante 
não só a possibilidade de solução pacífica dos conflitos, 
mas também o direito à ampla defesa e ao contraditório. 
Isso porque, no CPC/1973 na hipótese de não retratação 
quanto à concessão de tutela liminarmente, resta à parte 
prejudicada somente a possibilidade de interpor agravo 
de instrumento (...). Por sua vez, a mediação prevista no 
Novo CPC permitirá não só que os indivíduos formulem 
sua defesa de forma mais livre – menos formalidade e mais 
oralidade, mas também que exponham todos os seus ar-
gumentos de forma direta, perante o autor da ação e o juiz 
de primeiro grau que proferiu a decisão. 
O Ministério Público, em qualquer caso, será intimado para com-
parecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre 
que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça (§2º). Ade-
mais, o magistrado poderá comparecer à área objeto do litígio 
sempre que sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela 
jurisdicional (§3º).
Por fim, o parágrafo quarto aponta que os órgãos responsáveis pela 
política agrária e pela política urbana daUnião, de Estado ou do Dis-
trito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio po-
derão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre 
seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de 
solução para o conflito possessório. 
11 VICENZI, Brunela Vieira e Fernanda P. A. de Oliveira. Procedimentos Especiais, Tutela Provisória 
e Direito Transitório. Estamos indo em direção à Função Social da Posse? Análise das Inovações 
para Julgamento de Conflitos Possessórios no Novo CPC. Editora Método. 2015, p. 339.
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
32
MARIA TEREZA TARGINO HORA
Assim, observa-se que as intimações previstas pelo §2º constituem 
um dever do magistrado, enquanto que as intimações dispostas no 
§4º são meramente facultativas, isto é, cabe ao juiz, no caso concreto, 
analisar se a presença dos órgãos acima mencionados são, de fato, 
capazes de contribuir na solução do litígio. 
Todos esses procedimentos também são aplicáveis aos litígios que 
dizem respeito ao domínio ou propriedade, ou seja, também nos 
juízos petitórios (§5º). A título de exemplo, todos esses procedi-
mentos devem incidir para os casos de desapropriação judicial pri-
vada por posse trabalho, prevista nos §4º e §5º do art. 1228 do Có-
digo Civil. 
1.4) DA AÇÃO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS 
PARTICULARES
A ação de demarcação cabe ao proprietário, para obrigar o seu con-
finante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites 
entre eles ou se aviventando os já apagados. Já a ação de divisão, 
tem por objetivo a dissolução do condomínio, transformando a cota 
ideal de cada condômino sobre o prédio comum em parte concreta 
e determinada. 
A respeito do tema, o Professor Cintra Pereira 12 esclarece que:
Embora o Código de Processo Civil tenha regulado as duas 
ações em um mesmo capítulo, evidencia – se, todavia, si-
tuações distintas: a demarcatória pressupõe a existência 
de dois prédios confiantes cujos limites não estejam per-
feitamente estremados. Há confusão de limites ou, pelo 
menos, incerteza quanto à exata extensão das respectivas 
propriedades (...). A divisão, por seu turno, pressupõe um 
só imóvel que pertença a dois ou mais proprietários que se 
12 MARCATO, Antônio Carlos. Código de Processo Civil Interpretado. 2008, p. 2708. 
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
33
MARIA TEREZA TARGINO HORA
encontram dispostos a extinguir o condomínio. Em suma, 
a demarcação está ligada ao direito de vizinhança; a divi-
são é forma de extinguir a comunhão.
 O art. art. 569 prevê que cabe ao proprietário a ação de demarcação, 
para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos prédios, fi-
xando-se novos limites entre eles ou se aviventando os já apagados 
e ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes 
a estremar os quinhões. 
Existem dois Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas 
Civis a respeito do tema. Vejamos:
Enunciado 68 - Também possuem legitimidade para a 
ação demarcatória os titulares de direito real de gozo e 
fruição, nos limites dos seus respectivos direitos e títulos 
constitutivos de direito real. Assim, além da proprieda-
de, aplicam-se os dispositivos do Capítulo sobre ação 
demarcatória, no que for cabível, em relação aos direi-
tos reais de gozo e fruição(grifo nosso).
Enunciado 69 - Cabe ao proprietário ação demarcatória 
para extremar a demarcação entre o seu prédio e do con-
finante, bem como fixar novos limites, aviventar rumos 
apagados e a renovar marcos destruídos (grifo nosso). 
Imperioso assinalar que é lícita a cumulação dessas ações, caso em que 
se deverá processar primeiramente a demarcação total ou parcial da 
coisa comum, citando-se os confinantes e os condôminos (art. 570). 
O Novo Código de Processo Civil insere dois novos artigos ao Capí-
tulo IV, que trata da Ação de Divisão de Demarcação de Terras Parti-
culares. O primeiro deles é o art. 571 o qual prevê que a demarcação 
e a divisão poderão ser realizadas por escritura pública, desde que 
maiores, capazes e concordes todos os interessados. Já o art. 573 
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
dispõe que se o imóvel em análise for georreferenciado, com aver-
bação no registro de imóveis, pode o juiz dispensar a realização de 
prova pericial.
Outra novidade está prevista no art. 575 que dispõe que qualquer 
condômino é parte legítima para promover a demarcação do imóvel 
comum, requerendo a intimação dos demais para, querendo, intervir 
no processo. Registre–se que no CPC/1973 os demais condôminos 
deveriam ser citados para ingressarem no feito como litisconsortes.
A forma de citação dos réus também sofreu alteração, tendo em vista 
que o art. 576 expressamente aponta que os réus serão citados pelo 
correio, observado o disposto no art. 247, cabendo a citação por edi-
tal somente nas hipóteses previstas em lei para tal modo de citação. 
Por sua vez, o artigo correspondente no CPC/1973 dispunha que os 
demandados residentes na comarca deveriam ser citados por pes-
soalmente, enquanto os demais por edital.
Já o art. 581, caput, do Novo CPC reproduz a regra consagrada no Có-
digo anterior, qual seja, a de que a sentença que julgar procedente o 
pedido determinará o traçado da linha demarcada. A inovação está 
no seu parágrafo único, sem precedentes no CPC/1973, ao dispor 
que a sentença proferida na ação demarcatória determinará a resti-
tuição da área invadida, se houver, além de declarar o domínio ou a 
posse do prejudicado, ou de ambos.
Assim como no art. 962 do CPC/1973, o art. 583 do NCPC estabelece 
que as plantas serão acompanhadas das cadernetas de operações de 
campo e do memorial descritivo, e seus incisos indicam os requisitos 
formais do referido memorial. Merece destaque a atualização feita 
pelo inciso VI, ao estabelecer que as distâncias a pontos de referên-
cia, tais como rodovias federais e estaduais, ferrovias, portos, aglo-
merações urbanas e polos comerciais, deixando, assim, de se referir 
à estação da estrada de ferro, ao porto de embarque e ao mercado 
mais próximo, como constado no Código revogado. 
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
Por fim, registro o art. 590 o qual dispõe que o juiz nomeará um ou 
mais peritos para promover a medição do imóvel e as operações de 
divisão, observada a legislação especial que dispõe sobre a identifi-
cação do imóvel rural. Ademais, o seu parágrafo único, inova ao assi-
nalar que o perito deverá indicar as vias de comunicação existentes, 
as construções e as benfeitorias, com a indicação dos seus valores e 
dos respectivos proprietários e ocupantes, as águas principais que 
banham o imóvel e quaisquer outras informações que possam con-
correr para facilitar a partilha.
1.5) DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE
O Novo Código de Processo Civil cria no Título III, que trata dos 
procedimentos especiais, um novo procedimento denominado de 
ação de dissolução parcial de sociedade, regulamentado pelos arts. 
599 a 609.
O CPC/1973 não continha dispositivos específicos acerca da maté-
ria. O seu art. 1.218, inciso VIII, inserido no livro das disposições fi-
nais e transitórias, manteve em vigor os arts. 655 a 674 do CPC/1939, 
que regulavam a “dissolução e liquidação de sociedades”, até que o 
procedimento viesse a ser regulamentado por lei especial. Tal le-
gislação nunca foi editada, de modo que, atualmente, as regras de 
dissolução e liquidação da sociedade continuaram sendo as esta-
belecidas no CPC/1939.
Ocorre que, tais regras, dizem respeito à dissolução total da socieda-
de e não à dissolução parcial. É total a dissolução quando ocorre a ex-tinção e liquidação desta. É parcial quando um ou alguns dos sócios 
se desligam da sociedade, mas ela continua existindo. Assim, não 
existiam regras procedimentais próprias sobre a dissolução parcial 
de sociedade, razão pela qual o Novo CPC inova ao criar um regra-
mento processual específico para a hipótese de desfazimento parcial 
dos laços societários. 
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
Pois bem, o art. 599 dispõe que o objeto da ação de dissolução pode-
rá ser: a) a resolução da sociedade empresária contratual ou simples 
em relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de 
retirada ou recesso; b) a apuração dos haveres do sócio falecido, ex-
cluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; ou c) somente 
a resolução ou a apuração de haveres. Ou seja, ação pode ser propos-
ta para que o magistrado decrete a dissolução parcial da sociedade e 
apure os haveres ou, igualmente, apenas para que seja feita a apura-
ção de haveres ou se dissolva a sociedade.
O processualista João Luiz Lessa Neto13 ressalta que para ser propos-
ta a ação, deverá existir conflito entre os sócios, não sendo possível 
a dissolução extrajudicial ou por inexistir acordo sobre os haveres a 
serem pagos. Inexistindo conflito entre os sócios, e podendo a disso-
lução ser realizada adequadamente extrajudicialmente, faltará inte-
resse de agir para a propositura da ação. 
Complementa que podem 
existir conflitos em relação a dois pontos principais: a reso-
lução da sociedade e a apuração de haveres. A ação de dis-
solução parcial poderá ter por objeto esses dois pontos, que 
serão conhecidos e decididos em fases procedimentais sub-
sequentes, ou ainda, apenas um deles. É possível, por exem-
plo, que exista consenso quanto à retirada de um sócio, mas 
divirjam os interessados sobre os haverem serem pagos a esses 
sócios pela liquidação de sua participação no capital social”.
O §1º estabelece que a petição inicial deve ser instruída com o con-
trato social consolidado. Assim, realizando-se uma interpretação
13 LESSA NETO, João Luiz. A Ação de Dissolução Parcial de Sociedade no Novo Código de 
Processo Civil – algumas Anotações. Procedimentos Especiais, Tutela Provisória e Direito 
Transitório. Editora Juspodivm. 2015, p. 406
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
analógica, nos casos de sociedade anônima, deve ser acostada à 
exordial o seu estatuto social.
Por sua vez, o §2º alarga o seu objeto ao estabelecer que a ação também 
pode ser proposta nos casos de dissolução de sociedade anônima de 
capital fechado, por acionista ou acionistas que representem cinco por 
cento ou mais do capital social, que não pode preencher o seu fim. Ou 
seja, exigem–se dois requisitos no caso de dissolução da S/A de capital 
fechado: o primeiro é a participação societária mínima e o segundo é a 
demonstração de que a sociedade não mais pode atingir o seu fim. 
Assim, percebe-se que o Novo CPC inova no tratamento legislativo da 
matéria, pois o artigo 206, inciso II, b, da Lei de Sociedades Anônimas 
trata apenas da hipótese de dissolução total da sociedade, quando 
não for possível preencher o seu fim social. Não há menção alguma à 
possibilidade de dissolução parcial das sociedades anônimas. 
Imperioso destacar que a matéria – dissolução parcial da sociedade 
anônima – não é novidade no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, 
que já pacificou o entendimento quanto à possibilidade de dissolu-
ção parcial de sociedade anônima fechada de cunho familiar.
O Ministro Castro Filho no julgamento do REsp 111.294/PR, pondera 
que a realidade brasileira revela a existência diversas sociedades anô-
nimas de médio e pequeno  porte, de capital fechado, que concen-
tram na pessoa de seus sócios um de seus elementos preponderantes, 
como ocorre com as sociedades ditas familiares, cujas ações circulam 
entre os seus membros, e que são, por isso, constituídas intuito perso-
nae. Em casos que tais, deve ser reconhecida a existência da affectio 
societatis como fator preponderante na constituição da empresa e tal 
circunstância não pode ser desconsiderada por ocasião de sua dissolu-
ção, de modo que a ruptura da affectio societatis representa verdadei-
ro impedimento a que a companhia continue a realizar o seu fim, com 
a obtenção de lucros e distribuição de dividendos.
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
Significa dizer que para jurisprudência atual do STJ é possível a disso-
lução parcial da sociedade anônima de cunho familiar quando hou-
ver o rompimento da affectio societatis, sem a exigência de cumpri-
mento de qualquer outro requisito, enquanto o Novo CPC exige uma 
participação societária mínima e o requisito de demonstração de que 
a sociedade não mais pode atingir o seu fim. 
Nos incisos II e III do art. 599 está previsto o pedido de apuração de 
haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de reti-
rada ou recesso, que pode ser cumulado com o pedido de dissolução 
parcial ou elaborado isoladamente. 
Os legitimados ativos para o ajuizamento da ação em análise estão 
previstos no art. 600, que assim dispõe:
Art. 600.  A ação pode ser proposta:
I - pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade 
dos sucessores não ingressar na sociedade;
II - pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio 
falecido;
III - pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admiti-
rem o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na 
sociedade, quando esse direito decorrer do contrato social;
IV - pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou re-
cesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais só-
cios, a alteração contratual consensual formalizando o 
desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do 
exercício do direito;
V - pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a 
exclusão extrajudicial; ou
VI - pelo sócio excluído.
O parágrafo único estabelece, ainda, que o cônjuge ou companhei-
ro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência terminou 
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
poderá requerer a apuração de seus haveres na sociedade, que serão 
pagos à conta da quota social titulada por aquele sócio.
O Novo CPC, em seu art. 601, elenca espécie de litisconsórcio passivo 
necessário entre os demais sócios e a sociedade para que, no prazo 
de 15 (quinze) dias, concordem com o pedido ou apresentem contes-
tação. Por sua vez, o parágrafo único faculta a citação da sociedade se 
todos os seus sócios o forem, fazendo a ressalva de que, mesmo nes-
se caso, aquela ficará sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada.
Dani A. A. Neves14, ao comentar o último dispositivo, faz a seguinte 
crítica:
O parágrafo único, apesar de boa intenção e encontrar am-
paro em jurisprudência no Superior Tribunal de Justiça, foi 
formulado de forma sofrível e apta a suscitar dúvidas na 
academia e na praxe forense. Aparentemente, o objetivo 
do legislador era dispensar a presença da sociedade no 
polo passivo na hipótese de todos os sócios participarem 
da demanda, o que não tornaria o litisconsórcio necessá-
rio, ao menos quanto à sociedade. A sua inclusão, portan-
to, seria facultativa
A literalidade da norma, entretanto, não permite tal con-
clusão, porque não dispensa a presença da sociedade no 
polo passivo, mas apenas sua citação. E, para que seja 
dispensada sua citação, é natural que a sociedade esteja 
no polo passivo, afinal, não há que se falar em citação de 
quem não é réu no processo.
Registre-se que, nos termos do art. 602, o valor apurado em favor 
do sócio que se busca excluir da sociedade poderáser compensan-
do com o valor devido à sociedade de natureza indenizatória. Como 
14 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Op.cit., p. 371.
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
a sociedade tem legitimidade ativa e passiva na ação de dissolução 
parcial da sociedade, o pedido de compensação poderá ser formula-
do tanto na petição inicial, como na contestação, quando terá natu-
reza convencional. 
Pois bem, existindo manifestação expressa e unânime pela concor-
dância da dissolução, o juiz a decretará, passando-se imediatamente 
à fase de liquidação (art. 603, caput). Nesse caso, não haverá conde-
nação em honorários advocatícios de nenhuma das partes e as cus-
tas serão rateadas segundo a participação das partes no capital social 
(§1º). Em contrapartida, havendo contestação, observar-se-á o pro-
cedimento comum (§2º).
Ultrapassada a etapa de dissolução da sociedade, passa-se a segun-
da fase do procedimento especial em estudo, qual seja a apuração 
de haveres. Esta nada mais é que o levantamento dos valores refe-
rentes à participação do sócio que se retira ou que é excluído da 
sociedade. Nos termos do art. 604, para apuração de haveres, o juiz: 
a) fixará a data da resolução da sociedade; b) definirá o critério de 
apuração dos haveres à vista do disposto no contrato social e c) 
nomeará o perito.
Não há discricionariedade para o juiz fixar a data da dissolução, vez 
que esta deverá ser estabelecida conforme os critérios previstos no 
art. 605, in verbis: 
I - no caso de falecimento do sócio, a do óbito;
II - na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao do re-
cebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante;
III - no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da 
notificação do sócio dissidente;
IV - na retirada por justa causa de sociedade por prazo de-
terminado e na exclusão judicial de sócio, a do trânsito em 
julgado da decisão que dissolver a sociedade; e
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
V - na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da 
reunião de sócios que a tiver deliberado.
No que diz respeito ao critério de apuração de haveres, o juiz deve-
rá sempre respeitar aquilo que estiver pactuado entre as partes no 
contrato social ou em acordo de sócios. Ou seja, apenas em caso de 
omissão do contrato social, o juiz definirá, como critério de apuração 
de haveres, o valor patrimonial apurado em balanço de determina-
ção, tomando-se por referência a data da resolução e avaliando-se 
bens e direitos do ativo, tangíveis e intangíveis, a preço de saída, 
além do passivo também a ser apurado de igual forma, consoante 
disposto no art. 606 do Novo CPC.
A propósito, O Superior Tribunal de Justiça, atualmente, possui enten-
dimento consolidado no sentido de que em respeito à preservação da 
sociedade e do montante devido ao sócio dissidente, mesmo que o 
contrato social eleja critério para a apuração de haveres, este somen-
te prevalecerá caso haja a concordância das partes com o resultado 
alcançado. Existindo dissenso, faculta-se a adoção da via judicial e o 
critério que melhor reflete o valor patrimonial da empresa é o balanço 
de determinação, de modo que a novel legislação processualista, ao 
elencar como critério de apuração de haveres, o valor patrimonial apu-
rado em balanço de determinação, está em plena consonância com as 
recentes decisões proferidas por nossa Corte Superior. Senão, vejamos:
DIREITO EMPRESARIAL. DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIE-
DADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. 
SÓCIO DISSIDENTE. CRITÉRIOS PARA APURAÇÃO DE HAVE-
RES. BALANÇO DE DETERMINAÇÃO. FLUXO DE CAIXA.
1. Na dissolução parcial de sociedade por quotas de 
responsabilidade limitada, o critério previsto no con-
trato social para a apuração dos haveres do sócio re-
tirante somente prevalecerá se houver consenso entre 
as partes quanto ao resultado alcançado. 
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
2. Em caso de dissenso, a jurisprudência do Superior 
Tribunal de Justiça está consolidada no sentido de que 
o balanço de determinação é o critério que melhor re-
flete o valor patrimonial da empresa. 
3. O fluxo de caixa descontado, por representar a meto-
dologia que melhor revela a situação econômica e a capa-
cidade de geração de riqueza de uma empresa, pode ser 
aplicado juntamente com o balanço de determinação na 
apuração de haveres do sócio dissidente. 
4. Recurso especial desprovido.(STJ - REsp: 1335619 SP 
2011/0266256-3, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data 
de Julgamento: 03/03/2015, T3 - TERCEIRA TURMA, Data 
de Publicação: DJe 27/03/2015)
Vale lembrar que em todos os casos em que for necessária a realiza-
ção de perícia, a nomeação do perito deverá recair preferencialmente 
sobre especialista em avaliação de sociedades (§ único), bem como 
que a data da resolução e o critério de apuração de haveres podem 
ser revistos pelo juiz, a pedido da parte, a qualquer tempo antes de 
iniciada a perícia (art. 607).
Por fim, nos termos do art. 604, §1º, o juiz determinará à sociedade 
ou aos sócios que nela permanecerem, que depositem em juízo a 
parte incontroversa dos haveres devidos, podendo tal depósito ser, 
desde logo, levantando pelo ex-sócio, pelo espólio ou pelos sucesso-
res (§2º).
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
1.6) DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
Com a morte, termina a responsabilidade civil do homem, tem início 
a sucessão e ocorre a transmissão dos bens aos herdeiros do de cujus. 
Segundo Maria Berenice Dias15 “inventário, em sentido estrito, é o rol 
de todos os bens e responsabilidades patrimoniais de um indivíduo. 
Na acepção ampla, é o procedimento destinado a individualizar o pa-
trimônio dos herdeiros e entregar os bens a seus titulares”. 
Acrescenta a autora que o inventário pode processar-se judicial ou ex-
trajudicialmente; de forma amigável ou contenciosa; pelo rito do in-
ventário ou do arrolamento. A lei fornece um cardápio de opções e 
a escolha dependerá da capacidade dos herdeiros, da existência de 
testamento e da concordância dos herdeiros quanto à divisão de bens.
Flávio Tartuce16, em sua obra Direito das Sucessões, pondera que o 
objetivo do procedimento, é a liquidação dos bens e a divisão patri-
monial do acervo hereditário, cessando o condomínio legal pro indi-
viso existente entre os herdeiros, situação não desejada pelas partes 
envolvidas.
Em relação ao instituto em análise, o art. 1991 do Código Civil de 
2002 dispõe que “desde a assinatura do compromisso, até a homo-
logação da partilha, a administração da herança será exercida pelo 
inventariante”. Isto é, o inventariante é o administrador do espólio, 
que pode ser conceituado como o conjunto dos bens que integra o 
patrimônio deixado pelo de cujus, e que serão partilhados, no inven-
tário, entre os herdeiros ou legatários. 
O Novo Código de Processo Civil, assim como o Código anterior, tra-
ta de forma ampla os procedimentos de inventário e partilha e aca-
15 DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões. Editora: Revista dos Tribunais. 2009, p.55.
16 TARTUCE, Flávio. Direito das Sucessões. Editora: Método. 2015, p.552.
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
ba por repetir a maioria das regras outrora previstas. Nesse sentido, 
Marcus Vinicius Rios Gonçalves17 registra que não há no Novo CPC 
alterações muito significativas no processo de inventário. Segundo o 
renomado processualista, as principais mudanças são: 
• Muitos dos prazos mencionados no CPC/1973 foram aumentados;• Não se repetiu a possibilidade de o juiz, de ofício, determinar a 
sua abertura; 
• Nos termos do art. 654, parágrafo único: “A existência de dívida 
para com a Fazenda Pública não impedirá o julgamento da parti-
lha, desde que o seu pagamento esteja devidamente garantido” 
• O arrolamento continua previsto como forma simplificada de in-
ventário para a hipótese de os bens do espólio serem de peque-
no valor, até o limite de 1.000 salários mínimos, não mais 2.000 
OTNS, como no Código de 1973. Continua também havendo pre-
visão do arrolamento sumário, com os mesmos requisitos.
O art. 610, caput, do CPC/2015 praticamente repetiu as regras pre-
vistas no art. 982 do CPC/1973, ao dispor que havendo testamento 
ou interessado incapaz, proceder –se–á ao inventário judicial. O §1º, 
por sua vez, admite que o inventário e a partilha sejam feitos por es-
critura pública, isto é, extrajudicialmente, se todos forem capazes e 
concordes. Nas palavras de Daniel Amorim Assumpção18:
A inovação fica por conta de duas previsões do §1º do 
art. 610 do Novo CPC. Primeiro, o dispositivo esclarece 
que a escritura pública servirá como documento hábil para 
qualquer ato de registro, e não só para o registro para o 
17 GONÇAVES, Marcus Vinicius Rios. Op.cit, p.883. 
18 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Op.cit., p. 372.
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
registro imobiliário, como era previsto no antigo disposi-
tivo. Segundo, o dispositivo indica expressamente que a 
escritura pública é documento hábil para levantamento de 
importância depositada em instituições financeiras”.
Não é demais lembrar que o inventário extrajudicial não é forma 
obrigatória, mas sim facultativa. Isto é, caso as partes prefiram o in-
ventário judicial ao extrajudicial, poderão os herdeiros dele se utilizar 
seguindo as normas previstas na legislação processual civil. 
O Novo CPC estabelece, ainda, novo prazo para abertura do inventá-
rio: o processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro 
de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se 
nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses 
prazos, de ofício ou a requerimento de parte. Com isso, o prazo de 60 
(sessenta) dias previsto no CPC/1973 foi modificado, com a preserva-
ção da possibilidade de prorrogação do prazo de abertura, a pedido 
do interessado ou de ofício pelo magistrado. 
Observa-se que, assim como a legislação anterior, o Novo Estatuto 
Processual, não consagra nenhum tipo de sanção em caso de des-
cumprimento do mencionado prazo. Todavia, a ausência de previsão 
não impede/impedirá que cada Estado institua multa pelo retarda-
mento do início do inventário. É esse o entendimento consagrado na 
Súmula 542 do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual é consti-
tucional a multa instituída pelo Estado– Membro, como sanção pelo 
retardamento do início ou da ultimação do inventário. Assim, não ha-
vendo a abertura do inventário no prazo previsto, as partes ficaram 
sujeitas à multa, que poderá ser estabelecida por lei estadual.
Nos termos do art. 613 do CPC/2015, até que o inventariante preste o 
compromisso, continuará o espólio na posse do administrador provi-
sório. Complementando, o art. 614 esclarece que este representa ati-
va e passivamente o espólio e é obrigado a trazer ao acervo os frutos 
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
que desde a abertura da sucessão percebeu, bem como tem direito 
ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde 
pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa.
O art. 615 que trata da legitimidade para requerer a abertura do in-
ventário e da respectiva partilha, repete o art. 987 do CPC/1973, ao 
dispor que aquela caberá a quem estiver na posse e na administração 
do espólio. Ademais, o referido dispositivo, em seu parágrafo único, 
mantém a exigência de que o requerimento deverá ser instruído com 
a certidão de óbito do autor da herança. 
O art. 616, equivalente ao art. 987 do Estatuto revogado, apresenta, 
de forma não taxativa, o rol de legitimados concorrentes para reque-
rer a abertura do inventário. São eles: I - o cônjuge ou companheiro 
supérstite: o herdeiro; o legatário; o testamenteiro; o cessionário do 
herdeiro ou do legatário; o credor do herdeiro, do legatário ou do 
autor da herança; o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; 
a Fazenda Pública, quando tiver interesse; o administrador judicial da 
falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge 
ou companheiro supérstite. Assim, extrai–se da leitura do dispositivo 
que houve a inclusão expressa do companheiro como legitimado, 
assim como a substituição do termo “síndico da falência” por “admi-
nistrador judicial da falência”. 
Frise-se que, consoante mencionado no início desse tópico, não exis-
te mais a possibilidade de abertura do inventário de ofício pelo ma-
gistrado. 
Após aberto o inventário, o juiz nomeará o inventariante que passará 
a exercer as suas atribuições após prestar compromisso. Ele substitui 
o administrador provisório, que até então estava incumbido de zelar 
pelo espólio e administrar os bens. O art. 617, correspondente do art. 
980 do CPC/1973, estabelece a ordem sucessiva de pessoas que po-
derão ser nomeadas inventariantes pelo magistrado, in verbis:
Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que es-
tivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste;
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do 
espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevi-
vente ou se estes não puderem ser nomeados;
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na 
posse e na administração do espólio;
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administra-
ção do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em 
legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventa-
riante judicial.
Parágrafo único.  O inventariante, intimado da nomeação, 
prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem 
e fielmente desempenhar a função.
Em relação a esse ponto, verificam – se duas inclusões: o herdeiro me-
nor, por seu representante legal no inciso IV e o cessionário de her-
deiro ou legatário no inciso VI. Assim, resta superado o entendimento 
jurisprudencial no sentido de que a inventariança somente poderia ser 
exercida pelos herdeiros maiores e capazes. A propósito, confira-se o 
seguinte julgado proferido pelo Superior Tribunal de Justiça:
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. INVENTÁRIO. TESTA-
MENTO. NOMEAÇÃO DE INVENTARIANTE. ORDEM LEGAL. 
ART. 990 DO CPC. NOMEAÇÃO DE TESTAMENTEIRO. IM-
POSSIBILIDADE. HERDEIROS TESTAMENTÁRIOS, MAIORES 
E CAPAZES. PREFERÊNCIA. - Para efeitos de nomeação de 
inventariante, os herdeiros testamentários são equipara-
dos aos herdeiros necessários e legítimos. - Herdeiro me-
nor ou incapaz não pode ser nomeado inventariante, 
Os Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária no novo Código de Processo Civil
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MARIA TEREZA TARGINO HORA
pois é impossibilitado de praticar ou receber direta-
mente atos processuais; sendo que para os quais não 
é possível o suprimento da incapacidade, uma vez 
que a função de inventariante é personalíssima. - Os 
herdeiros testamentários, maiores e capazes, preferem ao 
testamenteiro na ordem para nomeação de inventariante. 
- Existindo herdeiros maiores e capazes, viola o inciso III, 
do art. 990, do CPC, a nomeação de testamenteiro como 
inventariante. Recurso especial conhecido

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