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PEÇA 5

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE .........................
SILVINHA ARAÚJO, nacionalidade brasileira, estado civil solteira, profissão halterofilista, grau de escolaridade “ analfabeta”, portadora da carteira de identidade no..., expedida pelo ..., inscrita no CPF sob o no..., residente e domiciliada na... (endereço completo), por se advogado abaixo subscrito, com endereço profissional na ... (endereço completo), vem à Vossa Excelência propor pela presente;
AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO
pelo rito ordinário, em face de SKY LTDA ................................., (qualificação), pessoa jurídica de direito privado, com sede em ...., na Rua .... nº ...., neste ato representada pelo seu proprietário ........................, (qualificação), por seu advogado adiante assinado, com escritório profissional na Rua .... nº ...., onde recebe notificações e intimações, endereço eletrônico....................................,vem respeitosamente à presença de V. Exa., apresentar pelos motivos de fato e direito que passa a expor, pelos motivos de fato e de direito, que a seguir passa a expor, requer ainda que seja designada a audiência de conciliação sob os termos do Art.319, VII do CPC , e ao final requerer: 
DOS FATOS
O programa consistia em manter seres humanos presos em uma residência isolada da civilização, onde minha cliente foi classificada a participar bem como outros participantes, também eram obrigados a se manter incomunicáveis com seus entes queridos. Semanalmente os participantes realizavam provas de resistência para saber quem seria eliminado do jogo. Insta salientar que, quando os participantes aceitaram o convite, também lhes foi imposto a assinatura de um instrumento de contrato extremamente complexo e com linguagem escorreita que previa dentre outras as seguintes cláusulas:
a) ao final do programa o vencedor receberá a premiação de R$5.000.000,00 (cinco milhões de reais) menos impostos;
b) algumas regras devem ser obedecidas pelos participantes:
b.1) os participantes não poderiam em hipótese alguma praticar atos obscenos nem tampouco efetuar/realizar atitudes contrárias aos bons costumes (descumprimento acarretará na eliminação sumária do reality);
No decorrer do processo de assinatura de contrato, minha cliente, onde já havia se declarada analfabeta, não teve uma leitura do contrato onde a mesma deveria ser orientada quanto as clausulas e suas restrições, portanto sendo coagida para que realiza-se as assinaturas do contrato.
DOS FUNDAMENTOS
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
 					 III forma prescrita ou não defesa em lei.
São negócios jurídicos os atos de vontade humanos dirigidos à realização de determinado efeito ou consequência jurídica. Ao praticar um negócio jurídico, o sujeito age com a finalidade de produzir efeitos em sua esfera de direitos. Ao fazer uma oferta de compra de determinado imóvel, o sujeito tem em vista justamente a celebração desse contrato de compra e venda. Neste caso, portanto, o ato jurídico é praticado pelo sujeito visando à realização de um efeito jurídico previamente imaginado e querido. Por força de tal definição, pode-se observar que os negócios jurídicos são uma espécie de ato jurídico. Por essa razão, a doutrina costuma classificar os atos jurídicos em atos jurídicos em sentido estrito e em negócios jurídicos. Enquanto que nos negócios jurídicos o sujeito pratica o ato querendo a produção de determinados efeitos jurídicos, os atos jurídicos em sentido estrito são praticados pelo sujeito com indiferença quanto às suas consequências jurídicas. Diversas são as classificações da doutrina acerca dos negócios jurídicos. Os negócios jurídicos podem ser (a) unilaterais, bilaterais ou plurilaterais, (b) onerosos ou gratuitos, (c) comutativos ou aleatórios, (d) inter vivos ou causa mortis, (e) solenes e não-solenes (f) principais ou acessórios.
Instam ainda, quanto aos elementos de existência, requisitos de validade e fatores de eficácia do negócio jurídico. Tradicionalmente, a doutrina civilista costuma analisar o negócio jurídico em três diferentes planos: o plano da existência, o plano da validade e o plano da eficácia. Para bem compreender o negócio jurídico, portanto, é necessário analisar primeiramente se o negócio jurídico reúne todos os elementos necessários à sua existência. Existindo, deve-se então perquirir se todos esses elementos contêm os predicados necessários à sua validade. Por fim, mesmo existindo e sendo válido, é necessário verificar a presença de eventuais fatores de eficácia, cuja presença ou ausência eventualmente podem impedir o negócio jurídico de produzir seus regulares efeitos. Tornou-se clássica a categorização dos elementos do negócio jurídico de Antônio Junqueira de Azevedo: “a) elementos gerais, isto é, comuns a todos os negócios; b) elementos categoriais, isto é, próprios de cada tipo de negócio; c) elementos particulares, isto é, aqueles que existem em um negócio determinado, sem serem comuns a todos os negócios ou a certos tipos de negócios”. Por sua vez, os requisitos de validade são as exigências que o legislador requer para que esses elementos sejam admitidos pelo direito para a validade do negócio. Assim, por exemplo, o agente é um elemento essencial do negócio jurídico. E sua ausência fatalmente levará à inexistência do negócio jurídico. Por sua vez, exige o legislador que esse agente seja capaz. Sem esse predicado exigido por lei para a validade do negócio jurídico, ele existirá, mas não será válido. Por fim, os fatores de eficácia são todas as circunstâncias que podem influenciar a eficácia de um negócio jurídico. Como regra geral, todo negócio jurídico existente e válido produz efeitos.
Conforme o Art. 157 , caput , CC . Anulação do contrato requer sob os termos do Art.171, II 
“A rt. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei , é anulável o negócio jurídico: 
 II. por vício resultante de erro, dolo , coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores .”
Para a configuração do estado de coação, não necessita de uma analise tão profunda do texto legal : “Art. 171, II. Para caracterizar o entendimento ao estado de coação, basta apenas a leitura na essência do instituto, que se baseia, sobretudo , na noção de necessidade e coação. A participante assume a obrigação e assina o contrato, coagida, sem uma leitura do contrato para auxiliá-la no entendimento do conteúdo que assinaria. Portanto foi conduzida, coagida a celebrar negocio jurídico em que assume obrigação de fazer, sem ter conhecimento e entendimento da mesma.
Portanto, “a situação de necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva sem a real razão” (GONÇALVES , 2005, p. 392) .
Que fica caracterizado no exposto dos fatos . Ainda fica evidente a lesão causada a requerente pela preeminente necessidade que a pôs numa prestação desproporcional por não ter tido uma leitura para o entendimento do contrato conforme o A r t. 157 , caput , CC . Anulação do contrato requer sob o s termos do Art.171, II “A rt. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei , é anulável o negócio jurídico: II. por vício resultante de erro, dolo , coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores .”
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I – interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
II – concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se rera a declaração de vontade, desde que tenha inuído nesta de modo relevante; 
III – sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.O erro é substancial quando a falsa percepção da realidade influenciar a própria iniciativa de realizar o negócio jurídico. Ou seja, quando o sujeito, se conhecesse perfeitamente a realidade, sequer teria realizado o negócio jurídico. O artigo 139 enumera as hipóteses em que o erro se reputa substancial. A primeira delas é quando recair sobre a natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais (inc. I). É o que ocorre, por exemplo, quando uma pessoa imagina estar vendendo uma casa e a outra acredita que a está recebendo por doação (natureza do negócio). Ou quando alguém imagina que está adquirindo um terreno e recebe outro em seu lugar (objeto principal). Ou ainda quando imagina que está comprando uma vaca leiteira quando, em verdade, a vaca é para corte (qualidade essencial). Em tais hipóteses, o erro essencial incide sobre o objeto do negócio jurídico. Pode ocorrer, entretanto, que o erro essencial recaia sobre a pessoa a quem a declaração de vontade de refere (inc. II). Em tal hipótese, o erro poderá incidir sobre a identidade ou a qualidade da pessoa, desde que isso seja essencial ao negócio jurídico. É o que ocorre, por exemplo, quando uma pessoa pensa estar se associando a outra de ilibada reputação, quando, em verdade, essa pessoa apresenta traços de comprovada inidoneidade (qualidade essencial). Ou ainda quando a pessoa imaginou encomendar uma obra de determinado artista plástico e, em verdade, fez a encomenda para outra pessoa. Os vícios quanto à identidade ou qualidade da pessoa costumam ganhar particular relevância no direito de família. Por fim, o erro de direito também será essência quando, não implicar em recusa à aplicação da lei e for o motivo único ou principal do negócio jurídico (inc. III). O primeiro pressuposto para a caracterização do erro essencial de direito é que ele não pode importar em recusa à aplicação da lei, afastando a incidência de norma cogente. Desconhecer a lei, entretanto, não é sinônimo de violá-la. É comum ocorrer que determinada pessoa seja movida a realizar determinado negócio jurídico por simples desconhecimento da lei, por exemplo, imaginando ser devedora de alguém quando, em verdade não é. É necessário, entretanto, que o esse erro de direito seja o motivo único ou principal do negócio jurídico.
DO DIREITO
Conforme o Art. 157 , caput , CC . Anulação do contrato requer sob os termos do Art.171, II 
“A rt. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei , é anulável o negócio jurídico: 
 II. por vício resultante de erro, dolo , coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores .”
DO PEDIDO
A vista do exposto propõe-se a presente ação, requerendo se digne V. Exa., ordenar a citação via postal do requerido, ou endereço eletrônico, para contestar, querendo, os termos da presente ação, acompanhando-a até final decisão, quando a mesma haverá de ser julgada como procedente, de modo a se decretada anulação do negócio jurídico mencionado, voltando-se as partes ao estado anterior, condenando-se o requerido nos efeitos sucumbenciais. Protesta-se por provar o alegado por todos os meios de provas admitidas. 
Dá-se à causa o valor de... 
Pede deferimento. 
(local e data) 
OAB

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