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14.1
A Necessidade de Capital de Giro (NCG) é a principal determinante da situação financeira de 
uma empresa, expressando o nível de recursos necessários para a manutenção do giro dos 
negócios, pois as contas utilizadas no cálculo da determinação da NCG expressam operações 
de curto prazo e de efeitos rápidos. Sendo assim, quaisquer modificações nas políticas de 
estocagem, de crédito e de compras produzirão efeitos imediatos sobre o fluxo de caixa da 
empresa.
Na avaliação de Braga (2003, p. 157):
“há necessidade de se dispor de certa quantidade de valores não comprometidos 
para poder financiar os ciclos operacionais, de forma a evitar pontos de 
estrangulamento nas operações da empresa, o que poderá trazer sérios transtornos 
aos negócios da empresa: parada ou diminuição do ritmo da produção, insolvência, 
retração de crédito bancário etc.”
As demonstrações contábeis da Cia. Lucro Certo (constantes no Capítulo 18) foram 
utilizadas neste capítulo para ilustrar a apuração da Necessidade de Capital de Giro da 
empresa, tendo como base o exercício findo em 31-12-20X3.
CAPITAL DE GIRO (CG) OU CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL)
O Capital de Giro (CG), também denominado Capital Circulante Líquido (CCL), representa a 
diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, constituindo-se em uma medida 
estática da folga financeira de que a empresa dispõe para liquidar seus compromissos de 
curto prazo. A análise deve ser realizada em conjunto com os Indicadores de Liquidez e 
Indicadores da Atividade Operacional, conjugada com o estudo do Capital de Giro Próprio 
(CGP), conforme abordado na Seção 14.6.
Adam Smith, ao utilizar a expressão capital circulante em sua obra A riqueza das nações
(1776), assim descreve a dinâmica desse importante elemento nas finanças empresariais 
(apud MELLO, 1953, p. 19):
IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste 
livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados.
11/03/2018http://e.pub/72n24mupxhtzm3axc1la.vbk/OEBPS/Text/chapter14-print-1520806022.h...
Livro: Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 
5. edição, Atlas.
“Os bens de um comerciante não lhe dão rendimento nem lucro até que os venda 
por dinheiro, e esse dinheiro de nada lhe serve senão quando novamente trocado 
por mercadorias. O seu capital sai continuamente sob uma forma, voltando de novo 
sob outra, sendo esta circulação, estas trocas sucessivas, que lhe trazem lucros. 
Este capital pode portanto muito propriamente denominar-se ‘capital circulante’. É 
este o conjunto de valores que, no dia a dia do negócio, permite o pagamento de 
dívidas, constituindo, sem dúvida, o grupo mais importante de rubricas em qualquer 
balanço. Pode, pois, dizer-se que o ativo corrente consiste naqueles valores que na 
evolução normal do negócio, pelos sucessivos passos de compra, produção e 
venda, se vão rotativamente transformando em dinheiro, permitindo o pontual 
pagamento de dívidas.” (Grifos nossos)
Como descrito por Graham e Meredith (2010):
“No capital de giro, encontra-se a medida da capacidade da empresa de executar 
seus negócios cotidianos com conforto e sem escassez financeira, de expandir suas 
operações sem a necessidade de um novo financiamento e de se recuperar de 
emergências e perdas sem incorrer em desastres.”
Por sua vez, Assaf Neto (2012, p. 195) assim descreve a importância da análise do 
comportamento do capital de giro de uma empresa:
“constitui-se no fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro de uma 
empresa. Pela análise de seus elementos patrimoniais são identificados os prazos 
operacionais, o volume de recursos permanentes (longo prazo) que se encontra 
financiando o giro, e as necessidades de investimento operacional.
O comportamento do capital de giro é extremamente dinâmico, exigindo modelos 
eficientes e rápidos de avaliação da situação financeira da empresa. Uma 
necessidade de investimento em giro mal dimensionada é certamente uma fonte de 
comprometimento da solvência da empresa, com reflexos sobre sua posição 
econômica de rentabilidade”.1
IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste 
livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados.
11/03/2018http://e.pub/72n24mupxhtzm3axc1la.vbk/OEBPS/Text/chapter14-print-1520806022.h...
14.2
A demonstração das variações ocorridas no CCL é apresentada na Demonstração das 
Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).2
No final da década de 1970, com o intuito de desenvolver métodos e sistemas gerenciais 
apropriados ao ambiente brasileiro, a Fundação Dom Cabral trouxe para o Brasil o Prof. 
Michel Fleuriet, criando um convênio de parceria com o Centre d’Enseignement Supérieur des 
Affaires (CESA – França).
Fleuriet conduziu um grupo de trabalho para desenvolvimento de um método de análise da 
dinâmica financeira das empresas, mais coerente com a realidade operacional brasileira, cuja 
abordagem permitiria, segundo ele, uma tomada rápida de decisões com a mudança do 
enfoque da análise contábil tradicional, privilegiando uma visão menos estática da empresa. 
Esse método é conhecido como Modelo Fleuriet (FLEURIET; KEHDY; BLANC, 2003), sendo 
até hoje utilizado por várias organizações empresariais, por agências de risco e instituições 
financeiras.
Essa metodologia tem como ponto de partida a reclassificação das demonstrações 
contábeis, de forma a segregar o operacional do não operacional (financeiro), para em 
seguida proceder à análise do capital de giro, da tesouraria e dos prazos, de forma a construir 
o cenário da situação financeira e patrimonial da empresa.3
ETAPAS A SEREM SEGUIDAS PARA SE DETERMINAR A NCG
Para uma melhor definição do volume de Capital de Giro necessário, inicialmente, deve-se 
proceder a uma reclassificação nas contas do AC e PC, com o objetivo de determinar o Ativo 
Circulante Operacional (ACO) e o Passivo Circulante Operacional (PCO).
O ACO é o investimento que decorre automaticamente das atividades de compra, 
produção, estocagem e venda, enquanto o PCO é o financiamento, também automático, que 
decorre dessas atividades.
As contas do Ativo Circulante Não Operacional (ACNO) e Passivo Circulante Não 
Operacional (PCNO) são aquelas que, sendo ou não de natureza financeira, não se 
relacionam diretamente com as atividades de operações da empresa.
Uma vez identificado cada um dos elementos patrimoniais ajustados, conforme passo 
anterior, é possível apurar a NCG através da seguinte fórmula:
NCG = ACO – PCO
Determinado o valor da NCG, o analista deverá proceder à interpretação da mesma 
através dos critérios constantes no Quadro 14.1:
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livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados.
11/03/2018http://e.pub/72n24mupxhtzm3axc1la.vbk/OEBPS/Text/chapter14-print-1520806457.h...
14.2.1
Quadro 14.1 Critérios de avaliação da Necessidade de Capital de Giro
ACO > PCO Situação normal na maioria das empresas. Há uma NCG para a qual a empresa pode recorrer a fontes de 
financiamentos.
ACO = PCO Essa é uma situação de equilíbrio, não muito comum. Aqui, em razão de a NCG ser igual a zero, a empresa 
não tem necessidade de financiamento para giro.
ACO < PCO Nessa situação, a empresa tem mais financiamentos operacionais do que investimentos operacionais. Isso 
evidencia sobra de recursos das atividades operacionais, os quais poderão ser aplicados no mercado 
financeiro ou para expansão de suas instalações.
Fonte: Adaptado deMatarazzo (2010, p. 284-285).
A diferença entre o ACNO e o PCNO é denominada de Saldo de Tesouraria, 
representando os recursos que não estão diretamente ligados à atividade operacional da 
empresa e cuja alteração, por consequência, poderá decorrer de fatores alheios à sua 
atividade-fim.
A manutenção de um Saldo de Tesouraria positivo nem sempre é o desejável, pois, de 
acordo com Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003, p. 14), pode significar
“que a empresa não esteja aproveitando as oportunidades de investimentos 
proporcionadas por sua estrutura de financiamento, caso em que o Saldo de 
Tesouraria ‘engorda’ por falta de uma estratégia dinâmica de investimentos”.
Outro aspecto a ser considerado relaciona-se com as situações em que a NCG de uma 
empresa é financiada com recursos de curto prazo, notadamente através de financiamento 
bancário, pois o risco de insolvência aumenta de forma considerável (FLEURIET; KEHDY; 
BLANC, 2003, p. 11). Vide ainda comentários sobre o efeito tesoura na Seção 14.3.
CASO PRÁTICO DE DETERMINAÇÃO DA NCG
Observe na Tabela 14.1 o mesmo Balanço Patrimonial da Cia. Lucro Certo (Tabelas 18.1 e 
18.2), devidamente reclassificado conforme metodologia citada no tópico anterior.
Tabela 14.1 Balanço Patrimonial da Cia. Lucro Certo considerando a classificação de 
elementos operacionais e não operacionais
Cia. Lucro Certo
Balanço Patrimonial
31-12-X3
Ativo $ mil Passivo $ mil
Disponibilidades 112.690 Duplicatas Descontadas 0
Aplicações Financeiras 2.172.195 Financiamentos (inclui debênture) 1.903.526
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Ativo Circulante não operacional 2.284.885 Passivo Circulante não 
operacional
1.903.526
Contas a Receber de Clientes 888.905 Fornecedores 1.617.966
Estoques 1.000.246 Salários e Encargos 34.635
Outros Circulantes 641.590 Impostos e Taxas (inclui IR) 155.517
Outros Circulantes 219.452
Ativo Circulante operacional 2.530.741 Passivo Circulante Operacional 2.027.570
Total do Ativo Circulante 4.815.626 Total do Passivo Circulante 3.931.096
Realizável a Longo Prazo 256.946 Exigível a Longo Prazo 2.228.367
Permanente 1.505.326 Patrimônio Líquido 418.435
Total do Ativo não Circulante 1.762.272 Total do Passivo não Circulante 2.646.802
Ativo Total 6.577.898 Passivo Total 6.577.898
O Quadro 14.2 apresenta a apuração do CCL, da NCG e o valor do Saldo de Tesouraria a 
partir dos valores do Balanço Patrimonial ajustado da Cia. Lucro Certo.
Quadro 14.2 Apuração da CCL, da NCG e o valor do Saldo de Tesouraria da Cia. Lucro Certo 
em 31-12-X3
Operacional + Não Operacional = Total
Ativo Circulante → 2.530.741 + 2.284.885 = 4.815.626
Passivo Circulante → (2.027.570) + (1.903.528) = (3.931.096)
Diferença (AC - PC) → 503.171 + 381.359 = 884.530
Conceito → NCG + Saldo de Tesouraria = CCL
A partir do desdobramento acima, temos as condições necessárias para uma análise 
detalhada de todos os fatores que determinam o Ciclo Financeiro. Nesse caso, a Cia. Lucro 
Certo necessita de $ 503.171 de Capital de Giro para financiar suas atividades operacionais. 
Observe que ela apresenta um saldo de tesouraria positivo de $ 381.359.
A decomposição do Ciclo Financeiro permite uma melhor avaliação da situação financeira 
da empresa. O analista deve estar atento, pois, além dos parâmetros financeiros (políticas de 
estoques, de crédito, de compras etc.) que determinam o Ciclo Operacional e a NCG, outros 
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fatores de ordem econômica contribuem de forma decisiva para a magnitude dos valores que 
compõem a necessidade de recursos para manter o giro dos negócios das empresas.
No exemplo citado (Quadro 14.2) percebe-se claramente que a Cia. Lucro Certo possui 
Capital de Giro suficiente para financiar sua Necessidade de Capital de Giro e um excedente 
de recursos em Tesouraria, que estão aplicados principalmente no mercado financeiro, mas 
que poderiam ser utilizados em investimentos permanentes com vistas à ampliação da sua 
capacidade operacional. O perfil de vencimento das dívidas de curto prazo com fornecedores 
e financiamentos podem ser um dos determinantes para a manutenção de tais recursos em 
Tesouraria.
Quadro 14.3 Indicadores de Atividade da Cia. Lucro Certo em 31-12-X3
Analisando conjuntamente a NCG com o Ciclo Operacional da Cia. Lucro Certo, que é 
deficitário, percebemos que a empresa deverá adotar medidas que venham a reduzir a 
quantidade de dias financiados (12 dias) conforme seus Indicadores de Atividade (Quadro 
14.3).
Os Indicadores de Atividade da Cia. Lucro Certo foram apurados no estudo do Ciclo 
Operacional constante no Capítulo 12 (Seções 12.1 e 12.2) e serão mais bem avaliados se 
forem considerados os indicadores-padrão do segmento, conforme demonstrado no Capítulo 
18 (Seção 18.5).
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14.3
Figura 14.1
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EFEITO TESOURA
O acompanhamento da evolução da NCG e do CCL é fundamental para a realização de uma 
adequada avaliação da saúde financeira de uma empresa. É comum ocorrer um desequilíbrio 
entre esses indicadores, evidenciando assim um crescimento da atividade empresarial acima 
de sua capacidade de financiamento.
Esse descompasso decorre da expansão dos negócios com uma elevada aplicação de 
recursos no capital de giro, ultrapassando o nível do CCL, que pode simplesmente ser 
apurado através do que denominamos Saldo de Tesouraria, compreendendo a diferença entre 
o Ativo Circulante Não Operacional (ACNO) e o Passivo Circulante Não Operacional (PCNO).
Representação gráfica da ocorrência de efeito tesoura.
Quando o Saldo de Tesouraria apurado for menor do que zero (negativo), isso significará 
que a empresa possui dívidas vencíveis no curto prazo, contraídas normalmente junto a 
instituições financeiras para financiar suas atividades de capital de giro.
Ocorrendo por sucessivos exercícios um crescimento da NCG superior ao do CCL, 
dizemos que ela convive com o que se convencionou chamar de efeito tesoura. À medida 
que as necessidades de giro (ACO) são financiadas por dívidas de curto prazo, há um 
aumento na diferença entre a NCG e o CCL, agravando o efeito tesoura, conforme ilustrado 
através da Figura 14.1.
Em uma situação de efeito tesoura, a empresa é incapaz de financiar adequadamente seus 
investimentos operacionais em giro, operando com recursos de maturidade incompatível com 
suas efetivas necessidades financeiras. Esse comportamento é um forte indicativo de que a 
empresa está trilhando o caminho para sua insolvência, o que exige dos gestores uma rápida 
intervenção nos prazos operacionais, renegociação do perfil de vencimento da dívida, 
alteração das políticas de concessão de crédito e nas políticas de vendas.
O efeito tesoura pode ocorrer por várias razões, conforme detalhado por Assaf Neto (2012, 
p. 204-206) e Silva (2010, p. 413-415):
Crescimento elevado do nível de atividade empresarial (overtrade) ou tendência do 
ciclo operacional deficitário.
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14.4
Decisões de imobilizações sem que haja recursos próprios ou recursos de longo prazo 
disponíveis.
Desvio de recursos do giro para imobilizações.
Sucessivos prejuízos, levando a empresa a captar recursos de curto prazo para 
financiar suas atividades.
Inflação etc.
OVERTRADE OU OVERTRADING
O overtrade ocorre quando constatamos uma situação em que a companhia esteja operando 
além de sua capacidade financeira. Nessa situação, ela não possui capital de giro suficiente 
para financiar suas atividades de curto prazo, de forma que o endividamento passa a ser o 
caminho para o financiamento dos estoques e das contas a receber, geralmente com 
vencimento no curto prazo.
Dessa forma, quando o Ciclo Operacional da empresa segue uma tendência deficitária, a 
empresa caminha para uma situação de overtrade. Nesse momento, podemos deduzir que a 
companhia entrou em um estágio pré-falimentar em decorrência da falta de equilíbrio 
financeiro, em que o volume de atividades é bastante superior ao Capital de Giro disponível. 
Percebe-se ainda que o aumento da atividade não gerou recursos suficientes para o 
pagamento das despesas financeiras, que são cada vez mais crescentes em razão das 
constantes renegociações de dívidas.
O overtrade não é um problema tão incomum, já que acontece frequentemente nos 
empreendimentos em fase de implantação ou em situações de expansão de atividades nas 
quais não se tenha realizado um adequado plano de negócios no que diz respeito às 
previsões de fluxo de caixa.
Slatter e Lovett (2009, p. 37) apresentam uma lista com sintomas e causas do declínio de 
uma empresa, e entre eles consta o exagerado nível de comercialização. Na visão dos 
autores, o overtrade acontece
“quando uma empresa cresce a um ritmo muito mais rápido do que sua habilidade 
de financiar-se internamente com o fluxo de caixa e externamente com empréstimos 
bancários. Esse descomedimento no nível das atividades pode ser resultado de um 
controle financeiro inadequado, e, neste caso, este último passa a ser mais 
especificamente a causa do declínio. Com frequência, todavia, existe um fator novo: 
a busca cega do crescimento nas vendas sem considerar se é ou não lucrativa. As 
margens são reduzidas e clientes são agregados apenas para aumentar o volume 
de vendas. Embora o exagero na comercialização seja uma característica de 
empresas em crescimento, temos visto que empresas em recuperação tendem a 
enfocar o volume de vendas, em vez de lucro ou caixa”.
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14.5
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14.6
Outras situações que sinalizam a entrada da empresa em um nível de overtrade são as 
seguintes:
Constantes quedas nos indicadores de liquidez.
Crescimento da Necessidade de Capital de Giro.
Excesso de Imobilizado em relação ao Circulante, sem uma clara justificativa.
Queda acentuada nas vendas.
Crescimento acentuado dos estoques em relação ao crescimento das vendas.
Crescente aumento do Ciclo Financeiro.
Crescente busca de financiamento junto a terceiros.
Aumento das despesas financeiras.
Dificuldades para efetuar o pagamento dos salários, fornecedores, impostos e 
despesas fixas.
Permanência de itens obsoletos no ativo imobilizado.
Alto nível de devolução de vendas.
FONTES DE FINANCIAMENTO DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE 
GIRO
As principais fontes de financiamento da Necessidade de Capital de Giro são:
Capital circulante próprio.
Debêntures.
Duplicatas descontadas.
Empréstimos bancários de curto prazo.
Empréstimos e financiamentos bancários de longo prazo.
CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO (CGP)
O Capital de Giro Próprio (CGP), diferentemente do Capital Circulante Líquido (CCL), 
representa a capacidade da empresa de financiar seu ciclo operacional com recursos próprios. 
A diferença entre o valor total dos recursos investidos no Ativo não Circulante com recursos 
próprios (Patrimônio Líquido) permite identificar o volume de carência ou folga de Capital de 
Giro da empresa.
Partindo da identificação dos elementos que compõem a fórmula de apuração do Capital 
de Giro Próprio (CGP ou simplesmente Capital de Giro – CDG), pode-se inferir sobre as 
atividades que irão afetar positiva ou negativamente as variações do Capital de Giro.
Abordando os aspectos relacionados aos financiamentos com capitais próprios, Sá (2007, 
p. 22) afirma
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“Se a empresa sustenta com capital próprio o investimento, poderá estar livre de 
descapitalizar-se ou de criar custos elevados derivados de empréstimos ou 
financiamentos, mas dependerá diretamente da maturidade da utilidade das funções 
no que investiu ou aplicou; isso enseja outro teorema:
Há uma razão inversa entre a velocidade do giro das aplicações e o quantitativo dos 
recursos próprios do empreendimento.
Isso significa que, quanto mais rápido girar o capital aplicado, menos necessidade 
de capital próprio existirá.
Assim, ao inverso, mais capital próprio tende a requerer uma empresa que precise 
de imobilizações de maior vulto.”
Por sua vez, em seu estudo sobre as variações do Capital de Giro, Olinquevitch e Santi 
Filho (2004, p. 114-115) observam que
“considerando que a obtenção da variável CDG resulta da subtração do Ativo 
Permanente do Patrimônio Líquido, podemos afirmar que todas as operações que 
impliquem em aumento das contas do Ativo Permanente, bem como as que 
impliquem diminuição do Patrimônio Líquido, reduzem o CDG.
Por outro lado, todas as operações que acarretam diminuição do Ativo Permanente 
e/ou aumento do Patrimônio Líquido, aumentam o CDG”.
A partir dessas considerações, apresentam um elenco de atividades que atuam 
diretamente sobre o nível das variações descritas.
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Atividades que enfraquecem o Capital de Giro (CDG):
prejuízos;
aquisição de ativo imobilizado;
aquisição de investimentos;
aplicações de recursos no ativo intangível;
distribuição de lucros.
Atividades que fortalecem o Capital de Giro (CDG):
lucros;
alienação de investimentos;
venda de bens do ativo imobilizado;
venda de ativos intangíveis;
aporte de recursos de sócios para aumento de capital;
depreciação.
Quadro 14.4 Apuração do Capital de Giro Pr—prio da Cia. Lucro Certo em 31-12-X3
Capital de Giro 
Próprio(CGP)
PL – ANC
ou
AC – (PC + PNC)
=     418.435 – 1.762.272     =     –1.343.837
=  4.815.626 – (3.931.096 + 2.228.367)     =     –1.343.837
Nesse caso, como o CGP foi negativo, está demonstrado que a Cia. Lucro Certo trabalha 
preponderantemente com capitais de terceiros para financiar seusativos não circulantes, os 
quais foram aplicados em Imobilizados e Intangíveis (vide Balanço na Tabela 18.1, Capítulo 
18).
Na Seção 13.1.3.3 vimos que a Cia. Lucro Certo opera com um Grau de Alavancagem 
Financeira de 2,59, pois o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) foi superior ao Retorno 
sobre os Investimentos (ROI/ROA), evidenciando que o custo da sua dívida (captação de 
recursos junto a terceiros) foi inferior ao ROI/ROA. Nesse caso os recursos alavancaram a 
empresa financeiramente, validando a estratégia da empresa em trabalhar 
preponderantemente com recursos de terceiros.
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1
2
3
_______________
Vide estudo dos Indicadores de Rotatividade/Atividade no Capítulo 12 (Seção 12.1).
A DOAR não está entre as demonstrações contábeis obrigatórias, após as recentes alterações na LSA 
introduzidas pelas Leis nos 11.638/07 e 11.941/09. Porém as empresas podem elaborá-la para fins gerenciais. 
Vide maiores detalhes sobre a DOAR no Capítulo 6 (Seção 6.1).
Recomenda-se a leitura de MARQUES, José Augusto Veiga da Costa; BRAGA, Roberto. Análise dinâmica do 
capital de giro: o modelo Fleuriet. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, nº 3, p. 49-63, 
maio/jun. 1995.
IMPRESSO POR: Everton Vasconcelos <evertonvasconcelos@contabilbr.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste 
livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados.
11/03/2018http://e.pub/72n24mupxhtzm3axc1la.vbk/OEBPS/Text/chapter14-print-1520806799.h...
	187-188 - análise da necessidade de capital de giro
	189-190 - análise da necessidade de capital de giro
	191-192 - análise da necessidade de capital de giro
	193-194 - análise da necessidade de capital de giro
	195-196 - análise da necessidade de capital de giro
	197-198 - análise da necessidade de capital de giro

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