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Finanças empresariais Módulo 3.2 1a edição Andrei Aparecido de Albuquerque Carlos César Santejo Saiani Ribeirão Preto Centro Universitário UniSEB Interativo 2011 Editorial Presidente Chaim Zaher Vice-Presidente Adriana Baptiston Cefali Zaher Diretoria Executiva Fernando Henrique Costa Roxo da Fonseca Rafael Gomes Perri Pró-reitor de Educação a Distância Jeferson Ferreira Fagundes Diretora Acadêmica Claudia Regina de Brito Coordenação Pedagógica Katia Cristina Figueira Gladis S. Linhares Toniazzo Marina Caprio Coordenação do Curso de Ciências Contábeis Andréia Marques Maciel Produção Editorial Karen Fernanda Bortoloti Marcelo dos Santos Calderaro S um ár io S um ár io Apresentação da Faculdade Interativa COC ....... 11Apresentação do Módulo ...................................... 12 Finanças corporativas ................................................ 13 Unidade 1: Introdução às finanças corporativas ................... 15 Objetivos da sua aprendizagem ....................................................... 15 Você se lembra? ................................................................................... 15 Introdução ................................................................................................ 16 1.1 Noções iniciais ..................................................................................... 16 1.2 O que são finanças corporativas ? ........................................................... 17 Atividades .......................................................................................................... 23 Leitura complementar........................................................................................... 24 Resumo ................................................................................................................... 24 Reflexão .................................................................................................................... 25 Leituras Recomendadas .............................................................................................. 25 Referências .................................................................................................................. 25 Na próxima unidade ...................................................................................................... 26 Unidade 2: Identificação dos componentes do capital de giro ................................. 27 Objetivos da sua aprendizagem ..................................................................................... 27 Você se lembra? ............................................................................................................. 27 Introdução ...................................................................................................................... 28 2.1 Capital de giro e ciclo operacional ......................................................................... 28 2.2 Capital circulante líquido (CCL) ou capital de giro líquido (CGL) ...................... 34 2.3 Custos associados à manutenção ou à falta de recursos no capital de giro ........ 37 Atividades ............................................................................................................... 43 Leitura complementar .......................................................................................... 45 Resumo ............................................................................................................ 45 Reflexão ........................................................................................................ 46 Leituras Recomendadas ........................................................................... 46 Referências ............................................................................................ 47 Na próxima unidade .......................................................................... 47 Unidade 3: Indicadores de liquidez e orçamento de caixa ...... 49 Objetivos da sua aprendizagem ............................................... 49 Você se lembra? .................................................................. 49 Introdução ....................................................................................................................... 50 3.1 Indicadores de liquidez ............................................................................................. 51 3.2 Orçamento de caixa ................................................................................................... 55 Atividades ....................................................................................................................... 59 Leitura complementar ..................................................................................................... 62 Resumo ........................................................................................................................... 63 Reflexão .......................................................................................................................... 63 Leituras Recomendadas .................................................................................................. 64 Referências ...................................................................................................................... 64 Na próxima unidade ........................................................................................................ 64 Unidade 4: Administração da concessão de crédito ................................................... 65 Objetivos da sua aprendizagem ...................................................................................... 65 Você se lembra? .............................................................................................................. 65 Introdução ....................................................................................................................... 66 4.1 A questão do crédito ................................................................................................. 66 4.2 Condições de venda .................................................................................................. 67 4.2.2 Descontos por pagamento à vista ........................................................................... 68 4.2.3 Instrumentos de crédito .......................................................................................... 69 4.3 Risco e informação ................................................................................................... 70 4.4 Decisão ótima de crédito ........................................................................................... 72 4.5 Política de Cobrança ................................................................................................. 74 Atividades ....................................................................................................................... 76 Leitura Complementar .................................................................................................... 78 Resumo ........................................................................................................................... 79 Reflexão .......................................................................................................................... 79 Leituras Recomendadas .................................................................................................. 79 Referências ...................................................................................................................... 80 Na próxima unidade ........................................................................................................ 80 Unidade 5: Decisões de investimento de longo prazo ................................................ 81 Objetivos da sua aprendizagem ...................................................................................... 81 Você se lembra? ..............................................................................................................81 Introdução ....................................................................................................................... 82 5.1 Decisões de investimento ......................................................................................... 82 5.2 Risco e retorno ......................................................................................................... 86 Atividades ...................................................................................................................... 93 Leitura complementar ..................................................................................................... 94 Resumo ........................................................................................................................... 94 Reflexão .......................................................................................................................... 94 Leituras Recomendadas .................................................................................................. 95 Referências ...................................................................................................................... 95 Na próxima unidade ........................................................................................................ 95 Unidade 6: Fontes de financiamento de longo prazo ................................................. 97 Objetivos da sua aprendizagem ...................................................................................... 97 Você se lembra? .............................................................................................................. 97 Introdução ....................................................................................................................... 98 6.1 Financiamento por recursos próprios ........................................................................ 98 6.1.1 Fontes de recursos próprios ................................................................................. 100 6.1.2 Tipos de ações ...................................................................................................... 104 6.1.3 Valor das ações ..................................................................................................... 106 6.1.4 Principais critérios de análise de ações ................................................................ 107 6.1.5 Avaliação de ações fora do contexto de uma carteira .......................................... 108 6.2 Financiamento por recursos de terceiros ................................................................. 110 Atividades ..................................................................................................................... 114 Leitura complementar ................................................................................................... 115 Resumo ......................................................................................................................... 115 Reflexão ........................................................................................................................ 115 Leituras recomendadas .................................................................................................. 116 Referências .................................................................................................................... 117 Na próxima unidade ...................................................................................................... 117 Unidade 7: Custo de capital ....................................................................................... 119 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 119 Você se lembra? ............................................................................................................ 119 Introdução ..................................................................................................................... 120 7.1 Custo de capital de terceiros ................................................................................... 120 7.2 Custo de capital próprio .......................................................................................... 122 7.3 Custo total de capital (WACC) ............................................................................... 125 Atividades .................................................................................................................... 128 Leitura complementar ................................................................................................... 130 Resumo ......................................................................................................................... 130 Reflexão ........................................................................................................................ 130 Leituras recomendadas .................................................................................................. 131 Referências .................................................................................................................... 131 Na próxima unidade ...................................................................................................... 132 Unidade 8: Estrutura de capital ................................................................................ 133 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 133 Você se lembra? ............................................................................................................ 133 Introdução ..................................................................................................................... 134 8.1 Estrutura ótima de capital ....................................................................................... 134 8.2 Teoria de Modigliani – Miller sem impostos .......................................................... 138 Atividades ..................................................................................................................... 142 Leitura complementar ................................................................................................... 142 Resumo ......................................................................................................................... 142 Reflexão ........................................................................................................................ 143 Leituras Recomendadas ................................................................................................ 143 Referências .................................................................................................................... 144 Na próxima unidade ...................................................................................................... 144 Unidade 9: Política de dividendos ............................................................................. 145 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 145 Você se lembra? ............................................................................................................ 145 Introdução ..................................................................................................................... 146 9.1 Aspectos básicos da política de dividendos ............................................................ 147 9.2 Teoria residual dos dividendos de dividendos ........................................................ 150 9.3 Relevância e irrelevância dos dividendos ............................................................... 151 9.4 Dividendo mínimo obrigatório e juros sobre capital próprio ................................. 155 Atividades ..................................................................................................................... 157 Leitura complementar ...................................................................................................158 Resumo ......................................................................................................................... 158 Reflexão ........................................................................................................................ 159 Leituras Recomendadas ................................................................................................ 159 Referências .................................................................................................................... 160 Matemática Financeira e Investimentos ....................................................... 161 Unidade 1: Introdução e juros simples ..................................................................... 163 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 163 Você se lembra? ............................................................................................................ 163 Introdução ..................................................................................................................... 164 1.1 Matemática Financeira e o valor do dinheiro no tempo ........................................ 164 1.2 Diagrama de fluxo de caixa .................................................................................... 166 1.3 Juros simples .......................................................................................................... 169 1.4 Taxa proporcional e taxa equivalente ..................................................................... 172 1.5 Equivalência de capitais ......................................................................................... 176 Reflexão ....................................................................................................................... 178 Atividades ..................................................................................................................... 178 Leitura recomendada ..................................................................................................... 180 Referências .................................................................................................................... 180 Na próxima unidade ...................................................................................................... 180 Unidade 2: Juros compostos ...................................................................................... 181 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 181 Você se lembra? ............................................................................................................ 181 Introdução ..................................................................................................................... 182 2.1 Vamos comparar com os juros simples? .............................................................. 183 2.2 Juros compostos ..................................................................................................... 186 Reflexão ........................................................................................................................ 200 Atividades ..................................................................................................................... 200 Leituras recomendadas .................................................................................................. 202 Referências .................................................................................................................... 202 Na próxima unidade ...................................................................................................... 202 Unidade 3: Desconto simples e desconto composto .................................................. 203 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 203 Você se lembra? ............................................................................................................ 203 3.1 Desconto simples ................................................................................................... 205 3.2 Desconto composto ................................................................................................ 210 3.3 Fórmulas utilizadas ................................................................................................ 213 Reflexão ........................................................................................................................ 215 Atividades ..................................................................................................................... 215 Leitura recomendada ..................................................................................................... 219 Referências .................................................................................................................... 219 Na próxima unidade ...................................................................................................... 219 Unidade 4: Matemática financeira e inflação ........................................................... 221 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 221 Você se lembra? ............................................................................................................ 221 Introdução ..................................................................................................................... 222 4.1 Taxa nominal e taxa real ........................................................................................ 223 4.2 Inflação acumulada ................................................................................................ 224 4.3 Taxa de desvalorização da moeda – TDM ............................................................ 227 Reflexão ........................................................................................................................ 228 Atividades ..................................................................................................................... 229 Leitura recomendada ..................................................................................................... 229 Referências .................................................................................................................... 229 Na próxima unidade ...................................................................................................... 230 Unidade 5: Série de pagamentos/recebimentos ........................................................ 231 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 231 Você se lembra? ............................................................................................................ 231 Introdução ..................................................................................................................... 232 5.1 Série uniforme de pagamentos postecipada ........................................................... 238 5.2 Série uniforme de pagamentos antecipada ............................................................ 242 5.3 Plano de poupança ................................................................................................ 245 Reflexão ........................................................................................................................ 247 Atividades ..................................................................................................................... 248 Leitura recomendada ..................................................................................................... 249 Referências .................................................................................................................... 249 Na próxima unidade ......................................................................................................250 Unidade 6: Sistemas de amortização de empréstimos e financiamentos ............... 251 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 251 Você se lembra? ............................................................................................................ 251 Introdução ..................................................................................................................... 252 6.1 Sistema de amortização constante – Tabela SAC ................................................. 252 6.2 Sistema de amortização francês – tabela price ..................................................... 256 6.3 Sistema de amortização americano – tabela saa .................................................... 262 Reflexão ........................................................................................................................ 264 Atividades ..................................................................................................................... 264 Leitura recomendada ..................................................................................................... 265 Referências .................................................................................................................... 265 Na próxima unidade ...................................................................................................... 265 Unidade 7: Análise de investimentos ......................................................................... 267 Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 267 Você se lembra? ............................................................................................................ 267 Introdução ..................................................................................................................... 268 7.1 Método do valor presente líquido – VPL .............................................................. 269 7.2 Taxa interna de retorno – TIR (ou IRR) ................................................................. 273 7.3 Payback simples ..................................................................................................... 275 Reflexão ........................................................................................................................ 277 Atividades ...........................................................................................................................277 Leitura recomendada ...........................................................................................................279 Referências ..........................................................................................................................279 Na próxima unidade ............................................................................................................280 Unidade 8: Matemática financeira e títulos de renda fixa .............................................281 Objetivos da sua aprendizagem ..........................................................................................281 Você se lembra? ..................................................................................................................281 Introdução ...........................................................................................................................282 8.1 Na prática .....................................................................................................................283 Reflexão ..............................................................................................................................299 Leitura recomendada ...........................................................................................................299 Atividade .............................................................................................................................299 Na próxima unidade ............................................................................................................300 Unidade 9: Avaliação de ações .........................................................................................301 Objetivos da sua aprendizagem ..........................................................................................301 Você se lembra? ..................................................................................................................301 Introdução ...........................................................................................................................302 9.1 Fundamentos da avaliação ...........................................................................................303 Reflexão ..............................................................................................................................310 Atividades ...........................................................................................................................310 Leituras recomendadas ........................................................................................................ 311 Referências ......................................................................................................................... 311 Considerações finais ............................................................................................................312 Apêndice ............................................................................................................................312 A pr es en ta çã o A pr es en ta çã o A pr es en ta çã o A pr es en ta çã o O UniSEB Interativo Prezado(a) acadêmico(a) Bem-vindo(a) ao Centro Universitário UniSEB Interativo. Temos o prazer de recebê-lo(a) no novo segmento desta instituição de ensino que já possui mais de 40 anos de experiência em educação. O Centro Universitário UniSEB Interativo tem se des- tacado pelo uso de alta tecnologia nos cursos oferecidos, além de possuir corpo docente formado por professores experientes e titulados. O curso, ora oferecido, foi elaborado dentro das Diretrizes Curriculares do MEC, de acordo com padrões de ensino superior da mais alta qualidade e com pesquisa de mercado. Assim, apresentamos neste material o trabalho desenvolvido pelos professores que, por meio da tecnologia da informação e comunicação, proporciona ensino inovador e sempre atualizado. Este livro, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e a teleaula integram a base que visa transmitir os conhecimentos necessários à sua formação, além de auxiliá-lo(a) nos estudos e incentivá-lo(a), com as indi- cações bibliográficas de cada unidade, a fim de aprofundar cada vez mais o seu saber. Procure ler os textos antes de cada aula para poder acompanhá-la melhor e, assim, interagir com o professor nas aulas ao vivo. Não deixe para estudar no final de cada módulo somente com o objetivo de passar pelas avaliações; procure ler este material, realizar outras leituras e pesquisas sobre os temas abordados e estar sempre atualizado, afi- nal, num mundo globalizado e em constante transformação, é pre- ciso estar sempre informado. Procure dedicar-se ao curso que você escolheu, aprovei- tando-se do momento que é fundamental para sua formação pessoal e profissional. Leia, pesquise, acompanhe as aulas, realize as atividades on-line, desta maneira você estará se formando de maneira responsável, autônoma e, cer- tamente, fará diferença no mundo contemporâneo. Sucesso! A pr es en ta çã o Apresentação O Módulo 3.2 A atividade financeira é tão importante para as empresas que ela praticamente se confunde com a palavra gestão. Em verdade, para que uma empresa seja administrada de forma adequada, é fundamental o conhecimento do seu perfil e de suas características financeiras. Neste trabalho, en- tram em foco as Finanças Empresariais, que tratam dos te- mas relativos à perspectiva financeira das organizações. Estaé uma área que tem um amplo campo de atuação, bem como um grande potencial de vagas para novos profissionais. Na disciplina de Finanças Corporativas, você conhecerá os con- ceitos teóricos das principais decisões financeiras a que uma empresa está sujeita, bem como os mecanismos que podem ser utilizados de forma a ga- rantir o grande objetivo da administração financeira. Serão tratados assuntos de âmbito das finanças de curto prazo, como capital circulante líquido, índices de liquidez, orçamento de caixa e política de crédito; também serão abordados temas relativos às finanças de longo prazo, como investimento e financiamento de longo prazo, custo e estrutura de capital e políticas de dividendos. As diversas unidades deste material permitirão que você tenha um conhecimento amplo desse campo de atuação e marcarão o início de sua formação como gestor financeiro, possibilitando que você conheça os principais temas relacionados à Contabilidade. O curso de Ciências Contábeis da Faculdade Interativa COC possui, dentre várias disciplinas, algumas relacionadas com a Matemática. São elas: Matemática Básica, Matemática Aplicada à Contabilidade, Estatística Aplicada à Contabilidade e a Matemática Financeira. Como uma continuação, os concei- tos de uma podem ser utilizados na outra. Muitos alunos ficam inseguros com relação à Matemática. Mas, aqui, a sensação pode ser diferente. Nós temos que aprender Matemática para obter o diploma de Bacharel em Ciências Contá- beis, por isso vamos enfrentá-la! Vamos todos aprender a gostar da Matemática para que o aprendiza- do seja prazeroso. Imagine que você descobrirá como os bancos cobram os juros. Irá saber se suas aplicações realmente são lucrativas economi- camente. Já os comerciantes entenderão como os bancos descontam seus títulos a receber etc. De forma interdisciplinar, a Matemática calcula valores ($) e taxas (%) no decorrer do tempo. É importante ter em mente que esse material possibilita a você ter um horizonte de estudos. No entanto, para sua forma- ção, é importante que você vá além dele, buscando livros e artigos acadêmicos que complementem as lacunas do seu conhecimento. Seja bem-vindo ao mundo das finanças das empresas. Bons estudos! A pr es en ta çã o Finanças corporativas Prezado(a) Estudante, Seja bem-vindo à disciplina Finanças Corpo- rativas. Essa é uma área importante para toda e qualquer empresa e, portanto, com forte potencial de acolhimento de novos profissionais como você, que, com certeza, poderá torna-se um grande administrador financeiro ou atuará disponibilizando informações para este profissional. A sobrevivência das empresas depende da qualidade das decisões financeiras tomadas por seus gestores. Não é surpresa di- zer que as decisões com teor de longo prazo têm importância ainda mais elevada, mas não subestimando as decisões referentes a curto prazo. Nesta disciplina, serão vistos alguns elementos das finanças de curto prazo e outros das finanças de longo prazo. Assim, a estrutura do trabalho está dividida da seguinte forma: Na unidade 1, estão os aspectos introdutórios à disciplina Finanças Corporativas. Do que se trata esse tema, qual seu campo de ação e qual o perfil de atuação do administrador financeiro são pontos a ser trabalhados neste capítulo. Em seguida, começam a ser explorados os aspectos relativos a finanças corporativas de curto prazo. A unidade 2 trabalha na identifi- cação dos componentes do capital de giro, trata do capital circulante líquido, tema muito relevante para a gestão financeira de curto prazo das empresas, e finaliza com as políticas de financiamento do capital de giro. A unidade 3 trata da gestão da liquidez das empresas. Nela serão trabalhados os indicadores de liquidez e uma ferramenta de gestão financeira de curto prazo, o orçamento de caixa. Os aspectos referentes à administração de concessão de crédito serão tratados na unidade 4. Nela serão vistas questões como condições de venda, decisão ótima de cobrança e política de crédito. Posteriormente, U ni da de 1 começarão a ser vistos os assuntos relacionados às finanças de lon- go prazo. Na unidade 5, serão verificadas as principais características re- lacionadas às decisões de investimento de longo prazo.Ainda nesta unidade, você encontrará a discussão sobre a relação risco e retorno, tão importante para a atuação dos administradores financeiros. Com base nos investimentos a serem realizados, é necessário identificar as fontes de financiamento de longo prazo disponíveis às empresas. Isto será o conteúdo da unidade 6, que discute as fontes provenientes de recursos próprios e de recursos de terceiros. Depois de conhecer as origens de recursos, na unidade 7, você aprenderá a calcular o custo de cada um desses capitais e também o custo total de capital de uma empresa. A unidade 8 trará o conceito e as teorias relacionadas à estru- tura de capital, um dos temas mais relevantes da área financeira e que suscita fortes discussões. Finalizando nosso conteúdo, na unidade 9, será explorado o tema política de dividendos, assunto que trata de como deve ser exe- cutado o pagamento aos sócios. Encerra-se o conteúdo, mas apenas se inicia sua jornada de atuação como um administrador financeiro. Bons estudos! Prof. Me. Andrei Aparecido de Albuquerque U ni da de 1 Introdução às finanças corporativas Esta unidade tem uma perspectiva mais in- trodutória no estudo de Finanças Corporativas. Nela estão abordadas as questões iniciais para en- tendimento do contexto e da atuação desse campo de estudo. Objetivos da sua aprendizagem O objetivo principal dessa unidade é fornecer a você, aluno, uma visão geral do universo da disciplina Finanças Cor- porativas. Ao final dele, você terá uma noção ampla das suas pos- sibilidades de atuação profissional, além de entender o escopo de tomadas de decisões que são inerentes ao profissional atuante na área financeira. Ainda nessa linha, um objetivo secundário pode ser enten- dido como a compreensão do perfil de atuação do chamado administra- dor (ou gestor) financeiro. Você se lembra? Você se lembra qual é a principal função da Contabilidade? Será que é apenas atender às determinações do fisco? Ou será apenas uma área burocrática da empresa? A mais nobre função da Contabilidade é fornecer informações que sejam úteis para a tomada de decisão. Todo gestor financeiro, ou seja, aquele profissional responsável pelas decisões financeiras a que a empresa está sujeita, necessita das informações for- necidas pela área contábil, daí compreender os anseios e as necessi- dades desse profissional é algo fundamental. Portanto, aproveite ao máximo os conceitos disponíveis nessa unidade. 16 Finanças corporativas Introdução Nesta unidade, são tratados os aspectos iniciais referentes às fi- nanças corporativas, sendo eles os que servem de base para a sequência utilizada nas unidades posteriores deste trabalho. São tratados aspectos referentes ao modelo básico da empresa com base no balanço patrimonial e nas principais decisões financeiras a que uma organização está sujeita. Por que esta unidade é importante? Com o estudo desta unidade, você será capaz de entender os princí- pios fundamentais do universo das Finanças Corporativas, conhecimento primordial para entender os fundamentos da geração de valor, objetivo primordial das empresas e que você, aluno, auxiliará a atingir com sua atuação profissional. Noções iniciais1.1 O conteúdo desta unidade está baseado na sequência lógica estabe- lecida por Ross, Westerfield e Jaffe (2002). Suponha que uma empresa popularmente conhecida tenha um fatu- ramento anual por volta de R$ 10 milhões. No início de suas operações, esta empresa tomou um empréstimo de R$ 500 mil de um determinado banco, deixando as respectivas garantias necessárias para essa operação. No momento atual, a direção financeira da empresa reconhece que seufinanciamento original foi muito pequeno. A empresa deseja, então, ex- pandir suas atividades para outras áreas de atuação, a longo prazo. Porém, atualmente, ela possui um problema de fluxo de caixa que lhe impede de comprar inclusive R$ 50 mil de matéria–prima, para que possa atender às encomendas de final de ano. O exemplo ilustrado demonstra as preocupações básicas nas finanças cor- porativas, sendo elas, conforme Ross, Westerfield e Jaffe (2002), as seguintes: Qual estratégia de investimento a longo prazo deverá ser adotada?1. Como poderão ser levantados recursos para financiar os inves-2. timentos necessários? Qual fluxo de caixa a empresa deverá ter no curto prazo para 3. pagar suas contas? É necessário acrescentar que estas não são as únicas questões em finanças corporativas, no entanto elas estão entre as mais importantes pre- ocupações para a administração financeira. 17 E A D -1 0 -C C 3 .2 Introdução às finanças corporativas - Unidade 1 O administrador financeiro determina a combinação e os tipos de ativos que fazem parte do balanço patrimonial da empresa. Tal atividade está relacionada ao lado esquerdo do balanço. A composição refere-se ao montante de recursos aplicados em ativos circulantes e em ativos não circulantes (permanentes ou fixos). Depois de definir essa composição, o administrador financeiro deve fixar e tentar manter níveis ótimos para cada tipo de investimento. Pode-se dizer que a empresa é uma unidade tomadora de decisão. No âmbito financeiro, essas decisões podem ser divididas em dois gru- pos: decisões de investimento e decisões de financiamento. Essa ques- tão ficará mais clara na exposição realizada na sequência da unidade. O que são finanças corporativas ?1.2 Num exemplo semelhante ao utilizado por Ross, Westerfield e Jaffe (2002), suponha que se decida abrir uma em- presa de produção de bolas de futebol. Com essa finalidade, são contratados administradores para comprar matéria- prima, além disso monta-se uma equipe de funcionários para produzir e comercia- lizar as bolas de futebol. Utilizando uma terminologia (linguajar) financeira, estaria sendo feito um investimento em ativos, como estoques, máquinas e terrenos. Contrabalançando o dinheiro aplicado em ati- vos, haverá uma quantia idênt ica de dinheiro gerado por algum fi- nanciamento. Come- çando a vender bolas de futebol, essa empresa irá gerar dinheiro. Configura- se, assim, a base de criação de valor. “A finalidade da em- presa é criar valor para seu proprie- tário. O valor está refletido no modelo básico da empresa da empresa representado por seu balanço patrimonial.” (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2002). Ou finanças de empresas Gi no sp ho to s / D re am st im e. co m Introdução às finanças corporativas - Unidade 1 18 Finanças corporativas O modelo da empresa com base no balanço patrimonial1.2.1 Imagine que seja tirada uma “fotografia” financeira da empresa e suas respectivas atividades em determinado instante. A figura seguinte apresenta uma visão gráfica do balanço patrimo- nial para ajudar a compreender o que é finanças corporativas. Ativos circulantes Passivos circulantes Exigível a longo prazo Patrimônio líquido Ativos fixos 1. Ativos fixos tangíveis 2. Ativos fixos intangíveis Valor total dos ativos Valor total da empresa para os investidores Capital circulante líquido Ross, Westerfield e Jaffe (2002) Do lado esquerdo estão os ativos da empresa, os quais podem ser classificados como circulantes e fixos (permanentes). Ativos fi- xos, ou permanentes, são aqueles que duram por um longo período de tempo, por exemplo, um prédio. Alguns ativos fixos são tangíveis, como máquinas e equipamentos, enquanto outros são intangíveis, tais como patentes e marcas registradas. Os ativos circulantes são aqueles de curta duração, como os estoques. No exemplo citado, as bolas de futebol fabricadas e ainda não vendidas farão parte dos estoques. co rn is hm an / Dr ea m st im e. co m 19 E A D -1 0 -C C 3 .2 Introdução às finanças corporativas - Unidade 1 Conexão: Verifique o perfil de investimentos de várias empresas, pesquisando infor- mações sobre elas e, até mesmo, verificando suas demonstrações financeiras pelo site da Comis- são de Valores Mobiliários (CVM). Acesse: www. cvm.gov.br. A escolha de onde vem o dinheiro que financiará os investimentos da empresa está relacionada com o lado direito do balanço patrimonial da empresa e envolve as fontes de recursos. Essa é a decisão de financiamento da empresa. Dois enfoques sustentam esta atividade do administrador financeiro: o primeiro diz respeito às escolhas entre fontes de recurso de curto ou de longo prazo e o segundo aos custos associadas a cada opção de capital, o que impacta direta- mente o custo total de capital da empresa e, consequentemente, sua capacida- de de geração de valor. Como já mencionado a empresa pode ser encarada como uma unidade tomadora de decisão. Assim, a primeira decisão a ser to- mada é: Onde investir o dinheiro? Ou seja, deve-se tomar a decisão de investimento e, para isso, deve-se levar em consideração liquidez versus rentabilidade, isto é, o retorno e o risco.Estes temas serão tratados com mais detalhes em unidades posteriores. Porém, uma empresa antes de investir em um ativo precisa obter um financiamento, o que significa que ela deve levantar o dinheiro necessário para pagar o investimento. Assim, está refletida a decisão de financiamento da empresa, isto é, de onde obter o dinheiro para financiar suas operações. As formas de financiamento estão repre- sentadas do lado direito do balanço. Uma empresa pode emitir papéis chamados de obrigações (acordos de dívidas) ou ações (títulos de pro- priedade). Da mesma forma também ativos e passivos são classifica- dos de acordo com sua curta ou longa duração. Uma dívida de curto prazo é um passivo circulante. Essas dívidas de curto prazo são constituídas por empréstimos e ou- tras obrigações que de- vem ser liquidadas dentro de um ano. A dívida de longo prazo é a que não preci- sa ser liquidada em menos de um ano. O patrimônio dos acionistas demonstra a diferença entre o valor de ativos e passivos da empresa. Dessa forma, o patrimônio líquido trata-se de um direito residual sobre os ativos da empresa. Considerando o modelo da empresa baseado no balanço patrimo- nial, é possível perceber por que a área de finanças, conforme atestam Ross, Westerfield e Jaffe (2002), pode ser considerada como um campo que envolve o estudo das seguintes questões: 20 Finanças corporativas Em que ativos de longa duração a empresa deve investir? Essa 1. questão refere-se aos ativos, lado esquerdo do balanço. É evi- dente que o tipo e as proporções de ativos que a empresa preci- sa são decorrentes da natureza de sua atividade. De que modo a empresa pode levantar dinheiro para custear os 2. dispêndios de capital de necessários? Tal questão diz respeito aos passivos, lado direito do balanço. A resposta a essa questão concerne ao que se chama de estrutura de capital da empresa, que indica as proporções de financiamento com capital de terceiros e com capital próprio. Esse tema será abordado com mais ênfase na parte final deste trabalho. to m h1 00 0 / D re am st im e. co m 21 E A D -1 0 -C C 3 .2 Introdução às finanças corporativas - Unidade 1 3. Como devem ser gerencia- dos os fluxos de caixa em um curto prazo? Esta questão está relacionada à parte superior do balanço. Ocorre uma falta de sincronização de entradas e saídas de caixa da empresa durante as atividades operacio- nais da empresa, além disso a proporção e a distribuição dos fluxos de caixa operacionais no tempo não são conhecidas com certeza. Os administrado- res financeiros necessitam de fazer um esforço para gerir as defasagens que possam surgir em termos de fluxo de caixa.Contabilmente, a gestãode fluxos de caixa de curto prazo está associada ao capital circulante líquido da empresa. Esse tema e as questões financeiras de curto prazo serão tratados detalhada- mente nas próximas unidades. O administrador financeiro1.2.2 Geralmente, nas empresas de grande porte, a atividade financeira é associada a um alto dirigente da empresa, como vice-presidente de fi- nanças e a alguns executivos inferiores na hierarquia. A figura a seguir demonstra uma estrutura organizacional hipotética, em que se destaca a função financeira dentro da empresa. st oc kb yt e / G et ty im aG es m ik e_ ki ev / Dr ea m st im e. co m 22 Finanças corporativas Lembre-se de que a administra- ção financeira diz respeito às responsabilidades do administrador financeiro em uma empresa. Os adminis- tradores financeiros gerenciam ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, isto é, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como fazer os orçamentos, as pre- visões financeiras, a administração do caixa, a administração do crédito, a análise de investimento e a captação de recur- sos (GITMAN, 2004). Organograma Hipotético Conselho de Administração Vice-presidente de Finanças Tesoureiro Controlador Gerente de caixa Dispêndios de capital Planejamento financeiro Gerente de crédito Gerente da área fiscal Chefe de contabilidade financeira Supervisor de sistemas de informação Chefe de contabilidade de custos Presidente do Conselho e Diretor Executivo Presidente e Diretor Geral de Operações Ross, Westerfield e Jaffe (2002) Subordinados ao vice-presidente de finanças estão o tesoureiro e o controlador (controller). O tesoureiro é o profissional responsável pela gestão dos fluxos de caixa, pela toma- da de decisões de dispên- dio de capital e pela ela- boração do planejamento financeiro da empresa. O controlador é quem cuida da função contábil, em que se inclui a contabilidade fiscal, de custos e financeira, assim como os sistemas de informação. Na questão das finanças corporativas, a preocupação mais relevante é com a função e com as atividades do tesoureiro. Ross, Westerfield e Jaffe (2002) afirmam que a tarefa mais impor- tante de um administrador financeiro é criar valor a partir das atividades de orçamento de capital, financiamento e liquidez da empresa. Dessa forma, para criar valor: a) a empresa deve procurar comprar ativos que ge- rem mais dinheiro do que custam; b) a empresa deve vender obrigações, 23 E A D -1 0 -C C 3 .2 Introdução às finanças corporativas - Unidade 1 ações e outros instrumentos financeiros que gerem mais dinheiro do que custam. Essa discussão é evidenciada com mais ênfase na última unidade deste trabalho. É importante dizer que, conforme Matias (2007), as empresas estão se adequando às novas condições do mercado e é necessá- rio que ajam rapidamente, de forma que adotem estratégias baseadas numa visão global do mercado em vários aspectos. O administrador (ou gestor) financeiro deve estar estreitamente ligado a todo esse processo de ajuste à nova realidade das em- presas, principalmente porque sua atuação é base fundamental para a garantia de criação de valor, sem dúvida o objetivo principal da empresa. Atividades Escolha um conjunto de pelo menos três empresas, de preferência 01. que façam parte de ramos de atuação ou de atividade diferentes, com- parando seus investimentos (grupos de ativos) e financiamentos (passivo e patrimônio líquido). Observe se as proporções de investimento versus financiamento são semelhantes e tire suas conclusões a respeito disso. Não deixe de levar em consideração o tamanho das empresas e seus ramos de atividade. Descreva como é a hierarquia financeira na estrutura organizacional 02. da sua empresa. Existe uma estrutura formal com cargos bem definidos? As posições são mais informais? Discuta semelhanças e diferenças de sua empresa em relação às em-03. presas de seus colegas de sala. Conexão: Antes de partir para a elaboração de atividades, efetue uma leitura interessante, relacionada às decisões financeiras da empresa e também da atuação do gestor financeiro. Estude o artigo in- titulado A dinâmica das decisões financeiras, de autoria do prof. Alexandre Assaf Neto. 24 Finanças corporativas Faça uma reflexão sobre os aspectos financeiros relacionados à em-04. presa em que você trabalha. Por exemplo, levando em conta o setor em que ela atua, na sua opinião, foi uma boa decisão de investimento? Qual são as fontes de capital da sua empresa? Como você considera a decisão de financiamento da sua empresa? Leitura complementar Leia o artigo A importância da função do administrador financeiro considerando as variáveis: risco e retorno, dos autores Ricardo Zerinto Martins e Vanessa Cristhina Gatto Chimendes, publicado na Revista de Administração da Fatea, vol. 1, no 1, 2008. Veja o resumo: A importância da função do administrador financeiro conside- rando as variáveis: risco e retorno Resumo Este artigo tem por objetivo ressaltar a importância da função do admi- nistrador financeiro na busca de melhores alternativas de investimentos durante o processo decisório. As variáveis: risco e retorno estarão sempre presentes em todas as alternativas de investimentos, seja no mercado financeiro seja em inves- timentos empreendedores. Investidores e a busca incessante por retornos maiores sabem que a variável risco estará sempre presente e sabem também que trata-se de uma variável difícil de ser mensurada objetivamente. Após verificar as várias abordagens feitas pelos autores pesquisados, constatou-se que investimentos são geradores de fluxos de caixa e que é preciso saber: qual o capital a ser disponibi- lizado, por quanto tempo ele poderá ficar aplicado e qual o retorno mínimo esperado. De posse dessas informa- ções, resta identificar qual o perfil do investidor: agressivo, moderado ou conservador para se definir o risco a ser assumido. Ao longo do artigo foram feitas comparações entre duas alternativas de investimentos mutuamente excludentes, onde o administrador deve escolher uma opção apenas, que denominamos simplesmente “Ativo A” e “Ati- vo B”, para facilitar o entendimento e comparações. Conexão: Se você se interessou, leia o artigo na íntegra em: <http://www.publicacoes.fatea.br/ index.php/raf/article/view/137.> 25 E A D -1 0 -C C 3 .2 Introdução às finanças corporativas - Unidade 1 Reflexão O estudo das finanças corporativas é de suma importância, uma vez que uma boa gestão financeira tem valor vital para as empresas. Nesta unidade, foram tratados apenas aspectos fundamentais e iniciais referentes às finanças das empresas, bem como as principais questões que afligem a atuação das organizações e as principais decisões que estas devem tomar para sua atuação. Como você percebeu ao longo desta unidade, não basta apenas decidir como ou onde uma empresa deve investir seu dinheiro, ela deve também determinar de onde se originaram seus recursos, o que reflete a estreita relação entre as decisões de investimento e financiamento a que uma empresa está sujeita. No decorrer deste trabalho são tratados mais detidamente os aspectos relacionados às finanças das empresas, em que inicialmente são tratados os temas relativos às finanças de curto prazo e, em seguida, você terá acesso aos temas referentes às perspectivas finan- ceiras de longo prazo. Leituras Recomendadas Para aprofundar os temas tratados nesta unidade, recomenda-se a leitura dos seguintes livros: ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. DAMODARAN, A. Finanças corporativas: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2004. Referências MATIAS, A. B. (Coord.). Finanças corporativas de longo prazo, volume 2: criação de valor com sustentabilidadefinanceira. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007. ROSS, S.; WESTERFIELD, R.; JAFFE, J. Administração financeira: corporate finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 26 Finanças corporativas U ni da de 2 Na próxima unidade Enquanto nessa unidade foram trabalhados os aspectos essenciais do vasto campo de estudo das Finanças Corporativas, na próxima unidade serão começados os conceitos mais específicos que, pouco a pouco, apresentaremos. Aqui foram discutidas três grandes questões que fazem parte do leque de atua- ção do gestor financeiro, uma delas referia-se aos fluxos de caixa operacionais que as empresas deveriam manter em um curto prazo. A próxima unidade cen- trará seus esforços no arcabouço dessa questão. Nela você notará a pertinência do estudo e a importância da atuação nos assuntos relativos aos recursos de curto prazo da empresa, onde e como investi-los e de que fonte obtê-los. U ni da de 2 Identificação dos componentes do capital de giro Nesta unidade são abordados os componentes de um dos elementos mais importantes na gestão financeira de curto prazo das empresas, o capital de giro. Nesta unidade ainda estão focados o relevante tema capital circulante líquido (CCL) e as políticas de financia- mento de capital de giro, com a demonstração dos custos associados à manutenção ou à falta de capital de giro. Objetivos da sua aprendizagem Os objetivos desta unidade podem ser definidos da seguinte forma: Conceituar e identificar os componentes do capital de giro.1. Definir o conceito de capital circulante líquido (CCL).2. Apresentar os custos associados à manutenção ou à falta de 3. capital de giro. Você se lembra? Na unidade anterior, foram expressas as grandes questões finan- ceiras a que estão sujeitas as empresas. Você se recorda delas? Lembra-se da relacionada às questões de finanças de curto prazo? Lá se observou a preocupação que a empresa deve ter com seus fluxos de caixa opera- cionais de curto prazo, isso nada mais é que afirmar a importância dos itens da parte superior do balanço patrimonial, ou seja, os elementos do capital de giro. Saiba mais sobre esse assunto estudando essa unidade. Assim, aluno, você inicia o estudo dos temas de curto prazo das Finanças Corporativas! 28 Finanças corporativas Introdução Os elementos de giro de uma empresa são os recursos de curto prazo que podem ser convertidos em caixa dentro do ciclo operacional. As prin- cipais contas que compõem o giro da empresa estão no ativo e no passivo circulante, sendo elas: disponibilidades, valores a receber e estoques (con- tidas no ativo circulante), fornecedores, salários, encargos e empréstimos e financiamentos (contidas no passivo circulante). O capital de giro (ou capital circulante) representa as operações correntes da empresa, estando, dessa forma, contido no ativo circulante. Os componentes do capital de giro são os recursos usados para financiar a atividade operacional da empresa, desde a compra da matéria-prima até o recebimento dos valores das vendas. A importância da administração do capital de giro é, portanto, garantir a capacidade de pagamento das ope- rações e a rotatividade dos recursos, evitando, com isso, interrupções da produção por falta de estoques, não recebimento das vendas, entre outros, de forma a manter a liquidez das operações, sem perder rentabilidade. Nesta unidade são abordadas as principais características do capital de giro, sua relação com o ciclo operacional e os custos associados à ma- nutenção ou à falta de recursos nas suas contas. Por que está unidade é importante? O estudo desta unidade lhe permitirá conhecer e compreender os elementos que compõem o capital de giro. Ela também lhe possibilitará conhecer o conceito de folga financeira e o seu principal indicador: o capi- tal circulante líquido (CCL). 2.1 Capital de giro e ciclo operacional O capital de giro das empresas é composto pelas contas do ativo cir- culante relacionadas à atividade operacional de cada empresa: disponível (caixa e aplicações financeiras), valores a receber e estoques. São, dessa forma, contas que abrangem todo o ciclo operacional, o qual se inicia com a compra de matéria-prima, passa pelo período de fabricação e de venda e termina com o recebimento das vendas. O ciclo operacional é, portanto, um processo repetitivo e dinâmico, podendo ser representado da seguinte forma: 29 E A D -1 0 -C C 3 .2 Identificação dos componentes do capital de giro - Unidade 2 Ciclo operacional PME mp Início da fabricação Compra de matéria-prima Fim da fabricação Recebimento das vendas Vendas PMF PMC Reinicio do ciclo operacional PMV Em que: PME mp = prazo médio de estocagem de matéria-prima PMF = prazo médio de fabricação PMV = prazo médio de vendas PMC = prazo médio de cobrança A representação do ciclo operacional mostra que há cinco etapas no processo operacional da empresa. Inicialmente, tem-se a compra da maté- ria-prima que será utilizada pela produção e que poderá permane- cer em estoque durante um deter- minado período, o qual denomina- se prazo médio de estocagem da matéria-prima (PME mp). Em seguida, há as etapas de fabricação do produto da empre- sa, que se iniciam com o início da fabricação e são finalizadas com o produto final, havendo um intervalo de tempo entre o come- ço e o final do processo de fa- bricação necessário para obter o produto acabado, chamado prazo médio de fabricação (PMF). ry an m cv ay / ph ot oD is c / G et ty im aG es Identificação dos componentes do capital de giro - Unidade 2 30 Finanças corporativas Terminado o produto, há um período para a venda das unidades pro- duzidas, que recebe o nome de prazo médio de vendas (PMV). Uma vez realizadas as vendas, a empresa pode receber seus pagamentos à vista ou a prazo, sendo que no último caso é necessário existir o prazo médio de co- brança. O ciclo operacional termina quando a empresa começa a receber os recursos pelas vendas do período e se reinicia logo em seguida. É importante observar que os prazos de estocagem, de fabricação e de recebimento podem não existir em algumas empresas e são variáveis entre as etapas do ciclo operacional e entre diferentes empresas. Por exemplo, se uma empresa opera somente fabricando produtos por encomenda, ou seja, não possui estoques de matéria-prima, seu PME mp será nulo; o mesmo ocorre com empresas que vendem somente à vista, não possuindo PMC. Em relação à duração dos prazos, empresas que fabricam bens muito es- Jo hn F ox x / s to ck by te / Ge tt y im aG es 31 E A D -1 0 -C C 3 .2 Identificação dos componentes do capital de giro - Unidade 2 pecializados têm, em geral, mais prazo de fabricação do que empresas que produzem bens mais comuns; por exemplo, empresas que produzem barcos possuem um PMF mais longo do que empresas que fabricam televisores. Além disso, as empresa fabricantes de barcos podem ter um PMF maior do que seu PMC, ou qualquer outro tipo de diferença entre seus prazos. Outra observação importante é que, como o ciclo operacional termi- na com o início da entrada de recursos, se houver desconto de duplicatas antes de terminar o PMC, o ciclo operacional, então, finaliza-se a partir do momento em que as duplicatas começam a ser descontadas, e não somen- te com o término do PMC. Dessa forma, quanto menor for o ciclo operacional da empresa, maior será sua rentabilidade, uma vez que manter recursos financiando prazos médios muito longos entre as etapas do ciclo operacional significa que a empresa fica um intervalo de tempo demasiadamente longo sem entrada de recursos, necessitando de mais investimentos em suas atividades de giro. Como são os elementos do capital de giro que financiam as etapas do ciclo operacional, as contas do disponível, os estoques e os valores a receber também assumem diversas formas ao longo do ciclo. Por exem- plo: os recursos aplicados no ativo circulantevão para o caixa que, por sua vez, pode ser direcionado para a conta de estoques, por meio da aquisição de matéria-prima; os estoques são, em parte, consumidos no processo de fabricação, gerando estoques de produtos acabados, que são vendidos à vista, retornando os recursos para o caixa, ou a prazo, convertendo os recursos para os valores a receber, que futuramente voltarão para a con- ta caixa. Nota-se, portanto, que o capital de giro possui um processo de conversão de seus componentes muito rápido, sendo uma parte bastante dinâmica do ativo circulante. ea li sa / Dr ea m st im e. co m 32 Finanças corporativas Pela relação entre ciclo operacional e capital de giro, é possível observar duas características importan- tes dos componentes do capital de giro e bastante relacionadas entre si: Curta duração das contas1. Rápida conversão em 2. outros elementos do ati- vo circulante Assim sendo, a administração do capital de giro deve direcionar seus esforços para a maior rotação possível de seus componentes, o que é conseguido com a diminuição dos prazos entre as fases do ciclo operacio- nal, pois essa é uma forma de reduzir a imobilização de recursos em con- tas que não oferecem retorno financeiro às empresas, já que são recursos direcionados para as necessidades operacionais dela. O montante de capital de giro aplicado em cada fase do ciclo ope- racional é crescente com a evolução do ciclo, dado que as necessidades financeiras aumentam com os gastos envolvidos em cada etapa. A figura a seguir toma como base Assaf Neto e Silva (2006) e mostra a aplicação crescente do capital de giro nas diversas fases do ciclo operacional: Conforme explicam Groppelli e Nikbakht (2006), os ativos correntes em geral variam a cada mês. Durante os meses de vendas relativamente altas, as empresas elevam, de forma geral, os níveis de estoques, de contas a receber e o caixa. Em outros meses, o nível de estoques cai no caso de haver menos atividades de vendas. Ressalta-se que a manutenção de altos ou baixos níveis de estoques depende da natureza do produto. st oc kb yt e / G et ty im aG es 33 E A D -1 0 -C C 3 .2 Identificação dos componentes do capital de giro - Unidade 2 As atividades operacionais de curto prazo, comuns das empresas, são compos- tas basicamente por compra de matéria- prima, pagamento de compras, fabricação do produto, venda do produto e recebimento do dinheiro. Tais atividades geram padrões não sincronizados e incertos de entrada e saída de caixa. Eles são incertos em função das vendas e os custos futuros não serem conhecidos com certeza. Pagamento a fornecedores Necessidade acumulada de recursos ($) Financiamento do capital de giro PME mp PMF PMPF PMV PMC Ciclo operacional Recebimento da venda Fim da fabricação Início da fabricação Compra de matéria-prima Venda aDaptaDo De assaF neto e silva (2006). A compra de matéria-prima inicia o ciclo operacional, mas se a em- presa conseguir de seus fornecedores prazos para pagar suas compras, então ela terá em seu ciclo operacional o Prazo Médio de Pagamento a Fornece- dores (PMPF), destacado em vermelho na figura. A necessidade de financia- mento de seu capital de giro começa, dessa forma, com o início dos desembol- sos da empresa, o qual tem início assim que terminar seu PMPF e quando ela paga a matéria- prima adquirida. Durante o restante de seu ciclo operacional, a empresa não recebe recursos, mas a necessidade deles é crescente em cada fase em que o ciclo operacional avança. Para a estocagem de seus estoques de matéria-prima, a empresa irá necessitar de certa aplicação de recursos, os quais se somam aos gastos incorridos durante o período de fabricação, isto é, enquanto durar o PMF. Terminada a fabricação, os esforços de vendas e de cobrança, durante o PMV e PMC, respectivamente, exigem gastos adicionais também prove- 34 Finanças corporativas nientes do capital de giro. Dessa forma, com o passar das etapas do ciclo operacional, os gastos vão se somando e, com isso, os recursos necessá- rios para financiar o capital de giro também. Fica claro, portanto, que quanto mais longos os prazos entre as etapas do ciclo operacional, mais tempo a empresa ficará sem entrada de recursos, tendo como contrapartida mais gastos de capital de giro. Assim sendo, como já comentado, a boa administração do capital de giro deve concentrar esforços para encurtar o ciclo operacional. 2.2 Capital circulante líquido (CCL) ou capital de giro líquido (CGL) O capital circulante líquido (CCL), ou capital de giro líquido (CGL), é a diferença entre os recursos fornecidos pelo passivo circulante (PC) e os recursos aplicados no ativo circulante (AC). Ou seja: CCL = AC – PC Uma forma equivalente de calcular o CCL é olhar pelos recursos de longo prazo do balanço patrimonial, e não os de curto prazo, como mos- trado apresentada. Dessa maneira, o CCL também pode ser obtido pela fonte de recursos de longo prazo da empresa, composta pelas contas do passivo não circulante (PNC) e pelo patrimônio líquido (PL) em relação às aplicações de longo prazo, identificadas pelos itens do ativo não circu- lante (ANC). Dessa forma, o CCL pode ser obtido por: CCL = (PNC + PL) – (ANC) A segunda forma de cálculo do CCL mostra a diferença entre os recursos de longo prazo obtidos pela empresa e suas aplicações de longo prazo, facilitando o entendimento do conceito do CCL. Se a soma entre PL e PNC for maior do que as aplicações encontradas no ANC, nesse caso, o CCL será maior do que zero, o que indica que a empresa possui mais fontes de recursos de longo prazo do que aplicações. Sendo assim, o excesso de recursos de longo prazo é aplicado no AC, isto é, a empresa financia parte de suas aplicações de curto prazo com recursos de longo prazo. 35 E A D -1 0 -C C 3 .2 Identificação dos componentes do capital de giro - Unidade 2 Com CCL positivo, a empresa está em uma boa situação financeira, pois terá retorno mais rápido do que o vencimento de suas exigibilidades, já que investe recursos de longo prazo em contas com retorno de curto prazo. Isso mostra que o CCL representa a folga financeira da empresa, ou seja, o prazo de pagamento que a empresa tem perante seus investimentos. Logo, CCL positivo indica que a empresa possui folga financeira para fi- nanciar seu capital de giro, o que significa dizer que a empresa possui uma boa situação de liquidez para o pagamento de suas obrigações. Um exemplo de estrutura patrimonial com CCL positivo pode ser visto a seguir: Ativo Passivo CCL = R$ 20,00 AC = R$ 50,00 PC = R$ 30,00 ANC = R$ 80,00 PNC = R$ 40,00 PL = R$ 60,00 Pelo balanço acima, o CCL é de: CCL = AC – PC CCL = R$ 50,00 – R$ 30,00 = R$ 20,00 Ou CCL = (PNC + PL) – ANC CCL = (R$ 40,00 + R$ 60,00) – R$ 80,00 = R$ 20,00 Os resultados mostram que a empresa possui CCL = R$ 20,00, isto é, há mais fontes de recursos de longo prazo do que investimentos de mes- ma maturidade, sendo que o excesso é direcionado para o AC, denotando que a empresa opera com folga financeira. É importante notar que como o CCL é proveniente do PNC e do PL, não é possível saber qual dos dois grupos do passivo está de fato forne- cendo recursos para o financiamento da folga financeira da empresa ou se são provenientes de ambos. Pode-se identificar apenas que a empresa está em uma boa situação de liquidez para pagamento de suas obrigações. Por outro lado, CCL negativo mostra que a empresa usa os recursos de curto prazo do PC para financiar todas as suas contas de curto prazo do AC e parte de seus investimentos de longo prazo do AP. 36 Finanças corporativas Como exemplo, observe a seguinte estrutura patrimonial: Ativo Passivo AC = R$ 50,00 PC = R$ 70,00 CCL= – R$ 20,00 ANC = R$ 80,00 PNC = R$ 10,00 PL = R$ 50,00 Da mesma forma, o CCL pode ser calculado como: CCL = AC – PC CCL = R$ 50,00 – R$ 70,00 = – R$ 20,00 Ou CCL = (PNC + PL) –ANC CCL = (R$ 10,00 + R$ 50,00) – R$ 80,00 = – R$ 20,00 Com um CCL = – R$ 20,00 a empresa tem de utilizar parte de seus recursos do PC para cobrir seus investimentos no ANC, ou seja, ela faz investimentos com retorno de longo prazo utilizando recursos com matu- ridade de curto prazo. Isso mostra que não há folga financeira entre seus recebimentos e pagamentos, podendo haver problemas de liquidez no pagamento das contas. Entretanto, a simples constatação de CCL negativo não significa que a empresa irá à falência. Há muitas empresas que operam com baixo CCL, às vezes, até mesmo CCL negativo, como no exemplo visto acima. Certamente, as empresas que assim administram suas finanças de curto prazo trabalham sem folga fi- nanceira, mas isso pode ser um meio de não utilizar muito capital de longo prazo em seu passivo e/ou de financiar seu capital de giro somente com fontes de curto prazo, evitan- do deixar recursos de longo prazo parados durante a duração do ciclo operacional. Conexão: Para verificar o nível de capital circulante líquido (CCL) expresso pelas empresas, consulte as demons- trações das empresas listadas na BM&FBovespa e calcule esse indicador. Acesse: www. bovespa.com.br. 37 E A D -1 0 -C C 3 .2 Identificação dos componentes do capital de giro - Unidade 2 2.3 Custos associados à manutenção ou à falta de recursos no capital de giro Como discutido anteriormente, a empresa compromete parte de suas fontes de recursos no financiamento de seu capital de giro ao longo do ciclo operacional. Foi visto também que manter muitos recursos aplicados no capital de giro não é uma boa escolha na administração financeira de curto prazo, visto que durante as etapas do ciclo operacional os recursos utilizados para financiar o capital de giro não fornecem nenhum tipo de remuneração, pois entre os pagamentos da matéria-prima e o recebimento das vendas não há entrada de recursos provenientes das operações. Ao mesmo tempo, manter poucos recursos no financiamento do ca- pital de giro pode comprometer as atividades da empresa, pois pode haver paralisação do ciclo operacional devido à interrupção de alguma etapa do ciclo, como, por exemplo, a falta de estoques de matéria-prima ou o esto- que de produtos acabados, entre outros. Dessa maneira, quanto maior o investimento no capital de giro, maior será o CCL de uma empresa, logo mais recursos ela terá para financiar as fases de seu ciclo operacional, reduzindo o risco de interrupções em suas atividades por falta dos recursos necessários a cada etapa e aumentando sua capacidade de pagamento das obrigações operacionais. Em contrapartida, a empresa terá mais recursos ociosos e sem retorno durante a duração do ciclo operacional. Em outras palavras, quanto maior o CCL, maior será a folga financeira e, por- tanto, menor o risco do capital de giro, mas também com menor rentabilidade dos recursos da empresa, que poderiam ser aplicados em ativos mais rentáveis em vez de ficar parados no ciclo operacional. Esquematicamente, tem-se: ↓ CCL ⇒ ↑ risco do capital de giro, mas ↑ retorno dos recursos. Caso a empresa tenha um baixo investimento em capital de giro, ou seja, CCL pequeno, menor será sua folga financeira, o que significa que ela terá menos recursos disponíveis para financiar as fases do ciclo opera- cional, aumentando o risco de faltar os componentes essenciais para o an- damento de suas atividades e de pagamento de suas obrigações. Por outro lado, a empresa terá mais recursos disponíveis para aplicar em ativos com maior rentabilidade do que teria caso aplicasse os recursos no capital de giro. Esquematicamente, tem-se: ↓ CCL ⇒ ↑ risco do capital de giro, mas ↑ retorno dos recursos. 38 Finanças corporativas Como exemplo de diferentes investimentos em capital de giro, considere uma empresa com a seguinte estrutura patrimonial: Ativo R$ Passivo R$ Ativo circulante 40.000,00 Passivo circulante 25.000,00 Ativo não circulante 100.000,00 Passivo não circulante 30.000,00 Patrimônio líquido 85.000,00 Ativo total 140.000,00 Passivo total 140.000,00 O CCL da empresa é de: CCL = AC – PC = 40.000 – 25.000 = 15.000 Ou CCL = (PNC + PL) – ANC = (30.000 + 85.000) – 100.000 = 15.000 A empresa, nesse caso, possui CCL positivo, o que demonstra boa folga financeira, ou seja, menor risco no financiamento do capital de giro, mas também menor quantidade de recursos para serem aplicados em ati- vos mais rentáveis, gerando, assim, menor rentabilidade. Suponha agora que a mesma empresa escolha alterar sua estrutura de financiamento do capital de giro. Se a empresa optar por reduzir seu investimento em capital de giro, mas mantiver aproximadamente a mesma proporção de participação dos grupos do passivo em relação ao total e o mesmo ativo permanente, sua estrutura patrimonial será igual a: Ativo R$ Passivo R$ Ativo circulante 20.000,00 Passivo circulante 21.500,00 Ativo não circulante 100.000,00 Passivo não circulante 35.700,00 Patrimônio líquido 62.800,00 Ativo total 120.000,00 Passivo total 120.000,00 Nesse caso, o CCL da empresa será de: CCL = AC – PC = 20.000,00 – 21.500,00 = – 1.500,00 Ou CCL = (PNC + PL) – ANC = (35.700,00 + 62.800,00) – 100.000,00 = – 1.500,00 39 E A D -1 0 -C C 3 .2 Identificação dos componentes do capital de giro - Unidade 2 Caso altere sua estrutura patrimonial, a empresa deixará de ter folga financeira e, consequentemente, os riscos de financiamento de seu capital de giro aumentarão. Por outro lado, na segunda opção, a empresa poderá utilizar suas fontes de recursos de curto prazo excedentes para apli- cá-las em ativos com maior rentabilidade, o que aumentará consequentemente o retorno de seus investimentos. A decisão da administração financei- ra de curto prazo está entre optar por maior liquidez das contas do capital de giro ou por maior rentabilidade, devendo estabelecer um nível de CCL que lhe dê segurança no pagamento de suas obrigações, mas tam- bém que lhe dê boa rentabilidade de seus investimentos. Ross, Westerfield e Jaffe (2002) colocam que existem duas políticas possíveis para financiar o capital de giro. A primeira delas é chamada de política flexível, e a segunda é chamada de política restritiva. Os autores ainda dizem que a escolha do tipo de política adotada depende de custos associados ao montante empregado no capital de giro, os quais também podem ser classificados em dois tipos: custos de carregamento e custos de falta. Segundo os autores supracitados, a política flexível de curto prazo inclui manter saldos elevados em caixa, grandes investimentos em esto- ques e alto nível de contas a receber como formas para aumentar o crédito a clientes. Esses três pontos são conseguidos quando a empresa emprega grande quantidade de recursos em capital de giro, garantindo com isso elevado CCL e, consequentemente, alta liquidez, baixo risco e baixo re- torno dos recursos. Se por um lado a política flexível é mais cara para a empresa, já que exige maior disponibilidade de recursos em caixa, esto- ques e valores a receber, por outro, estimula a entrada de recursos, uma vez que as vendas serão estimuladas por elevado crédito aos consumido- res, grande disponibilidade de estoques de produtos acabados (permitindo pronta entrega) e as chances de interrupção do ciclo operacional serão extremamente reduzidas. O outro tipo de política de administração financeira de curto prazo, denominada política restritiva, envolve baixa manutenção de recursos nas contas do ativo circulante, o que significa baixa disponibilidade de recur- sos em caixa, estoques reduzidos e baixo nível de recursos mantidos nos Conexão: Veja diferentes estrutu- ras de composição de capital de giro de empresas. Consulte empresas de segmentos diferen- tes. Sugere-se o Grupo Pão de Açúcar (www.grupopaodeacucar. com.br) e a Petrobras (www. petrobras.com.br). 40 Finanças corporativas valores a receber, ou seja, vender principalmente à vista. Com
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