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1 CURSO: Licenciatura em Química DISCIPLINA: Bioquímica I- 1° semestre Profa. Dra. Maria de Lurdes Corradi C. da Silva 4ª Aula prática EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE POLISSACARÍDEOS Objetivos: •••• Demonstrar a extração e caracterização de polissacarídeos de materiais biológicos: amido de batata e glicogênio de fígado. •••• Identificar o amido e o glicogênio como carboidratos. •••• Evidenciar o amido e o glicogênio através de reações de coloração e precipitação. 1 Extração e caracterização do amido O monossacarídeo glucose é a mais importante unidade de formação de polissacarídeos na natureza. Os polissacarídeos de reserva das plantas (amido), dos animais (glicogênio) e os polissacarídeos estruturais das plantas (celulose) são formados exclusivamente de glucose. O amido encontra-se largamente distribuído no reino vegetal, sendo encontrado em sementes, tubérculos, etc. Dentro das células encontra-se na forma de grânulos, sendo característica a aparência microscópica dos amidos de diferentes fontes. Os principais constituintes do grânulo de amido são: a amilose e a amilo-pectina, polissacarídeos que diferem na estrutura molecular (verificar nos textos de Bioquímica). Quando se aquece uma suspensão de amido em água os grânulos se desintegram e formam uma solução coloidal de amido. Quando se adiciona uma solução de iodo ao amido desenvolve-se uma coloração azul, que é devida a formação de um complexo de amido com o iodo. 2 Extração e caracterização do amido da batata 2.1 Extração e preparo de uma solução de amido a) Extração: Raspar um pedaço de batata com uma faca, transferir a raspa para um béquer de 250 mL. Adicionar 100 mL de água destilada e agitar bem com um bastão de vidro. Filtrar através de gaze, recolhendo o líquido em erlernmeyer de 125 mL. Espremer a gaze. Deixar o amido depositar no fundo do erlernmeyer durante 10 minutos e, a seguir, remover cuidadosamente o líquido sobrenadante, desprezando-o. Irá sobrar no erlernmeyer um depósito de amido. b) Preparo de uma solução de amido: Manter aproximadamente 150 mL de água fervendo em um béquer de 250 mL. Acrescentar aproximadamente 50 mL de água fria ao depósito de grãos de amido obtido anteriormente e adicionar esta suspensão de amido lentamente e com constante agitação, à água fervente. Continuar o aquecimento até que se 2 forme uma solução opalescente. Depois de frio, dividir metade desta solução com outro grupo e usá-la para as experiências subseqüentes. 2.2 Reações de caracterização do amido Reativos: •••• Solução de amido recém - preparada. •••• Ácido sulfúrico concentrado. •••• Solução de Fenol 5% •••• Solução de lugol •••• Solução saturada de sulfato de amônio. •••• Álcool etílico absoluto. a) Reação de fenol ácido sulfúrico: Esta reação é utilizada para pesquisa de carboidratos em geral. O mecanismo da reação baseia-se na formação de furfural e hidroximetil-furfural pela ação de um ácido forte sobre uma pentose e hexose, respectivamente. Os compostos furfúricos reagem com o fenol formando um produto de condensação colorido. No caso do amido, inicialmente haverá hidrólise pela ação do ácido sulfúrico, com liberação de moléculas de glucose. H C C OH C HHO C OHH C OHH CH2OH O H Glucose H2SO4 3 H2O + C C O C C C O HHO-H 2C + α−naftol PRODUTO COLORIDO (hidroxi - metil - furfural) H H fenol 3 Técnica: Em um tubo de ensaio pipetar 0,5 mL de solução de amido (DILUIDA PREVIAMENTE DE 1:10), juntar 0,5 mL de solução de fenol 5% e adicionar 2,5 mL de ácido sulfúrico concentrado, num único jato. Observar a cor laranja característica da reação. b) Reação com iodo: Este teste é utilizado para a pesquisa do amido, que forma um complexo colorido com o iodo; a amilose dá origem a uma coloração negro-azulada, enquanto que a amilopectina dá origem a uma coloração vermelho-violácea. Este complexo se dissocia por aquecimento e torna a se formar quando a solução é resfriada. A explicação para este fenômeno advém do fato das cadeias lineares de amilose apresentarem uma conformação helicoidal capaz de ocluir o iodo, resultando no desenvolvimento da coloração azul-intensa típica. Para cada 6 resíduos glicosil ligados por α-(1�4) da amilose estabelece-se um passo da hélice. O aquecimento da solução de amido deve então alterar esta conformação e como conseqüência abolir a coloração resultante da interação amilose- iodo. A amilopectina apresenta uma reação semelhante, mas a formação da hélice fica em parte dificultada pelos pontos de ramificação da molécula (=ligações α-(1�6). Por esta razão a intensidade da cor I2-amilopectina é menor e seu matiz (máx. de absorção) é também diferente (violáceo-avinhado). No glicogênio, ainda mais ramificado que a amilopectina, este impedimento é maior e a cor resultante é acastanhada. Técnica: Em um tubo de ensaio pipetar 2 mL de solução de amido e adicionar 2 gotas de lugol. Notar o aparecimento de cor azul intensa. Aquecer. Observar. Resfriar o tubo em água corrente. Observar. c) Precipitação do amido 1. A 5 mL de solução de amido adicionar 5 mL de solução saturada de sulfato de amônio. Agitar fortemente e deixar em repouso por 10 minutos. Filtrar. Pesquisar, separadamente, no filtrado e no precipitado, a presença de amido pelo teste de iodo, adicionando 2 gotas de lugol ao precipitado e também no sobrenadante. 2. A 2 mL de solução de amido adicionar 5 mL de álcool etílico. Agitar. Filtrar e pesquisar amido como na experiência nº1, tanto no filtrado, como no precipitado. 3 Extração e caracterização do glicogênio hepático O glicogênio, um homopolímero de D-glucose, é o polissacarídeo de reserva dos animais e também de algumas bactérias, algas, leveduras e fungos. Aparece em abundância no fígado (até 10% do peso efetivo) e também compõe significativamente o músculo esquelético (1 a 2%). Nos hepatócitos o glicogênio aparece como grandes agregados moleculares, os grânulos ou "rosetas", formados por grânulos menores, estes por sua vez compostos de moléculas isoladas, altamente ramificadas e com peso molecular acima de 106 daltons. Os resíduos glicosil do glicogênio estão covalentemente unidos por ligações glicosídicas do tipo α-(1�4) e também, em percentual bem menor, por ligações α-(1�6) (= pontos de ramificação). Cada ramificação por ligação (1�6) ocorre isoladamente criando então uma estrutura "arborescente" para o glicogênio. 4 O glicogênio é metabolizável por dois tipos de enzimas: a fosforilase (produzindo glucose-1-fosfato) e as amilases (α, β, amiloglucosidase, isoamilase, etc), estas produzindo glucose, maltose ou oligômeros maiores. O glicogênio pode ser isolado dos tecidos por meio de digestão a quente, com solução concentrada de álcalis fortes ou a frio com solução de cloreto de mercúrio. Em ambos os métodos são preservadas as ligações glicosídicas não redutoras α-(1�4) e α-(1�6). a) Extração do glicogênio hepático com KOH a quente: Lavar bem o fígado fresco de boi, cortar em pequenos fragmentos, e pesar 5g colocando- os em um tubo de ensaio grande contendo 15 mL de KOH 5 M. Aquecer em banho-maria fervente, agitando ocasionalmente até dissolução do tecido (cerca de 15 minutos). Em seguida, colocar cerca de 40 ml de etanol gelado em um erlernmeyer e despejar, devagar, o material contido no tubo de ensaio, que já deverá estar frio, sobre o etanol gelado. O precipitado, conseqüência da adição do álcool, se aglomera em flocos. Manter no banho de gelo por cerca de 5 minutos. Centrifugar por 5 minutos a 3000 r.p.m. e eliminar o líquido sobrenadante. Redissolver todo o precipitado formado utilizando apenas 3 mL de água destilada. Reprecipitar com 10 mL de etanol gelado.Centrifugar como anteriormente e redissolver o precipitado em 10 mL de água destilada. A solução formada é opalescente e contém o glicogênio. Dividir metade desta solução com outro grupo e utilizá-la para os experimentos subseqüentes. Caracterização colorimétrica e hidrólise enzimática do glicogênio Fundamentos: Sendo um polímero D-glucose com predominância de ligações do tipo α-(1�4) e com menor percentual de ligações α-(1�6) que originam ramificações na molécula (estrutura arborescente), o glicogênio é susceptível à hidrólise enzimática pelas α amilases, como por exemplo, a salivar. A exemplo da amilose (poli-D-glucose, exclusivamente com ligações glicosídicas α- (1�4) e da amilopectina mesma estrutura que o glicogênio, mas com menor número de ligações α-(1�6) ou ramificações), o glicogênio também se complexa com o iodo, embora o faça com menor intensidade que os dois componentes do amido antes citados. Como a reatividade com o iodo depende dos segmentos lineares com ligações α-(1�4) cada passo de hélice com 6 resíduos glucosil oclue um átomo de I2 e há formação de cor. A intensidade de reação com o iodo dá-se na seguinte ordem decrescente: AMILOSE>AMILOPECTINA>GLICOGÊNIO, e as cores formadas são respectivamente: AZUL INTENSO, VIOLÁCEO AVINHADO e CASTANHO. O tratamento destes polissacarídeos com α-amilases, específicas para a hidrólise das ligações glicosídicas α (1�4), suprime então esta reatividade frente ao iodo. Reativos: •••• Solução de glicogênio a 1 mg/mL. •••• Saliva (mistura de 2 ou 3 doadores) diluída 1:10 com solução de NaCl 5mM (fonte da α-amilase salivar). Preparar misturando 0,5 mL de saliva + 4,5 mL de NaCl 5 mM. •••• Reativo do iodo 5 •••• Técnica: Numerar 6 tubos e processar a incubação como especificado: Tubo 1 2 3 4 5 6 Água destilada (mL) 0,4 0,3 0,3 0,1 0,2 -- Glicogênio 1mg/mL -- -- 0,1 0,3 0,1 0,3 Saliva diluída 1:10 com NaCl 5 mM -- 0,1 -- -- 0,1 0,1 Coloração observada Incubar à temperatura ambiente por aproximadamente 10 minutos, agitando os tubos 5 e 6 ocasionalmente. Adicionar a todos os tubos imediatamente após o tempo de incubação (começando pelos tubos 5 e 6) 1,6 mL do REATIVO DE IODO. Agitar bem. Proceder uma avaliação visual das cores. (No caso de determinação quantitativa, a leitura deve ser feita a 460 nm ou com filtro azul). Interpretar os resultados. Observações: 1) A combinação das salivas de várias pessoas cobre o risco de alguma deficiência casual. A diluição da saliva apenas com cloreto de sódio, se justifica por ser o ânion Cl- um excelente ativador da amilase salivar. A presença de tampão é dispensável, pois a amilase salivar apresenta ampla faixa de pH ótimo (de 5 até 8) e a inclusão do habitual tampão fosfato pH 7,0 geraria uma incompatibilidade com a presença de cor (CaCl2). 2) O tubo nº 2 atua com um segundo "branco" (controle da enzima), pois na coleta de saliva pós-prandial pode haver uma pequena contaminação de amido da dieta. 3) As intensidades progressivamente crescentes de cor nos tubos 3 e 4 comprovam que esta técnica colorimétrica pode ser aplicada quantitativamente, isto é, há correspondência linear entre a concentração de glicogênio e a densidade ótica. A faixa de sensibilidade do método é da ordem de 60 a 750 microgramas de glicogênio/ensaio. 4) Como a atividade amilásica é variável de indivíduo para indivíduo, com finalidade de se observar pelo menos no tubo nº 6, uma hidrólise PARCIAL do glicogênio (comparado com o tubo nº 4, hidrólise TOTAL), pode-se fazer uma variação de tempo de incubação (p.ex., desde 2 até 8 minutos). 6
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