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EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS E CURVAS NO ESPAÇO 1 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II PROF. VLADÍMIR DE AQUINO SILVEIRA AULA 01-EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS E CURVAS NO ESPAÇO Considere uma partícula em movimento em um sistema de coordenadas cartesiano bidimensional. O movimento desta partícula irá descrever uma curva, denominada trajetória. O domínio, para a análise desse movimento, será o parâmetro do tempo. Observe que essa situação é o exemplo de uma curva, em que seus pontos são localizados através de uma função vetorial (vetor posição), associada a duas funções escalares parametrizadas no tempo ou a duas equações paramétricas. O espaço vetorial sendo bidimensional vincula duas equações paramétricas para cada eixo cartesiano. A equação da curva ou da trajetória pode ser determinada através de uma relação matemática entre as equações paramétricas eliminando-se o parâmetro do tempo. A construção do esboço gráfico deve obedecer a variação do parâmetro de forma crescente, assim como, as restrições de domínio ou imagem que as equações paramétricas possam ter. Vejamos, matematicamente, como podemos entender esse exemplo: { �⃗⃗� (𝒕) = 𝒙(𝒕)�̂� + 𝒚(𝒕)�̂� 𝒙(𝒕) 𝒇𝒖𝒏çã𝒐 𝒆𝒔𝒄𝒂𝒍𝒂𝒓 𝒏𝒐 𝒑𝒂𝒓â𝒎𝒆𝒕𝒓𝒐 ′′𝒕′′ 𝒚(𝒕) 𝒇𝒖𝒏çã𝒐 𝒆𝒔𝒄𝒂𝒍𝒂𝒓 𝒏𝒐 𝒑𝒂𝒓â𝒎𝒆𝒕𝒓𝒐 ′′𝒕′′ EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS E CURVAS NO ESPAÇO 2 EXEMPLO 1: Faça um esboço gráfico da curva dada pela função vetorial �⃗⃗� (𝒕) = 𝐜𝐨𝐬 𝒕 �̂� + 𝐬𝐞𝐧 𝒕 �̂� + 𝒕�̂�, pertencente ao 𝕍(ℝ𝟑) e determine a equação da curva. RESOLUÇÃO: Sabemos que as equações paramétricas associadas as direções �̂� ; �̂� ; �̂� são as funções escalares: 𝒙(𝒕) = 𝒄𝒐𝒔 𝒕 ; 𝒚(𝒕) = 𝒔𝒆𝒏 𝒕 ; 𝒛(𝒕) = 𝒕. Sendo assim, temos: { 𝒙 = 𝒄𝒐𝒔 𝒕 𝒚 = 𝒔𝒆𝒏 𝒕 𝒛 = 𝒕 Para a determinação da equação da curva devemos encontrar a função 𝒛(𝒙, 𝒚). Para isso, devemos lembrar das principais relações que existe entre as funções seno e cosseno. Desse modo: 𝒔𝒆𝒏 (𝒕 + 𝝅 𝟐 ) = 𝒔𝒆𝒏(𝒕) ⋅ 𝐜𝐨𝐬 ( 𝝅 𝟐 ) + 𝒄𝒐𝒔(𝒕) ⋅ 𝐬𝐞𝐧 ( 𝝅 𝟐 ) 𝒔𝒆𝒏 (𝒕 + 𝝅 𝟐 ) = 𝒄𝒐𝒔(𝒕) 𝒄𝒐𝒔 (𝒕 − 𝝅 𝟐 ) = 𝒄𝒐𝒔(𝒕) ⋅ 𝐜𝐨𝐬 ( 𝝅 𝟐 ) + 𝒔𝒆𝒏(𝒕) ⋅ 𝐬𝐞𝐧 ( 𝝅 𝟐 ) 𝒄𝒐𝒔 (𝒕 − 𝝅 𝟐 ) = 𝒔𝒆𝒏(𝒕) Sabemos que 𝒛 = 𝒕 e que a relação fundamental entre seno e cosseno é: 𝒔𝒆𝒏𝟐(𝒕) + 𝐜𝐨𝐬𝟐(𝒕) = 𝟏. Desse modo, relacionando 𝒛 com 𝒙, temos: 𝒔𝒆𝒏𝟐(𝒛) + 𝐜𝐨𝐬𝟐(𝒛) = 𝟏 𝒄𝒐𝒔𝟐 (𝒛 − 𝝅 𝟐 ) + 𝐜𝐨𝐬𝟐(𝒛) = 𝟏 𝒄𝒐𝒔𝟐 (𝒛 − 𝝅 𝟐 ) = 𝟏 − 𝐜𝐨𝐬𝟐(𝒛) 𝒄𝒐𝒔𝟐 (𝒛 − 𝝅 𝟐 ) = 𝟏 − 𝒙𝟐 𝒄𝒐𝒔 (𝒛 − 𝝅 𝟐 ) = ±√𝟏 − 𝒙𝟐 EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS E CURVAS NO ESPAÇO 3 𝒛 − 𝝅 𝟐 = 𝒂𝒓𝒄 𝒄𝒐𝒔 (±√𝟏 − 𝒙𝟐) Relacionando 𝒛 com 𝒚, temos: 𝒔𝒆𝒏𝟐(𝒛) + 𝐜𝐨𝐬𝟐(𝒛) = 𝟏 𝒔𝒆𝒏𝟐(𝒛) + 𝒔𝒆𝒏𝟐 (𝒛 + 𝝅 𝟐 ) = 𝟏 𝒔𝒆𝒏𝟐 (𝒛 + 𝝅 𝟐 ) = 𝟏 − 𝒔𝒆𝒏𝟐(𝒛) 𝒔𝒆𝒏𝟐 (𝒛 + 𝝅 𝟐 ) = 𝟏 − 𝒚𝟐 𝒔𝒆𝒏(𝒛 + 𝝅 𝟐 ) = ±√𝟏 − 𝒚𝟐 𝒛 + 𝝅 𝟐 = 𝒂𝒓𝒄 𝒔𝒆𝒏(±√𝟏 − 𝒚𝟐) Somando os dois resultados, temos: { 𝒛 − 𝝅 𝟐 = 𝒂𝒓𝒄 𝒄𝒐𝒔 (±√𝟏 − 𝒙𝟐) 𝒛 + 𝝅 𝟐 = 𝒂𝒓𝒄 𝒔𝒆𝒏(±√𝟏 − 𝒚𝟐) 𝟐𝒛 = 𝒂𝒓𝒄 𝒄𝒐𝒔 (±√𝟏 − 𝒙𝟐) + 𝒂𝒓𝒄 𝒔𝒆𝒏(±√𝟏 − 𝒚𝟐) 𝒛(𝒙, 𝒚) = 𝟏 𝟐 {𝒂𝒓𝒄 𝒄𝒐𝒔 (±√𝟏 − 𝒙𝟐) + 𝒂𝒓𝒄 𝒔𝒆𝒏(±√𝟏 − 𝒚𝟐)} Sabemos que a imagem das funções trigonométricas seno e cosseno são: { −𝟏 ≤ 𝒄𝒐𝒔 𝒕 ≤ 𝟏 −𝟏 ≤ 𝒔𝒆𝒏 𝒕 ≤ 𝟏 𝒕 ∈ ℝ Desse modo podemos supor que a solução das imagens para as funções paramétricas serão: EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS E CURVAS NO ESPAÇO 4 { −𝟏 ≤ 𝒙 ≤ 𝟏 −𝟏 ≤ 𝒚 ≤ 𝟏 𝒛 ∈ ℝ Sabemos que as funções trigonométricas seno e cosseno não apresentam restrições de domínio. Desse modo, podemos escolher uma variação do parâmetro dentro do intervalo: 𝟎 ≤ 𝒕 ≤ 𝟐𝝅. Sendo assim, o esboço gráfico será: EXEMPLO 2: Faça um esboço gráfico da curva dada pela função vetorial �⃗� (𝒕) = 𝐭𝟑 �̂� + 𝐥𝐧(𝟑 − 𝒕) �̂� + √𝒕 �̂�, pertencente ao 𝕍(ℝ𝟑) e determine a equação da curva. RESOLUÇÃO: Sabemos que as equações paramétricas associadas as direções �̂� ; �̂� ; �̂� são as funções escalares: 𝒙(𝒕) = 𝐭𝟑 ; 𝒚(𝒕) = 𝐥𝐧(𝟑 − 𝒕) ; 𝒛(𝒕) = √𝒕. Sendo assim, temos: { 𝒙 = 𝐭𝟑 𝒚 = 𝐥𝐧(𝟑 − 𝒕) 𝒛 = √𝒕 Para a determinação da equação da curva devemos encontrar a função 𝒛(𝒙, 𝒚). Desse modo, teremos: EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS E CURVAS NO ESPAÇO 5 𝒚 = 𝐥𝐧(𝟑 − 𝒕) 𝒆𝒚 = 𝟑 − 𝒕 𝒕 ⋅ 𝒕𝟐 = (𝟑 − 𝒆𝒚) ⋅ 𝒕𝟐 𝒕𝟑 = (𝟑 − 𝒆𝒚) ⋅ 𝒕𝟐 𝒙 = (𝟑 − 𝒆𝒚) ⋅ 𝒕𝟐 𝒙 (𝟑 − 𝒆𝒚) = 𝒕𝟐 𝒕 = ±√ 𝒙 (𝟑 − 𝒆𝒚) Sabemos que: 𝒛 = √𝒕, então: 𝒛𝟐 = (√𝒕) 𝟐 o que implica que: 𝒛𝟐 = 𝒕, desse modo: 𝒛𝟐 = ±√ 𝒙 (𝟑 − 𝒆𝒚) 𝒛 = ±√±√ 𝒙 (𝟑 − 𝒆𝒚) Como 𝒕 > 𝟎 e 𝒕 ∈ ℝ, teremos: 𝒛(𝒙, 𝒚) = √ 𝒙 (𝟑 − 𝒆𝒚) 𝟒 Sabemos que 𝒙(𝒕) não apresenta restrições de domínio e que sua imagem é todos os reais. No entanto, 𝒚(𝒕) e 𝒛(𝒕) apresentam restrições de domínio: { (𝟑 − 𝒕 > 𝟎) ⟹ (𝟑 > 𝒕) 𝒕 > 𝟎 𝑑𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑚𝑜𝑑𝑜: 𝟎 < 𝒕 < 𝟑 EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS E CURVAS NO ESPAÇO 6 Desse modo podemos concluir que a função vetorial só existe em um intervalo limitado, para valores reais. Graficamente, teremos: EXEMPLO 3: Faça um esboço gráfico da curva dada pela função vetorial �⃗� (𝒕) = 𝐭 �̂� + 𝐭𝟐 �̂� + 𝐭𝟑 �̂�, pertencente ao 𝕍(ℝ𝟑) e determine a equação da curva. RESOLUÇÃO: Sabemos que as equações paramétricas associadas as direções �̂� ; �̂� ; �̂� são as funções escalares: 𝒙(𝒕) = 𝐭 ; 𝒚(𝒕) = 𝐭𝟐 ; 𝒛(𝒕) = 𝐭𝟑. Sendo assim, temos: { 𝒙(𝒕) = 𝐭 𝒚(𝒕) = 𝐭𝟐 𝒛(𝒕) = 𝐭𝟑 Em relação as funções paramétricas, podemos pensar em uma curva que obedeça a seguinte lei: { 𝒙 = 𝒕 𝒚 = 𝒕𝟐 {𝒛(𝒕) = 𝒕𝟑 = 𝒕 ∗ 𝒕𝟐} ⟹ {𝒛(𝒙, 𝒚) = 𝒙𝒚} EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS E CURVAS NO ESPAÇO 7 Sabemos que 𝒙(𝒕), 𝒚(𝒕) e 𝒛(𝒕) apresentam crescimento polinomial sem restrições de domínio. Desse modo, para a realização de um esboço gráfico, definiremos um intervalo para o parâmetro 𝒕. Desse modo: −𝟐 ≤ 𝒕 ≤ 𝟐 Graficamente, teremos: