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13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 1/67 A mecânica ventilatória Prof.º Bruno Curty Bergamini Descrição Dinâmica ventilatória e monitoração das propriedades mecânicas do sistema respiratório na avaliação da função respiratória. Interpretação dos conceitos para o adequado ajuste dos parâmetros ventilatórios. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 2/67 Propósito A adequada avaliação da mecânica respiratória e monitoração contínua das propriedades mecânicas do sistema respiratório é imprescindível para uma boa avaliação da função pulmonar e para os corretos ajustes dos parâmetros da ventilação mecânica invasiva e não invasiva, a fim de se evitarem danos pulmonares adicionais. Objetivos Módulo 1 Introdução à ventilação pulmonar Reconhecer aspectos básicos da ventilação pulmonar. Módulo 2 Propriedades mecânicas do sistema respiratório Reconhecer as propriedades mecânicas pulmonares e como elas afetam o funcionamento do sistema respiratório. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 3/67 Introdução O sistema respiratório apresenta diferentes funções, dentre as quais os pulmões têm a importante função de realização das trocas gasosas entre o ar inspirado e o sangue, fornecendo oxigênio aos tecidos e removendo o dióxido de carbono. Todavia, para realizar essa função, é necessária a movimentação do ar para dentro e para fora dos pulmões. Nesse sentido, conhecer as estruturas envolvidas, os movimentos realizados, as variações nos volumes e as capacidades pulmonares, além da mecânica respiratória e das propriedades mecânicas do sistema respiratório são fundamentais para adequada compreensão das funções da mecânica respiratória. Assim, em nosso estudo, iremos destrinchar a mecânica da ventilação pulmonar, as propriedades elásticas e resistivas do sistema respiratório e, finalmente, a equação fundamental do sistema respiratório. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 4/67 1 - Introdução à ventilação pulmonar Ao �nal deste vídeo, você será capaz de reconhecer aspectos básicos da ventilação pulmonar. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 5/67 Ciclo respiratório Os principais componentes osteoarticulares e musculares envolvidos na ventilação pulmonar e o ciclo respiratório Antes de explicar as propriedades mecânicas do sistema respiratório, é imprescindível reconhecer as estruturas e os mecanismos envolvidos na mecânica da ventilação pulmonar. Os componentes do sistema osteomioarticular envolvidos na mecânica respiratória podem ser representados pelas seguintes estruturas: Componentes osteoarticulares 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 6/67 Componentes musculares Componentes ósseos Esterno, 12 pares de costelas (7 costelas verdadeiras, 3 costelas falsas e 2 costelas flutuantes), 12 vértebras torácicas. Componentes articulares Articulações das costelas (costovertebrais, costocondrais, intercondrais) e articulações do esterno (manúbrio-esternal, xifoesternal e esternocostais). 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 7/67 Músculos inspiratórios primários (ativados durante a ventilação basal) Diafragma, músculos intercostais (porção paraesternais) e músculos escalenos. Músculos inspiratórios acessórios (ativados durante o esforço e em condições patológicas ou não �siológicas) Esternocleidomastóideo (ECOM), músculos escalenos, serrátil anterior, peitoral maior, peitoral menor, trapézio, latíssimo do dorso, eretores da espinha, iliocostal lombar e quadrado lombar. Músculos escalenos Apresentam atividade muscular ativa na inspiração, contribuindo para elevação da primeira e segunda costela e elevação do esterno quando próximo da capacidade pulmonar total. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 8/67 Observe uma ilustração com os principais músculos inspiratórios e expiratórios: Músculos expiratórios (ativados durante o esforço e em condições patológicas ou não �siológicas) Músculos reto abdominal, abdominal transverso, oblíquo externo, oblíquo interno. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 9/67 Representação dos principais músculos inspiratórios e expiratórios do sistema respiratório. Quando falamos sobre os músculos envolvidos nos movimentos respiratórios, devemos entender que os músculos respiratórios são do tipo esquelético estriado, que apresentam maior capacidade resistiva, maior aporte de capilares sanguíneos, elevado fluxo sanguíneo e maior capacidade oxidativa em relação aos músculos esqueléticos estriados periféricos. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 10/67 Dinâmica do ciclo respiratório Agora que já vimos os componentes osteomioarticulares envolvidos na mecânica da ventilação pulmonar, é necessário entender o ciclo respiratório. É sabido que, durante o ato de respirar (inspirar e expirar), o gradil costal realiza uma movimentação tridimensional para aumentar e diminuir o volume torácico. Didaticamente, essa movimentação do tórax pode ser dissociada em dois padrões distintos de movimento: o movimento de “braço de bomba” – que ocorre principalmente nas costelas superiores – e o movimento “alça de balde” – que ocorre principalmente nas costelas inferiores. Assim, durante inspiração, o esterno desloca-se para frente e para cima, elevando as costelas superiores (1ª até 6ª), aumentando o diâmetro anteroposterior do tórax. A comparação do deslocamento do esterno e das costelas superiores com o braço de bomba está no fato de que a extremidade anterior (esternal) move-se para cima e para fora, lembrando o movimento de bombear água. Por sua vez, o movimento alça de balde ocorre nas costelas inferiores (7ª a 10ª costelas) que durante a inspiração se movem lateralmente e para cima, ampliando o diâmetro lateral da cavidade torácica. Veja a seguir: 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 11/67 Movimento das costelas e do esterno sobre o volume torácico. É possível observar na imagem à esquerda a elevação lateral das costelas inferiores no movimento “alça de balde” promovendo o aumento do volume torácico lateralmente. Finalmente, na imagem à direita, observamos a elevação anterior do esterno – “braço de bomba” – elevando as costelas superiores, aumentando o diâmetro anteroposterior do tórax. Após compreendermos a dinâmica de movimentação do gradil torácico, iremos resumir os principais eventos que ocorrem na inspiração e expiração, respectivamente. Vamos conferir! Inspiração (entrada de ar) Expiração (saída de ar) 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 12/67 Contração do diafragma, músculos intercostais – porção esternal e músculos escalenos, com expansão e encurtamento da caixa torácica, elevação das costelas -> aumento do volume intratorácico -> a pressão intrapulmonar fica mais negativa do que a atmosférica - > entrada de ar nos pulmões, aumentando o volume pulmonar final. Trata-se de um processo ativo, involuntário ou voluntário, com gasto de energia. Relaxamento do diafragma, músculos intercostais – porção esternal e músculos escalenos, com aumento da pressão intratorácica -> redução do volume intratorácico -> aumento da pressão intrapulmonar -> saída de ar dos pulmões (até que as pressões internas se igualem com as externas), diminuindoo volume pulmonar. Tal processo pode ser ativo ou passivo, voluntário ou involuntário, dependendo do esforço expiratório. Representação da movimentação musculoesquelética durante processo de inspiração e expiração. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 13/67 Volumes e capacidades pulmonares Avaliação da função pulmonar e o estudo da mecânica respiratória Para realização da mecânica respiratória, além de compreender as funções e as estruturas do sistema osteomioarticular envolvidos, também é imprescindível compreender as propriedades mecânicas do sistema respiratório que podem ser avaliadas de maneira estática ou dinâmica. Observe a diferença: Estática Sem variação dinâmica do volume pulmonar. Dinâmica Com variação do volume pulmonar em relação ao tempo. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 14/67 Assim, ao se avaliar essas propriedades e a função pulmonar, é preciso avaliar o volume pulmonar e os possíveis fatores que possam alterá-lo. Para avaliação da função pulmonar e o estudo da mecânica, torna-se necessária a mensuração dos volumes e capacidades pulmonares e dos fatores que determinam esses volumes. Atenção! No pulmão, a quantidade de ar mobilizado pode ser avaliada pela espirometria, contudo, para determinação do volume de ar não mobilizável, é necessária a realização da prova de função pulmonar pela técnica de diluição de hélio ou pela pletismografia pulmonar. Na espirometria, o indivíduo insere um bocal que está ligado a uma espécie de campânula invertida preenchida com ar ou oxigênio. O volume da campânula e o volume das vias respiratórias do indivíduo criam um sistema fechado, uma vez que a campânula é suspensa em água. A campânula é conectada, por meio de um sistema de polias, a uma pena que se move quando a campânula sobe e desce. A pena é posicionada para escrever em um papel preso a um tambor que gira a determinada velocidade. O movimento da pena é registrado em um papel, calibrando-se de acordo com a variação de volume. Assim, ao realizar a inspiração, o ar move-se para dentro dos pulmões e o volume da campânula diminui, e a pena sobe no traçado, registrando a variação de volume inspirado; na expiração, o volume da campânula aumenta e a pena desce no traçado. O traçado resultante é denominado espirograma. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 15/67 Representação de um espirômetro tradicional. Como vimos, a avaliação do volume de gás não mobilizável nos pulmões pode ser feita pela técnica de diluição de hélio ou pletismografia pulmonar. No método de diluição de hélio, utiliza-se da lei da física para mensuração das massas, pois sabemos que o hélio é um gás virtualmente insolúvel no sangue, o que o impede de escapar dos alvéolos para a corrente sanguínea. Logo, antes de conectar o paciente ao espirômetro, volume e concentração de hélio no aparelho são mensurados. Em seguida, o paciente é conectado ao espirômetro e, à medida que o paciente respira, o gás hélio vai passando para o pulmão, havendo queda no registro de sua concentração no sistema, até ficar em equilíbrio no sistema equipamento-pulmão. Assim, através da lei de concentrações das massas, o aparelho mensura o valor da CRF (Capacidade Residual Funcional), o que possibilita avaliar o volume de gás não mobilizável nos pulmões. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 16/67 Finalmente, a pletismografia pulmonar é baseada no princípio da lei de Boyle- Mariotte, que afirma que, em condições isotérmicas, um volume de gás varia em proporção inversa à pressão a que está submetido, sendo constante o produto de volume pela pressão de um gás. Para medida da CRF, após equipamento estar aquecido e devidamente calibrado, o paciente é orientando a sentar-se confortavelmente na câmara, conectar-se ao bocal e respirar calmamente, até que um nível expiratório final estável seja alcançado. Assim, quando estiver na CRF, o obturador é fechado na expiração final por 2 a 3 segundos, e o paciente é instruído a realizar uma série de respirações vigorosas, de forma suave, permitindo que o ar no tórax seja comprimido e descomprimido. Medida do volume pulmonar pela técnica da plestimografia. Após uma série de 3 a 5 manobras de respiração, o obturador é aberto e o paciente realiza, preferencialmente, uma manobra de expiração forçada para o registro do 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 17/67 volume de reserva expiratório (VRE), seguida por uma manobra de capacidade vital lenta. Neste método, a determinação da CRF é feita pela lei de Boyle-Mariotte, em que P1 X V1 = P2 X V2, (fases 1 e 2 referem-se ao estado do gás antes e depois da compressão ou descompressão). Medida do volume pulmonar pela técnica de diluição de hélio. Conceituação dos volumes e capacidades pulmonares Os volumes pulmonares são subdivisões da quantidade máxima de ar presentes no pulmão ao final de inspiração máxima. Os volumes pulmonares conhecidos são 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 18/67 nomeados como: Volume Corrente (VC), Volume de Reserva Inspiratória (VRI), Volume de Reserva Expiratória VRE) e Volume Residual (VR). A seguir, são conceituados cada um dos volumes pulmonares. Volume Corrente (VC) Volume de ar inspirado e expirado durante cada ciclo respiratório normal, ventilando de forma tranquila e espontânea. Seu valor é de aproximadamente 500ml. Volume de Reserva Inspiratória (VRI) Volume máximo de ar que pode ser mobilizado (inspirado), adicionalmente, de forma voluntaria, ao final de uma inspiração normal e espontânea. O volume mobilizado é de aproximadamente 3000ml. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 19/67 Volume de Reserva Expiratória (VRE) Volume máximo de ar que pode ser mobilizado (expirado), voluntariamente, ao final de uma expiração normal e espontânea. Após o término do VC expirado, é possível mobilizar adicionalmente mais 1100ml, que corresponde ao VRE. Volume Residual (VR) Volume de ar que permanece no interior do pulmão após uma expiração máxima voluntária, ou seja, corresponde ao volume de ar não mobilizável. Seu valor é de, aproximadamente, 1200ml. As capacidades pulmonares são descritas a partir da soma de dois ou mais volumes pulmonares e são descritas como: Capacidade Inspiratória (CI), Capacidade Residual Funcional (CRF), Capacidade Vital (CV) e Capacidade Pulmonar Total (CPT). A seguir, vamos conceituar cada uma das capacidades pulmonares. Confira! Capacidade Inspiratória (CI) Q tid d á i d i i d l t i t ti d fi l d i ã 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 20/67 Quantidade máxima de ar inspirado, voluntariamente, a partir do final de uma expiração espontânea. Representa a soma do volume corrente inspiratório com o volume de reserva inspiratória. A capacidade de ar mobilizado na CI é de, aproximadamente, 3500ml. Capacidade Residual Funcional (CRF) Quantidade de ar que permanece nos pulmões ao final de uma expiração normal, espontânea e tranquila. Corresponde a soma do VRE com VR. A capacidade de ar armazenado na CRF é de, aproximadamente, 2300ml. Capacidade Vital (CV) Quantidade máxima de ar que pode ser mobilizado, podendo ser medido no final de uma inspiração máxima forçada ou expiração máxima forçada. É a quantidade máxima de ar que podemos mobilizar ativamente e corresponde à soma do VC, VRI e VRE. O volume de ar mobilizado na CV é de, aproximadamente, 4600ml. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html#21/67 Observe os volumes e as capacidades do sistema respiratório no gráfico: Gráfico: Volumes e capacidades do sistema respiratório. A razão VR/CPT pode ser um indicador da funcionalidade pulmonar e pode ser usada para distinguir diferentes tipos de comprometimentos pulmonares. Em indivíduos Capacidade Pulmonar Total (CPT) Quantidade de ar que permanece nos pulmões ao final de uma inspiração máxima forçada. É a soma de todos os volumes pulmonares possíveis e seu valor é de, aproximadamente, 5800ml. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 22/67 saudáveis, seu valor médio é de 0,25, ou seja, 25% do volume pulmonar total fica retido nos pulmões. Valores elevados podem ocorrer devido a um comprometimento obstrutivo – elevação do VR – ou comprometimento restritivo – redução da CPT. Pressões do sistema respiratório Pressão pleural, pressão alveolar e pressão transpulmonar Além do conhecimento prévio de volumes e capacidades pulmonares para uma adequada avaliação da ventilação pulmonar e análise das propriedades mecânicas do sistema respiratório e, assim, da mecânica respiratória, também é importante compreendermos os conceitos de pressão pleural (intrapleural), pressão alveolar e pressão transpulmonar (transmural). A seguir, iremos conceituar cada uma dessas pressões. Pressão pleural ou pressão intrapleural 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 23/67 Pressão encontrada no interior da cavidade pleural durante o ciclo respiratório. Em indivíduos saudáveis, essa pressão será sempre negativa, permitindo a aderência entre a pleura visceral (reveste externamente o pulmão) e a pleura parietal (reveste internamente a caixa torácica) devido a oposição das forças de retração elástica do pulmão e de expansão da caixa torácica. Na inspiração, ela torna-se mais negativa (-7,5cmH2O), contribuindo para expansão pulmonar e, na expiração, ela assume valores menos negativos (-5cmH2O), possibilitando a retração pulmonar. Pressão existente no interior dos alvéolos durante o ciclo respiratório, correspondendo ao somatório das pressões de retração elástica do tecido pulmonar e pleural. Nos indivíduos saudáveis, respirando em ar ambiente, durante o ciclo respiratório, para que o entre nos pulmões, a pressão alveolar deve ser inferior à pressão atmosférica, possibilitando um fluxo de ar do ambiente externo para o interior dos pulmões. Por sua vez, durante a expiração, a pressão alveolar é superior à pressão atmosférica, permitindo o descolamento do ar para fora dos pulmões. Pressão alveolar 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 24/67 Pressão resultante da diferença entre a pressão alveolar e da pressão pleural, representando a força de expansão dos pulmões. A seguir, veja uma imagem com a relação entre as pressões já estudadas: Relação entre as pressões pulmonares. Pp, pressão transpulmonar; Ppl, pressão pleural; Pel, pressão elástica; PA, pressão alveolar. Pressão transpulmonar (transmural) 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 25/67 Controle neural central e periférico da ventilação Controle nervoso da ventilação Vimos que a função primordial do sistema respiratório é garantir as trocas gasosas, permitindo o aporte suficiente de oxigênio para garantir um adequado metabolismo, principalmente no que se refere à produção de energia. Para isso, torna-se imprescindível um adequado controle intrínseco da ventilação no gerenciamento do equilíbrio entre os gases concernentes à respiração (O2, CO2 e N2,), ou seja, a homeostasia dos gases do sangue. Um adequado equilíbrio desses gases sanguíneos refletirá em um equilíbrio iônico, que significa um equilíbrio ácido básico dinâmico que permitirá a ocorrência das diversas reações químicas no organismo importantes para a homeostase. Nesse aspecto, a produção e a eliminação de íons hidrogênio H+ representam o processo dinâmico de maior importância. Atenção! 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 26/67 Para o controle respiratório, dispomos dos centros respiratórios regulatórios localizados no tronco encefálico do sistema nervoso central. Há dois centros respiratórios reguladores da ventilação denominados de centros bulbares – localizados na região bulbar do tronco encefálico – e um centro pneumotáxico – localizado na porção superior da ponte do tronco encefálico. No tronco encefálico ao nível do bulbo, localizado nos centros bulbares, temos o grupo respiratório dorsal (GRD) e o grupo respiratório ventral (GRV). O grupo de neurônios regulatórios do GRD está localizado no núcleo do feixe solitário e recebe aderência dos nervos cranianos glossofaríngeo (IX par craniano) e vago (X par craniano). Esses nervos enviam suas informações nervosas para os motoneurônios frênicos (localizado no diafragma) e para o GRV. Sabe-se também que o GRV possui neurônios inspiratórios com eferência para os músculos intercostais e escalenos, bem como neurônios expiratórios excitatórios para os músculos abdominais. Os neurônios do GRV estão localizados ao nível dos núcleos retro e para-ambíguo e, como já vimos, recebe informações do GRD. Nos centros respiratórios bulbares, temos os seguintes grupos de neurônios regulatórios: Grupo respiratório dorsal (GRD) Recebe os aferentes dos pares dos nervos cranianos IX glossofaríngeo e X vago, encontrando-se no núcleo do feixe Grupo respiratório ventral (GRV) Localiza-se a nível dos núcleos retro e para-ambíguo, e tem função de receber informações do GRD. Esse grupo possui 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 27/67 solitário. Seu papel é enviar eferentes para os motoneurônios frênicos (localizados no diafragma), e para o grupo respiratório ventral (que são dois tipos de neurônios respiratórios). neurônios inspiratórios que enviam informações eferentes para os músculos escalenos e intercostais, e também neurônios expiratórios, que comandam os músculos abdominais. Os mecanismos de funcionamento intrínsecos de GRD e GRV e suas interações ainda são objetos de estudos. Todavia, atualmente, a teoria mais aceita para descrição do seu funcionamento é a da “inibição fásica”. Nessa teoria, a estimulação das células do GRD seria produzida por um ativador da inspiração central. A inspiração, por sua vez, seria provocada pelas células do tipo alfa. No entanto, quando as células beta são estimuladas até um certo limiar, haveria consequentemente a inibição do gerador da atividade inspiratória central, interrompendo assim a inspiração e iniciando a expiração espontânea. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 28/67 Sistema de controle respiratório. O centro pneumotáxico, localizado na porção superior da ponte, compreende os neurônios do núcleo parabraquial medial que modulam a interrupção da inspiração. Essa interrupção ocorre através de estímulos químicos ou mecânicos, além disso, os neurônios do núcleo parabraquial, também podem transmitir sinais hipotalâmicos para os centros bulbares, o que poderia explicar as variações ventilatórias diante das emoções e das variações da temperaturas. Sabemos que, apesar do ato ventilatório ser involuntário, a respiração também pode ser modulada pelo córtex cerebral, possibilitando a ocorrência de um componente voluntário e consciente. Para que isso ocorra, há participação da substância reticular ativadora ascendente. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 29/67 Além dos centros regulatórios da respiração, há também no tronco encefálico importantesestruturas – quimiorreceptores centrais – que são fontes primárias de informações para o controle do drive respiratório. Tais quimiorreceptores centrais estão localizados na porção ântero-lateral do bulbo imersos no líquido cérebro- espinhal (LCE). É sabido que o CO2 se difunde facilmente pelo LCE e que, nas situações de hipoventilação, há uma resposta neural reflexa na direção da hiperventilação através do aumento da frequência ventilatória e do volume corrente. Tal resposta central reflete a grande sensibilidade dos quimiorreceptores centrais as variações do CO2 e não as variações do O2, já que o oxigênio não tem efeitos nestas estruturas centrais. Na verdade, a difusão do CO2 pelo LCE ocasiona a liberação do íon H+ e estes estimulam diretamente os quimiorreceptores centrais. Adicionalmente ao mecanismo central de controle da ventilação, temos também diversas estruturas regulatórias periféricas que contribuem na modulação da ventilação. Assim, nesse contexto, o controle periférico da ventilação é modulado pelas seguintes estruturas: Quimiorreceptores periféricos carotídeos Localizados na bifurcação da artéria carótida comum, são pequenos corpúsculos nervosos roseados que possuem vascularização especial cujas fibras se reúnem no l f í (IX d i ) ã i à i õ d 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 30/67 nervo glossofaríngeo (IX par de nervo craniano) e que são responsivos às variações do oxigênio sanguíneo. Aferentes vagais broncoparenquimatosos Fibras nervosas vagais que possuem papel preponderantes na regulação do ritmo respiratório. Mecanorreceptores Estruturas nervosas localizadas ao longo da árvore brônquica, nas vias respiratórias centrais, que são sensíveis ao estiramento, e, portanto, à insuflação pulmonar. Apresentam resposta adaptativa lenta e o clássico reflexo de inibição de Hering-Breuer. Receptor de irritação Fib i li i d l li d itéli l á b ô i ã 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 31/67 Fibras nervosas mielinizadas, localizadas no epitélio nasal e árvore brônquica, que são ativadas por variações significativas da pressão intrapulmonar, pela concentração de CO2, pela inalação de gases irritantes, pelos mediadores histamínicos e outros componentes capazes de promover uma resposta broncomotora. Receptores J Estruturas nervosas amielinizadas, localizadas no interstício pulmonar, em contato com os capilares pulmonares que enviam suas informações aferentes através das fibras nervosas do tipo C. A ativação de seus receptores nervosos justacapilares promovem a taquipneia. Receptores musculares Estrutura nervosa receptora presente nos músculos estriados respiratórios. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 32/67 Aspectos básicos da ventilação pulmonar Confira agora os principais aspectos da ventilação pulmonar: aspectos osteocinemáticos, volumes e capacidades pulmonares, pressões pulmonares. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 33/67 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O sistema respiratório é responsável por fornecer oxigênio aos tecidos e remover o dióxido de carbono, no qual o pulmão atua como compartimento dessas trocas gasosas. Para que ocorra a ventilação pulmonar, é necessária a contração ativa, 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 34/67 voluntária ou involuntária dos músculos respiratórios e inspiratórios. Assinale a alternativa que contém músculos inspiratórios primários. Parabéns! A alternativa A está correta. A Diafragma, intercostais internos (porção esternal) e escalenos. B Diafragma, intercostais externos e escalenos. C Diafragma e músculos abdominais (transverso, oblíquo interno e oblíquo externo). D Músculos intercostais internos e músculos abdominais (transverso, oblíquo interno e oblíquo externo). E Intercostais externos, esternocleidomastóideo, escalenos e músculos abdominais (transverso, oblíquo interno e oblíquo externo). 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 35/67 O processo de inspiração é um processo ativo que ocorre com a contração dos músculos inspiratórios primários – ativados durante a ventilação basal – e contração dos músculos inspiratórios acessórios – ativados durante o esforço e em condições patológicas ou não fisiológicas. Assim, na inspiração basal, temos a contração ativa do diafragma, músculos intercostais (porção paraesternal) e escalenos. Por sua vez, em situações de esforço ou em condições patológicas ou não fisiológicas, além dos músculos inspiratórios primários, temos também a contração dos inspiratórios acessórios, como esternocleidomastóideo, serrátil anterior, peitoral maior, peitoral menor, trapézio, latíssimo do dorso, eretores da espinha, iliocostal lombar e quadrado lombar. Por sua vez, a expiração pode ser um processo passivo, no qual ocorre a saída de ar dos pulmões em decorrência do relaxamento dos músculos inspiratórios; ou também pode ser um processo ativo que ocorre devido à contração dos músculos expiratórios (músculos reto abdominal, abdominal transverso, oblíquo externo, oblíquo interno) associados ao relaxamento dos músculos inspiratórios. Questão 2 As capacidades pulmonares são a soma de dois ou mais volumes pulmonares e podem ser descritas como: Capacidade Inspiratória e Capacidade Vital. Alguns volumes pulmonares conhecidos são: Volume Corrente e Volume de Reserva Expiratória. Marque a alternativa que indica os demais volumes pulmonares e capacidades pulmonares. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 36/67 Parabéns! A alternativa C está correta. A Volume de Reserva Inspiratória, Volume Final, Capacidade Funcional Total e Capacidade Pulmonar Máxima. B Volume de Esforço Inspiratório, Volume Residual, Capacidade Residual Funcional e Capacidade Pulmonar Máxima. C Volume de Reserva Inspiratória, Volume Residual, Capacidade Residual Funcional e Capacidade Pulmonar Total. D Volume de Reserva Inspiratória, Volume Final, Capacidade Funcional Total e Capacidade Pulmonar Total. E Volume de Esforço Inspiratório, Volume Final, Capacidade Residual Funcional e Capacidade Pulmonar Total. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 37/67 Volumes são subdivisões da capacidade pulmonar total e que as capacidades pulmonares são a soma de dois ou mais volumes pulmonares. Sabemos que há quatro diferentes volumes pulmonares que são: Volume Corrente, Volume de Reserva Inspiratória, Volume de Reserva Expiratória, Volume Residual. As combinações destes volumes, descrevem quatro diferentes capacidades pulmonares, que são: Capacidade Inspiratória, Capacidade Vital, Capacidade Pulmonar Total e Capacidade Residual Funcional. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 38/67 2 - Propriedades mecânicas do sistema respiratório Ao �nal deste vídeo, você será capaz de reconhecer as propriedades mecânicas pulmonares e como elas afetam o funcionamento do sistema respiratório. Propriedades elásticas do sistema respiratório Introdução às propriedades elásticas do SR A complacência pulmonar é um conceito muito importante. Significa “distensibilidade” do parênquima pulmonar, ''facilidade'' de estiramento ou insuflação, sendo calculada pela razão (divisão) entre a variação no volume pulmonar (∆V) pela variação na pressão (∆P). Nos pacientes submetidos à ventilação mecânica, os valores entre 70 a 80ml/cmH2O são considerados normais, e os valores 13/01/24, 19:20A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 39/67 inferiores a 50mL/cmH2O são considerados baixos. Uma redução da complacência pulmonar pode ser encontrada em inúmeras patologias, como na SDRA (síndrome do desconforto respiratório agudo). Nessa patologia, ocorre o preenchimento dos alvéolos pulmonares por infiltrado inflamatório (plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas), com aumento do peso do parênquima pulmonar e perda da elasticidade, tornando o pulmão duro ou pouco complacente. A complacência do sistema respiratório pode ser, então, calculada usando a relação: Onde se lê: Csr: Complacência do sistema respiratório. Curiosamente, o recíproco da complacência é a elastância, que se refere à rigidez do parênquima pulmonar ou à tendência do tecido a resistir à distensão e a retornar à configuração original, quando a força de distensão é removida. Veja como podemos chegar ao seu valor. Onde se lê: Esr: Elastância do sistema respiratório. Csr = ΔV /ΔP Esr = 1/Csr 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 40/67 Devemos entender que, devido às propriedades viscoelásticas do tecido pulmonar, as características das curvas pressão-volume (PV) dos pulmões não são lineares. Para elevados volumes pulmonares, os elementos elásticos aproximam-se de seu limite de distensibilidade, e assim, para dada variação de pressão, observa-se cada vez menos variações nos volumes pulmonares. Além disso, se a medida estática da pressão é feita durante a insuflação ou desinsuflação pulmonar, a curva PV exibe também uma diferente configuração, indicando que o recolhimento elástico pulmonar depende também de um volume pulmonar anteriormente existente. Atenção! Essas diferenças nos padrões das curvas PV durante a inspiração e a expiração são resultantes da histerese – diferença entre as trajetórias de enchimento e esvaziamento dos pulmões –, que, no pulmão, deve-se às forças de superfície, às propriedades dos tecidos de revestimento das superfícies alveolares e às propriedades elásticas teciduais. Um fator adicional refere-se ao colapso das pequenas vias aéreas para baixos volumes, que permanecem colapsadas até que uma pressão crítica de abertura seja ultrapassada. Portanto, o comportamento elástico pulmonar depende das propriedades físicas do tecido pulmonar e da tensão de superfície alveolar. Além do pneumócito tipo I, principal célula de revestimento interno da superfície alveolar, os alvéolos também são revestidos, internamente, pelos pneumócitos tipo II, que secretam o surfactante, substância responsável pela formação de uma fina camada líquida de material osmofílico – com afinidade com a molécula de água. A tensão superficial na interface ar-líquido dos alvéolos, além das propriedades elásticas do parênquima, contribui significativamente para o recolhimento elástico dos pulmões 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 41/67 e age para diminuir a complacência pulmonar. As forças de coesão entre as moléculas dos surfactantes são mais fortes do que aquelas entre o surfactante e gás alveolar, causando uma contração alveolar para menores áreas superficiais. A tensão de superfície gerada pela coesão das moléculas de surfactante é maior durante a inspiração do que na expiração. Gráfico: A – Curva PV do pulmão. B – Curva Pressão – Volume. Na imagem A, observamos que a pressão de recolhimento elástico do pulmão é de aproximadamente 5cmH2O para a CRF e 30cmH2O para a CPT. A complacência é maior para baixos do que para altos volumes. Na imagem B, temos a Curva Pressão – Volume durante a inspiração e expiração com presença do fenômeno da histerese. O surfactante reduz a tensão de superfície, minimiza o colapso das pequenas vias aéreas e alvéolos, aumenta a complacência, reduz o trabalho inspiratório pulmonar e 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 42/67 auxilia na estabilidade alveolar. Além disso, a interdependência e a comunicação colateral alveolar (poros de Kohn) e bronquiolar (canais de Lambert) são os outros fatores que contribuem para a estabilidade alveolar. Diferentes componentes do tecido pulmonar contribuem para a propriedade elástica pulmonar, cujos principais elementos conjuntivos são as fibras de colágeno e elastina. Veja a seguir: As fibras elásticas apresentam baixa resistência à tração, mas elevada elastância, suportando a maior parte do estresse mecânico pulmonar em baixos volumes. As fibras de colágeno têm elevada resistência à tração, mas são pouco extensíveis e, provavelmente, limitam a expansão de volumes pulmonares elevados. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 43/67 Considerando o pulmão e a caixa torácica como um sistema em série, unido virtualmente pela pleura, a pressão de recuo do SR (sistema respiratório) pode ser calculada pela soma algébrica das pressões de recuo do pulmão e da caixa torácica. Onde se lê: Pers, Pep, Pet, Pal, Ppl e Patm: Pressão elástica do SR; pressão elástica do pulmão; pressão elástica da parede torácica; pressão alveolar; pressão pleural e pressão atmosférica. As pressões elásticas do SR podem ser determinadas pela curva PV do SR. O recuo elástico da parede torácica é elevado e que, se não fosse contrabalanceado pelos pulmões, o tórax seria expandido para cerca de 70% da capacidade pulmonar total. Pesr = Pep + Pet Pep = ( Pal − Ppl ) Pet = ( Ppl − Patm ) Pesr = ( Pal − Ppl ) + ( Ppl − Patm ) Pesr = Pal − Patm 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 44/67 Gráfico: Curva Pressão - Volume para o sistema respiratório, pulmão e parede torácica. A pressão de recolhimento elástico do sistema respiratório é a soma algébrica das pressões de recolhimento da parede torácica e do pulmão que são iguais, mas opostas. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 45/67 Propriedades resistivas do sistema respiratório Resistência do sistema respiratório A resistência total do SR consiste na resistência ao fluxo aéreo nas vias aéreas de condução (resistência de vias aéreas) e das resistências friccionais teciduais pulmonares, durante o ciclo respiratório (resistência de tecido). Grande parte da fração da resistência das vias aéreas deve-se à porção superior do SR (boca, faringe, laringe e traqueia), e a maior parte da resistência remanescente deve-se aos bronquíolos lobares, segmentares e subsegmentares. Nas ramificações mais distais (a partir da 17ª geração), há um progressivo aumento no número de vias aéreas e da área de secção transversa total do SR. Por isso, geralmente, as pequenas vias aéreas periféricas contribuem muito pouco para a resistência total de vias aéreas. Assim como o parênquima pulmonar, as vias aéreas exibem propriedades elásticas e, portanto, podem ser comprimidas ou distendidas, tendo seu diâmetro variado dependendo da pressão 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 46/67 aplicada. O efeito da pressão sobre o calibre da via aérea dependerá do suporte estrutural da via aérea. Nos pulmões, as relações pressão-fluxo são extremamente complicadas, visto que o sistema traqueobrônquico consiste em uma rede de tubos irregularmente ramificados, não rígidos e não cilíndricos. Para fins de simplificação, as relações fluxo-pressão em um sistema tubular rígido são consideradas como modelo representativo do SR. A pressão necessária para produzir um fluxo gasoso deve ser suficiente para superar o atrito e acelerar o gás, local (variação na taxa do fluxo, após o fluxo ser iniciado), e de forma convectiva, ou seja, acelerandoa molécula de ar à distância, enquanto o fluxo é constante. A força necessária para superar a aceleração convectiva é proporcional à densidade do gás e ao quadrado do fluxo. Assim, a pressão necessária para superar o atrito depende da taxa e do padrão do fluxo (se ele é laminar, transicional ou turbulento): Padrões de fluxo laminar (A), Misto (B) e Turbilhonar (C). ΔP = 8 ⋅ η ⋅ L ⋅ V̇ π ⋅ r4 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 47/67 Onde se lê: Diferença de pressão, viscosidade do gás, comprimento do tubo, raio do tubo e fluxo. A pressão requerida ao longo da árvore traqueobrônquica para produzir uma taxa de fluxo provê a medida da resistência ao fluxo (R) das vias aéreas. A partir da equação de Poiseuille, pode-se observar a dependência entre as características do tubo e do fluido e a resistência ao fluxo: Fluxos turbilhonares são caracterizados por uma desorganização no movimento das moléculas de ar, gerando diferentes relações pressão-fluxo por não haver uma variação de fluxo proporcional à variação de pressão. No regime turbilhonar, a variação de pressão é proporcional à densidade do gás e ao quadrado do fluxo. Fluxos transicionais apresentam um padrão misto, comportando-se como fluxo laminar e turbilhonar. A presença de ramificações ao longo do tubo também contribui para a transição de fluxo laminar para turbulento. Para que se possa determinar se o ΔP , η, L, r e V̇ : ΔP = R ⋅ V̇ ΔP = 8 ⋅ η ⋅ L ⋅ V̇ π ⋅ r4 R = 8 ⋅ η ⋅ L. π ⋅ r4 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 48/67 fluxo é laminar ou turbulento, utiliza-se um número adimensional, chamado Número de Reynolds (Re): Onde se lê: : Velocidade média D: Diâmetro do tubo ρ: Densidade do gás η: Viscosidade do gás. Para tubos cilíndricos e rígidos, valores de Re menores ou iguais a 2000 indicam a existência de fluxo laminar; enquanto fluxos turbulentos ocorrem, geralmente, para Re superiores a 2000. Constante de tempo Constante de tempo do sistema respiratório Re = V ⋅ D ⋅ ρ/η – V̄ 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 49/67 Nos pacientes em ventilação mecânica (VM), é necessário compreender o comportamento de variação do volume pulmonar em relação às características de impedância do sistema respiratório – relaciona-se com a capacidade tecidual de resistir a mudanças em sua estrutura morfológica devido à variação no fluxo pulmonar. Sabe-se que, quando uma pressão é aplicada a uma unidade pulmonar, o tempo necessário para sua insuflação é dependente de sua constante de tempo (CT). A CT é um conceito da Física que pode ser aplicado ao sistema respiratório. Ela descreve o tempo necessário para que as pressões entre as vias aéreas e os alvéolos se equilibrem em aproximadamente 63,2%. Dessa maneira: 1 CT Representa o tempo necessário para insuflar ou desinsuflar 63,2% do volume final pulmonar. 3 CT Corresponde ao tempo necessário para encher ou esvaziar em 95% os pulmões. Estudos sugerem que, para o esvaziamento ou enchimento completo dos alvéolos, são necessários 5 CTs, que corresponde a uma variação de 99,3% do volume pulmonar inicial. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 50/67 Aparelho para ventilação mecânica. A CT depende da impedância do sistema respiratório, ou seja, da complacência e resistência do sistema. Assim, quanto maiores a Csr (complacência do SR) e Rsr (resistência do SR) do paciente, maior será o tempo necessário para o enchimento ou esvaziamento dos alvéolos. Esse conceito e sua avaliação têm implicações clínicas importantes nos pacientes com doenças pulmonares restritivas, obstrutivas, e em condições de inomogeneidade pulmonar. Por exemplo, nos pacientes restritivos e com baixa complacência, apresentam tempos inspiratórios/expiratórios mais curtos. Por sua vez, os pacientes obstrutivos com aumento da resistência pulmonar, necessitam de tempos inspiratórios/expiratórios mais longos. Para se determinar o CT, usamos a fórmula: 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 51/67 Pressão positiva ao �nal da expiração PEEP: de�nição e utilização Há relatos da utilização da pressão positiva como estratégia ventilatória desde o século XVIII, conforme estudos de Oertel e Welsh. Todavia, somente em 1912, com estudo de Sterling Bunnell é que houve umas das primeiras descrições terapêuticas da utilização da Pressão Positiva ao Final da Expiração (PEEP, que do inglês significa positive end-expiratory pressure) durante administração de óxido nítrico e oxigênio em anestesia de cirurgia torácica. Posteriormente, diversos estudos – Alvan Barach (1935), Schultz (1935), Counrad e colaboradores (1936), Poulton e Oxon (1936) e Ashbaugh e colaboradores (1962) – contribuíram para o entendimento e a aplicação terapêutica desta modalidade ventilatória. A PEEP é a pressão positiva que permanecerá nas vias aéreas ao final do ciclo respiratório – final da expiração – sendo superior à pressão atmosférica nos pacientes em ventilação mecânica. CT = Csr ∗ Rsr 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 52/67 Um termo análogo usado na situação de ventilação não invasiva (VNI) é pressão positiva final nas vias aéreas (EPAP). Por sua vez, a terapia com Pressão Positiva Contínua nas vias aéreas (CPAP, ou continuous positive airway pressure), embora não seja um termo intercambiável, funciona fornecendo uma pressão constante, que, no momento da expiração, é similar à PEEP. A PEEP pode ser: PEEP extrínseca Parâmetro terapêutico definido no ventilador. Auto-PEEP Complicação da ventilação mecânica decorrente do aprisionamento de ar. Como recurso terapêutico, a PEEP extrínseca tem como funções básicas a melhora da oxigenação e da troca gasosa, bem como para expandir o alvéolo, melhorando sua ventilação. Da fisiologia pulmonar, segundo a lei de Henry, a solubilidade de um gás em um líquido é diretamente proporcional à pressão desse gás acima da superfície da solução. Isso tem aplicação na ventilação mecânica ou não invasiva, pois o aumento da PEEP aumentará a pressão no sistema. Isso, por sua vez, aumenta a solubilidade do oxigênio e sua capacidade de atravessar a membrana alvéolo-capilar e aumentar o 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 53/67 conteúdo de oxigênio no sangue, melhorando assim, a oxigenação. Além disso, a aplicação da pressão positiva dentro das vias aéreas pode expandir e/ ou manter pérvias as vias aéreas que, de outra forma, poderiam ser colapsadas, diminuindo a atelectasia, melhorando a ventilação alveolar e, por sua vez, a relação ventilação- perfusão (VQ). Atenção! Percebe-se assim que a aplicação de PEEP extrínseca terá, portanto, um impacto direto na oxigenação e um impacto indireto na ventilação. Ao abrir as vias aéreas, a superfície alveolar aumenta, criando mais áreas para a troca gasosa e melhorando um pouco a ventilação. Todavia, nos pacientes ventilados mecanicamente, a aplicação da PEEP extrínseca nunca deve ter como único propósito aumentar a ventilação, pois, se houver necessidade de aumentar a eliminação de CO2 pela otimização da ventilação, pode haver necessidade da utilização de algum nível de pressão de suporte para sua ventilação. Veja os benefícios e complicações da PEEP extrínseca: Benefícios A PEEP extrínseca também diminui significativamente o trabalho respiratório. Isso é especialmente importante para pulmões rígidos com baixa complacência, nos quais o trabalho respiratório pode representar uma parte importante do gasto total de energia, aumentando a produção de CO2 e de lactato. Logo, ao reduzir o trabalhorespiratório, a produção de CO2 e lactato diminui, minimizando a 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 54/67 necessidade de ventilação por minuto elevada (para corrigir a hipercapnia, ou seja, excesso de CO2, e acidose) e, assim, diminuindo o impulso respiratório e diminuindo ainda mais o trabalho respiratório necessário ao paciente em um ciclo de efeito positivo. Complicações Em contrapartida aos efeitos benéficos da PEEP extrínseca, esta também pode ocasionar algumas complicações. A pressão intratorácica, gerada pela pressão positiva, aumenta a pressão no átrio direito e reduz o retorno venoso, gerando uma diminuição na pré-carga, ocasionando um efeito duplo na redução do débito cardíaco: menos sangue no ventrículo direito significa menos sangue direcionando ao ventrículo esquerdo, o que, consequentemente ocasiona uma redução do débito cardíaco; ao mesmo tempo, a pré-carga diminuída significa que o coração funciona em um ponto menos eficiente, gerando trabalho menos eficaz, reduzindo ainda mais o débito cardíaco e consequentemente, gerando uma queda na pressão arterial média (PAM) se não houver uma resposta compensatória pelo aumento da resistência vascular sistêmica. Outra circunstância especial em que o efeito da PEEP extrínseca sobre o CO2 e a PAM é algo importante a ser considerado é quando estamos lidando com pacientes nos quais uma pressão de perfusão cerebral (CCP) deve ser mantida após um acidente vascular cerebral ou hemorragia subaracnóide. Nesse caso, embora a PEEP não afete diretamente a CCP, e a autorregulação cerebral normalmente compensará as alterações na PAM, atenção especial deve ser dada em casos em que há alguma 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 55/67 alteração da autorregulação cerebrovascular, pois a diminuição da PAM pode afetar diretamente o CCP, causando efeitos adversos. Além disso, outros efeitos adversos da PEEP extrínseca incluem sua capacidade de gerar barotrauma, especialmente em pulmões com complacência reduzida, devido ao aumento da pressão de platô e sua interferência nas medidas da hemodinâmica em pacientes com cateteres cardíacos. Paciente em ventilação mecânica. Auto-PEEP ou PEEP intrínseca é uma complicação em pacientes ventilados mecanicamente. Normalmente, a expiração passiva permite o esvaziamento completo do ar nos pulmões até que a pressão pulmonar se iguale à pressão atmosférica, mas, em alguns casos, os pulmões podem não esvaziar completamente, deixando uma parcela de ar presa dentro do pulmão no final da expiração, o que gera uma pressão positiva nos pulmões. Essa pressão é chamada de PEEP intrínseca ou auto-PEEP. Quando esse processo acontece repetidamente a cada ciclo respiratório, a quantidade de aprisionamento de ar aumenta sucessivamente a cada respiração, o que, em 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 56/67 consequência, eleva patologicamente a pressão intratorácica, comprimindo a bomba cardíaca direita e causando hipotensão. Além disso, o aprisionamento patológico de ar leva ao aumento da pressão de platô e à predisposição ao barotrauma. A auto-PEEP também aumenta o trabalho respiratório, o que aumenta o consumo de oxigênio e a produção de CO2, aumentando assim a necessidade de ventilação, refletindo no aumento da frequência respiratória e consequente aumento da auto- PEEP em um círculo vicioso. Equação fundamental do sistema respiratório Equação do movimento do SR A avaliação da função pulmonar é de grande importância na prática clínica, especialmente em pacientes em VM. As complicações pulmonares são fontes importantes de morbidade-mortalidade, e uma acurada investigação da função pulmonar torna-se essencial para prevenção e otimização da assistência respiratória. Atualmente, os parâmetros da mecânica respiratória têm sido estudados e analisados 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 57/67 de forma dinâmica com a utilização de diferentes modelos matemáticos que descrevem as relações entre os componentes resistivos e elásticos. Observe a representação a seguir. Representação da equação fundamental do sistema respiratório com modelo unicompartimental homogêneo. A equação fundamental do sistema respiratório é formada pela soma das pressões elástica, resistiva e residual do sistema respiratório. Este modelo também é denominado modelo unicompartimental homogêneo, em que Pmo, Rsr, Csr, Po, V e são, respectivamente, pressão motriz, resistência e complacência do SR, pressão residual, volume e fluxo. V̇ Pmotriz = Pel + Pres + PEEP 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 58/67 Nos pacientes em ventilação mecânica (VM) que estão sedados e bloqueados, ou seja, sem atividade muscular respiratória ativa, a pressão motriz é realizada pelo ventilador e a pressão residual é representada pela pressão positiva ao final da expiração, logo a pressão motriz é a soma das pressões elástica e resistiva do sistema respiratório mais a PEEP. Por sua vez, nos pacientes em VM com atividade muscular respiratória ativa, a pressão motriz é formada por uma parcela de força gerada pelo ventilador e uma parcela de força gerada pela contração da musculatura respiratória. Finalmente, nos pacientes fora da ventilação mecânica, a pressão motriz é gerada pela atividade muscular respiratória e a pressão residual é o nível de pressão ao final da expiração. Lembre-se de que a pressão elástica é estimada com base na complacência do sistema respiratório. Logo, pressão elástica é variação do volume pulmonar pela complacência do sistema respiratório e a pressão resistiva é estimada a partir da resistência do sistema respiratório, assim, pressão resistiva é resistência do sistema respiratório multiplicada pelo fluxo. Aspectos importantes sobre a mecânica respiratória Pmotriz = V /Csr + Rsr ∗ V̇ + PEEP 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 59/67 Confira agora os aspectos importantes da mecânica respiratória, incluindo as propriedades resistivas e elásticas, PEEP e a equação fundamental do sistema respiratório. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 60/67 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A complacência significa distensibilidade do parênquima pulmonar, ou a “facilidade” de estiramento ou insuflação. Avalie as afirmativas a seguir sobre complacência. I – A complacência é calculada pela razão entre a variação na pressão pela variação no volume. II – A complacência é calculada pela razão entre a variação no volume pela variação na pressão. III – O recíproco da complacência é a elastância. Refere-se à rigidez do parênquima pulmonar. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 61/67 Feita a leitura, assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa E está correta. A complacência do sistema respiratório faz alusão à propriedade de distensibilidade do parênquima pulmonar, ou seja, à facilidade de deformação do tecido pulmonar perante uma força que provoque uma deformação. Conceitualmente, podemos definir a complacência como sendo a razão entre a variação no volume pulmonar pela variação na pressão. Esse comportamento elástico do tecido pulmonar A A afirmativa I está correta. B As afirmativas I e II estão corretas. C As afirmativas I e III estão corretas. D Somente a afirmativa II está correta. E As afirmativas II e III estão corretas. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html#62/67 depende das suas propriedades físicas do parênquima pulmonar e da tensão superficial alveolar. Sabemos também que a elastância pulmonar faz alusão à sua tendência em resistir a uma deformação perante uma força de deformação, ou seja é sua capacidade de rigidez. Essa propriedade é definida como a elastância do parênquima pulmonar. Assim, a elastância pulmonar é o inverso da complacência pulmonar. Questão 2 A constante de tempo (CT) representa o tempo necessário para encher ou esvaziar uma unidade alveolar em resposta à variação da pressão de distensão do sistema respiratório (SR), sendo quantificada pelo produto da complacência e resistência do SR. Dito isso, quantas CTs são necessárias para o completo esvaziamento/enchimento de uma unidade alveolar? A 1 CTs. B 2 CTs. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 63/67 Parabéns! A alternativa E está correta. A CT representa o tempo necessário para encher ou esvaziar uma unidade alveolar em 63,2% em resposta à variação da pressão de distensão do sistema respiratório, sendo quantificada pelo produto da complacência e resistência do SR. Dessa forma, 1 CT representa o tempo necessário para insuflar ou desinsuflar em 63,2% do volume final pulmonar, 3 CTs corresponde ao tempo necessário para encher ou esvaziar em 95% os pulmões enquanto para o esvaziamento ou enchimento completo dos alvéolos são necessários 5 CTs, que corresponde a uma variação de 99,3% do volume pulmonar inicial. C 3 CTs. D 4 CTs. E 5 CTs. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 64/67 Considerações �nais Como vimos, a análise da mecânica ventilatória e das propriedades mecânicas do sistema respiratório são de fundamental importância na avaliação da mecânica respiratória. Portanto, além de sermos capazes de identificar os principais músculos inspiratórios e expiratórios envolvidos na ventilação, compreender como as contrações musculares determinam os padrões de movimentos da caixa torácica, as variações das pressões (pleural, alveolar e transpulmonar) e, consequentemente, os volumes pulmonares durante a inspiração e expiração, é de fundamental importância para análise da mecânica ventilatória. Vimos também que as capacidades pulmonares são a soma de dois ou mais volumes pulmonares, e que há uma parcela do volume pulmonar que não é mobilizada durante a respiração. Outras importantes propriedades do sistema respiratório que estudamos para compreender a mecânica pulmonar foram as propriedades elásticas e resistivas do sistema respiratório, e como elas interagem para identificarmos a equação fundamental do sistema respiratório. Dessa forma, vimos que, durante o processo da ventilação pulmonar, é necessário que os músculos respiratórios sejam capazes de realizar uma força contrátil intensa o 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 65/67 suficiente para vencer as forças resistivas de vias aéreas e friccionais do tecido pulmonar, bem como as forças elásticas do parequema pulmonar e dos alvéolos. Podcast Ouça agora aspectos essenciais da mecânica ventilatória: aspectos biomecânicos, pressóricos, conceitos importantes para a ventilação, como PEEP e complacência. Explore + Confira as indicações separadas especialmente para você! 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 66/67 Pesquise: O artigo Mecânica Respiratória e Controle da Ventilação, e veja como Renato Ângelo Saraiva descreve o processo da mecânica respiratória e controle da ventilação. O artigo Avaliação da Mecânica Respiratória na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo, e veja como Felipe Saddy descreve o processo da mecânica respiratória e controle da ventilação. Referências BERNE, R. M.; LEVY, M. N., STANTON, B. A; KOEPPEN, B. M. Berne & Levy Fisiologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. FISHMAN, A. P.; ELIAS, J. A. Fishman’s pulmonary diseases and disorders. 4. ed. New York: McGraw-Hill Medical, 2008. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiología Médica. Madrid: Elsevier España, 2006. LEFF, A. R.; SCHUMACKER, P. T. Fisiologia Respiratória: Fundamentos e Aplicações. 1. ed. Interlivros, 1996. 13/01/24, 19:20 A mecânica ventilatória https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03775/index.html# 67/67 SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. 7. ed. Artmed, 2017. WEST, J. B. Fisiologia Respiratória: Princípios básicos. Porto Alegre: Artmed, 2013. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()