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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
APLICABILIDADE DO MANDADO DE SEGURANÇA NA 
JUSTIÇA DO TRABALHO 
 
 
 
ARIANE REGINA CRISTOFOLINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ITAJAÍ (SC), novembro de 2009. 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APLICABILIDADE DO MANDADO DE SEGURANÇA NA 
JUSTICA DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
ARIANE REGINA CRISTOFOLINI 
 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade 
do Vale do Itajaí – UNIVALI, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
Orientador: Professor Msc. JOSÉ SILVIO WOLF 
 
 
 
 
ITAJAÍ (SC), novembro de 2009
AGRADECIMENTO 
Agradeço à minha família pelo apoio e paciência 
durante estes últimos meses de curso. 
Agradeço ao escritório João José Martins 
Advogados Associados por oportunizar-me o 
convívio com o direito, motivando-me para seguir 
com a carreira jurídica. 
Agradeço, ainda, ao meu orientador José Silvio 
Wolf, por todo tempo despendido em função deste 
trabalho acadêmico, além as preciosas 
recomendações. 
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho acadêmico principalmente à 
minha mãe Sônia Regina Gonçalves Cristofolini, 
pelo apoio e incentivo tão importantes nesses 
cinco anos. Que todo o tempo que eu estive 
ausente seja de alguma forma recompensado. 
Dedico, ainda, ao meu companheiro Marcos 
Orélio de Andrade, que esteve comigo durante os 
cinco anos de jornada acadêmica, sempre 
dedicado e exigente. Seu auxílio nunca será 
esquecido. 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
ITAJAÍ (SC), novembro de 2009. 
 
 
 
 
 
Ariane Regina Cristofolini 
Graduanda 
 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale 
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Ariane Regina Cristofolini, sob o 
título “Aplicabilidade do Mandado de Segurança na Justiça do Trabalho”, foi 
submetida em 20/11/2009 à banca examinadora composta pelos seguintes 
professores: Professor Msc. José Silvio Wolf e Professor Msc. Eduardo Erivelto 
Campos, e aprovada com a nota 10 [dez]. 
 
ITAJAÍ (SC), novembro de 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
Professor Msc. José Silvio Wolf 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
 
 
Msc. Antonio Augusto Lapa 
Coordenação da Monografia 
 
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ART Artigo 
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 
CNJ Conselho Nacional de Justiça 
CPC Código de Processo Civil 
CRFB Constituição da República Federativa do Brasil 
DJ Diário da Justiça 
INSS Instituto Nacional de Seguro Social 
OJ Orientação Jurisprudencial 
RE Recurso Especial 
SDI Seção de Dissídios Individuais 
STF Supremo Tribunal Federal 
STJ Superior Tribunal de Justiça 
TRT Tribunal Regional do Trabalho 
TST Tribunal Superior do Trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROL DE CATEGORIAS 
Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à 
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. 
Autoridade Pública 
O conceito de autoridade pública há de ser entendido, a nosso ver, no sentido 
lato, nele estando incluídos não apenas os agentes da Administração Direta e 
Indireta (dirigentes das empresas públicas, sociedades de economia mista, 
autarquias e fundações públicas), como os agentes dos Poderes Executivo, 
Legislativo e Judiciário, desde que pratiquem ato na condição de autoridade 
pública.1 
Decadência 
Decadência é a perda, pelo decurso do tempo, do direito subjetivo material (substantivo), 
isto é, do bem da vida. Dessa forma, ocorre a caducidade do direito.2 
Direito Coletivo 
O que caracteriza o direito coletivo é o fato de não pertencer a uma pessoa 
individualmente considerada, mas a pluralidade de sujeitos vinculados por um 
objetivo comum.3 
Direito líquido e certo 
A expressão direito líquido e certo relaciona-se intimamente ao procedimento 
célere, ágil, expedito e especial do mandado de segurança, em que, por 
inspiração direta do habeas corpus, não é permitida qualquer dilação probatória. 
É dizer: o impetrante deverá demonstrar, já com a petição inicial, no que consiste 
a ilegalidade ou a abusividade que pretende ver expungida do ordenamento 
 
1 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Mandado de segurança no processo do trabalho. São 
Paulo, LTr, 1999, p. 40. 
 
2 LISBOA. Roberto Senise. Manual de direito civil. 3. Ed. São Paulo: RT, 2004. v. I, p.683. 
 
3 BUZAID, Alfredo. Considerações sobre o mandado de segurança coletivo. São Paulo: 
Saraiva, 1992. p. 15. 
 
 
jurídico, não havendo espaço para que demonstre sua ocorrência no decorrer do 
procedimento.4 
Ilegalidade ou abuso de poder 
De modo geral, para os efeitos do mandado de segurança estará caracterizada a 
ilegalidade do ato quando: a) houver lei que proíba a sua realização, ou a 
determine; b) inexista lei que atribua a competência para praticá-lo ou haja dever 
de praticá-lo; c) contrariar lei expressa regulamente ou princípio de direito público; 
d) desrespeitar os princípios ou as normas constantes do art. 37 da Constituição e 
outros, consagrados pelo direito; e) não estiver incluído nas atribuições legais do 
agente, ou, estando incluído, houver omissão; f) existir usurpação de funções, 
abuso de funções ou invasão de funções; g) houver vício de competência, de 
forma, objeto, motivo ou finalidade; h) estiver em desacordo com a norma legal ou 
decorrer de norma ilegal ou inconstitucional.5 
Mandado de Segurança 
O mandado de segurança é o meio constitucional posto à disposição de toda 
pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade 
reconhecida por lei, para a proteção de direito individual ou coletivo, líquido e 
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de 
lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as 
funções que exerça (CF, art. 5º, LXIX e LXX; Lei n. 1.533/51, art. 1º)6 
 
 
 
4 BUENO, Cássio Scarpinela. Mandado de Segurança. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 13. 
 
5 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Mandado de segurança na justiça do trabalho. 2 ed. São 
Paulo: LTr, 1994. p. 136. 
 
6 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 21-
22. 
 
SUMÁRIO 
RESUMO .......................................................................................... XII 
INTRODUÇÃO .................................................................................... 1 
CAPÍTULO 1 ....................................................................................... 3 
MANDADO DE SEGURANÇA - ASPECTOS DESTACADOS ........... 3 
1.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS NO DIREITO COMPARADO ...................... 3 
1.2 A ORIGEM DO INSTITUTO NO DIREITO BRASILEIRO ................................5 
1.3 CONCEITO.......... ........................................................................................... 10 
1.3.1 DIREITO LÍQUIDO E CERTO ............................................................................... 12 
1.3.2 ATO DE AUTORIDADE ...................................................................................... 15 
1.3.2.1 Autoridade ......................................................................................................... 16 
1.3.2.2 Ato estatal .......................................................................................................... 17 
1.3.2.3 Ato administrativo ............................................................................................. 17 
1.3.3 ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER .................................................................. 18 
1.4 DA NATUREZA JURÍDICA E FINALIDADE ................................................... 19 
1.5 DOS ATOS EXCLUÍDOS DO MANDADO DE SEGURANÇA ........................ 20 
 
CAPÍTULO 2 ..................................................................................... 25 
DO PROCESSAMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA ............ 25 
2.1 DA PETIÇÃO INICIAL E LIMINAR ................................................................ 25 
2.2 DO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO ............................................. 34 
2.2.1 LEGITIMIDADE...... .......................................................................................... 34 
2.2.2 DIREITO COLETIVO..... .................................................................................... 36 
2.3 DO PRAZO PARA AJUIZAMENTO ............................................................... 39 
 
CAPÍTULO 3 ..................................................................................... 43 
APLICABILIDADE DO MANDADO DE SEGURANÇA NA JUSTIÇA 
DO TRABALHO ................................................................................ 43 
3.1 CABIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO....... .................................... 43 
3.2 CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DA COMPETÊNCIA ................................... 44 
3.2.1 FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA MATERIAL ............................................................. 45 
3.2.2 FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA FUNCIONAL ........................................................... 46 
3.3 DOS RECURSOS .......................................................................................... 48 
3.3.1 DA LEGITIMIDADE RECURSAL .......................................................................... 48 
3.3.2 DOS RECURSOS CABÍVEIS ............................................................................... 50 
3.3.2.1 Competência originária das Varas do Trabalho .............................................. 50 
3.3.2.2 Competência originária dos Tribunais Regionais do Trabalho ..................... 51 
 
3.3.2.3 Competência originária do Tribunal Superior do Trabalho ............................ 54 
3.3.2.4 Prazos recursais, efeito não suspensivo e remessa necessária ................... 54 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 57 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS........................................... 60 
 
RESUMO 
Tem como objetivo principal o presente trabalho acadêmico 
a análise da aplicação do mandado de segurança na esfera trabalhista. O 
mandado de segurança é definido como uma garantia fundamental, destinado a 
proteção de direito líquido e certo ameaçado ou violado por ato manifestamente 
ilegal da autoridade pública. Para uma compreensão melhor do tema, no primeiro 
capítulo serão abordadas as características gerais do mandado de segurança, 
partindo de uma breve evolução histórica face ao cenário nacional, passando-se à 
conceituação, natureza jurídica e finalidade, além dos atos excluídos deste 
instituto processual tão importante para o cidadão. O segundo capítulo terá como 
foco o processamento do mandado de segurança, discorrendo sobre a petição 
inicial e liminar, o mandado de segurança coletivo, procedimento este criado com 
advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, bem como o 
prazo para ajuizamento. Caberá, pois, ao terceiro capítulo a abordagem 
específica do mandado de segurança no âmbito da Justiça do Trabalho. Para 
tanto, faz-se necessária uma introdução ao cabimento, às mudanças trazidas com 
a edição da Emenda Constitucional nº 45. Em seguida, passar-se-á a discorrer 
acerca dos critérios para fixação de competência, tanto na esfera material, quanto 
funcional. Ademais, serão listados os recursos cabíveis de decisões monocráticas 
e colegiadas proferidas em mandado de segurança, observando o órgão 
competente, além dos prazos recursais, seu efeito não suspensivo e remessa 
necessária. Salienta-se que este trabalho será realizado com base em pesquisa 
bibliográfica, legal e jurisprudencial. Espera-se que este trabalho contribua para 
uma melhor compreensão e conscientização da sociedade acerca de seus 
direitos, de modo a proteger seus interesses. 
 
 
INTRODUÇÃO 
A presente Monografia tem como objeto o estudo do 
mandado de segurança, em destaque aqueles provenientes da Justiça do 
Trabalho. 
O seu objetivo institucional é a produção de monografia para 
obtenção do grau de bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí – 
UNIVALI, abordando a aplicabilidade do mandado de segurança na Justiça do 
Trabalho, demonstrando os mecanismos legais utilizados para a proteção dos 
direitos dos cidadãos. 
Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando do Mandado 
de Segurança em geral, demonstrando breve evolução histórica face ao cenário 
pátrio, bem como suas principais características, a fim de propiciar melhor 
compreensão do tema exposto. 
No Capítulo 2, faz-se referência ao processamento do 
mandado de segurança, discorrendo sobre a petição inicial e liminar, bem como 
tratando do direito coletivo e o prazo para ajuizamento. 
No Capítulo 3, tratar-se-á especificamente do mandado de 
segurança na Justiça do Trabalho, as mudanças trazidas com a edição da 
Emenda Constitucional nº 45, apresentando seu cabimento, requisitos, critérios 
para definição de competência, bem como a fixação da competência material e 
funcional. Ademais, atentar-se-á para os recursos cabíveis e sua legitimidade, 
além dos prazos recursais, seu efeito não suspensivo e remessa necessária. 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos 
destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões 
sobre a Aplicabilidade do Mandado de Segurança na Justiça do Trabalho. 
 2
Para a presente monografia foram levantadas as seguintes 
hipóteses: 
a) Em uma análise na Lei 12.016/2009 que trata do 
mandado de segurança e diante das hipóteses de cabimento na Justiça do 
Trabalho, face a limitação imposta, pode-se dizer que existe injustiças ou 
arbitrariedade nas decisões proferidas, ofendendo a própria Constituição Federal. 
b) O fato de na Justiça do Trabalho, nas decisões 
interlocutórias, ser restrito a interposição de recurso, o mandado de segurança 
seria ou não uma alternativa para se obter a apreciação da matéria pelo Tribunal. 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase 
de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados 
o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente 
Monografia é composto na base lógica Indutiva. 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as 
Técnicas do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa 
Bibliográfica. 
CAPÍTULO 1 
MANDADO DE SEGURANÇA – ASPETOS DESTACADOS 
1.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS NO DIREITO COMPARADO 
Indiretamente,o mandado de segurança tem inspiração e 
influência jurídica nos writs do direito anglo-americano, pois este tem por escopo 
prestar a proteção de direitos lesados para cuja reparação não haja, na lei, outros 
meios mais adequados. 
A experiência mexicana também muito nos serviu para a 
construção do mandado de segurança. Castro Nunes7 noticia que parte da 
doutrina nacional já postulava a criação em nosso ordenamento jurídico de uma 
ação similar ao juicio de amparo do Direito mexicano, o qual visava, de início, ao 
controle de constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, estendendo-
se, posteriormente, ao controle da legalidade dos atos de todas as autoridades, 
até mesmo as judiciárias. 
Não menos importante é a influência do direito português. 
No entendimento de Oliveira8: 
A influência do direito português no mandado de segurança é 
notada principalmente nas Ordenações do Reino, onde 
encontramos várias figuras jurídicas que, quer em face de seu 
objeto, apresentam muitas semelhanças, numa espécie de 
estreitamento familiar. 
Assim é que, nas Ordenações Afonsinas9, Livro III, título 
LXXX, vamos encontrar a apelação extrajudicial, prescrevendo que: 
 
7 NUNES, José de Castro. Do mandado de segurança. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1980 
(edição atualizada por José de Aguiar Dias), p. 2-3. 
 
8 OLIVEIRA. Antônio Francisco. Mandado de Segurança e Controle Jurisdicional. 2 ed. São 
Paulo: RT, 1996, p.17. 
 4
(...) delas podem licitamente apelar para seus sobre-Juízes todos 
aqueles que se sentirem agravados dos autos por eles feitos, 
salvo se os autos forem tais, que por privilégio d´El-Rei em eles 
façam determinação final (...). 
Não obstante o reconhecimento destas realidades históricas, 
mesmo tendo os nossos estudiosos se servido de legados jurídicos de outros 
povos para a sua construção, o que inevitável e inegavelmente ocorreu, o 
mandado de segurança constitui-se verdadeiramente uma criação genuinamente 
brasileira, e que "não encontra instrumento absolutamente similar no direito 
estrangeiro” 10. 
Pontes de Miranda11 se manifesta nesse sentido ao dizer 
que o mandado de segurança teve como fonte inspiradora, na verdade, a 
necessidade de purificar a ação de habeas corpus diante da distorção no seu uso. 
Ainda nesse sentido, Lenza12 afirma que: 
Podemos identificar como fonte imediata de inspiração do 
mandado de segurança, no direito brasileiro, a “teoria brasileira do 
habeas corpus”, podendo ser destacado, ainda, o art. 13 da Lei n. 
221/1894 (ação anulatória de atos da administração) e o instituto 
dos interditos possessórios. 
Desta forma, ainda que inspirado pelos remédios 
encontrados no Direito Comparado, foi o esforço da doutrina e do legislador 
nacional, atendendo às necessidades práticas da realidade brasileira, que 
conferiu ao mandado de segurança as feições jurídicas que hoje este instituto 
possui. 
 
9 HEITOR, Ivone Suzana Cortesão. Ordenações Afonsinas. Livro III, Título LXXX. Disponível 
em < http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/afonsinas/l3p306.htm>. Acesso em 30 ago. 2009. 
 
10 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 11a. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 163. 
 
11 “O mandado de segurança é ação e é remédio jurídico processual, adotados no Brasil por 
sugestão das extensões que tivera o hábeas-corpus, na feição primeira, ao tempo da Constituição 
de 1981. Nada tem com o contencioso administrativo, de que copiáramos, no império, um dos 
exemplares mais interessantes”. (MIRANDA. Pontes de. Comentários à Constituição de 1967. 3. 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1980, p. 335) 
 
12 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 12. Ed. rev. atual. Ampl. São Paulo: 
Saraiva, 2008. p. 644 
 5
1.2 A ORIGEM DO INSTITUTO NO DIREITO BRASILEIRO 
No Brasil, as primeiras propostas de criação do mandado de 
segurança remetem ainda a 1926, logo após a revisão constitucional que 
definitivamente restringiu o uso da ação do habeas corpus à liberdade de 
locomoção. 
Até 1926, vigorava a chamada teoria brasileira do habeas 
corpus13 para o processo civil, posto que, diante da ausência de institutos 
específicos para a proteção dos cidadãos contra atos abusivos de autoridades, 
utilizava-se aquela via de origem anglo-saxônica, contemplada no processo penal, 
para a reparação ou preservação de situações jurídicas, além das violações 
contra a liberdade de locomoção. 
Com a Revolução de 1930 foi dissolvido o Legislativo e, até 
1934, com a nova Constituição, nada ocorreu de importante no que tange à 
criação do novo instituto. 
A instituição do mandado de segurança veio finalmente 
ocorrer através da Constituição de 1934, no capítulo que tratava dos direitos e 
garantias individuais, tendo como data de promulgação o dia 16 de julho. 
O artigo 113, inciso 33 da Carta Magna de 193414 assim 
dizia: 
Dar-se-á mandado de segurança para a defesa do direito, certo e 
incontestável, ameaçado ou violado por ato manifestamente 
inconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade. O processo será 
o mesmo do habeas corpus, devendo ser sempre ouvida parte do 
direito público interessada. O mandado não prejudica as ações 
petitórias competentes. 
 
13 BUZAID, Alfredo. Do mandado de segurança. São Paulo: Saraiva, 1989. v.1. p. 29-30. 
 
14 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 16 de julho de 1934. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 16 jul. 1934. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao34.htm>Acesso em 18 out. 
2009. 
 
 6
Logo, surgiu a Lei nº. 191 de 15 de janeiro de 1936 que 
trouxe uma série de inovações, regulamentou infraconstitucionalmente o 
procedimento do mandado de segurança, o seu cabimento, a natureza do ato 
coator, fixou prazo para a sua impetração, bem como ampliou o rol dos 
legitimados ao acatar a impetração por terceiros. 
Com a Constituição de 1937, o mandado de segurança não 
foi incluído como garantia constitucional, em função dos interesses políticos do 
então presidente em exercício Getúlio Dorneles Vargas. 
Porém, mesmo durante o Estado Novo, o mandado de 
segurança continuou a vigorar, ainda que com restrições quanto ao seu alcance, 
principalmente pela outorga do Decreto-lei, de 16.11.1937, que vedou as 
hipóteses de ajuizamento contra os atos do Presidente da República, de Ministros 
de Estado, de Governadores e de Interventores Estaduais. 
O Código de Processo Civil de 1939, que entrou em vigor 
em 1º de fevereiro de 1940, tratou de atribuir ao mandado de segurança nova 
disciplina, em seus artigos 319 a 331, relacionado-os entre os processos 
especiais, sendo utilizado para a proteção de direito certo e incontestável, 
ameaçado de lesão ou violado por ato manifestamente inconstitucional ou ilegal, 
de qualquer autoridade, menos aquelas mencionadas no Decreto-lei nº 6, de 
16.11.1937 acima citado. 
Voltou a ser previsto na Constituição de 1946, em seu 
parágrafo 24 do artigo 141, no capítulo II “dos direitos e das garantias individuais” 
15 sendo assim disciplinado o remédio heróico: 
Art. 141. A Constituição assegura aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos 
concernentes à vida, à liberdade, à segurança individual e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
15 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 18 de setembro de 1946. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 19 set. 1946. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao46.htm>Acesso em18 out. 
2009. 
 
 7
Parágrafo 21. Para proteger direito líquido e certo, não amparado 
por habeas corpus, conceder-se-á mandado de segurança seja 
qual for a autoridade responsável pela ilegalidade ou abuso de 
poder. 
Em sua obra, Bezerra Leite16 aponta as seguintes inovações 
na Carta de 1946: 
a) substitui a expressão “direito certo e incontestável” por “direito 
líquido e certo”, o que foi repetido pelas legislações 
supervenientes; b) tornou a admitir o mandado de segurança 
contra atos do Presidente da República e de seus auxiliares, bem 
como de Governadores; c) não se referiu a ato “inconstitucional ou 
ilegal”, mas apenas a ato “ilegal”; d) inseriu o “abuso de poder” 
como outro pressuposto de impetração de segurança; e) deixou 
de exigir que a ilegalidade do ato fosse “manifesta”; f) estabeleceu 
a separação entre mandado de segurança e habeas corpus. 
Esta Constituição esteve em vigor durante 21 anos, até o dia 
24 de janeiro de 1967. Todavia, durante tal período foram editadas algumas leis 
que regulavam a matéria específica do mandado. 
A Lei nº. 1386 de 18.06.1951 estendeu o alcance do 
mandado de segurança a fim de alcançar o Diretor da Carteira de Câmbio do 
Banco do Brasil, bem como qualquer outra autoridade que violasse ou dificultasse 
o exercício dos direitos por ela garantidos. Por esta lei, criou-se o agravo de 
petição, dirigido ao Tribunal Federal de Recurso, contra decisão na ação de 
mandado de segurança, quando impetrado nos casos por ela regulados. 
A Lei nº. 1533, de 31.12.1951 veio a regular o mandado de 
segurança, sofrendo algumas alterações, principalmente por força da Lei 4.166, 
de 04-12-62, da Lei 4.348, de 26-06-64 e da Lei 5.021, de 09-06-66. 17 
A Carta Magna de 1967, em seu artigo 150, parágrafo 2118, 
reforçou o entendimento de que o mandado de segurança é destinado a proteger 
“direito individual líquido e certo”, com a seguinte redação: 
 
16 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Mandado de segurança no processo do trabalho. São 
Paulo, LTr, 1999, p. 18. 
 
17 MARTINS. Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 17a ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 
457. 
 
 8
Art. 150, parágrafo 21. Conceder-se-á mandado de segurança, 
para proteger direito individual, líquido e certo, não amparado por 
hábeas corpus, seja qual for a autoridade responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder. 
A Emenda Constitucional nº. 01, de 17 de outubro de 1969, 
em seu parágrafo 21 do artigo 153, repetiu exatamente o mesmo texto da 
Constituição de 1967. 
O Código do Processo Civil de 1973 não tratou do mandado 
de segurança, ao contrário o que fizera o Código de 1939, permanecendo a Lei 
nº. 1533/51. 
Após 21 anos da Constituição de 1967, mais precisamente 
no dia 05 de outubro de 1988, foi promulgada a atual Constituição. O mandado de 
segurança saiu fortalecido, inovado e ampliado, pois, além de manter a garantia 
de direitos individuais, pela primeira vez inovou ao prever o mandado de 
segurança coletivo. 
Prescreve o artigo 5º, inciso LXIX e LXX19, in verbis: 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger 
direito líquido e certo, não amparado por Hábeas Corpus ou 
Hábeas Data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de 
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no 
exercício de atribuições do Poder Público; 
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a) Partido político com representação no Congresso Nacional; 
 
18 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 24 de janeiro de 1967. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 20 out. 1967. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao67.htm> Acesso em 18 out. 
2009. 
 
19 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 05 de outubro de 1988. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm> Acesso em 18 out. 
2009. 
 
 9
b) Organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um 
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. 
Assim, o legislador constitucional de 1988, ao preceituar o 
artigo supra mencionado, nada mais fez do que manter um instrumento de defesa 
dos direitos e garantias fundamentais do cidadão contra abusos da administração 
pública. 
Entrou em vigor, no dia 07 de agosto de 2009, a Lei nº. 
12.016/2009 que regulamenta o uso de Mandado de Segurança Individual e 
Coletivo. 
Entre as inovações introduzidas pela lei, destacam-se a 
possibilidade de o mandado de segurança ser impetrado por qualquer meio 
eletrônico de autenticidade comprovada, como fax e internet, a previsão de 
sanções a serem aplicadas nos casos de litigância de má-fé ou com objetivos 
meramente protelatórios, bem como a condenação ao pagamento dos honorários 
advocatícios. 
Assim dispõe os artigos 4º e 25 da Lei 12.016/200920: 
Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os 
requisitos legais, impetrar mandado de segurança por telegrama, 
radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade 
comprovada. 
Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a 
interposição de embargos infringentes e a condenação ao 
pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da 
aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé; 
A nova lei também determina que não mais caberão 
embargos infringentes em mandado de segurança, racionalizando com isso o 
sistema de recursos processuais. Determina, ainda, que o julgamento dos 
mandados de segurança tenha prioridade sobre todas as outras ações judiciais, 
com exceção do habeas corpus. Ademais, a lei impede a concessão de liminar 
 
20 BRASIL. Lei 12.016, de 07 de agosto de 2009. Disciplina o mandado de segurança individual e 
coletivo. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília-DF, 10 ago. 2009. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12016.htm>. Acesso em 16 
ago. 2009. 
 
 10
para compensação tributária e para liberação de mercadorias e bens provenientes 
do exterior e que foram apreendidos pela Receita Federal e órgãos alfandegários. 
Preceituam os artigos 20 e 6º, § 2º da Lei 12.016/200921: 
Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos 
recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, 
salvo habeas corpus. 
Art. 6 (...) 
§ 2º - Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a 
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e 
bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação 
de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão 
de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
Por fim, prevê que o mandado de segurança deverá ser 
denegado quando couber recurso administrativo com efeito suspensivo contra os 
atos impugnados. 
1.3 CONCEITO 
Devido ao fato de o legislador não dar nenhum conceito a 
este remédio constitucional, optando em apenas estabelecer as hipóteses de seu 
cabimento através do artigo 5º, incisos LXIX e LXX da CRFB/88 e Lei nº. 
12.016/2009, o conceito de mandado de segurança é puramente doutrinário. 
Segundo o doutrinador Meirelles22: 
O mandado de segurança é o meio constitucional postoà 
disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com 
capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, 
para a proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, 
não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou 
ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria 
for e sejam quais forem as funções que exerça (CF, art. 5º, LXIX e 
LXX; Lei n. 1.533/51, art. 1º). 
 
21 BRASIL. Lei 12.016, de 07 de agosto de 2009. Disciplina o mandado de segurança individual e 
coletivo. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília-DF, 10 ago. 2009. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12016.htm>. Acesso em 16 
ago. 2009. 
 
22 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p.21-
22. 
 
 11
Araújo23 define mandado de segurança como: 
ação judicial constitucional, de rito sumário específico e objeto 
próprio, que é a proteção de direito líquido e certo, individual ou 
coletivo, de qualquer pessoa física ou jurídica, privada ou pública, 
de qualquer órgão ou entidade com capacidade processual, ou de 
universalidade legalmente reconhecida, lesado ou ameaçado de 
lesão por ato ou omissão de autoridade, pública ou particular que 
detenha, sob qualquer fundamento legal, parcela de autoridade 
inerente ao Estado, desempenhando atribuições do Poder 
Público, desde que não amparado esse direito por habeas corpus 
ou habeas data. 
Ainda a respeito do seu conceito, manifesta-se Pinto 
Martins24: 
Mandado de segurança é o remédio constitucional para a 
proteção de direito líquido e certo, não amparado por habeas 
corpus ou habeas data, em face de lesão ou ameaça de lesão a 
direito, por ato de autoridade praticado com abuso de poder. 
Criterioso é o conceito ofertado por Cretella Junior25, que 
define o mandado de segurança como: 
Ação civil de conhecimento, de rito sumaríssimo, mediante a qual 
toda pessoa física, pessoa jurídica de direito público ou de direito 
privado, sindicato, partido político entidade de classe e associação 
de classe, desde que tenham, por ilegalidade ou abuso de poder, 
proveniente de autoridade pública, ou agente de pessoa jurídica, 
no exercício de atribuições do Poder Público, sofrido violação – ou 
tenham justo receio de sofrê-la – de direito líquido e certo, não 
amparado por habeas corpus ou habeas data, a fim de que, pelo 
controle jurisdicional, o Poder Judiciário devolva, in natura, ao 
interessado, aquilo que o fato ou o ato tirou ou ameaçou tirar. 
Sem se distanciar muito dos doutrinadores mencionados, 
Bebber26 conceitua mandado de segurança como: 
 
23 ARAÚJO. Edmir Netto de. Mandado de Segurança e autoridade coatora. São Paulo, LTr, 
2000, p. 22. 
 
24 MARTINS. Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense; modelos 
de petições, recursos, sentenças e outros. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 22. 
 
25 CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à lei do mandado de segurança. 9. Ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 1998, p. 1-2. 
 
26 BEBER, Júlio César. Mandado de segurança: habeas corpus, habeas data na Justiça do 
trabalho. 2. Ed. São Paulo: LTr, 2008. P. 23. 
 12
Ação mandamental de direito público que integra a chamada 
jurisdição constitucional das liberdades, e que tem por escopo 
proteger direitos individuais incontestáveis não amparáveis por 
habeas corpus ou habeas data, violados ou ameaçados de sê-lo 
por ilegalidade ou abuso do Poder Público. 
Desta forma, a definição do mandado de segurança alcança 
inúmeros pensamentos doutrinários, todos convergindo com a mesma finalidade, 
qual seja, proteger direito líquido e certo de um ato de autoridade pública, quando 
o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder é agente vinculado ao Poder 
Público. 
1.3.1 Direito líquido e certo 
Na evolução do desenvolvimento histórico do mandado de 
segurança, muito se tem debatido sobre o tema pela doutrina. No entanto, não há 
mais divergências doutrinárias e jurisprudenciais acerca desse tema, sendo 
pacífico o entendimento do que é o conceito de direito líquido e certo. 
Conceito assente na Constituição do Brasil desde 1946 e 
legislação correlata, direito líquido e certo é aquele que não desperta dúvidas, que 
está isento de obscuridades, que não precisa ser declarado com o exame de 
provas em dilações, que é por si mesmo, concludente e inconcusso. 27 
No entendimento de Barbi28: 
Conceito de direito líquido e certo é tipicamente processual, pois 
atende ao modo de ser de um direito subjetivo no processo: a 
circunstância de um determinado direito subjetivo realmente existir 
não lhe dá a caracterização de liquidez e certeza; esta só lhe é 
atribuída se os fatos em que se fundar puderem ser provados de 
forma incontestável, certa, no processo. E isso normalmente só se 
dá quando a prova for documental, pois esta é adequada a uma 
demonstração imediata e segura dos fatos. 
Meirelles29, por sua vez, leciona que direito líquido e certo é: 
 
27 MIRANDA, Pontes de. Comentários à Constituição de 1967. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 
1980. p.360. 
 
28 BARBI, Celso Agrícola. Do mandado de segurança. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1976, p. 
85. 
 
 13
O que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na 
sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. 
Por outras palavras, o direito invocado, para ser amparado por 
mandado de segurança, há de vir expresso por norma legal e 
trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao 
impetrante. 
A administrativista Di Pietro30, cuida de apresentar não 
simplesmente uma definição, mas sim três requisitos essenciais à configuração 
de direito líquido e certo, lição, inclusive, valiosamente didática, para os 
estudiosos da matéria. Segundo a jurista, o direito líquido e certo deve apresentar 
alguns requisitos, além da certeza quanto aos fatos: 
1. Certeza jurídica, no sentido de que o direito deve decorrer de 
normal legal expressa, não se reconhecendo como líquido e certo 
o direito fundamentado em analogia, eqüidade ou princípios gerais 
de direito, a menos que se trate de princípios implícitos na 
Constituição, em decorrência, especialmente, do art. 5º, parágrafo 
2º: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não 
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela 
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte”; 
2. Direito subjetivo próprio do impetrante no sentido de que o 
mandado é somente cabível para proteger direito e não simples 
interesse e esse direito deve pertencer ao próprio impetrante; 
ninguém pode reivindicar, em seu nome, direito alheio, conforme 
decisões unânimes do STF in RTJ 110/1026 e RDA 163/77. Não 
destoa desse entendimento a norma do art. 1º, parágrafo 2º, da 
Lei 1533/51, em consonância com a qual, “quando o direito 
ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas 
poderá requerer o mandado de segurança”, porque, nesse caso, 
cada qual estará agindo na defesa de direito próprio”. (...); 
3. Direito líquido e certo referido a objeto determinado, 
significando que o mandado de segurança não é medida 
adequada para pleitear prestações indeterminadas, genéricas, 
fungíveis ou alternativas; o que se objetiva com o mandado de 
segurança é o exercício de um direito determinado e não sua 
reparação econômica; por isso mesmo, a Súmula nº269, do STF, 
diz que “o mandado de segurança não é substitutivo de ação de 
cobrança”. Assim, “o objeto do mandado de segurança é a 
anulação do ato ilegal ou a prática de ato que a autoridade 
coatora omitiu; se concedido o mandado, a execução se fará por 
ofício do juizà autoridade para que anule o ato ou pratique o ato 
 
29 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular e Ação Civil Pública. 11 
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987. p.11. 
 
30 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 19ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 
2004. p. 677-678. 
 14
solicitado; não cumprida a execução, incidirá a autoridade no 
crime de desobediência. Não há a execução forçada no mandado 
de segurança”. 
De conceitos e apontamentos doutrinários, fixados como 
premissas para o estudo da matéria, exsurgem repercussões jurídicas na 
caracterização do mandado de segurança. 
Há de se observar, que a existência de direito subjetivo, por 
si só, não o qualifica como líquido e certo. Para fins de mandado de segurança, 
dito direito subjetivo há que ser relacionado a fato suscetível de prova documental 
cabal, que deverá instruir a petição inicial, e sobre a qual não paira dúvidas. 
Sobre o tema, Scarpinela Bueno31 entende que: 
A expressão direito líquido e certo relaciona-se intimamente ao 
procedimento célere, ágil, expedito e especial do mandado de 
segurança, em que, por inspiração direta do habeas corpus, não é 
permitida qualquer dilação probatória. É dizer: o impetrante deverá 
demonstrar, já com a petição inicial, no que consiste a ilegalidade 
ou a abusividade que pretende ver expungida do ordenamento 
jurídico, não havendo espaço para que demonstre sua ocorrência 
no decorrer do procedimento. 
Portanto, se os fatos devem ser indiscutíveis, não pode 
haver dúvida quantos aos documentos que os comprovam. Por isso, se houver 
controvérsia quanto à comprovação documental do fato alegado, ou se os 
documentos apresentados forem impugnados mediante alegação de falsidade, 
subtrai-se a sua credibilidade, cria-se dúvida e desaparece, com isso, o direito 
líquido e certo, levando consigo a possibilidade de utilização do mandado de 
segurança. 32 
Não restam dúvidas, outrossim, que é a partir dessa 
essência processual, que podem ser explicados a adoção do rito especial e a 
necessidade de a peça inicial estar, de plano, instruída com prova documental, a 
chamada prova pré-constituída. No mandado de segurança, não há fase 
 
31 BUENO, Cássio Scarpinela. Mandado de Segurança. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 13. 
 
32 BEBER, Júlio César. Mandado de segurança: habeas corpus, habeas data na Justiça do 
trabalho. 2. Ed. São Paulo: LTr, 2008. P. 42. 
 
 15
instrutória ou produção de provas complementares, pois isso significaria que 
ainda subsiste algum tipo de incerteza quanto aos fatos, o que, como se viu, é 
inadmissível. 
1.3.2 Ato de autoridade pública 
Estabelecido o conceito da cláusula "direito líquido e certo", 
convém estabelecermos que atos podem ser objeto da impetração do mandamus. 
A definição de ato de autoridade pública dada por Meirelles33 
e aceita por grande parte da doutrina é: 
Toda manifestação ou omissão do Poder Público ou de seus 
delegados, no desempenho de suas funções ou a pretexto de 
exercê-las. 
Bezerra Leite34 aduz que: 
O conceito de autoridade pública há de ser entendido, a nosso 
ver, no sentido lato, nele estando incluídos não apenas os 
agentes da Administração Direta e Indireta (dirigentes das 
empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e 
fundações públicas), como os agentes dos Poderes Executivo, 
Legislativo e Judiciário, desde que pratiquem ato na condição de 
autoridade pública. 
O inciso LXIX do artigo 5º da Constituição da República de 
198835 traz a seguinte redação: 
Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito 
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas 
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder 
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício 
de atribuições do Poder Público. 
 
33 MEIRELLES. Hely Lopes. Mandado de segurança. 25 ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 33. 
 
34 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Mandado de segurança no processo do trabalho. São 
Paulo, LTr, 1999, p. 40. 
 
35 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 05 de outubro de 1988. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm> Acesso em 18 out. 
2009. 
. 
 
 16
Portanto, pela redação do dispositivo constitucional “a 
impetração visa a prevenir ou corrigir ação ou omissão, ilegal e abusiva, praticada 
ou em vias de ser praticada, por autoridade pública”. 36 
Para compreender o conceito de ato de autoridade é 
imprescindível definir autoridade, ato estatal e ato administrativo. 
1.3.2.1 Autoridade 
Pode-se definir autoridade como sendo todo aquele que 
exerce um cargo ou uma função estatal em qualquer dos planos da federação e 
em qualquer dos poderes organizados, investido de poder de decisão, pela qual 
manifesta a vontade do Estado. 37 
Desta forma, a autoridade será sempre a pessoa física que 
exerce um cargo ou uma função pública. Será sempre, portanto, um agente 
público. 
Além disso, “a exata determinação de quem seja a 
autoridade coatora nos casos concretos é da maior importância, porque disso 
depende a fixação do órgão competente para o julgamento, uma vez que, 
segundo o nosso direito positivo, a competência para conhecer dos mandados de 
segurança não deriva da questão ajuizada, e sim da hierarquia da autoridade que 
praticou o ato impugnado por aquela via processual”. 38 
A Constituição Federal, ao tratar a responsabilidade do 
Estado “asseverou que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito 
privado prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Com isso alargou o conceito de 
 
36 SODRÉ, Eduardo. Mandado de segurança. In: DIDIER JR, Fredie (org.). Ações constitucionais. 
1ª ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2006, p. 108. 
 
37 TEIXEIRA FILHO. Manoel Antônio. Mandado de segurança na justiça do trabalho. 2 ed. São 
Paulo: LTr, 1994. p. 139. 
 
38 BARBI, Celso Agrícola. Do mandado de segurança. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1976, p. 
70. 
 
 17
agente público e, de conseguinte, o conceito de quem possa ser autoridade 
coatora no mandado de segurança”. 39 
Desse modo, são também, autoridades para efeito de 
mandado de segurança os particulares quando exercerem funções públicas 
autorizadas ou delegadas pelo Estado (concessão, permissão ou outra forma de 
transferência da atividade pública ao particular), como é o caso, dentre outros, 
dos diretores de estabelecimentos particulares de ensino, dos presidentes de 
sindicatos quando atuarem na cobrança sindical e dos presidentes dos serviços 
sociais autônomos. 
1.3.2.2 Ato estatal 
Sobre o conceito de ato estatal, Barbi40 aduz que: 
Entende-se, pacificamente, na doutrina brasileira, que o mandado 
de segurança só será remédio adequado se o ato lesivo ou 
ameaçador tiver sido praticado pelo Estado como Poder Público, 
excluídos, assim, os atos em que ele tenha agido como pessoa 
privada, pois nestes casos estará sujeito apenas aos remédios 
comuns das leis processuais. 
Isso significa que não são apenas os atos administrativos 
que podem ser objeto de impugnação pela via do mandado de segurança, mas 
quaisquer atos das autoridades públicas dos Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário. Admite-se, por isso, mandado de segurança contra as denominadas 
leis auto-executórias ou de efeitos concretos e contra os atos jurisdicionais. 
1.3.2.3 Ato administrativoOs atos da administração eram amparados na divisão 
idealizada pelo direito francês e italiano, como sendo: 
- atos de império (jure imperii), que seriam “os praticados pela 
Administração com todas as prerrogativas e privilégios de 
autoridade e impostos unilateral e coercitivamente ao particular, 
independentemente de autorização judicial, sendo regidos por um 
 
39 FIGUEIREDO. Lúcia Valle. Mandado de segurança. 3 ed. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 49. 
 
40 BARBI. Celso Agrícola. Do mandado de segurança, 1976, p. 118. 
 
 18
direito especial exorbitante do direito comum, porque os 
particulares não podem praticar atos semelhantes, a não ser por 
delegação do Poder Público". 
- atos de gestão (jure gestionis), que seriam “os praticados pela 
Administração em situação de igualdade com os particulares, para 
a conservação e desenvolvimento do patrimônio público e para a 
gestão de seus serviços; como não diferem a posição da 
Administração e a do particular, aplica-se a ambos o direito 
comum”. 41 
Muitas vezes, porém, é difícil divisar ato de gestão de ato de 
império. Tal dificuldade, então, levou alguns doutrinadores a abandonarem essa 
distinção, mediante a substituição por outra, qual seja: atos administrativos 
regidos pelo direito público e atos de direito privado da administração regidos pelo 
direito privado. 
Sobre a matéria, Cretella Júnior42 prescreve que: 
Não se compreende mais, em nossos dias, de modo algum, o 
acolhimento, na doutrina e, muito menos, na prática, da 
classificação dos atos administrativos em atos de império e atos 
de gestão. Antiqualha jurídica, criação cerebrina para remediar 
uma situação de fato na França, em período de convulsão social, 
tem sido causa freqüente de desencontros doutrinários e 
desorientação frente aos casos concretos, além de não resolver a 
totalidade das espécies configuradas. 
1.3.3 Ilegalidade ou abuso de poder 
A legalidade é um dos princípios mais importantes na 
Administração Pública, tendo realce em virtude de se apresentar no caput do art. 
37 da Constituição da República Federativa do Brasil43, in verbis: 
Art. 37 – A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...). 
 
41 DI PIETRO. Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2002 p. 211. 
 
42 CRETELLA, JÚNIOR, José. Comentários à lei do mandado de segurança. 9. Ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 1998. p. 62. 
 
43 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 05 de outubro de 1988. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm> Acesso em 18 out. 
2009 
 
 19
Por força desse princípio, os atos administrativos produzem 
efeitos válidos só quando editados sem vício da ilegalidade. Se viciado, o ato é 
nulo ou anulável, sujeito, portanto, ao desfazimento pela própria Administração ou 
pelo Judiciário. 
Segundo Teixeira Filho44: 
De modo geral, para os efeitos do mandado de segurança estará 
caracterizada a ilegalidade do ato quando: a) houver lei que 
proíba a sua realização, ou a determine; b) inexista lei que atribua 
a competência para praticá-lo ou haja dever de praticá-lo; c) 
contrariar lei expressa regulamente ou princípio de direito público; 
d) desrespeitar os princípios ou as normas constantes do art. 37 
da Constituição e outros, consagrados pelo direito; e) não estiver 
incluído nas atribuições legais do agente, ou, estando incluído, 
houver omissão; f) existir usurpação de funções, abuso de 
funções ou invasão de funções; g) houver vício de competência, 
de forma, objeto, motivo ou finalidade; h) estiver em desacordo 
com a norma legal ou decorrer de norma ilegal ou inconstitucional. 
Desta forma, o abuso de poder traduz um agir 
(aparentemente) dentro da lei, mas contra ela no sentido subjetivo (ideológico). A 
prática de ato, por isso, não está voltada para servir a finalidade legal, mas, sob a 
aparência de fazê-lo, efetivamente pretende alcançar outro fim, tornando-se um 
ato viciado, uma vez que traduz a violação moral da lei. 
1.4 DA NATUREZA JURÍDICA E FINALIDADE 
A princípio, pacificou-se que o mandado de segurança 
integra a chamada jurisdição constitucional das liberdades. 
Sobre a matéria, Bebber45 diz que: 
Seguindo a ordem dos mecanismos ditados pela doutrina para a 
realização da ordem constitucional, após o controle da 
constitucionalidade das leis e dos atos normativos, vem a 
denominada jurisdição constitucional das liberdades onde se 
incluem: o habeas corpus; o mandado de segurança; o mandado 
de injunção; o habeas data; a ação popular. Pode-se dizer, então, 
 
44 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Mandado de segurança na justiça do trabalho. 2 ed. São 
Paulo: LTr, 1994. p. 136. 
 
45 BEBBER, Júlio César. Princípios do processo do trabalho. São Paulo: LTr, 1997, p. 156. 
 
 20
que toda a jurisdição constitucional se caracteriza como conjunto 
de remédios processuais oferecidos pela Constituição para a 
prevalência dos valores que ela própria obriga. 
Portanto, é ação que declara e satisfaz o direito (sincrética), 
de rito especial, que não pertence ao direito material ou processual específico, 
mas sim ao direito processual constitucional. 
Nas sábias palavras de Alexandre de Moraes46, a natureza 
do mandado de segurança trata-se de: 
Ação constitucional civil, cujo objeto é a proteção de direito líquido 
e certo, lesado ou ameaçado de lesão, por ato ou omissão de 
autoridade Pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuições do Poder Público. 
Quanto à natureza jurídica segundo os efeitos da sentença, 
o mandado de segurança integra as ações mandamentais, pois, “não é 
simplesmente declaratória, ou apenas constitutiva, ou meramente declaratória, 
tendo em vista as características de cada uma delas (...). Ela contém, em si, um 
plus da ordem, do mandamento, fazendo com que se enquadre na categoria das 
ações mandamentais”. 47 
Com relação a sua finalidade, preceitua Meirelles48: 
O mandado de segurança visa, precipuamente, à invalidação de 
atos de autoridade ou à supressão de efeitos de omissões 
administrativas capazes de lesar direito individual ou coletivo, 
líquido e certo. 
Desta forma, o mandado de segurança tem por escopo 
proteger o exercício de direitos incontestáveis não amparados por habeas corpus 
ou habeas data, diante de ato ilegal ou abusivo do Poder Público. 
1.5 DOS ATOS EXCLUÍDOS DO MANDADO DE SEGURANÇA 
 
46 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 180. 
 
47 CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à lei do mandado de segurança. 9. Ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 1998. p. 63. 
 
48 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança. 24. Ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 31. 
 
 21
De acordo com o artigo 1º, § 2º e artigo 5º, incisos I, II e III 
da Lei 12.016/200949, não é possível a impetração quando se tratar: 
Art. 1º (...) 
§ 2º - Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão 
comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, 
de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço 
público. 
Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se 
tratar: 
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito 
suspensivo, independentemente de caução; 
Sob pena de carência de ação, não se deve utilizar o 
mandado de segurança quando há algum meio mais específico para atacar a 
ilegalidadede ato judicial, com o qual se obterá os mesmos efeitos do "remédio 
heróico". 
A determinação legal foi reforçada pela Súmula 26750 da 
Suprema Corte onde se coaduna que “não cabe mandado de segurança contra ato 
judicial passível de recurso ou correição". 
Vê-se que as possibilidades de impetração do mandado de 
segurança contra ato judicial ficam, pois, restritas aos casos em que não houver 
recurso adequado ou, como vinha sendo reiterado pela jurisprudência, para dar 
efeito suspensivo ao recurso quando a este não fosse dado tal efeito. 
Em não havendo recurso adequado para combater a 
ilegalidade praticada por autoridade judicial (e sendo a correição ineficaz pela 
natureza da situação), cabe a impetração para fazer valer o direito líquido e certo 
do coagido. 
 
49 BRASIL. Lei 12.016, de 07 de agosto de 2009. Disciplina o mandado de segurança individual e 
coletivo. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília-DF, 10 ago. 2009. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12016.htm>. Acesso em 16 
ago. 2009. 
 
50 BRASÍLIA. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 267. Disponível em: <www.stf.gov.br>. 
Acesso em: 31 out. 2009. 
 
 22
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito 
suspensivo; 
Se os efeitos do ato danoso podem ser sustados por meio 
de recurso administrativo com efeito suspensivo (ou da atribuição desse feito), 
adia-se a possibilidade de impetração do mandamus para depois da decisão 
administrativa, pois, se favorável ao interessado, suprirá os efeitos do ato, 
desaparecendo por essa razão o fato violador que a ensejaria. 51 
Impende destacar que o STF está abrandando os efeitos da 
súmula 267, passando a admitir o mandamus, excepcionalmente, mesmo 
havendo recurso previsto em lei, se este não possuir efeito suspensivo e restar 
comprovada a existência de uma ilegalidade. O mandado de segurança pode 
conceder efeito suspensivo a recurso, desde que haja dano irreparável, fumus 
boni juris e periculum in mora. 
III - de decisão judicial transitada em julgado. 
Se a parte esgotou as vias processuais disponíveis, tendo 
manejado ou não os recursos admissíveis, incabível será o mandado de 
segurança. O trânsito em julgado, material ou formal, impede seu uso, 
independentemente do vício que a sentença ou acórdão possa conter. 
O Tribunal Superior do Trabalho e o Supremo Tribunal 
Federal firmaram o mesmo entendimento com relação ao não-cabimento do 
mandado de segurança em face de decisão judicial transitada em julgado, 
devendo ser utilizada para tanto a ação rescisória, conforme se comprova pela 
redação das súmulas 33 do TST52, 268 do STF53 e OJ-99 do SDI-II (TST)54. 
Vejamos: 
 
51 ARAÚJO. Edmir Netto de. Mandado de segurança e autoridade coatora. São Paulo, LTr, 
2000. p. 40. 
 
52 BRASÍLIA. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 33. Disponível em: <www.tst.gov.br>. 
Acesso em: 31 out. 2009. 
 
53 BRASÍLIA. Superior Tribunal Federal. Súmula nº 268. Disponível em: <www.stf.gov.br>. Acesso 
em: 31 out. 2009. 
 
 23
Súmula 33, TST. MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO 
JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. Não cabe mandado de 
segurança de decisão judicial transitada em julgado. 
 
Súmula 268, STF. NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA 
CONTRA DECISÃO JUDICIAL COM TRÂNSITO EM JULGADO. 
OJ-99, SDI-II (TST). Mandado de segurança. Esgotamento de 
todas as vias processuais disponíveis. Trânsito em julgado formal. 
Descabimento. Esgotadas as vias recursais existentes, não cabe 
mandado de segurança. 
No caso do trânsito em julgado formal, será possível o 
interessado valer-se, novamente, da mesma ação (CPC, art. 268). Havendo, 
porém, trânsito em julgado material, sua desconstituição somente será possível 
pela via da ação rescisória (CPC, art. 485). 
Não se submete ao controle pela via do mandado de 
segurança, ainda, o ato administrativo disciplinar, salvo quando praticado por 
autoridade incompetente ou com inobservância de formalidade essencial. 
Com relação à lei em tese, dispõe a Súmula 26655 do SFT: 
Súmula 266, SFT. NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA 
CONTRA LEI EM TESE. 
A lei possui um caráter geral e contém em si uma norma 
abstrata de conduta. Sua simples existência, portanto, não é capaz (como regra) 
de ameaçar ou lesar direito das pessoas, pois não possui operatividade imediata, 
sendo necessário, para a sua individualização, a expedição de ato administrativo. 
Daí a razão de a lei em tese não ser passível de impugnação via mandado de 
segurança, uma vez que não se faz presente o interesse de agir sob a vertente da 
necessidade. 56 
 
54 BRASÍLIA. Tribunal Superior do Trabalho. SBDI-1. Orientação Jurisprudencial nº 99. 
Disponível em: <www.tst.gov.br>. Acesso em: 31 out. 2009. 
55 BRASÍLIA. Tribunal Tribunal Federal. Súmula nº 266. Disponível em: <www.stf.gov.br>. Acesso 
em: 31 out. 2009 
 
56 ARAÚJO. Edmir Netto de. Mandado de segurança e autoridade coatora. São Paulo, LTr, 
2000. p. 55. 
 24
Por fim, o mandado de segurança não cabe na execução 
quando for possível a interposição de recursos ou embargos de terceiro, inclusive, 
tem este efeito suspensivo, conforme art. 1.052 do Código de Processo Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25
CAPÍTULO 2 
DO PROCESSAMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA 
2.1 DA PETIÇÃO INICIAL E LIMINAR 
A petição inicial é a peça da maior importância no processo. 
É por meio dela que o impetrante materializa a sua pretensão, servindo de base, 
portanto, à sentença. 
A petição do mandado de segurança terá de ser subscrita 
por advogado e deverá preencher os requisitos objetivos prescritos no art. 282 do 
CPC. São eles: 
a) Indicação do juiz ou tribunal a que é dirigida. Esse requisito 
está intimamente ligado à competência; 
b) Os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e 
residência do autor e do réu.57 No mandado se segurança, ao 
invés de autor e réu, utiliza-se as denominações impetrante e 
impetrado; 
c) Os fatos. São as causas que motivaram o impetrante a postular 
a tutela judicial; 
d) Os fundamentos jurídicos do pedido. São os motivos pelos 
quais o impetrante entende que o ato impugnado é abusivo ou 
ilegal; 
e) O pedido, com suas especificações. Nesta fase, o impetrante 
pede uma providência mandamental (pedido imediato) dirigida à 
autoridade coatora, que impeça a concretização da ameaça ou 
repare a violação do direito; 
f) O valor da causa. Como qualquer outra ação, ao mandado de 
segurança deve ser atribuído um valor58; 
 
57 Toda demanda contém duas posições fundamentais – autor e réu – e a essa regra não foge o 
mandado de segurança, como forma de que é de exercício do direito de ação (BARBI, Celso 
Agrícola. Do mandado de segurança. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1976. p. 166) 
 
58 Em sentido contrário, o art. 840 da CLT não alude a valor da causa. Logo, não é ele requisito 
essencial da petição inicial do mandado de segurança ajuizado perante o foro trabalhista 
 26
g) As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos 
fatos alegados. Sendo o mandado de segurança uma ação de 
cunho meramente documental, este requisito passa a ser 
dispensável; 
h) Requerimento para a citação do réu. Esse requisito deve ser 
interpretado de acordo com o art. 7º, I, da Lei nº. 12.016/2009. Daí 
porque o impetrante não pedirá a citação do réu, mas a 
notificação da autoridade coatora. Esse ato, por si só, representaa citação do réu59. 
A respeito do problema do CPC – Código de Processo Civil, 
quanto aos pressupostos processuais, as condições e o exame do mérito tem-se 
que, nos termos do art. 5º da LXIX da CRFB/88, o mandado de segurança deve 
observar: a) a existência de ato ilegal ou abusivo de autoridade pública ou agente; 
b) ocorrência de direito subjetivo líquido e certo violado ou ameaçado. 
Todavia, além desses requisitos, devem no mandado de 
segurança estar presentes as três condições da ação previstas na lei adjetiva 
civil: a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade ad 
causam (titularidade para a ação). 
Em caso de urgência, é permitida a impetração por 
telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade 
comprovada, podendo a notificação ser feita da mesma forma (art. 4º da Lei nº 
12.016/2009). 
Ao despachar à inicial, o juiz ordenará a notificação da 
autoridade coatora; à ciência do feito ao órgão de representação judicial da 
pessoa jurídica interessada e que seja suspenso o ato que deu ensejo ao pedido, 
se presente os requisitos legais; indeferirá a petição, se não for o caso de 
mandado de segurança ou lhe faltar algum requisito ou for inepta (art. 7º da Lei nº 
 
(BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Mandado de segurança no processo do trabalho. São 
Paulo: LTr, 1999. p. 58). 
 
59 A omissão da lei quanto à citação separada à pessoa jurídica de direito público não deve ser 
entendida como erro, mas sim como vontade de simplificar o processo, a fim de torná-lo mais 
rápido. Acresce, ainda, que a lei pode perfeitamente alterar a forma tradicional de citação, 
suprimindo o mandado e substituindo-o por ofício, meio mais moderno, de mais fácil confecção; e 
pensamos que a lei fez realmente essa modificação por amor à celeridade. Da mesma forma, 
entendemos que a lei pode determinar a citação a quem ache adequado, colocando essa pessoa 
como representante judicial da entidade pública interessada (BARBI, Celso Agrícola. Do mandado 
de segurança. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1976. p. 219). 
 27
12.016/51 e 296 do CPC). Em caso de indeferimento da inicial, a autoridade 
coatora não é notificada. 60 
Ressalta-se que somente a falta dos requisitos de 
admissibilidade (pressupostos processuais, condições da ação, presença de ato 
de autoridade, existência de direito líquido e certo e impetração no prazo legal) é 
que permite o indeferimento liminar da petição inicial, ressalvada a possibilidade 
de saneamento desta. 61 
O novo regime instituído pela Lei nº. 8.952/94 permite ao 
juiz, quando houver indeferimento da inicial, que se retrate, reformando a 
sentença. 
As informações serão prestadas pela própria autoridade no 
prazo de 10 dias (art. 7º, inciso I, da Lei do Mandado de Segurança, aonde 
poderão ser alegadas todas as defesas possíveis, ou seja, nesta oportunidade 
poderá o impetrado esclarecer minuciosamente os fatos e o direito em que se 
baseou o ato impugnado, podendo oferecer prova documental, além da prova 
pericial anteriormente realizada). 
Se houver indicação errônea da autoridade coatora, entende 
a corrente majoritária da doutrina e jurisprudência que deve o processo ser extinto 
de acordo com o estatuído no art. 267, VI, do Código de Processo Civil. 
O recurso será interposto pelo representante judicial da 
entidade apontada como coatora e não pela autoridade administrativa violadora 
do direito liquido e certo, a não ser que, por interesse próprio e para salvaguardar 
direitos (pode vir a sofrer ação regressiva ou sanção penal), constitua advogado 
para interpor recurso. 
 
60 GIGLIO. Wagner D. Direito processual do trabalho. 15. ed. rev. e atual.conforme a EC n. 
45/2004. São Paulo: Saraiva. 2005. p. 330. 
 
61 BEBBER, Júlio César. Mandado de segurança: habeas corpus, habeas data na Justiça do 
trabalho. p. 87. 
 28
É inadmissível o efeito da revelia em sede de mandado de 
segurança. De fato, se faltarem às informações, aplica-se o disposto no art. 320, 
inciso I, do CPC e não o artigo 319 do mesmo diploma legal. 
Como o mandado de segurança supõe direito líquido e certo, 
a prova é sempre pré-constituída e documental. Por ter como requisito a 
incontestabilidade (senão não se poderia falar em direito líquido e certo), não 
cabe incidente de falsidade em sede de mandado de segurança. 
A instrução probatória só cabe quando o impetrante pedir 
exibição de atos, nos termos do estabelecido no art. 7º, inciso I, da Lei nº 
12.016/2009, que se dá nas situações em que o estabelecimento dos fatos é 
apurável mediante requisição do juízo, a pedido ou não da parte, de documentos 
e peças existentes em órgãos públicos. 
Discussão há na doutrina quanto à natureza das 
informações, ou seja, se ela tem natureza jurídica de contestação, cuja ausência 
importaria em revelia. 
Comunga-se do mesmo entendimento de Leyser62 que 
leciona que: 
(...) a autoridade coatora é mera informante, cabendo a 
contestação à pessoa jurídica de direito público. 
Considerando que as informações não representam 
contestação, a autoridade coatora deverá se limitar a informar sobre o ato 
impugnado, não podendo praticar atos de disponibilidade, como a confissão ou 
reconhecimento jurídico do pedido. 
No mandado de segurança, a falta de apresentação de 
defesa por parte da pessoa jurídica de direito público não enseja revelia, nem 
seus correspondentes efeitos, porque cabe ao impetrante fazer prova da liquidez 
e certeza do direito mediante prova documental pré-constituída. 
 
62 LEYSER, Maria de Fátima Vaquero Ramalho. Mandado de Segurança Individual e Coletivo. 
São Paulo: WVC Editora, 2002, p. 81. 
 29
Além do litisconsórcio, que é expressamente previsto na Lei 
do Mandado de Segurança (art. 24), a doutrina admite ainda em sede de writ of 
mandamus63 a assistência simples e a litisconsorcial, bem como o recurso de 
terceiro prejudicado. 
Tanto a CRFB/88 como todas as que a antecederam, jamais 
distinguiram a medida liminar em sede de mandado de segurança. 
Todavia, a sua previsão está inserida no art. 7º, inciso III da 
Lei nº 12.016/2009 que a indica como suspensão antecipada do ato lesivo da 
autoridade diante da relevância do fundamento do pedido e da possibilidade de vir 
a se tornar sem efeito prático a segurança se ela não for previamente 
assegurada. Ademais, fica facultado exigir do impetrante caução, fiança ou 
depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. 
A medida liminar deve ser vista como procedimento 
acautelador do direito do impetrante, que se justifica pela iminência de dano 
irreparável e irreversível no plano patrimonial, moral ou funcional. Ela é uma 
garantia quanto ao não perecimento do direito líquido e certo até a decisão 
transitada em julgado. Segundo Meirelles64: 
A medida liminar não é concedida como uma antecipação dos 
efeitos da sentença final. A decisão final pode, inclusive, ser 
oposta aos fundamentos da medida liminar. Daí surge o 
significado da não antecipação dos efeitos. A liminar não provém 
de questão de mera liberalidade do Poder Judiciário; ela é, 
primordialmente, uma medida acautelatória do direito de quem 
impetra o “writ”. 
 
63 Os termos significam “ordenamos” (“we command”) ou “queremos ser informados” (“we wish to 
be informed”). O significado abrange a determinação superior que deve ser cumprida em instância 
inferior ou por autoridade pública ou privada, visando à realização do que, de direito, está obrigado 
a fazer.A expressão refere-se a uma ordem judicial, com significado semelhante ao de mandado 
de segurança, mas não de igual conceito. O mandado é o nome de uma ação, enquanto o writ of 
mandamus é o termo dado à ordem judicial. A semelhança de sentido está em que ambos 
(mandado de segurança e writ of mandamus) não se aplicam a esferas discricionárias de poder. 
Por seu caráter excepcional, o mandamus dificulta a celeridade das decisões judiciais, por isso, no 
Brasil, o mandado de segurança tem ação bem mais recorrentemente empregada (CONSELHO 
NACIONAL DE JUSTIÇA. Glossário CNJ. Disponível em 
<http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_glossary&task=list&glossid=2&letter=M>.Acesso em: 
31 out. 2009). 
 
64 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, ação popular, ação civil pública, mandado 
de injunção, “habeas data”. São Paulo, Malheiros, 1999, p. 71. 
 30
A liminar garante, por meio de sua inserção na ação 
constitucional, a segurança ansiada pelo impetrante, o que conseqüentemente 
gera o cumprimento de sua utilidade para com o mesmo. 
O caráter autônomo da medida liminar assenta-se na 
prerrogativa de que o juiz não está vinculado em mantê-la no mundo jurídico 
gerando seus efeitos. A decisão final pode ser dada em sentido oposto à liminar. 
Há casos e situações nas quais ao magistrado é facultada a opção de cassação 
da mesma, conforme suas convicções entendendo ele que tal medida já não mais 
se mostra necessária à conservação de um direito. Na análise profunda, nota-se, 
portanto, a precariedade que circunda a liminar. A medida não é absoluta, 
imutável; a instabilidade demonstra que a segurança não está garantida, o que há 
de fato é uma prevenção à uma situação cujo risco pode lesionar 
irremediavelmente o direito líquido e certo da pessoa. 
O professor Barbi65 também ressalta a função da medida 
liminar que seria a de evitar danos possíveis causados pela demora natural do 
processo. Para o jurista, o juiz ao ordenar a suspensão do ato coator: 
(..) terá antecipado em caráter provisório, a providência que 
caberia à sentença final, e isso para evitar o dano que decorreria 
da natural demora na instrução do processo 
Incontestável, portanto, se mostra a função da medida de 
caráter acautelatório, que é senão a prévia proteção de um direito de maneira a 
evitar o seu perecimento precoce até que seja dada pelo Juízo competente a 
decisão final sobre a lide. Assim, concedida a liminar, sobrestando os efeitos do 
ato, não implicará julgamento prévio ou mesmo definitivo do próprio ato. 
Para a concessão dessa liminar devem estar presentes dois 
requisitos legais, ou seja, a relevância dos motivos em que se assenta o pedido 
da inicial e a possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ao direito do 
impetrante, se vier ser reconhecido na decisão de mérito – fumus boni iuris e 
periculum in mora. 
 
65 BARBI, Celso Agrícola. Do mandado de segurança. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1976. p. 
200. 
 
 31
Todavia, sobre o tema, adverte Meirelles66: 
A medida liminar não é concedida como antecipação dos efeitos 
da sentença final, é procedimento acautelador do possível direito 
do impetrante, justificado pela iminência de dano irreversível da 
ordem patrimonial, funcional ou moral se mantido o ato coator até 
a apreciação definitiva da causa. 
Portanto, a liminar não é antecipação de decisão, mas 
medida inicial para prevenir a frustração da decisão final e a inocuidade da 
atividade e conseqüente prestação jurisdicional. É medida típica de cautela, sem 
caráter satisfatório. É medida preventiva de caráter meramente acautelatório. 
A concessão de liminar é ato vinculado, ou seja, ao apreciar 
o pedido o magistrado verifica se estão presentes os seus pressupostos. Se 
presentes, deve concedê-la; se ausentes, tem a obrigação de negá-la. Não há 
que se perquirir se convém concedê-la ou não, pois não há liberdade que 
diversifique sua posição em relação ao direito estabelecido. 
Figueiredo67, muito bem acentua que a liminar não se coloca 
ao prudente arbítrio do Juiz. Segundo ela: 
A concessão da liminar exsurgirá da situação posta ao 
magistrado. Presentes seus pressupostos, tais sejam, relevância 
do fundamento e perigo da demora e sua inocuidade se 
concedida a ordem a final, o magistrado só dispõe de uma 
possibilidade: concedê-la. 
Por isso, a medida não está vinculada ao arbítrio do juiz, 
mas sim ao seu amplo conhecimento da intensidade dos valores albergados no 
ordenamento jurídico. 
Os pressupostos específicos do mandado de segurança são 
a não ocorrência do período preclusivo de 120 (cento e vinte) dias da edição do 
ato; a existência de ato comissivo ou omissivo da autoridade e a inexistência de 
restrições do artigo 5º da Lei nº. 12.016/2009. 
 
66 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, ação popular, ação civil pública, mandado 
de injunção, “habeas data”. São Paulo, Malheiros, 1999, p. 15. 
 
67 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Mandado de segurança. 4ª Ed. São Paulo: Maleiros, 2002, p. 130. 
 32
Após verificados a existência desses pressupostos, deve o 
Juiz verificar se também estão presentes as condições da ação. 
Somente após a identificação preambular de 
desenvolvimento válido e regular do processo (art. 267, inciso IV, do CPC), é que 
o juiz irá apreciar o deferimento ou não do pedido liminar. 
Uma vez cassada ou cessada sua eficácia, voltam às coisas 
ao statu quo ante. Assim sendo, o direito do Poder Público fica restabelecido in 
totum para a execução do ato e de seus consectários, desde a data da liminar. 
Nesse sentido, prescreve a Súmula nº. 405 do STF68: 
Súmula STF nº. 405. Denegado o mandado de segurança pela 
sentença, ou no julgamento do agravo dela interposto, fica sem 
efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão 
contrária. 
De acordo com o art. 1º, alínea b, da Lei nº. 3.348/1964 
cessam os efeitos da medida liminar após 90 dias contados da data da respectiva 
concessão, sendo esse prazo prorrogável por mais 30 dias quando o Juiz 
justificar a impossibilidade de julgar o mérito nesse prazo em razão do acúmulo 
de serviço. 
Nossa realidade nos mostra que raramente a sentença de 
mérito ocorre dentro do prazo de vigência legal da liminar, o que de forma alguma 
tem gerado a caducidade da vigência initio litis nos tribunais pátrios, o que, de 
fato, se mostra justo, já que a parte não pode ser prejudicada pela morosidade do 
Poder Judiciário. Assim, vencido o prazo regular de 90 (noventa) dias, a liminar 
valerá por mais 30 (trinta) dias ou pelo prazo que demorar o juiz para julgar a 
segurança. 
Se o mandado de segurança for impetrado em primeira 
instância, do despacho do Juiz que indeferir o mandamus caberá apelação. Já 
para os mandados de segurança impetrados perante os Tribunais, do despacho 
do relator no mesmo sentido caberá agravo regimental. 
 
68 BRASÍLIA. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 405. Disponível em: <www.stf.gov.br>. 
Acesso em: 31 out. 2009 
 33
Quanto à exigência de depósito ou caução para a concessão 
de liminar em mandado de segurança, o inciso III, art. 7º da Lei nº. 12.016/2009 é 
realmente um divisor de águas, pois o que antes tratava-se de uma ação 
constitucional, que permitia de fato a todos exercerem os seus direitos e 
perquirirem por eles quando violados, agora passa a ser um instrumento que 
somente poderá ser usado por aqueles que tiverem condições financeiras de 
efetuarem depósito, caução ou fiança, conforme determinação judicial. 
Todavia, a doutrina já havia se consolidado no sentido de 
entender ser ela apenas cabível em situações especialíssimas, quando o 
deferimento da

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