Buscar

Trabalho Final

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
faculdade de educação
CURSO DE PEDAGOGIA 
PROFESSORA: DRA. NORMA SILVIA TRINDADE DE LIMA 
Disciplina : EP 348 B – EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
Educação inclusiva: Um direito de Participar e Aprender
Alunos
Carla Carolina Constantino Martelli RA 165656
Débora Patricia Silva Santos RA 166487
Érika Cristina da Silva RA 170621
Giovanna Marina Andrade Silva RA 168670
Rodrigo Leal da Silveira RA 176890
 Campinas, Junho 2018
INTRODUÇÃO
A educação para todos é um direito fundamental e que não pode ser negado. Isso é o que garante a Constituição Federal e também a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil é signatário e que tem status de norma constitucional. Mas o direito à educação inclusiva vem sendo desrespeitado. Falta de vagas, de professores especializados, de adaptação na estrutura física do colégio, matrículas negadas sem qualquer explicação, cobrança de taxa (até mesmo por escolas públicas) são alguns dos entraves encontrados pelas famílias.
As políticas para inclusão de pessoas com deficiência no Brasil aconteceram muito tarde, fazendo com que a educação especial passasse ao longo dos tempos por diversas modificações. 
As primeiras leis de inclusão das pessoas com deficiência à sociedade são: a Constituição Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/ 9.394/1996), nesses documentos é firmado o direito da educação a todos, sendo o Estado o responsável por garanti-lo, sobretudo nestes pontos:
Assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.
Garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena
Recebem apenas alunos que aprendem com facilidade os conteúdos curriculares tradicionais, que não têm significativos problemas de saúde, são escolas pouco preparadas para a diversidade de quaisquer alunos.
Em caso de recusa de matrícula a qualquer pessoa com deficiência, multa de 03 (três) a 20 (vinte) salários mínimos (art. 7º)
Organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva - 3º, inc. III, da LBI, são “ produtos, equipamentos, dispositivos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social”
Conforme já mencionado, a formação continuada de professores já é exigida pela LDB (art. 62), basta que nesta sejam inseridos conteúdos relativos ao atendimento educacional especializado.
Acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas
QUAL A DIFERENÇA ENTRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E EDUCAÇÃO ESPECIAL?
Identidade e diferença são, pois, inseparáveis, em geral, consideramos a diferença como um produto derivado da identidade. Educação Inclusiva: Pensa em unir as inúmeras diferenças existentes entre os indivíduos, sejam elas étnicas, sociais, físicas, intelectuais, entre outras. Essa educação envolve espaços que reconheçam a legitimidade da diferença bem como também o direito à educação. 
Educação Especial: Voltada ao acolhimento e inclusão daqueles dotados de qualquer tipo de deficiência: visual, auditiva, motora, mental, etc. 
SOBRE AS DIFERENÇAS
O mundo capitalista reproduz na sociedade uma perspectiva de diferença que é disseminada de forma naturalizada e até mesmo inconsciente. Os padrões que a todo momento estamos sujeitos a seguir faz com que a noção do que é diferente se dê de forma preconceituosa e taxativa; atribuindo aos que não se enquadram, condições menos favorecidas para que se insiram na vida social, sem as mesmas oportunidades e facilitadores que os demais. Falar sobre as diferenças é entender que as chances de conviver socialmente não se dão de maneira unitária, deixando às margens aqueles vistos como "diferentes", não os excluindo no sentido estrito da palavra, mas dificultando com que se incluam ou sejam incluídos. 
Essa realidade se faz presente dentro de cada sistema social, inclusive o de ensino. As consequências disso são taxas cada vez mais elevadas de crianças com atraso escolar ou que não acompanham o que é ensinado, pois o sistema é todo pensado para aqueles que se enquadram ao que é tido como "normal" e a turmas o mais homogêneo possível. Essa defasagem pode ser percebida pelo fato de uma educação de qualidade ser entendida como aquela que alcance a todos, que disponha das mais diferentes maneiras/aparatos/condições para abranger o maior número possível de alunos, visto que são todos diferentes e aprendem de formas diversas, mas o que se vê na prática são outras formas de entender a educação. 
Para além de professores capacitados em lidar com as diferenças e as diversas dificuldades dos alunos, é preciso que se repense a prática pedagógica no sentido de planejar aulas e momentos que proporcionem a apropriação do conhecimento através de múltiplas formas, para que os alunos possam aprender em sua diversidade.
CONCLUSÃO
“A história da espécie humana se confunde com a própria história da África, onde se originaram, também, as primeiras civilizações do mundo”
(MOORE, 2005, p. 136)
Consideramos pertinente o fortalecimento da ideia de que a Educação Inclusiva merece destaque nas discussões acerca das políticas públicas educacionais brasileiras e precisa de mudanças nas práticas pedagógicas, nos currículos escolares e, ainda, nos planejamentos educacionais. A limitação de algumas habilidades sejam elas físicas ou cognitivas não pode se transformar em uma barreira para a aprendizagem.
O que existe na realidade atual, é um expressivo despreparo dos professores para lidar com crianças em situação de deficiência e muitos acabam excluindo tais alunos ou utilizando metodologias ineficazes e inadequadas às necessidades de aprendizagem, incluindo as suas especificidades. Por isso acreditamos que as práticas pedagógicas no âmbito da educação especial necessitam ser repensadas.
Algumas leis foram inseridas no nosso sistema para tratar temas sociais que lidam a falta de conhecimento para tratar acerca do assunto, mas também para englobar a inclusão através de uma ética de gênero, cor e outros aspectos discriminatórios que ainda estão presentes na nossa sociedade, podemos citar a Lei 10.639/03 como um avanço nesse aspecto. 
Regulamentada, em junho de 2004, a lei a Lei 10.639/03 passou a representar mais um passo nas políticas de ações afirmativas e de reparação para a educação básica. Nos fundamentos teóricos da legislação, afirma-se que o racismo estrutural no Brasil se explicita através de um sistema de desigualdades e gerador de injustiças.
Diante de tantas mudanças ocorridas no mundo moderno, ainda é essencial para a aprendizagem o contato humano, a interação e o diálogo entre professor e aluno. O professor precisa superar as formas tradicionais de ensinar, e adotar uma postura que aproxime e facilite o aprendizado dos alunos com necessidades especiais, além de dispor do suporte da família e da escola ou rede de ensino.
Podemos ainda apontar que a história da inclusão também foi construída ao longo dos tempos sob forma de imposição política, militar, jurídica ou administrativa. “Na forma da colonialidade, ele chega às raízes mais profundas de um povo” segundo o texto “Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no brasil” de Luiz Fernandes de Oliveira e Vera Maria Ferrão Candau
Alusãoà invasão do imaginário do outro, ou seja, sua ocidentalização, o fetichismo cultural que o europeu cria em torno de sua cultura, eurocentrismo. Segundo os autores a colonialidade é um dos elementos constitutivos e específicos do padrão mundial do poder capitalista. Se funda na imposição de uma classificação racial/étnica da população mundial como pedra angular deste padrão de poder.
Brasil ainda está muito presente o mito da democracia racial, que postula a miscigenação como uma ordem harmoniosa nas relações raciais brasileiras e estabelece, silenciosamente, um padrão branco de identidade e a necessidade de se ter referenciais eurocêntricos para o reconhecimento social e cultural
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, 2008
DINIZ, D. O que é deficiência.São Paulo: Brasiliense, 2007. (Coleção Primeiros Passos)
FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga; PANTOJA, Luísa de Marillac P.; MANTOAN Maria Teresa Eglér . Atendimento Educacional Especializado: aspectos legais e orientações pedagógicas. SEESP / SEED / MEC. Brasília/DF, 2007.
LIMA, Norma Silvia Trindade de.; MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Notas sobre inclusão, escola e diferença. ETD - Educação Temática Digital Campinas, SP v.19 n.4 p. 824-832 out./dez.2017 
SILVA, Tomaz Tadeu (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
ANEXOS
Notícia: Educação inclusiva: como garantir o direito de participar e aprender
Publicado em 19/05/2017 por MARÍLIA COSTA DIAS
É quase senso comum associar educação inclusiva à educação especial, como se a perspectiva inclusiva se referisse apenas aos alunos que são público-alvo da educação especial. Isso se explica, em parte, pelo fato de que a discussão sobre educação inclusiva passou a ser pauta da agenda política na década de 1990, por uma reivindicação das pessoas com deficiência, seus familiares e de grupos organizados em torno da defesa de direitos. De fato, especialmente os estudantes com deficiência estiveram excluídos ou segregados do sistema regular de ensino até recentemente. O movimento no sentido de incluí-los ficou associado à expressão “educação inclusiva”, pois os principais marcos normativos – que são assertivos em relação à perspectiva inclusiva – foram originados a partir do debate da educação especial.
Esse contexto deu origem a inúmeras formas de se referir às crianças e adolescentes que são o público-alvo da educação especial e que frequentam as escolas regulares. São comuns expressões como “alunos especiais”, “alunos de inclusão”, “alunos incluídos”, entre outras. Vale refletir sobre o que leva as pessoas a considerarem que existem estas duas categorias: os alunos e os alunos de inclusão. Quando fazemos essa polarização há pelo menos duas ideias em jogo. A primeira diz respeito ao que se considera incluir e a segunda, ao que se entende como diferente.
O que consideramos incluir
Para refletirmos a respeito do conceito de inclusão, cabe destacar as contribuições de Amartya Sen, economista indiano. Para Sen, muitas violações de direitos se configuram como situações de exclusão. É o que ocorre, por exemplo, quando alguém não tem acesso ao recurso judiciário ou é destituído de sua liberdade de expressão. Contudo, ele afirma, “uma grande parte dos problemas de privação surge de situações desfavoráveis de inclusão e de condições adversas de participação, e não do que se poderia chamar, sem forçar o termo, de um caso de exclusão”. Na mesma linha de pensamento, o sociólogo brasileiro José de Souza Martins ressalta que a exclusão não existe – o que existe são processos sociais, políticos e econômicos excludentes, que geram uma inclusão precária e instável. Isto é, discutir a exclusão é falar sobre o que não está acontecendo ao invés de focar no que de fato ocorre. Discutindo a exclusão, deixamos de pensar sobre as formas pobres e insuficientes de inclusão.
Embora a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola esteja assegurada na Constituição Federal, os indicadores educacionais e as taxas de aprendizado insuficiente revelam que é assustador o número de alunos em situações de desigualdade e desvantagem no Brasil. Segundo dados do QEdu (2015) apenas 50% dos estudantes do 5º ano do ensino fundamental aprenderam o adequado em termos de competência de leitura e 21% apresentaram um atraso escolar de dois anos ou mais. Números que revelam uma realidade de inclusão precária, indecente e injusta, nas palavras dos autores mencionados.
Nesse contexto, muitas das crianças e adolescentes com deficiência sequer são considerados estudantes – são os “alunos de inclusão”, aqueles que simplesmente estão na aula e que frequentemente realizam atividades de forma segregada dos demais. É isso que chamamos incluir? Há muito tempo já sabemos que não basta estar em sala de aula, é necessário também participar e aprender. Então, por que estamos, ano após ano, fracassando na tarefa essencial da escola, que é ensinar? Para responder essa questão vale discutir a segunda ideia que está associada à polarização entre alunos e os alunos de inclusão: nosso entendimento sobre as diferenças.
O que reconhecemos como diferença
Todos sabemos que não existe um ser humano igual ao outro. Somos, naturalmente, diferentes em vários aspectos relacionados à etnia, sexualidade, cultura, subjetividade, genética, entre outros. David Rodrigues, educador português, ressalta que a igualdade só existe do ponto de vista ético, pois é uma construção humana ancorada em valores e no conceito de justiça, que data do século XVIII. Concretamente, o que existe são diferenças, do ponto de vista biopsicossocial.
No entanto, muitas vezes, o que reconhecemos como diferença é uma mistura de diferença e desigualdade, pois percebemos o que é diferente das características que atendem aos padrões hegemônicos como não desejável ou negativo. Ou seja, todas as características humanas e formas de ser que não se encaixam nessa normalidade tendem a ser vistas como desvios. É o que acontece com os chamados “alunos de inclusão” ou com dificuldade de aprendizagem, com estudantes pertencentes a minorias linguísticas, com obesos, entre tantos outros.
Apesar de sermos essencialmente diferentes, nas escolas, continuamos buscando a homogeneidade no agrupamento, na seriação e nas formas de avaliação. Continuamos achando que turmas heterogêneas são um problema e que a escola existe para ensinar aqueles que correspondem à média em termos de desenvolvimento, sem levar em conta que o normal é a diversidade Site externo. Precisamos de forma urgente ressignificar o papel social da escola, assumindo o desafio de ensinar todos os alunos, compreendendo-os como diferentes uns dos outros. Não podemos mais continuar planejando as aulas pensando num grupo homogêneo, pois a mesma estratégia para todos certamente será inadequada para parte deles.
A prática inclusiva é um processo contínuo e coletivo
Todos têm o direito de estar e de aprender na escola e todos estudantes têm direito à diferença sempre que houver necessidade de alguma diferenciação para garantir participação e aprendizagem. Em outras palavras, se todos são diferentes entre si, precisamos simultaneamente diversificar e diferenciar, ou seja, propor estratégias pedagógicas diversificadas e potencialmente adequadas para trabalhar com um grupo heterogêneo e, ao mesmo tempo, propor diferenciações em termos de desafios e apoios, sempre que necessário, para garantir igualdade de oportunidades no processo de escolarização.
Efetivar essa pedagogia inclusiva requer não apenas um professor capacitado, mas também tempo de planejamento, recursos materiais e humanos, trabalho colaborativo entre profissionais e entre escola e família e uma cultura escolar inclusiva dentro e fora da sala de aula. Ou seja, depende de uma prática que envolve múltiplos atores em uma perspectiva sistêmica. Essa realidade pode parecer um tanto distanteda realidade das escolas brasileiras, por isso, nessa complexa engrenagem, o xis da questão é compreender que a mudança não é linear. O processo de transformação se dá a partir de pequenas ações, que ocorrem simultaneamente e desencadeiam mudanças nas práticas, na organização dos sistemas de ensino e na cultura educacional. Portanto, em última instância, depende do compromisso ético de cada profissional, de cada família, de cada escola ou rede de ensino, com uma educação de qualidade para todos.
Não existe um caminho único ou uma metodologia que possa ser simplesmente aplicada, nem mesmo uma capacitação que seja suficiente. A educação numa perspectiva inclusiva se efetiva por meio de um processo contínuo e coletivo de reflexão sobre a prática, tendo como base os conceitos de inclusão, igualdade e diferença.
 
Marília Costa Dias é graduada em pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É mestre e doutora em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). Atualmente é professora no Instituto Superior de Educação Vera Cruz Site externo e coordenadora pedagógica na Comunidade Educativa Cedac Site externo.
© Instituto Rodrigo Mendes. Licença Creative Commons BY-NC-ND 2.5 Site externo. A cópia, distribuição e transmissão dessa obra são livres, sob as seguintes condições: Você deve creditar a obra como de autoria de Marília Costa Dias e licenciada pelo Instituto Rodrigo Mendes Site externo e DIVERSA.

Continue navegando