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ODONTOLOGIA UNIVERSITÁRIA Larysse Milo @laryssemilo @universitariaodontologia odontologia.larysse@gmail.com MAIO 2018 ROTEIRO DE ESTUDO I: MÉTODOS DO DIAGNÓSTICO SINAL É a manifestação clínica da doença. Aquilo que pode ser percebido por outra pessoa sem o relato ou comunicação do paciente. Os sinais de uma doença são as imagens, os sons e outros dados objetivos que o profissional vê, escuta, ausculta (com o auxílio do estetoscópio) e sente quando realiza o exame físico. É o que o cirurgião-dentista consegue de dados pela sua observação direta. Como exemplos: tosse, febre, ruídos anormais, nódulo, placa, úlcera. SINTOMA É a sensação subjetiva referida pelo doente, como dor, ansiedade, mal estar, vertigem, etc. Os sintomas são os relatos, as queixas, aquilo que o paciente diz ao profissional durante a consulta. É o que o cirurgião-dentista escuta ou pergunta ao paciente durante a anamnese. É uma queixa subjetiva, o que a pessoa está sentindo ou sentiu. Exemplos de sintomas: ardência, náusea, sensação de peso, formigamento, prurido, hipersensibilidade, parestesia, calor, dor. SINAL PATOGNOMÔNICO São aqueles exclusivos de uma determinada doença e indicam, de maneira quase absoluta, sua existência, especificando-lhe o diagnóstico. Aquele que demonstra, de maneira quase absoluta, a existência de determinada doença, ou seja, é o sinal bem característico, quase exclusivo de uma doença. Com efeito, o que é conhecido por achado patognomônico, quer seja um sintoma, quer seja um sinal clínico indica fortemente o diagnóstico de uma doença, ou de uma síndrome, no decorrer da exploração semiológica do indivíduo. São achados patognomônicos especiais: a facies miastênica, o sinal de Romaña (Doença de Chagas), sinal do vespertílio (lupus eritematoso), sinal de Nikolsky (pênfigo), sinal de Filatov (sarampo), como exemplos. DIAGNÓSTICO A arte de reconhecer ou identificar as doenças através de seus sinais e sintomas. PROGNÓSTICO O prognóstico prevê a evolução e o término das doenças, bem como avalia as desordens que persistem e que são determinadas pelos processos mórbidos. Deve ser considerado em relação à vida e ao restabelecimento do doente. O prognóstico determina a oportunidade de empregar o tratamento. É o estudo da marcha, duração e término de uma doença. É a antecipação teórica do desenrolar e do finalizar de um estado mórbido, servindo também para avaliar o tratamento. TRATAMENTO Efetivo: combate diretamente a causa da doença (antibioticoterapia e cirurgia). Sintomático: visa a eliminação dos efeitos causados pela doença (analgésicos). De suporte: tem como objetivo melhorar as condições gerais do doente frente a um estado mórbido, contribuindo, inclusive, para suportar melhor os efeitos secundários causados pelo emprego da terapêutica efetiva ou sintomática (medicações pré e pós-operatória). PROSERVAÇÃO São os acompanhamentos clínicos e eventualmente laboratoriais, periódicos, do paciente ao longo do tempo. O resultado final da proservação poderá ser a cura completa da doença, com ou sem seqüelas. Poderá determinar o controle clínico do doente ou a permanência do mesmo sob terapia de manutenção. Se durante a proservação, advir o óbito, este fato indicará que o dano anatômico e o funcional foram muito extensos, a terapia ineficaz ou as condições gerais do paciente não suportaram os efeitos da doença. METODOLOGIA DO EXAME CLÍNICO Os recursos utilizados para o exame do paciente possibilitam ao profissional identificar o desvio do estado de saúde, sua intensidade e reversibilidade, bem como elaborar planos de tratamento para tal desvio. Requisitos essenciais para uma correta metodologia clínica Conhecimentos sólidos e atualizados da patologia e fisiologia. Utilização desses conhecimentos em nível pessoal e aplicável ao paciente como pessoa (não há doenças e sim doentes). Utilização das evidências derivadas da coleta dos dados básicos, para corretas hipóteses de diagnóstico, elaboração do prognóstico e planejamento terapêutico condizente com a doença. Etapas da metodologia clínica Coleta dos dados básicos: subjetivos (anamnese) e objetivos (exame físico e exames complementares). Interpretação ou análise crítica dos dados coletados. Relação dos dados isolados ou agrupados em ordem de importância. Seleção do problema-chave. Identificação de doenças conhecidas com o problema chave. Determinação do nível de intensidade e / ou gravidade da doença identificada. Seleção da modalidade terapêutica mais adequada à correção dos distúrbios identificados, e garantia de sua execução através da interação com o paciente. COLETA DE DADOS Anamnese ou história com coleta de dados subjetivos (sintoma). Exame físico ou observação direta com obtenção de dados objetivos (sinais). Dados de exames complementares, tais como os radiográficos e os derivados de análises bioquímicas do sangue, da urina, histopatológicos e outros. EVIDÊNCIA CLÍNICA Ao conjunto de dados denominam-se evidências clínicas, que idealmente será total e autêntica (fiel). O sucesso do diagnóstico dependerá da fidelidade e da disposição dos fatos. ANAMNESE Etimologicamente, do grego “anamneses”, que significa: reminiscência, recordação, histórico que vai desde os sintomas iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base nas lembranças do paciente. Representa o diálogo franco entre o examinador e o doente. “O principal na arte de entrevistar é o interesse não só pelos problemas do paciente, mas por ele, como pessoa”. Interesse de compreender e auxiliar o doente. Boa acolhida: ser tolerante, compreensivo e objetivo ao avaliar a história do paciente. Calor humano, simpatia, flexibilidade e paciência. IDENTIFICAÇÃO Nome / Endereço / Idade / Estado civil / Sexo / Raça / Profissão. MOTIVO DA CONSULTA (QUEIXA PRINCIPAL) Representa a razão primordial da consulta e deve ser registrada com as próprias palavras do paciente. HISTÓRIA DO MOTIVO DA CONSULTA (HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL) É a parte mais importante da anamnese e a etapa mais difícil da propedêutica. Resulta no histórico completo e detalhado da sintomatologia, em toda sua evolução. Abrange a doença desde o seu estado podrômico, até o momento do exame. HISTÓRIA ODONTO-ESTOMATOLÓGICA Fornece valiosas informações quanto ao passado odontológico do paciente, auxiliando o diagnóstico e o prognóstico. Avalia-se a freqüência de visitas, tratamentos, complicações, experiências passadas, tratamento periodontal, ortodôntico, protético, endodôntico, cirurgia, etc. HISTÓRIA MÉDICA Contém informações acerca do estado geral do paciente, presente e passado. Visa, também, um relato breve e sucinto das condições de todos os órgãos e sistemas, buscando alterações muitas vezes ignoradas pelo próprio paciente. ANTECEDENTES FAMILIARES (HISTÓRIA FAMILIAR) Visa obter informações acerca de parentes próximos do paciente (pais, irmãos, avós, esposa e filhos), investigando sobre a idade, estado de saúde e causa da morte, na busca de uma eventual doença herdada ou com tendência familiar. Diabetes, febre reumática, cardiovasculares, neoplasias, arteriosclerose, alergia e outros. HISTÓRIA SOCIAL (HÁBITOS) Visa obter os hábitos do paciente, que se constitui um elemento chave para elaborar o diagnóstico e o prognóstico. Alimentação, jornada e condições do trabalho, esporte, tabagismo, alcoolismo, determinando o tempo de uso e quantidade. EXAME FÍSICO Tem por finalidade a obtenção dos principais sinais presentes na doença referida pelo paciente. Fornece evidências objetivas e passíveis de confirmação pelo mesmo ou por outros observadores. A técnica do exame físico fundamenta-se no uso dos sentidos naturais: visão, audição, tato, e olfato, atravésdas manobras clássicas de: 1- inspeção: é a avaliação visual sistemática do paciente submetido ao exame, observando os traços anatômicos, fisiológicos e psíquicos. 2- Palpação: é a manobra que utiliza a sensibilidade tátil no exame das estruturas normais, bem como a detecção e apuração de estruturas anormais. 3- Percussão: a manobra utiliza contato físico e audição, visando a apreciação de sons produzidos em vários segmentos do corpo humano, através do impacto dos dedos mãos ou mesmo instrumentos sobre a superfície. 4- Auscultação: visa através do uso da audição aguçada, detectar sons normais ou anormais produzidos pelo desempenho fisiológico dos vários órgãos. A auscultação, associada à percussão e palpação, assume igualmente valor no diagnóstico de fraturas. 5- Olfação: a percepção através do olfato de odores típicos constitui-se em mais um meio semiológico que o profissional pode dispor, tendo em vista que algumas doenças podem apresentar, além de outros sinais, a exalação de odores característicos. EXAME EXTRABUCAL 1- Geral: inicia-se no momento em que o paciente entra na sala. Através da inspeção, observa-se a postura do paciente, seu trajar, fácies, biótipo, possíveis alterações na marcha, sistema tegumentar, etc. Face hiperêmica = paciente hipertenso; Palidez do anêmico; ressecamento da pele = desidratação. 2- Locorregional: é iniciado pela inspeção dirigida para s regiões da cabeça e pescoço e deve procurar visualizar desvios de normalidade que possam constituir dados clínicos de interesse. Ao conjunto da face, região frontal, cabelos, orelhas, enfim, tudo o que confere o caráter fisionômico da pessoa, dá o nome de visage. Definição da face; Os sulcos faciais; Assimetrias; Desvios de normalidade em norma lateral; Palpação ganglionar; Movimentos mandibulares; Dentes. PALPAÇÃO Visa identificar no sistema linfático: Alterações de tamanho, forma, consistência, sensibilidade, aderência nos planos profundos e supuração / Doenças locais e infecções sistêmicas / Invasão carcinomatosa e metastática / Perturbações do metabolismo lipídico e distúrbios hematopoiéticos primários / Gânglios linfáticos. EXAME INTRABUCAL Deve ser sistemático, ordenado e completo, ou seja, o profissional deve utilizar rotineiramente uma metodologia própria de exame, não deixando, no entanto, nenhuma estrutura sem ser examinada. A inspeção e a palpação, são as manobras mais utilizadas neste exame, em razão do fácil acesso a todas as regiões da boca. Lábio; Vermelhão dos lábios; Região do batom, entre a mucosa labial e pele; Comissuras; Mucosa labial; Sulcos labiais; Mucosa jugal; Sulco; Língua (Dorso; Base; Bordas; Ponta; Ventre); Assoalho da boca; Palato (Anterior / Duro) e (Posterior / Mole); Gengiva. SEQUENCIA DO EXAME INTRABUCAL 1- Lábio inferior (zona vermelha dos lábios e pele adjacente) 2- Lábio superior (zona vermelha dos lábios e pele adjacente) 3- Mucosa do lábio inferior e sulco 4- Mucosa do lábio superior e sulco 5- Comissura, mucosa jugal e sulco (maxilar superior e inferior) 6- Rebordo alveolar bucal, (2 espelhos) 7- Rebordo alveolar lingual (2 espelhos) 8- Rebordo alveolar frontal, língua em repouso 9- Examinador segura a língua anteriormente (Bordas da língua, ventre da língua e assoalho da boca) 10- Assoalho da boca, com a boca aberta 11- Palato mole e duro, boca bem aberta, cabeça inclinada para trás Com uma orientação dos principais pontos característicos das manifestações das doenças bucais e gerais, poder-se-á ter uma base para elaboração das hipóteses diagnósticas.
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