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Fabrício Bruno dos Santos Princípios de Diagnóstico Bucal Semiologia: é a investigação e o estudo dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente, centrados na realização do exame físico. Sintoma: é relatado pelo paciente e representa manifestações subjetivas, por exemplo: dor, coceira, sensibilidade gustativa, hipersensibilidade tátil, etc. Na maioria das vezes, a dor sendo o sintoma mais comum, podendo se avaliar as características para auxiliar o diagnóstico, por exemplo: • Intensidade • Local de ação • Periodicidade • Duração • Procedimentos para o alivio • Uso de medicamentos e seus efeitos. Sinal: é o observado clínico e representa manifestações objetivas que o clínico “percebe” no paciente, com seus sentidos. São exemplos de sinal: • Manchas • Elevação da mucosa Pode-se dizer que os sinais são manifestações clínicas da doença que podem ser percebidos pelos sentidos naturais. Sinal Patognomônico é exclusivo de uma doença e indica de maneira absoluta sua existência, tendo um diagnóstico especifico. Por exemplo: Os dentes de Hutchinson (molares em forma de amora e incisivos em forma de barril) presentes em sífilis congênita. Fabrício Bruno dos Santos Sintomatologia prodrômica ou subclínica São sintomas e sinais que não são específicos, como dores, náuseas, aumento de temperatura local ou geral, coceira, etc. Não apresenta todos os sinais e sintomas da doença, apenas a sintomatologia descrita e involui. Quadro clínico ou sintomatologia É o conjunto de sinais e sintomas. Ambos os termos são usados para descrever em conjunto o que se extraiu dos relatos do paciente e do exame físico. Síndrome Conjunto de sinais e sintomas comuns a uma determinada doença. Como por exemplo, a síndrome de Down (mongolismo), que se observa palato ogival, macroglossia, anadontia de dentes permanentes, pálpebras semelhantes às orientais e palma da mão quadrada, etc. Sintomatologia pré-clínica São sinais e sintomas que surgem antes da manifestação clínica de uma doença. Por exemplo, antes de eclodirem as vesículas e bolhas da lesão herpética, o paciente relata certo ardor, calor local, coceira, etc. De modo prático pode-se chamar de ‘aviso” anterior ao aparecimento da sintomatologia clínica de uma doença. Pródromo Conjunto de sintomas que antecedem o surgimento do quadro clinico de uma doença. Podem ser sintomas não-específicos ou, em alguns casos, podem indicar claramente uma doença em particular. Fabrício Bruno dos Santos Classificação da semiologia A semiologia é a parte da medicina que estuda os métodos de exames clínicos, pesquisa os sinais e os sintomas e os interpreta, reunindo, dessa forma, os elementos necessários para construir o diagnóstico e presumir a evolução da enfermidade. Podendo ser dividida em três partes: • Semiotécnica: conjunto ordenado de métodos e manobras para a coleta dos sinais e sintomas. Elabora questionamentos e desenvolve formas de obtenção do maior número de sinais e sintomas, mais precisos, fidedignos e completos. • Semiogênese: estuda a formação dos sinais e dos sintomas, sob o ponto de vista clinico. Estudam-se fatores que possam ter relação com o aparecimento de um sinal, por exemplo um agente traumático, uma doença sistêmica, etc. • Propedêutica Clinica: Estuda, analisa e interpreta os dados coletados pela Semiotécnica, dando-lhes valor clinico. Em outras palavras, uma úlcera nada significa isoladamente. Mas se outros dados forem levados em consideração, como tamanho, contorno, profundidade, tempo de evolução, etc. Pode se classifica-la num grupo de lesões com aspectos clínicos semelhantes. Dessa forma estamos aplicando a propedêutica clínica, e sempre que são decodificados os sinais e sintomas para identificar uma determinada lesão e assim inseri-la numa hipótese de diagnostico. Diagnóstico O conjunto de dados clínicos obtidos através do exame (sinais e sintomas) do paciente, conduz e orienta o clinico à determinação de uma doença. Prognóstico O prognóstico é a predição da provável evolução e do desfecho de uma moléstia, lesão ou anomalia de desenvolvimento do paciente. (Conhecimento sobre a evolução da doença), bem como dados específicos. O prognóstico pode ser qualificado como bom, mal ou duvidoso. Está sempre associado ao tratamento, ou seja, planeja-se um determinado tratamento de acordo com as informações obtidas. Tratamento ou Terapêutica Conjunto de medidas utilizada para resolução da doença ou agravo; O profissional só deve instituir o tratamento quando tiver a certeza de que este é o passo Fabrício Bruno dos Santos apropriado, sem se deixar pressionar pelo paciente ou familiares. A conduta errada nesse momento pode pôr a perder todo o processo de elaboração do diagnóstico, falseando futuro quadro clínico. O clínico deve ter em mente duas regras: • O que não se deve fazer ou ministrar; • O que se deve fazer e ou ministrar. O tratamento pode ser classificado em: • Especifico: é o tratamento ideal quando se conhece o agente etiológico e visa seu combate. Ex.: o antibiótico especifico para determinado organismo ou a remoção cirúrgica da patologia. • Sintomático: trata apenas dos sintomas do paciente. Ex.: analgésico para a dor, antipirético para febre. • Suporte: tem como objetivo melhorar as condições orgânicas do paciente, quer como coadjuvante do tratamento específico ou no aguardo de patologias que involuam espontaneamente. • Prova terapêutica: quando o profissional dispõe de uma diagnostico final provisório e ministra tratamento especifico para aquela patologia. • Tratamento expectante: quando a patologia não necessita de nenhum tratamento, o profissional deve esclarecer o fato ao paciente de modo a acalmá-lo. Proservação É o acompanhamento, seguimento ou follow up do paciente, avaliando-se os resultados dos tratamentos. Permitindo ao profissional reavaliar continuamente seus conhecimentos e raciocínio diagnóstico de modo a maximizar o sucesso terapêutico. Classifica-se como: • Cura completa • Estado estacionário • Estado indeterminável • Piora do quadro clinico • Óbito Fabrício Bruno dos Santos Sequência Diagnóstica Anamnese É importante que o profissional compreenda que essa etapa de coleta de dados é fundamental para toda a sequência de elaboração dos diagnósticos, propiciando um percurso mais rápido e seguro até o diagnóstico final e consequente tratamento. O paciente, na maioria das vezes pode-se mostrar ansioso para o início do exame físico acreditando ser este o caminho mais rápido para o diagnóstico. Nesses casos, é necessário que sejamos claro e acalme o paciente. Identificação Nome, idade (data de nascimento), sexo, raça, estado civil, endereço, procedência, profissão. Documentação! Obs.: Deve-se diferenciar profissão de ocupação. Queixa principal Nos interessa apenas o motivo da consulta e há quanto tempo a queixa ocorre. Utiliza-se de forma sucinta, as palavras do paciente e deve-se tomar cuidado de não aceitar “diagnósticos já formulados”. Quando o paciente foi encaminhado por colega, nos interessa a queixa que o levou a procura ajuda profissional. Devemos ser vigilantes no sentido de não induzir o paciente. Sugerimos que se pergunte apenas: - O que sente? - Há quanto tempo? - Deve se levar em consideração apenas uma queixa principal como ponto de partida, SEMPRE com as palavras do paciente. Colocando entre as aspas Ex.: “Tenho uma bolinha aqui atras que dói”. SIC SIC – Segundo informações colhidas Pode incluir: dor, ferida, queimação, sangramento, amolecimento de dentes, distúrbios de erupção dos dentes, boca seca ou excesso de saliva, inchaço, gosto ruim, mau hálito, dormência, estética, dificuldade para falar, dificuldade para mastigar, e etc. As vezes o paciente pode quererrelatar o toda a história da doença e se perder em relação a mesma. Devemos conduzir a entrevista de maneira delicada, porém Fabrício Bruno dos Santos objetiva. O paciente pode ter dificuldade de controlar o tempo, por isso devemos ajuda-lo a tentar recordar os fatos ligados à queixa. História da doença atual Devemos anotar todos os dados desde o momento em que o paciente notou a presença da lesão ou do fato que o trouxe à consulta. Como se iniciou a lesão, qual sua evolução (aguda, crônica ou recorrente), qual o estado de saúde anterior ou existência de algum fato que o paciente acredita estar relacionado com a patologia. Normalmente se deixa o paciente falar naturalmente (anamnese espontânea) e depois o interrogamos sobre os pontos omissos ou obscuros (anamnese dirigida). Nesse momento alguns cuidados devem ser tomados, como a anotação dos fatos em sua ordem cronológica e a utilização das palavras do paciente. Deve se anotar se se já houve tentativa de tratamento, quais os resultados obtidos e se existem fatores correlatos como dor ao comer algo, sangramento ao mastigar, por exemplo. Todos os sintomas devem ser anotados e pesquisados. Na HDA devemos sempre se utilizar de termos técnicos, deve estar relacionado exclusivamente a queixa principal. - Pode incluir: início duração, intensidade, alivio ou agravamento, o que o paciente tentou fazer para tratar, fatos ou situações que o paciente relaciona ao início da doença. Obs.: Devem ser anotados todos os dados que acreditamos ser importantes e que ainda não foram estudados. Em pacientes senis ou crianças devemos anotar quem forneceu as informações. História pregressa: Toda a história de saúde do paciente. Deve se dividir o prontuário em duas partes, separando os casos que o paciente já passou. - História médica: doenças agudas ou crônicas, internações, cirurgias, uso de medicação alergias, gestação, tabagismo, alcoolismo, e outros hábitos. - História odontológica: tratamentos realizados, se já houve uso prévio de anestesia local (pois o paciente pode apresentar alergia ao se fazer uso de anestésico), cicatrização de feridas bucais, sangramentos, doenças recorrentes (herpes, aftas), hábitos de higiene e outros hábitos bucais. Fabrício Bruno dos Santos História familiar O estudo sobre a saúde dos pais e irmãos devem ser estendidos a outras pessoas que moram na mesma casa, como parentes e empregados outros que mantêm contato demorado com o paciente, distúrbios de saúde de ascendentes ou descendentes do paciente, história de contatos no convívio sociofamiliar com pacientes doentes, estes dados podem ter grande valor na pesquisa de doenças infecciosas como tuberculose, por exemplo. Esses dados são de grande importância, pois podem surgir emergências (Ex.: epilepsia, alergia), podem necessitar tratamento médico antes do tratamento dentário. E as vezes pode apresentar riscos a equipe de saúde (Ex.: tuberculose). Exame objetivo Constitui-se como importante ferramenta ao raciocínio clinico. É a etapa que segue a anamnese e cujos resultados em geral adquirem maior colorido em função da história do paciente. O exame clinico geral oferece uma ideia sintética do organismo e com ele notamos, além da expressão fisionômica, as proporções do corpo, postura, situação nutricional, estado mental, etc. Utilizamos nossos sentidos (visão, audição, tato e olfato) de forma direta ou indireta. Indiretamente podemos potencializá-los com uma lupa, ampliamos a visão, com o estetoscópio a audição, etc. Loco-regional Se examina as estruturas da cabeça e do pescoço. Através de manobras Semiotécnica, avaliam-se os sinais presentes. Divide-se em: Extrabucal Notamos aumentos ou depressões, perdas externas de substâncias, manchas, mobilidade e outras alterações na região de cabeça e pescoço. - Cabeça: • Observa-se a face do paciente, a cabeça, a proporcionalidade. • Se o paciente estiver com uma falta de proporção vertical de um lado em relação ao outro, pode ser indicativo de PAROTIDITE (papera). Fabrício Bruno dos Santos • Faz-se também a análise e avaliação de proporcionalidade horizontal, o paciente, por exemplo, pode ter um aumento da mandíbula, e isso ser um indicativo de acromegalia. • Avaliar a pele do paciente se está desidratada, se ela está brilhosa ou seca ou normal. - Pescoço • Palpa-se o pescoço do paciente por completo, palpando as cadeias linfáticas, pois a primeira metástase do câncer oral são as cadeias linfáticas; • Pode-se ter linfonodo tanto maligno quanto benigno; Diferencia-se um linfonodo maligno de um linfonodo benigno pelas suas características clínicas. O linfonodo maligno tem crescimento exacerbado sem controle, já o linfonodo benigno cresce, porém é auto limitante • No maligno quando se palpa o linfonodo é duro, o benigno quando palpa o linfonodo é Borrachóide. • O maligno tem-se uma fixação do linfonodo, não consegue movimentar, já o benigno é móvel. • Palpa-se as cadeias: submentonianas, submandibular, occipital, pré-auricular, cervical anterior, cervical posterior, subclávia. • Então tem-se que palpar os linfonodos, e dar as características pois isso vai ser importante para o diagnóstico final. Fabrício Bruno dos Santos Intrabucal O examinador deve estar consciente da importância desta fase do exame clínico, a cavidade bucal deve ser minuciosamente examinada e, para isso, é fundamental que o profissional conheça com profundidade as características de cada uma de suas partes e principalmente reconheça a infinidade de variações anatômicas. Não existe uma sequência “mais correta”, a avaliação deve compreender todas as estruturas, ser ordenada, metódica e completa. Se sugere que o exame seja realizado de “fora para dentro”, ou seja, iniciando-se no vermelhão dos lábios e encerrando na porção visível da orofaringe. Após o estudo dos tecidos moles, os dentes serão examinados. Quando o paciente apresenta queixa relacionando-a com a região anatômica, esta deverá ser a última a ser examinada. Manobras de diagnóstico (Semiotécnica) • Inspeção – Visão a olho nu Fabrício Bruno dos Santos • Palpação – Utiliza-se de manobra tátil ou compressiva, com isso podemos identificar algumas patologias • Percussão – Utiliza-se de batidas leves no dente (usando cabo do espelho, por exemplo) para ouvir o som. E com a auscultação pode se identificar alguma patologia que não se pode observar a olho nu, por exemplo: Quando o dente se encontra saudável, ele apresenta um som. No entanto quando não apresenta o ligamento periodontal, se escuta um som surdo, dente com anquilose. Dente anquilosado é quando o dente está “grudado” ao nosso osso alveolar. “Isso significa que ele está sem o ligamento periodontal - que une esses dois tecidos”. • Olfação - Utilização do olfato para detecção de alterações • Punção - drenagem dirigidas de lesões cavitadas • Diascopia - visualização através de um objeto transparente - É a pressão de uma lâmina de vidro contra alguma lesão para verificar se ela é vascular ou não. Quando se tem uma região onde não há possibilidade de usar uma lâmina transparente, realiza-se a manobra compressiva usando o dedo, e quando nos deparamos com uma lesão nessas características onde ao se pressionar, a lesão desaparece, podemos chegar à conclusão de que se trata de uma lesão vascular.
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