Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 NUCLEOTÍDEOS Raúl René Valle, PhD Estrutura, Funções e Propriedades Têm vários papeis no metabolismo celular: Moeda energética nas transações metabólicas; Ligação química essencial na resposta das células a hor- mônios e outros estímulos extracelulares; Componentes estruturais de cofatores enzimáticos e inter- mediários metabólicos; Constituintes de ácidos nucléicos: DNA e RNA. A sequência de AAs em cada proteína e a sequência de nucleo- tídeos de todos os RNA é especificada por uma sequência de nucleotídeos no DNA; Gene: um segmento da molécula de DNA que contém a infor- mação requerida para a síntese de um produto biológico funci- onal seja proteína ou RNA. O armazenamento e transmissão de informação biológica são as únicas funções conhecidas do DNA. O RNA tem funções mais amplas e várias classes: RNAs ribossomais (rRNA) são componentes estruturais dos ribossomos (complexos onde a síntese proteica é realizada) RNAs mensageiros (mRNA) são intermediários carregando informação genética de uma ou vários genes ao ribossomo, onde a proteína correspondente será sintetizada RNAs de transferência (tRNA) são moléculas adaptadoras que traduzem fielmente a informação dos mRNA em se- quências especificas de AAs Os nucleotídeos têm três componentes característicos: Uma base nitrogenada; Uma pentosa; Um fosfato. A molécula sem o P é chamada Nucleosídeo. As bases nitrogenadas são derivadas de: Pirimidinas: Citosina, Timina (DNA) e Uracil (RNA); Purinas: Adenina e Guanina. 2 A base do nucleotídeo é ligada covalentemente no N-1 das pi- rimidinas e no N-9 das purinas em uma ligação glicosílica N- ao C-1’ da pentosa. O fosfato é esterificado ao C-5’. Tanto DNA e RNA contêm as purinas Adenina (A) e Guanina (G) Tanto DNA e RNA contêm Citosina (C), porém outra pirimidina encontrada só em DNA é Timina (T) e só em RNA é Uracil (U). Raramente T ocorre em RNA e U em DNA. 3 Os ácidos nucléicos têm duas classes de pentosas: Em DNA uma 2’-desoxi-D-ribose; Em RNA uma D-ribose. Em nucleotídeos, ambas as riboses estão na forma -furanose. O anel das pentosas não é planar e ocorre em várias confor- mações; 4 Nucleotídeos e nomenclatura de ácidos nucléicos Base Nucleosídeo Nucleotídeo Acido nucléico Purinas Adenina Adenosina Adenilato RNA Desoxiadenosina Desoxiadenilato DNA Guanina Guanosina Guanilato RNA Desoxiguanosina Desoxiguanilato DNA Pirimidinas Citosina Citidina Citidilato RNA Desoxicitidina Desoxicitidilato DNA Timina Timidina ou Desoxitimidina Timidilato ou Desoxitimidilato DNA Uracil Uridina Uridilato RNA Em solução, as formas de cadeia aberta (aldeído) e de anel (- furanose) de ribose livre estão em equilíbrio. O RNA contém somente a forma anelada de -ribofuranose. Desoxirribose se comporta de forma similar em solução, porém no DNA somente existe como -2’-desoxi-D-ribofuranose. Aldeído –furanose 5 As ribofuranoses podem existir em 4 conformações diferentes. Em todos os casos 4 dos 5 C estão no mesmo plano Nucleotídeo Desoxiadeni- lato (desoxi- adenosina 5’- monofosfato) Desoxiguani- lato (desoxi- guanosina 5’- monofosfato) Desoxitimidi- lato (desoxi- timidina 5’- monofosfato) Desoxicitidi- lato (desoxi- citidina 5’- monofosfato) Símbolos A, dA, dAMP G, dG, dGMP T, dT, dTMP C, dC, dCMP Nucleosídeo Desoxiadenosina Desoxiguanosina Desoxitimidina Desoxicitidina Nucleosídeo Guanosina Nucleotídeo Adenilato (adenosina 5’- monofos- fato) Guanilato (guanosina 5’- monofos- fato) Uridilato (uridina 5’- monofosfa- to) Citidilato (citidina 5’- monofosfa- to) Símbolos G, GMP T, TMP C, CMP Adenosina Citidina Uridina A, AMP 6 Os ácidos nucléicos também podem ter nucleotídeos com ba- ses diferentes as bases maiores: Em DNA as mais comuns são formas metiladas, hidroximeti- ladas ou glicosiladas das bases maiores; Em RNA, principalmente tRNA, bases de muitos tipos são encontradas. As células também têm nucleotídeos com grupos fosfato em posições diferentes que o carbono 5’: Ribonucleosídeos 2’,3’-monofosfatos cíclicos são interme- diários e ribonucleosídeos 3’-monofosfatos são produtos fi- nais da hidrólise de RNA por certas ribonucleases. Adenosina 2’-monofosfato, 3’-monofosfato e 2’,3’-monofosfato cíclico são formados pela hidrólise alcalina e enzimática do RNA. 4 5-Metilcitidina N 6 -Metiladenosina Inosina Pseudouridina N 2 -Metilguanosina 5-Hidroximetilcitidina 7-Metilguanosina 4-Tiouridina Adenosina 2’-monofosfato Adenosina 5’-monofosfato Adenosina 3’-monofosfato Adenosina 2’,3’-monofosfato cíclico Adenina Adenina Adenina Adenina 7 Ligação Fosfodiester 5’ 3’ 5’ 3’ DNA Terminal 5’ RNA Terminal 5’ Terminal 3’ Terminal 3’ Os nucleotídeos de DNA e RNA estão ligados cova- lentemente por pontes de fosfato nas quais o grupo hidroxila na posição 5’ de um nucleotídeo se une ao grupo hidroxila na posi- ção 3’ de outro através de uma ligação fosfodiester; Portanto: pentosa – fosfa- to – pentosa – fosfato – Os terminais 5’ e 3’ não têm nucleotídeos; Podem ter fosfatos em um ou ambos os terminais. 8 O RNA é hidrolisado sob condições alcalinas devido ao envol- vimento do –OH na posição 2’. No DNA não. A sequência de nucleotídeos em ácidos nucleicos pode ser re- presentada pelo seguinte esquema: Por convenção a estrutura de uma fita simples é escrita do terminal 5’ (esquerda) para o 3’ (direita): (5’ 3’) Representações simples são usadas para as pentadeoxiribonu- cleotídeos: pA–C–G–T–AOH, pApCpGpTpAp ou pACGTA Ácidos nucléicos com até 50 nucleotídeos = oligonucleotídeo Derivado cíclico 2’, 3’ monofosfatado Mistura de derivados 2’ e 3’ monofosfatados RNA menor RNA Terminal 3’ Terminal 5’ C-3 C-5 C-3 C-3 C-3 C-5 C-5 C-5 C-1 C-1 C-1 C-1 9 Purinas e pirimidinas livres são compostos básicos fracos. Por isto são chamadas de bases. Purinas e pirimidinas são moléculas conjugadas, portanto com consequências importantes para a estrutura, distribuição de elétrons e absorção de luz. Ressonância da uma característica parcial de ligações du- plas à estrutura => caráter planar das pirimidinas e ligeira- mente dobrado (quase planar) das purinas; Absorvem luz UV em perto de 260 nm; Podem existir em duas ou mais formas tautomérica. São hidrofóbicas e relativamente insolúveis em água ao pH celular (7). Condições alcalinas ou acídicas aumentam a sua solubilidade; O caráter hidrofóbico permite o seu empilhamento. O empi- lhamento envolve também interações dipolo-dipolo e for- ças de van der Waals; O empilhamento ajuda a minimizar o contato das bases com água estabilizando a estrutura tridimensional dos áci- dos nucléicos; Os grupos funcionaismais importantes nas bases são: anéis de nitrogênio, grupos carboxila e grupos amino exo- cíclicos; As pontes de hidrogênio envolvendo grupos amino e os grupos carboxila são a segunda mais importante forma de inteiração entre as bases de moléculas de ácidos nucléi- cos. Lactam Lactim Lactim duplo Uracil 10 As pontes de hidrogênio entre bases permitem a associa- ção complementar entre dois (ocasionalmente três ou qua- tro) fitas de ácidos nucléicos. Os padrões mais importantes de associação são os postu- lados por Watson & Crick (1953): A com T (ou U); G com C. Os ácidos nucleicos, como as proteínas, também têm estrutura primária, secundária e terciária. A estrutura primária dos ácidos nucleicos é sua estrutura covalente e a sequência de nucleotídeos; A estrutura secundária dos ácidos nucléicos é qualquer es- trutura estável e regular apresentada por alguns ou todos os nucleotídeos; A estrutura terciária dos ácidos nucléicos se refere ao do- bramento complexo de cromossomos dentro da cromatina de eucariontes ou nucleóides de bactéria. Guanina Adenina Citosina Timina 5’ 3’ 5’ 3’ ≡ pontes de hidrogênio 11 O DNA armazena informação. Avery-MacLeod-McCarty Exper. transformação Injeção Rato morre Bactérias vivas encap- suladas e virulentas Rato vive Bactérias vivas não en- capsuladas e avirulentas Bactérias vivas en- capsuladas e virulen- tas Bactérias virulentas mortas com calor Rato vive Bactérias vivas não encapsula- das e aviru- lentas Mistura de bacté- rias virulentas mortas com calor e bactérias vivas e avirulentas Rato morre Bactérias virulentas mortas com calor Bactérias vivas avirulentas DNA isolado de bactérias virulentas mortas com calor Bactérias vivas en- capsuladas e avirulen- tas Bactérias encapsu- ladas e virulentas Rato morre Experimento de Oswald T. Avery, Colin MacLeod e Ma- clyn McCarty. Eles encontra- ram que o DNA extraído de Streptococcus pneumoniae, transformou geneticamente uma cepa não virulenta deste organismo em uma forma vi- rulenta (1944). Calor Transformação 12 Um segundo experimento utilizando 32P e 35S, realizado por Al- fred D. Hershey e Martha Chase (1952), mostrou que quando o bacteriófago (vírus bacterial) T2 infecta a Escherichia coli é o DNA (contendo 32 P) da partícula viral e não o enxofre do reves- timento protéico que entra na célula hospedeira e proporciona a informação genética para a replicação do vírus. Regras de (Erwin) Chargaff (finais da década de 1940): infor- mações importantes sobre a estrutura do DNA: A composição de bases do DNA geralmente varia de espé- cie para espécie; Amostras de DNA coletadas de tecidos diferentes do mes- mo organismo têm a mesma composição de bases; A composição das bases do DNA de uma dada espécie não muda com idade, estado nutricional ou ambiente; Em todos os DNAs celulares, independente de espécie, o número de resíduos de Adenosina é igual ao de resíduos de Timidina (A = T) e, o número de resíduos de Guanosina é igual ao número de resíduos de Citosina (G = C). Isto é, a soma dos resíduos de purinas e igual à soma dos resíduos de pirimidinas => A + G= T + C. Watson & Crick (1953) postularam o modelo de hélice dupla pa- ra a estrutura tridimensional do DNA baseados em: Rosalin Franklin e Maurice Wilkins deduziram, utilizando di- fração de raios x, que as moléculas de DNA são helicoidais com duas periodicidades ao longo do eixo maior, uma de 3,4 o A e outra com 34 o A; Regras de Chargaff: A = T, G = C e A + G = T + C. O modelo consiste em: União de duas cadeias helicoidais de DNA girando à direita ao redor do mesmo eixo formando uma hélice dupla; O esqueleto hidrofílico de desoxirriboses e fosfatos alter- nados está fora da dupla hélice em contato com água; O anel de furanose de cada ribose está na conformação endo 2’; 13 As bases (purinas e pirimidinas) de ambas as fitas estão empilhadas dentro da dupla hélice com seus anéis hidrofó- bicos muito juntos e perpendiculares ao eixo maior; O pareamento desigual das duas fitas cria uma fenda maior e uma fenda menor na superfície da dupla hélice. Cada nucleotídeo de uma fita esta pareado com outro nu- cleotídeo da outra fita no mesmo plano; GΞC e A=T. Esta é a razão porque a separação de DNA é mais difícil quando a razão GΞC:A=T é alta; Fitas antiparalelas, uma corre (5’ 3’) e a outra (3’ 5’) de forma a complementar-se. Isto é, quando Adenina ocorre numa fita na outra esta a Timidina, de forma similar quando Citosina corre em uma na outra esta Guanosina. Fenda maior Fenda menor 14 O duplex é mantido junto por duas forças: pontes de hidrogênio entre bases complementares e as intera- ções do empilhamento de bases. A parte essencial deste modelo é a com- plementaridade das duas fitas; O modelo sugere um mecanismo de trans- missão da informação genética: Pela separação das duas fitas; Sintetizando uma fita complementar pa- ra cada uma delas. Portanto, cada fita original serve como mol- de que guia a síntese de uma fita comple- mentar. No DNA existem variações estruturais que dependem da sequência de nucleotídeos. Estas variações podem afetar a função e o metabolismo do segmento de DNA vizinho; Palíndromo (se lê a mesma coisa de direita à esquerda ou vice-versa) é um tipo comum de sequências de DNA. O termo é aplicado a regiões de DNA com repetições inversas de bases que tem simetria nas duas fitas. Repetições em espelho Palíndromo 15 As regiões com palíndromos são formadoras de dobras conhe- cidas como hairpins ou de estruturas cruciformes. Repetições em espelho não têm sequências complementares den tro da mesma fita nem podem formar hairpins ou estruturas cruciformes. Na expressão gênica, o RNA atua como um intermediário utili- zando a informação codificada no DNA para especificar a se- qüência de AAs de uma proteína funcional. Em procariontes uma única molécula de RNA pode codificar para uma ou várias cadeias de polipeptídeos. Se carrega o có- digo para um único polipeptídeo, o mRNA é monocistrônico. Se codificar para vários polipeptídeos é policistrônico Em eucariontes, a maioria do mRNA é monocistrônico. O comprimento mínimo de um mRNA que codifica uma cadeia de 100 AAs é 300 nucleotídeos devido a que cada AA é codifi- cado por um tripleto de nucleotídeos. Monocistrônico Policistrônico 16
Compartilhar