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FILOSOFIA DA RELIGIÃO

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ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 1
 
 
 
 
 
PPLLAANNOO DDEE AAUULLAA AAPPOOSSTTIILLAADDOO 
Escola de Teologia do Espírito Santo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FFFFFFFFiiiiiiiilllllllloooooooossssssssooooooooffffffffiiiiiiiiaaaaaaaa ddddddddaaaaaaaa RRRRRRRReeeeeeeelllllllliiiiiiiiggggggggiiiiiiiiããããããããoooooooo 
 
A Religião e Deus Estudados à Luz da Filosofia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 2
 
 
 
 
 
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CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. 
 
Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Versão Almeida 
Corrigida e Fiel(ACF) 
©2008, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana. 
 
 
 
 
O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão. 
A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da 
apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo 
aborda, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados. 
 
TEOLOGIA DO ES, Escola de - Título original: Cristologia e Pneumatologia - O estudo da 
pessoa de Cristo e do Espírito Santo – Espírito Santo: ESUTES, 2004. 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 3
 
 
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SSSSSSSSUUUUUUUUMMMMMMMMÁÁÁÁÁÁÁÁRRRRRRRRIIIIIIIIOOOOOOOO 
____________________________ 
 
 
 
 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIII 
AAAAAAAA FFFFFFFFIIIIIIIILLLLLLLLOOOOOOOOSSSSSSSSOOOOOOOOFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA DDDDDDDDAAAAAAAA RRRRRRRREEEEEEEELLLLLLLLIIIIIIIIGGGGGGGGIIIIIIIIÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO 
Introdução............................................................................................................................................................2 
O que é religião....................................................................................................................................................5 
O que é Filosofia..................................................................................................................................................6 
O valor da Filosofia..............................................................................................................................................7 
As principais disciplinas de Apoio à Filosofia......................................................................................................7 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIII 
CCCCCCCCOOOOOOOOMMMMMMMMOOOOOOOO SSSSSSSSÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO JJJJJJJJUUUUUUUUSSSSSSSSTTTTTTTTIIIIIIIIFFFFFFFFIIIIIIIICCCCCCCCAAAAAAAADDDDDDDDOOOOOOOOSSSSSSSS AAAAAAAASSSSSSSS CCCCCCCCRRRRRRRREEEEEEEENNNNNNNNÇÇÇÇÇÇÇÇAAAAAAAASSSSSSSS???????? 
A crença é a verdade...........................................................................................................................................9 
O relacionamento entre Razão e Fé....................................................................................................................9 
A Revelação somente..........................................................................................................................................9 
A razão somente................................................................................................................................................10 
A razão sobre a Revelação................................................................................................................................10 
A revelação acima da Razão..............................................................................................................................11 
A Revelação e a Razão......................................................................................................................................12 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII 
OOOOOOOO QQQQQQQQUUUUUUUUEEEEEEEE QQQQQQQQUUUUUUUUEEEEEEEERRRRRRRR DDDDDDDDIIIIIIIIZZZZZZZZEEEEEEEERRRRRRRR CCCCCCCCOOOOOOOOMMMMMMMM DDDDDDDDEEEEEEEEUUUUUUUUSSSSSSSS???????? 
Introdução..........................................................................................................................................................14 
O conceito Teísta de Deus.................................................................................................................................14 
O conceito Deísta de Deus.................................................................................................................................16 
O conceito Panteísta de Deus............................................................................................................................17 
O conceito Panenteísta de Deus........................................................................................................................17 
O conceito Finito de Deus..................................................................................................................................18 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIVVVVVVVV 
DDDDDDDDEEEEEEEEUUUUUUUUSSSSSSSS EEEEEEEEXXXXXXXXIIIIIIIISSSSSSSSTTTTTTTTEEEEEEEE???????? 
Conceito de Deus...............................................................................................................................................19 
Argumentos a partir da idéia de Deus................................................................................................................19 
Argumentos a partir da natureza de Deus..........................................................................................................19 
A justificativa do Cetismo....................................................................................................................................22 
Temos razão suficiente para crer em Deus.........................................................................................................21 
 
BBBBBBBBIIIIIIIIBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA...................................................................................................................................................26ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 4
UUNNIIDDAADDEE II 
AA FFIILLOOSSOOFFIIAA DDAA RREELLIIGGIIÃÃOO 
............................................................... 
 
“A necessidade do Ser Humano de tentar explicar o absoluto levou a Filosofia a estudar a Religião. 
 
.............................................................. 
 
 
 
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO 
A religião é estudada pela história, pela psicologia, pela fenomenologia, pela psicanálise e pela 
sociologia. Todas essas ciências estudam metodicamente a consciência religiosa 
A palavra "filosofia" vem do grego é uma composição de duas palavras: philos, que siginifica 
amizade, amor e sophia, que se traduz como sabedoria ou saber. Filosofia significa, então, amizade 
pela sabedoria, amor e respeito pelo saber; e o filósofo, por sua vez, seria aquele que ama e busca a 
sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. 
A Filosofia da Religião é um ramo filosófico que investiga a esfera espiritual inerente ao homem, 
do ponto de vista da metafísica, da antropologia e da ética. Ela levanta questionamentos 
fundamentais, tais como: o que é a religião? Deus existe? Há vida depois da morte? Como se explica 
o mal? Estas e outras perguntas, idéias e postulados religiosos são estudados por esta disciplina. 
Ela tenta esclarecer ou saber sobre a religião na existência humana. 
A filosofia da religião não fundamenta, nem inventa a religião, mas tenta esclarecê-la, servindo-se 
da filosofia. 
OO QQUUEE ÉÉ AA RREELLIIGGIIÃÃOO 
Desde a Antiguidade, por religião entende-se a relação do homem com Deus ou com o divino. Mas 
logo a consciência crítica indaga: O que é o homem? O que é Deus? O que é religião? 
A religião realiza-se na existência humana. O homem sabe-se relacionado e determinado por algo 
que é maior do que ele mesmo. Assim sua existência religiosa do homem se constitui a partir do 
divino. Por isso, na filosofia da religião, não se fala só do homem, mas também daquilo que é 
diferente dele, que o transcende. 
Religião (do latim: religare), significa religação com o divino, e é um conjunto de crenças sobre as 
causas, natureza e finalidade da vida e do universo, ou a relação dos seres humanos ao que eles 
consideram como santo, sagrado, espiritual ou divino. Muitas religiões têm narrativas, símbolos, 
tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida. Elas tendem a derivar em 
moralidade, ética, leis religiosas ou em um estilo de vida preferido de suas idéias sobre o cosmos e a 
natureza humana. 
A palavra religião por vezes é usada como sinônimo de fé ou crença, mas a religião difere da crença 
pessoal na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões têm comportamentos 
organizados, incluindo as congregações para a oração, hierarquias sacerdotais, lugares sagrados, 
e/ou escrituras. 
Há uma infinidade de religiões, compostas de distintas modalidades de adoração, mitologias e 
experiências espirituais, mas geralmente os estudiosos se concentram na pesquisa das principais 
vertentes espirituais, como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, pois elas oferecem um sistema 
lógico e elaborado sobre o comportamento do planeta e de todo o Universo, enquanto as orientais 
normalmente se centram em uma determinada filosofia de vida. Os filósofos têm como objetivo 
descobrir se o olhar espiritual sobre o Cosmos é realmente verdadeiro. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 5
Em todas as religiões vigentes no Ocidente há algo em comum, a fé em Deus. A Divindade é vista 
como um Ser sem corpo e eterno, criador de tudo que há, extremamente generoso e perfeito, todo-
poderoso, ou seja, onipotente, conhecedor de tudo, portanto onisciente, presente em toda parte. 
Esta é a imagem teísta de Deus, aquela que proclama sua existência. São Tomás de Aquino defende 
pelo menos cinco argumentos a favor da presença de Deus no Universo, entre eles o ontológico, o 
cosmológico e o do desígnio. 
OO QQUUEE ÉÉ AA FFIILLOOSSOOFFIIAA 
Filosofia significa literalmente «amor à sabedoria» e é o estudo de problemas fundamentais 
relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e éticos, à mente e à 
linguagem. Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua 
ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas científicas por 
geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, 
estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de pensamento. 
De acordo com os filósofos gregos, o homem ignorante não pode ser genuinamente feliz. Sócrates, 
cuja máxima: "A vida não examinada não é digna de ser vivida" é freqüentemente citada, foi a 
concretização do filósofo ideal, ou amante da sabedoria. O conceito clássico da filosofia ("conhecer o 
bem e praticá-lo") também fazia parte central do pensamento dos dois maiores filósofos gregos, 
Platão e Aristóteles. Mesmo assim, esta abordagem filosófica tem sido cada vez menos influente nos 
séculos recentes. 
OO VVAALLOORR DDAA FFIILLOOSSOOFFIIAA 
Devemos responder à pergunta: Para que estudar a filosofia? Alguns filósofos considerariam tal 
pergunta indigna de receber uma resposta, e a indicativa da mentalidade pragmática, norte-
americana que quer saber: "Que vantagem tiro eu disto?" e "Que bem me fará?" Tais filósofos diriam 
que a filosofia tem sua própria justificação inerente; não precisa de qualquer justificativa 
instrumental ou externa. É possível enumerar alguns bons motivos para se dedicar ao estudo da 
filosofia. 
 
Compreender a Sociedade 
A compreensão e a apreciação da filosofia ajudarão a pessoa a compreender sua sociedade. A 
filosofia tem uma influência profunda sobre a formação e o desenvolvimento de instituições e de 
valores. Não devemos subestimar a importância de idéias em moldar a sociedade. Por exemplo, o 
respeito com que se trata o indivíduo e a liberdade são, em grande medida, o produto do 
pensamento ocidental. A filosofia nos ajuda a perceber o que está envolvido nas "grandes 
perguntas" que indivíduos e sociedades devem fazer. 
 
Libertar do Preconceito e do Bairrismo 
Os elementos críticos da filosofia podem ajudar a libertar a pessoa das garras do preconceito, do 
bairrismo, e do raciocínio inferior. Na reflexão filosófica podemos colocar-nos à certa distância das 
nossas crenças e das crenças dos outros, e enxergá-las com certo ceticismo. Leremos jornais e 
revistas de modo mais crítico, o que nos deixará menos suscetíveis à propaganda. A filosofia pode 
nos ajudar a não nos deixarmos iludir pelas evasivas e omissões das técnicas políticas e 
publicitárias. Numa democracia há a necessidade de desenvolvermos um senso crítico saudável 
acerca das nossas crenças e das crenças dos outros, bem como a capacidade de reconhecer uma boa 
argumentação ou evidência. 
 
O Desafio Cristão 
 O cristão tem interesse específico pela filosofia, e a responsabilidade de estudá-la. A filosofia será 
tanto um desafio à sua fé quanto uma contribuição ao entendimento da fé. Alguns cristãos sentem 
suspeita da filosofia porque ouviram histórias acerca doutras pessoas que perderam sua fé através 
do estudo da filosofia. Foram aconselhados a evitar a filosofia como a peste. Após reflexão séria, fica 
sendo claro que este conselho não é sábio enfrentar o desafio intelectual levantado contra ele. O 
resultado de tal desafio não deveria ser a perda da fé, mas, sim, a possessão, de valor inestimável, de 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 6
uma fé mais enraizada e madura. 
 
ÉÉ PPOOSSSSÍÍVVEELL EESSTTUUDDAARR AA RREELLIIGGIIÃÃOO UUTTIILLIIZZAANNDDOO AA RRAAZZÃÃOO?? 
A filosofia nasceu, na antiga Grécia, como atitude crítica na vida concreta do homem. Nasceu como 
tentativa de formular questão da verdade desta vida em sua globalidade. Como areligião era parte 
desta vida concreta, os filósofos não podiam deixar de formular a questão da verdade da religião, de 
sua significação para a vida humana e a questão filosófica sobre Deus. 
A filosofia grega pensou a presença do divino como fundamento originário do cosmos 
(Anaximandro), como ser imutável (Parmênides), como Logos enquanto ordem do mundo 
(Heráclito). 
A filosofia da religião, como disciplina própria, é recente. Para sua constituição foi decisiva a 
filosofia de Kant, o idealismo alemão, a obra do cardeal Newman, de M. Blondel, a filosofia 
dialógica de F. Ebner e M. Buber, a fenomenologia de E. Husseri, M. Scheler e a filosofia da 
existência através de G. Mareei, M. Heidegger e K. Jaspers. 
Pensar é a busca do encontro do homem com o mundo, entre o pensante e o pensado. 
A filosofia da religião tem a religião como objeto de seu pensar. Tenta esclarecer o ser e a essência da 
religião. Indaga, pois, o que é, propriamente, religião. 
A existência religiosa do homem desenvolve-se em muitas dimensões, como, por exemplo, a interior 
e a exterior. Na primeira situa-se a fé e a meditação; na segunda, o culto e a pregação. 
Segundo Hegel, a religião e a filosofia tem comum a busca da verdade: "A filosofia tem seus 
objetivos em comum com a religião por que objetivo de ambas é a verdade”. 
 
AASS PPRRIINNCCIIPPAAIISS DDIISSCCIIPPLLIINNAASS DDEE AAPPOOIIOO ÀÀ FFIILLOOSSOOFFIIAA 
Ética 
Talvez a área mais conhecida da filosofia seja o estudo da ética. Dificilmente passa um dia sem 
sermos confrontados com questões da moralidade. Vou falsificar minha declaração de imposto de 
renda? O aborto é correto? Embora a filosofia geralmente trate de coisas abstratas, este certamente 
não é o caso da ética. As questões da teoria ética são perguntas práticas, problemas que tocam na 
vida de todos os dias. 
 Quando o homem do povo fala da ética, usualmente se refere a uma coletânea de regras ou 
princípios mediante os quais é ou permitida ou proibida de comportar-se de certas maneiras. Por 
exemplo, quando falamos da "ética pastoral," geralmente nos referimos a regras ou princípios que 
governam o comportamento do ministro para com seus paroquianos ou para com outros ministros. 
Ou, se falamos da necessidade da "ética dos negócios," referimo-nos a um código que regula, ou que 
deve regular, as ações dos negociantes para com seus fregueses, empregados e concorrentes. Os 
filósofos também empregam a palavra ética neste sentido. Por exemplo, quando o filósofo fala da 
"ética cristã," quer dizer aqueles princípios que guiam as ações dos cristãos, princípios tais como 
aqueles registrados nos Dez Mandamentos e no Sermão da Montanha. 
A ética está preocupada em atribuir modos de ação que devem ser seguidos ou louvados. 
 
A Epistemologia 
A epistemologia, ou a investigação da origem e da natureza do conhecimento, é um dos campos 
principais da filosofia. Como conhecemos alguma coisa? Quando é justificada a alegação de que 
alguém sabe? É possível o conhecimento indubitável (certo) acerca de qualquer coisa? A percepção 
sensória nos dá informações fidedignas acerca de um mundo de objetos físicos? Temos consciência 
direta do mundo físico? Nossas percepções dos objetos são idênticas a esses objetos? As perguntas 
da epistemologia não são as perguntas da psicologia ou da ciência natural, embora, também certos 
resultados destas duas ciências possam ser relevantes ao epistemólogo. 
 
A Metafísica 
Para o novato na filosofia, a metafísica parece ser, logo de início, o mais misterioso e de mau 
presságio de todos os campos da filosofia. O próprio nome traz à tona imagens de doutrinas 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 7
abstratas e difíceis. A metafísica, na realidade, recebeu seu nome de um modo muito simples. O 
nome provém de uma palavra grega que significa "depois da física”. 
Através do uso do termo, este veio a significar "além" do físico. Daí, a metafísica, pelo menos para 
alguns filósofos, é o estudo do ser ou da realidade. 
Alguns exemplos do estoque das perguntas metafísicas tradicionais são os seguintes. Quais são as 
partes constituintes fundamentais e objetivas da realidade? Qual é a natureza do espaço e do tempo? 
Todo evento deve ter uma causa? Muitas das perguntas hoje estão mais estreitamente relacionadas 
com a natureza e a vida dos seres humanos, perguntas tais como: O homem tem livre arbítrio? As 
intenções causam alguma coisa? 
 
DO QUE SE OCUPA, ENTÃO, A FILOSOFIA DA RELIGIÃO? 
A filosofia da religião examina criticamente a religião e as crenças religiosas fundamentais: a crença 
de que Deus existe, de que há vida depois da morte, de que Deus sabe, mesmo antes de nascermos, 
o que iremos fazer, de que a existência do mal é de algum modo consistente com o amor de Deus 
pelas suas criaturas. Examinar criticamente uma crença religiosa envolve explicar a crença e 
examinar as razões que se tem apresentado a favor e contra a crença, tendo em vista determinar se 
há ou não qualquer justificação racional para afirmar que essa crença é verdadeira ou falsa. 
A idéa da filosofia da religião é filosofar ou ivestigar acerca das questões fundamentais na religião. 
As questões características da filosofia da religião desenvolvem-se do escrutínio intensivo e 
intelectual das religiões vivas. É necessário distinguir o filósofo da religião do historiador da 
religião, do religionista comparativo, e do teólogo. O historiador da religião procura descobrir a 
origem e o desenvolvimento das religiões. Se uma certa religião se desenvolvesse de temores 
vinculados com um eclipse do sol, o historiador da religião documentaria este fato, e os efeitos deste 
temor sobre o corpo inteiro da crença. 
Mapearia a história religiosa do grupo, notando que, originalmente, os adoradores reconheciam dez 
divindades, mas, no decurso do tempo, o ritual se centralizou num único Deus supremo. O 
religionista comparativo está interessado nas semelhanças entre as religiões. Acha digno de nota 
que todas as religiões, ou a maioria delas, têm uma crença num poder, princípio ou ser supremo. 
Informações obtidas do historiador da religião e do religionista comparativo são significantes, 
amiúde, às pesquisas do filósofo da religião. 
 
O filósofo está interessado em analisar e avaliar as informações, para descobrir o que significam e se 
são verdadeiras. 
A atividade do filósofo da religião também é diferente daquela do teólogo. O teólogo se interessa 
por questões filosóficas que dizem respeito à sua disciplina, e que se ocupam com assuntos 
históricos, textuais e exegéticos. Quando o teólogo trata da natureza geral da religião e do 
conhecimento religioso, os interesses do teólogo e do filósofo da religião são idênticos. Quando, 
porém, o teólogo estuda o desenvolvimento de uma doutrina ou a interpretação de um texto, os dois 
divergem. 
Que tipos de perguntas são a matéria profissional do filósofo da religião? A primeira questão 
examinada na filosofia da religião usualmente é a natureza da própria religião. Há alguma 
característica definidora ou âmago de crenças que se acha em todas as religiões, e que é a marca 
distintiva da religião? Um segundo assunto que o filósofo da religião avalia são os argumentos em 
prol da existência de Deus. No século XVIII, Kant disse que havia três, e somente três, argumentos 
racionais em prol da existência de Deus. São os argumentos ontológico, cosmológico, e teleológico. 
Os filósofos da religião subsequentes acrescentaram um quarto, o argumento moral. 
Um terceiro assunto do filósofo da religião é a discussão dos atributos de Deus. 
Por exemplo, a onipotência de Deus significa que Ele pode inventar uma tarefa difícil demais para 
Ele mesmo! Pode criar uma pedra que não pode erguer? 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 8
UUNNIIDDAADDEE IIII 
CCOOMMOO SSÃÃOO JJUUSSTTIIFFIICCAADDAASS AASS CCRREENNÇÇAASS??............................................................... 
 
“Tradicionalmente (desde Platão), para alguma coisa ser conhecida tinha pelo menos de ser crida por alguém, 
e tal crença tinha de ser verdadeira”. 
 
.............................................................. 
 
 
 
 
OO RREELLAACCIIOONNAAMMEENNTTOO EENNTTRREE AA FFÉÉ EE AA RRAAZZÃÃOO 
Uma das questões mais básicas que confrontam o cristão na filosofia é como relacionar a fé com a 
razão. Que papel tem a revelação em determinar a verdade filosófica, se é que tem algum papel? 
Inversamente, que papel, se tiver algum, a razão desempenha em determinar a verdade divina? 
Estas não são perguntas fáceis, e os cristãos têm respondido a elas de maneiras diferentes. Antes de 
ser possível entender estes pontos de vista, os termos revelação e razão devem ser definidos. A 
"revelação" é um desvendamento sobrenatural por Deus de verdades e não poderiam ser 
descobertas pelos poderes da razão humana, sem ajuda. A "razão" é a capacidade natural da mente 
humana descobrir a verdade. As soluções à questão de qual método é uma fonte fiel da verdade são 
divisíveis em cinco categorias básicas; (1) a revelação somente; (2) a razão somente; (3) a revelação 
sobre a razão; (4) a razão sobre a revelação; e (5) a revelação e a razão. 
 
A Revelação Somente 
Alguns filósofos têm alegado que somente a revelação pode ser considerada uma fonte legítima do 
conhecimento do homem. Tais pensadores revelam uma desconfiança na razão. 
Sören Kierkegaard - Segundo Sören Kierkegaard (1813-1855), o pai do existencialismo moderno, a 
mente humana é totalmente incapaz de descobrir qualquer verdade divina. O que não é uma 
verdade. 
 
O estado caído do homem – Para Sören Kierkegaard o homem está alienado, pelo pecado, de um 
Deus santo. Realmente, Deus é uma "ofensa" a homens que estão num estado perpétuo de rebelião 
contra Ele. O homem padece do que Kierkegaard chamava uma "doença mortal" (o título de uma 
das suas obras). A própria natureza do pecado do homem torna impossível para ele conhecer a 
verdade acerca de um Deus pessoal, visto ser este o próprio Deus a quem está o homem está 
rejeitando. 
 
A transcendência de Deus. Pela crença da “revelação somente", Deus não somente é uma ofensa à 
vontade do homem, como também Ele é um "paradoxo" à razão do homem. A verdade cristã pode 
ser conhecida somente por aquilo que Kierkegaard chamava um "salto da fé." 
Conforme Kierkegaard, qualquer tentativa racional no sentido de comprovar a existência de Deus é 
uma ofensa contra Deus. 
As provas são desnecessárias para os que acreditam em Deus, e não convencem os que não 
acreditam. A única "prova" do cristianismo é o sofrimento, conforme Kierkegaard, pois Jesus disse: 
"Vem, toma a tua cruz, e segue-me" (Marcos 10.21b). As evidências históricas não ajudam. 
Kierkegaard perguntou: A felicidade eterna pode ser baseada em eventos históricos? Sua resposta 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 9
era um "não!" enfático e ressoante. Como cristão, Kierkegaard acreditava que Deus entrou no tempo 
em Cristo. Acreditava, também, que os eventos da vida de Cristo eram históricos, inclusive Seu 
nascimento virginal, Sua crucificação, e Sua ressurreição corpórea. 
Mesmo assim, Kierkegaard acreditava que não havia meio algum de ter absoluta certeza que estes 
eventos realmente ocorreram, a não ser pela fé. Sabemos que isso não verdade, pois a existência de 
Jesus é comprovada historicamente. Além disto, Kierkegaard acreditava que a historicidade destes 
eventos não era nem quer importante. O fato significante não é a historicidade de Cristo (em tempos 
passados) mas, sim, a contemporaneidade de Cristo (no presente) dentro do crente, pela fé. 
 
Karl Barth 
Um dos teólogos mais famosos da Igreja Cristã contemporânea é KarI Barth. Como Kierkegaard, 
Barth argumentava que Deus é "Totalmente Outro" e que pode ser conhecido somente através da 
revelação divina. A necessidade da revelação sobrenatural. Barth, também, acreditava que o homem 
caído é incapaz de conhecer um Deus transcendentemente santo. Barth sustentava que todas as 
tentativas de se chegar a Deus mediante a razão eram fúteis 
 
Barth, no entanto, sustentava que aquilo que o homem não pode fazer "de baixo para cima" 
mediante a razão, Deus fez "de cima para baixo" mediante a revelação sobrenatural. Para Barth, a 
Bíblia é a localidade da revelação de Deus. É o instrumento através do qual Deus fala. De si só, a 
Bíblia é apenas o registro preposicional da revelação pessoal de Deus ao Seu povo, mas a Bíblia fica 
sendo a Palavra de Deus para nós à medida em que Deus fala através das suas palavras humanas. 
 
Para Barth Deus não nos fala através da revelação natural, ou seja, através da natureza, porque o 
homem está caído e, portanto, obscureceu e distorceu completamente a revelação de Deus na 
natureza. 
Temos a plena certeza de que Deus se revela ao homem também pela razão e pela revelação natural, 
pois lemos na Bíblia: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas 
mãos". (Salmos 19:1). 
Barth era enfático em dizer que a mente humana não tem capacidade alguma para conhecer a Deus. 
 
AA RRAAZZÃÃOO SSOOMMEENNTTEE –– OO RRAACCIIOONNAALLIISSMMOO 
Do lado oposto ao que lemos acima, há os racionalistas, que alegam que toda a verdade pode ser 
descoberta pela razão humana. Alguns racionalistas vão ao ponto de alegar que nada é 
verdadeiramente conhecido, de modo algum, pela revelação. 
O filósofo racionalista confia somente na razão para a origem e a justificação das crenças. No âmago 
do racionalismo, há a afirmação de que a fonte e a justificação das nossas crenças podem ser achadas 
na razão somente. O ponto de partida para o racionalista deve ser certo. A mera probabilidade não o 
satisfará. Para o racionalista nenhuma crença que é contrária à razão tem qualquer possibilidade de 
ser justificada ou verídica. 
 
Emanuel Kant 
Emanuel Kant era de tradição luterana, devota e piedosa. Na sua famosa Crítica da Razão Pura, que 
lançou os alicerces para boa parte do agnosticismo moderno. 
Kant não disse, nem acreditava, que não houvesse revelação sobrenatural da parte de Deus na 
Bíblia. Insistia, porém, que devemos julgar toda a revelação sobrenatural por meio da "razão". 
 
Benedito Spinoza 
Um exemplo ainda mais radical do conceito da "razão somente" é o filósofo judeu, Spinoza. 
Espinosa não acreditava na imortalidade da alma, nem nos milagres, nem num deus estilo juiz de 
última instância, de barbas brancas, sentado num púlpito. Espinosa achava que estas eram formas 
humanas primitivas de representar Deus. E também não tinha em grande conta as instituições 
religiosas, com os seus rituais, proibições, hierarquias e anátemas. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 10 
Para Espinosa, tudo o que ocorre está determinado pelas leis necessárias da natureza. E Deus mais 
não é do que esta natureza inexorável. O pensamento modal de Espinosa é tipicamente racionalista. 
 
O racionalismo anti-sobrenatural. Aplicando seu racionalismo à Bíblia, Spinoza concluiu que 
Moisés não escreveu os primeiros cinco livros do Antigo Testamento nem os recebeu em revelação 
da parte de Deus. Considerava "irracional" acreditar nos milagres registrados na Bíblia, ou em 
qualquer milagre que fosse. Disse: "Podemos, portanto, ter absoluta certeza de que todo evento que 
é corretamente descrito na Escritura necessariamente aconteceu, como tudo o mais, de acordo com 
leis naturais." Spinoza tinha certeza de que "o curso da natureza é fixo e imutável." Não aceitava 
meios-termos na sua insistência de que "um milagre, seja uma contravenção à natureza, ou além da 
natureza, é coisa meramente absurda." Isto significa, naturalmente, que Spinoza insistiria em que os 
relatos da ressurreição nos Evangelhos sejam rejeitados. Em resumo: qualquer parte darevelação 
bíblica que não estava de acordo com o racionalismo naturalista de Spinoza tinha de ser considerada 
não-autêntica. 
 
AA RRAAZZÃÃOO SSOOBBRREE AA RREEVVEELLAAÇÇÃÃOO 
Há outros cuja ênfase sobre a razão não é de modo algum tão radical como a de Spinoza. Seu 
conceito da razão e da revelação poderia ser definido mais apropriadamente como sendo razão 
sobre a revelação. Este ponto de vista é atribuído a alguns dos Pais cristãos primitivos, tais como 
Justino Mártir e Clemente dá Alexandria. 
 
A Alta Crítica Moderna 
Talvez o melhor exemplo daqueles que sustentam o conceito da "razão sobre a revelação" são os que 
são chamados "liberais" ou "adeptos da alta crítica." Foi um movimento teológico influenciado por 
Spinoza, Kant, e Hegel, que concluíram mediante a razão humana que partes da Bíblia, ou a 
totalidade, não são uma revelação da parte de Deus. 
Tais críticos têm incluído homens tais como Jean Astruc (1684-1766) e Julius WeIlhausen (1844 1918). 
Em contraste com o conceito histórico e ortodoxo que a Bíblia é a Palavra de Deus, os liberais 
acreditam que a Bíblia meramente contém a Palavra de Deus. 
 
Quando aplicam a razão humana à Bíblia, sentem que algumas partes dela são "contraditórias," e 
que outras simplesmente são mitos ou fábulas. Algumas histórias do Antigo Testamento são 
rejeitadas por estes críticos porque os eventos pareciam "imorais." 
Outro grupo de homens que exaltava a razão acima da revelação foram os deístas dos séculos XVII e 
XVIII. Homens tais como Herbert de Cherbury (1583-1648), Charles Bount (1654-1693), e John 
Toland (1670-1722) minimizavam ou negavam os elementos sobrenaturais da Bíblia. 
Tanto o alto crítico quanto o Deísta (O deísmo é uma postura filosófica que admite a existência de 
um Deus criador, mas questiona a ideia de revelação divina. É uma doutrina que considera a razão 
como uma via capaz de nos assegurar da existência de Deus), colocam a razão acima da revelação. 
Qualquer coisa na Bíblia - seja o mandamento de Deus aos israelitas no sentido de matarem os 
cananitas ou o ensino de Paulo acerca do papel das mulheres — que não esteja de acordo com os 
"razão humana" é rejeitada por eles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 11 
 
AA RREEVVEELLAAÇÇÃÃOO AACCIIMMAA DDAA RRAAZZÃÃOO 
Em oposição aos racionalistas estavam os revevacionistas que exaltavam a revelação acima da razão. 
Aqui se destaca dois nomes: Tertuliano e Cornelius Van Til. 
Tertuliano 
Tertuliano às vezes é um dos representantes da "revelação acima da razão". Esta classificação é 
baseada na declaração isolada: "Creio porque é absurdo”. 
Provavelmente não estava alegando mais do que Paulo alegou em I Coríntios 1, que o evangelho 
parece "tolice" ao descrenteEm certa passagem famosa exclamou: "O que mesmo tem Atenas a ver 
com Jerusalém? Que concordância há entre a academia e a igreja?" Obviamente, os filósofos não 
eram exaltados por Tertuliano. Tertuliano não somente considerava a filosofia inútil, mas também 
sustentava que não é de modo algum essencial ao crente. A revelação é tudo quanto realmente 
conta. A revelação fica acima da razão; a razão não fica acima da revelação, pensava Kant. 
 
Cornelius Van Til 
Talvez o melhor exemplo entre os pensadores evangélicos contemporâneos dalguém que exalta a 
revelação sobre a razão seja o teólogo e apologista reformado, Cornelius Van Til (nasc. 1895). 
 Ele aformava que se não existisse Deus — o Deus cristão — que criou e sustentou as próprias leis e 
processos da razão, então o próprio pensar seria impossível. A razão, para Van Til, é radical e 
realmente dependente da revelação. 
Para ele, Deus é o criador da razão humana. Logo, toda a razão deve ser humilde serva da 
revelação. A razão é sujeita ao julgamento de Deus, mas nunca pode colocar-se como juiz de Deus. 
A revelação de Deus, portanto, sempre estará acima da razão do homem, nunca o inverso. Deus não 
está sujeito às leis da lógica 
Para Van Til, a lógica se aplica somente àquilo que é criado, não ao Criador. Deus é soberano sobre 
tudo — até mesmo sobre as leis do pensamento. Conforme Van Til, o cristão nunca deve capitular a 
transcendência de Deus a qualquer coisa, até mesmo às regras mais fundamentais do raciocínio hu-
mano. 
AA RREEVVEELLAAÇÇÃÃOO EE AA RRAAZZÃÃOO 
A última categoria consiste naqueles cristãos que acreditam que há um interrelacionamento entre a 
revelação e a razão. Dois grandes pensadores estão dentro desta tradição: Agostinho e Aquino. 
 
Santo Agostinho 
Agostinho (354-430) veio ao cristianismo de uma tradição de filosofia platônica, ao passo que 
Aquino escrevia numa tradição aristoteliana. Os dois homens, no entanto, acreditavam na injunção 
Bíblica (Isaias 7:9), "Se não crerdes, não entendereis." O relacionamento básico da razão e da 
revelação é que o cristão pensativo procura tornar o crível inteligível. Procura raciocinar acerca da 
sua revelação, e dentro dela. 
Nas palavras de Agostinho, "a fé é o caminho do entendimento." Sem ter fé primeiramente, a pessoa 
nunca viria a um pleno entendimento da verdade de Deus. A fé inicia a pessoa no conhecimento. 
Neste sentido, Agostinho acreditava plenamente que a fé na revelação de Deus é prévia à razão 
humana. 
 
Agostinho também sustentava que ninguém em tempo algum acredita nalguma coisa antes de ter 
alguma compreensão daquilo em que deve crer. Na realidade, Agostinho pensava que ninguém 
deveria acreditar numa revelação que não tiver primeiramente julgado digna de crença à luz da boa 
razão. 
 Mas visto que Agostinho acreditava que a fé é antes da razão, parece melhor chamar seu ponto de 
vista de "revelação e razão." O entendimento é o galardão da fé. Ao passo que Agostinho acreditava 
que "a fé é o caminho do entendimento" também acreditava que "o entendimento é o prêmio da fé." 
O prêmio pela aceitação da revelação de Deus, mediante a fé, é que a pessoa tem um entendimento 
mais pleno e completo da verdade. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 12 
 
Tomás Aquino 
Aquino (1224-1274) considerava-se um seguidor fiel de Agostinho. Muitos filósofos sustentam que a 
diferença básica entre eles é que Aquino tomou a verdade cristã de Agostinho e a colocou na 
terminologia de Aristóteles (ao invés da terminologia de Platão, que Agostinho empregou). Além 
disto, realmente parece haver uma mudança de ênfase, porque Aquino ressalta o papel da razão 
mais do que Agostinho; pelo menos fala mais acerca deste papel. A existência de Deus pode ser 
comprovada. 
Aquino sustentava que, com a ajuda da revelação, o homem pode chegar a entender certas verdades 
de Deus e até mesmo "comprová-las" filosoficamente. 
 Sabemos mediante a razão que Deus existe, mas é somente pela fé que sabemos que há três pessoas 
num só Deus. Somente a revelação é base para a crença em Deus. 
A evidência razoável é apoio para a crença. A fé em Deus não é baseada na evidência mas sim, na 
autoridade do próprio Deus mediante Sua revelação. Mesmo assim, o crente tem apoio razoável 
para sua fé nas evidências e milagres experimentais e históricos. 
Desta maneira, Aquino aparentemente estava de acordo com Agostinho a respeito do inter-
relacionamento entre a razão e a revelação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 13 
UUNNIIDDAADDEE IIIIII 
OO QQUUEE SSEE QQUUEERR DDIIZZEERR CCOOMM DDEEUUSS?? 
............................................................... 
 
”Um pouco de filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a 
religião”. 
.............................................................. 
 
 
 
DDEEUUSS EE AA FFIILLOOSSOOFFIIAA DDAA RREELLIIGGIIÃÃOO 
Embora a maioria das pessoas tenha alguma crença em Deus, seus conceitos de Deusvariam 
grandemente. Basicamente, há cinco maneiras diferentes de considerar a Deus: 
• O teísmo, que sustenta a existência de um Deus que está tanto além do mundo como dentro 
d’Ele (Deus é transcendente e imanente); 
• O deísmo, que acredita que Deus está além do mundo mas não dentro do mundo (Deus é 
transcendente mas não imanente); 
• O panteísmo, que acredita que Deus está no mundo mas não além d’Ele. Deus é o mundo 
(Deus está imanente no universo, mas não transcendente sobre ele); 
• O paneteísmo, que sustenta que Deus está no universo assim como a alma está no corpo. Ou 
seja: o universo é o "corpo" de Deus, e Deus é a "alma" do universo; 
• O deísmo finito acredita que Deus está além do universo mas não no controle supremo d’Ele 
(em contraste com o teísmo). 
 
Há, naturalmente, muitas variações dentro destas cinco categorias de crença. Por exemplo, muitos 
deístas finitos acreditam que há apenas um deus finito (o monoteísmo finito); outros acreditam que há 
muitos deuses finitos, com um que é supremo entre eles (henoteísmo); e ainda outros acreditam que 
há muitos deuses, cada um com sua própria esfera de atividade (politeísmo). Mas para os propósitos 
de classificação, podemos pensar primariamente em cinco conceitos diferentes de "Deus". 
 
TTEEÍÍSSMMOO –– OO CCOONNCCEEIITTOO BBÍÍBBLLIICCOO DDEE DDEEUUSS 
O conceito teísta de Deus é comum à tradição judaico-cristã. É a descrição do Deus da Bíblia. Nem 
todos os teístas, no entanto, são cristãos. Três dos maiores pensadores clássicos que articularam este 
ponto de vista foram Agostinho, Anselmo, e Aquino. Alguns proponentes modernos importantes 
incluem Leibniz e, mais recentemente, C. S. Lewis. 
 
Os Elementos Básicos do Teísmo 
Há pelo menos três elementos básicos de um conceito teísta de Deus; esses elementos tratam: 
• Da natureza do próprio Deus; 
• Da natureza da ação de Deus; 
• Da natureza da atividade de Deus. 
 
 
Da natureza do próprio Deus 
Para o Teísmo, Deus está tanto além do mundo (trasnscendente) quanto dentro d’Ele (imanente). Conforme 
o teísmo, Deus não é o mundo (nem o universo), mas está "além" d’Ele, ou é "mais do que" ele. Ou 
seja: Deus é transcendente. O universo é finito e limitado, e Deus é infinito e ilimitado. Além disso, 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 14 
Deus está "no" universo. Isto quer dizer que Deus está imanentemente presente como a causa 
sustentadora do universo. 
 
Da natureza da ação de Deus 
O teísmo sustenta que o mundo depende de Deus para sua própria existência. Sem o sustento 
criador de Deus, o mundo não existiria. Tradicionalmente, esta doutrina tem sido chamada a criação 
ex nihilo ("do nada"). Por "do nada" os teístas querem dizer que não teria havido nada mais a não ser 
que Ele tivesse criado algo. Os teístas sustentam que Deus não criou o mundo dalguma outra coisa. 
A crença teísta significa que Deus não criou o mundo usando a si mesmo como matéria (ex Deo), 
como no panteísmo, nem dalguma matéria preexistente (ex hulès), mas, sim, de nada mais (ex nihilo). 
 
Da natureza da atividade de Deus 
Deus pode agir sobrenaturalmente no mundo. O sobrenaturalismo é uma terceira implicação do teísmo. 
O naturalista que não acredita em Deus considera que o universo é "tudo quanto há." O teísta, por 
contraste, acredita que há mais - a saber: um âmbito sobrenatural. O teísta acredita que o mundo é 
radicalmente dependente de um Deus todo-poderoso que criou o mundo e que continuamente o 
sustenta. Segue-se logicamente que semelhante Deus também pode intervir no mundo. Este tipo de 
intervenção especial no mundo é chamado um milagre. Os teístas não acreditam que as leis naturais 
são fixas e imutáveis e, portanto, invioláveis. Acreditam que as leis naturais são descrições da 
maneira regular de Deus operar na Sua criação, mas que podem sofrer a intervenção Dele caso seja 
necessário. Os milagres, portanto, são eventos que manifestam a maneira irregular ou especial de 
Deus operar no mundo. É essencial ao teísmo manter a possibilidade dos milagres. 
 
Argumentos Utilizados contra o Teísmo 
Há vários argumentos dirigidos contra o teísmo. Mencionaremos aqui somente aqueles que vêm dos 
"ateólogos" ou ateus. 
Argumento 1: Deus é impossível. 
Se Deus realmente fosse Todo-Poderoso, logo, poderia criar uma pedra tão pesada que Ele não 
poderia erguê-la. Mas se Ele não poderia erguê-la, não seria Todo-Poderoso. Logo, nenhum Deus 
deste tipo pode existir. Respondendo, alguns teístas notaram que Deus não pode fazer alguma coisa 
que é impossível por definição. Assim como é impossível haver um círculo quadrado, ou criar outro 
Deus não-criado, os teístas sustentam que é impossível para Deus fazer uma pedra que Ele não pode 
erguer. Outros teístas explicam que o problema começa com o emprego de um negativo duplo: "Se 
Deus não pode fazer uma pedra que não pode erguer, logo, Ele não é onipotente." Se fôssemos 
colocar esta expressão em notação lógica, no entanto, a declaração rezaria: "Qualquer pedra que 
Deus pode fazer. Ele pode erguer." A declaração, feita nestas palavras, não apresenta qualquer 
limitação ao poder de Deus. 
 
Argumento2: Uma segunda objeção ateia é que Deus, por Sua natureza, deve ser auto-causado, o 
que é impossível. Para o ateu, isto é impossível, porque ninguém pode causar sua própria existência. 
A resposta do teísta é que Deus não é um Ser causado; é um Ser não causado. E não há contradição 
alguma em afirmar que Deus não é causado por outro ou por Si mesmo, mas, sim, é um Ser 
Necessário que existe sempre e necessariamente. Os teístas também notam que nem todas as coisas 
precisam de uma causa, mas, sim, apenas algumas coisas, a saber: coisas criadas precisam de causas. 
O Criador não é uma criatura, e, portanto, não precisa de uma causa ou além de Si mesmo ou em Si 
mesmo. 
 
 
Argumento 3: O mal é incompatível com Deus 
A outra objeção principal ao teísmo é baseada no problema do mal. Freqüentemente tem sido 
declarado na seguinte forma: 
Se Deus fosse Todo-Poderoso, poderia destruir o mal. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 15 
Se Deus fosse todo-Bondoso, destruiria o mal. 
Mas o mal existe. 
Logo, não há semelhante Deus. 
 É possível que Deus não possa destruir o mal sem destruir a liberdade — que é reconhecida como 
um bem até mesmo pela maioria dos ateus. Pode ser que a única maneira que Deus pudesse 
eliminar o mal, falando a rigor, seria por meio de tornar os homens em robôs. Mas se os homens 
fossem reduzidos a máquinas, já não haveria um mundo moral e nem liberdade de escolha. 
O argumento pode ser declarado da seguinte maneira: 
Visto que Deus é todo-Bondoso. Ele tem a vontade de derrotar o mal. 
Visto que Deus é Todo-Poderoso. Ele tem o poder para derrotar o mal. 
O mal ainda não foi derrotado. 
Logo, o mal será derrotado. 
Ou seja, a própria natureza do Deus do teísmo exige que Ele faça qualquer bem possível acerca da 
situação. Se não parece agora aos homens, como seres finitos, que isto é assim, é porque não podemos 
ver o "quadro total" ou o "fim definitivo." 
 
DEÍSMO - O CONCEITO DEÍSTA DE DEUS 
O deísmo é uma forma dessobrenaturalizada do teísmo; seu conceito de Deus é o conceito bíblico de 
Deus menos os milagres. Certo famoso deísta norte-americano, Thomas Jefferson, literalmente 
cortou todas as passagens milagrosas fora dos Evangelhos e colou as sobras dessobrenaturalizadas 
num livro para recortes. Já foi publicada como a "Bíblia de Jefferson". Os dois elementos principais 
do deísmo e suas perspectivas sobre a natureza de Deus e a natureza do mundo são: “Deus Está 
Além do Mundo” (é transcendente) e “o Mundo Opera Naturalmente”. 
Parao deísmo Deus é apenas a "primeira causa" e o princípio básico da racionalidade do universo. 
Os deístas acreditam em um deus da natureza - um criador não intervencionista - que permite que o 
universo corra o seu próprio cursode acordo com as leis naturais. Como um "deus relojoeiro" 
iniciando o processo cósmico, o universo segue adiante sem necessitar da supervisão de Deus. O 
deísmo acredita que as leis precisas e invariáveis definem o universo como possuindo 
autofuncionamento e sendo autoexplicativo. 
 
Deus é Transcendente no Universo, mas O Mundo Opera Naturalmente 
O deísta acredita na transcendência de Deus. Deus é mais do que o universo; Ele é o Criador do 
mundo. Quanto a isto, o deísta toma partido com o teísmo Para o deísta a existência do mundo 
depende de Deus e não é independente d’Ele. 
Porém, os deístas acreditam que o mundo opera por lei natural. 
 
O deísta acredita que a falta de intervenção de Deus seja devida ao fato de que “Ele não deseja 
interferir” com nossa vida. Alguns acreditam que seria uma má reflexão do caráter de Deus como 
um Criador perfeito se tivesse constantemente de "consertar" Sua criação por intervenções 
milagrosas. Outros simplesmente ressaltam o desejo de Deus no sentido de que o homem, como 
criatura livre e autônoma, deva "viver por conta própria." 
Seja qual for a razão, porém, os deístas negam o fato dos milagres, ou pelo menos sua necessidade 
no relacionamento entre Deus e o mundo. 
 
Avaliação do Deísmo 
O Relacionamento entre Deus e o Mundo 
O deísmo é edificado sobre um modelo mecanicista, alegando-se que Deus é o fabricante da 
máquina. Mesmo assim, o teísta rejeita o modelo mecânico, preferindo um pessoal. Deus tem 
relacionamento conosco mais como um pai com seus filhos. E qual pai não "interviria" para salvar 
seus filhos necessitados? Quanto a isto, alguns teístas indicaram que nada é realmente causado pela 
lei natural. A lei natural simplesmente descreve o que é causado por Deus. Por exemplo, uma lei 
matemática nos informa que se alguém tem cinco moedas no seu bolso e coloca mais três moedas no 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 16 
seu bolso, deverá então ter oito moedas ali. Mas essa lei da matemática nunca poderá colocar 
qualquer moeda no bolso daquela pessoa. Da mesma maneira, uma lei natural é apenas uma 
maneira de descrever como Deus faz as coisas acontecerem de modo regular, e não é em si mesma 
uma causa de coisa alguma. 
OO CCOONNCCEEIITTOO PPAANNTTEEÍÍSSTTAA DDEE DDEEUUSS 
O panteísmo é freqüentemente considerado um conceito “oriental” de Deus, e o teísmo um conceito 
"ocidental". 
Panteísmo é a idéia de que Deus é tudo e tudo é Deus. Panteísmo é semelhante ao politeísmo (a 
crença em muitos deuses), mas vai além do politeísmo ao ensinar que tudo é Deus. Nesse caso, uma 
árvore é Deus, uma rocha é Deus, um animal é Deus, o céu é Deus, o sol é Deus, você é Deus, etc. 
Panteísmo é a suposição por trás de muitas seitas e religiões falsas (ex: Hinduísmo e Budismo, as 
várias seitas de unidade e unificação, e os adoradores da mãe natureza). 
Os panteístas acreditam que Deus abrange tudo quanto existe. Dentro deste arcabouço, cinco tipos 
de panteísmo podem ser distinguidos. 
 
Elementos Básicos de um Conceito Panteísta 
Há vários elementos distintivos envolvidos no panteísmo. Cada um d’Eles pode ser visto em 
contraste com o teísmo. 
 
A natureza da criação 
O panteísta crê na criação ex nihilo (a partir do nada), como no teísmo. 
 
O relacionamento entre Deus e o mundo 
O teísmo, sustenta que Deus está além do universo (transcendente) e que o universo não pode 
conter a Deus, como disse rei Salomão, após construir o templo de Jerusalém: “Eis que o céu, e até o 
céu dos céus, não te podem conter; quanto menos esta casa que edifiquei!” (1 Reis 8:27). 
O panteísta acredita que Deus e o universo são um só. No pensamento do panteísta “Deus é o Tudo 
e o Tudo é Deus”. 
 
O mal não é real 
Nas formas mais rígidas de panteísmo, o mal é uma mera ilusão, um erro da mente mortal. Para 
panteísta, o mal parece ser real, mas não o é. Sabemos que isso não é uma verdade. Paulo exortou: ... 
“para que não sejamos vencidos por Satanás; Porque não ignoramos os seus ardis” (II Co 2.10-11). 
OO CCOONNCCEEIITTOO PPAANNEENNTTEEÍÍSSTTAA DDEE DDEEUUSS 
O panenteísmo significa tudo-em-Deus. É talvez melhor entendido, no entanto, como Deus-em-tudo 
ou Deus-no-mundo. O paneteísta acredita que Deus está no mundo assim como uma alma está no 
corpo. 
O teísta acredita que Deus está além do mundo (trascendente) e dentro d’Ele (imanente); o panteísta 
acredita que Deus é o mundo; mas o panenteísta sustenta que Deus está no mundo, como se Ele 
fosse “a alma” do mundo. 
 
 O relacionamento entre Deus e o mundo 
O teísmo alega que o mundo depende de Deus, mas que Deus é independente do mundo. Os 
panenteístas, no entanto insistem que Deus depende tanto do mundo quanto o mundo depende 
d’Ele. Ou seja: Deus e o mundo são interdependentes. O mundo, dizem eles, é a concretização do de 
Deus, que é abstrato. Essa "natureza primordial" de Deus (espiritual) entram na dimensão do espaço 
e do tempo e é concretizada através do mundo que vemos. É como se o mundo fosse o “corpo de 
Deus”. 
Os panenteístas sustentam Deus não é Criador soberano do mundo (como no teísmo) mas, sim, um 
diretor de um processo mundial. 
 
Sacrificando a supremacia de Deus 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 17 
No panenteísmo, Deus foi "demovido" de Criador do mundo para Controlador cósmico, de um ser 
transcendente sobre o mundo, para um ser dependente do mundo. Mas como podem tanto o mundo 
quanto Deus dependerem um do outro para sua existência? Isto não é tão incoerente quanto dizer 
que o tijolo de baixo está sustentando o tijolo de cima, e, ao mesmo tempo, o tijolo de cima está sus-
tentando o tijolo de baixo? 
OO CCOONNCCEEIITTOO FFIINNIITTOO DDEE DDEEUUSS 
Nos tempos modernos, David Hume deu ímpeto à idéia de um deus finito ao citar o problema do 
mal. Hume alegava que o melhor que um mundo imperfeito, tal como o temos, pode comprovar é 
um deus finito e imperfeito. Hume concluiu e argumentou que a existência do mal torna altamente 
improvável que exista um Deus Todo-Poderoso e totalmente bom. 
Talvez o representante mais forte do deísmo finito nos Estados Unidos, no entanto, foi Edgar 
Brightman (1884-1953). Brightman considerava Deus como um tipo de "herói em lutas," que 
desejava o bem para o mundo mas que não tinha a capacidade de garanti-lo. 
 
Exposição do Deísmo Finito 
Ao invés de examinar qualquer deísta finito específico, simplesmente resumiremos algumas das 
doutrinas centrais da crença. Talvez a melhor maneira de entender o deísmo finito seja como 
contraste ao teísmo. 
 
A natureza de Deus é limitada 
O teísmo (crença bíblica de Deus) proclama que Deus é ilimitado no Seu poder e na Sua bondade. O 
finitismo acha isto impossível, tendo em vista o mal persiste no mundo. Para o deísta finito, se Deus 
fosse Todo-Poderoso, poderia destruir o mal, e se fosse de bondade infinita, Ele o destruiria mesmo. 
Mas visto que o mal não é destruído, Deus deve estar limitado no Seu poder ou na Sua bondade. A 
crença num Deus absolutamente poderoso e perfeito não explica os males do mundo - o 
desperdício, a crueldade, e a injustiça no mundo natural, sem mencionar a falta de intervenção da 
parte de Deus na "desumanidade do homem para com seu próximo." 
 
A luta com o mal 
 De acordo com o deísmo finito, há um efeito salutar de entender que Deus é finito, pois nos dá mais 
motivação para lutar contra o mal. Se, pois, Deus fosse Todo-Poderoso,por que, pois, deveria eu 
lutar contra o mal ? 
 Um Deus absoluto poderia cuidar disto por conta própria, e o faria se fosse Todo-poderoso. 
 
Avaliação do Deísmo Finito 
Numerosas objeções têm sido propostas contra o conceito finito de Deus. Mencionaremos de modo 
breve três delas. 
 
Objeção ao Deísmo Finito - O mal não comprova que Deus é finito 
O mal e a imperfeição no mundo não comprovam que Deus é finito. Deus pode ter algum propósito 
bom com o mal, ouConhecido a nós, ou, Não conhecido a nós mas, sim, conhecido somente a Ele 
mesmo. Não precisamos abrir mão da crença em um Deus infinito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 18 
UUNNIIDDAADDEE IIVV 
DDEEUUSS EEXXIISSTTEE?? 
............................................................... 
 
“A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia”. 
 
.............................................................. 
 
 
 
CCOONNCCEEIITTOO DDEE DDEEUUSS 
Antes de podermos responder à pergunta: Deus existe? Devemos determinar qual conceito de 
Deus está em foco. Nesta unidade falaremos do Deus do teísmo cristão. O enfoque estará sobre a 
questão de se existe, ou não, um Criador e sustentador de todo o universo, onipotente, totalmente 
bom e infinito. Várias posturas são adotadas quanto a esta pergunta. Alguns oferecem o que cha-
mam de argumentos conclusivos para a existência de Deus. Outros oferecem o que insistem que são 
provas de que Deus não existe. Ainda outros sustentam que não podemos saber se Deus existe, ou 
não. Outro grupo de pensadores prefere suspender o julgamento sobre a questão inteira. 
Finalmente, há aqueles que dizem que têm boa razão para acreditar que Deus existe, mas que não há 
nenhuma prova racionalmente inescapável da Sua existência. 
 
AARRGGUUMMEENNTTOOSS EEMM FFAAVVOORR DDAA EEXXIISSTTÊÊNNCCIIAA DDEE DDEEUUSS 
Um argumento importante para se comprovar a existência de Deus vem de Sto. Anselmo (1033-
1109). Este argumento é conhecido como o Argumento Ontológico. 
 
Em teologia e em filosofia da religião, um argumento ontológico para a existência de Deus é um 
argumento de que a existência de Deus pode ser provada a priori, isto é, bastando apenas a intuição 
e a razão, não sendo necessária, portanto, prova material, ou seja, a posteriori, porque sua 
comprovação material é a própria Criação. Os seres, ou criaturas, são entendidos a posteriori como 
efeitos particulares, sensíveis e inteligíveis, de causas, que são efeitos de outras causas, e assim 
sucessivamente, até uma causa primeira, criadora, de todo o Ser. Como coisa alguma pode ser causa 
de si mesma, um princípio criador fora do Ser tem de existir. Assim, o Ser (em grego, ontos), 
teologicamente entendido como a Criação, passa a ser a prova da existência de Deus, porque Deus é 
a causa do Ser. 
OOUUTTRROOSS AARRGGUUMMEENNTTOOSS EEMM FFAAVVOORR DDAA EEXXIISSTTÊÊNNCCIIAA DDEE DDEEUUSS 
Os evolucionistas sugerem que o universo originou-se do nada. Vamos verificar, porém, que todo 
efeito tem uma causa. O desígnio evidente no universo deve apontar para uma Mente Suprema. A 
natureza do homem, com seus impulsos e aspirações, demonstra assinalar a existência de um 
Governador pessoal. A história humana dá evidências duma providência que governa sobre tudo. 
 
O Cosmos e o Universo Provam a Existência de Deus 
As coisas existentes apontam para uma causa. “Há sinais dum desígnio inteligente em toda a 
natureza. Não pode haver poesia sem poeta. Não pode haver cântico sem cantor. Não pode haver 
leis sem legislador; e se o universo está sob o governo da lei, está de fato debaixo do autor da lei”. 
A natureza por si só, não é capaz de originar-se a si mesma, ela não pode reproduzir-se, o que vem a 
verificarmos que a existência de um universo demanda a existência de um Criador, como sendo 
uma causa prévia e também eficiente. Cada efeito deve-se ter uma causa adequada. Daí é dito que 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 19 
todo efeito tem uma causa. Portanto, deve haver uma Causa Primeira que criou o universo. 
Essa causa necessariamente tem e deve ser real, porque é impossível que o nada venha a produzir 
mais que o nada. “Ex nihilo, nihil fit” – do nada, nada pode surgir. A não-existência não pode 
engendrar a existência”. 
A probabilidade de alguma coisa física vir a existir do nada é zero. Não se têm conhecimento de um 
só evento ou estado físico observado por outro meio que se tenha originado do nada. 
Relacionado a isso, notificamos que Deus, através de poder infinito, fez com que a matéria viesse a 
existência: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). 
 Quando uma casa é levantada, sabemos que por detrás dela está a figura de um construtor, alguém 
que planejou a execução da mesma, verificou os detalhes, fez os planos e finalmente a edificou. Uma 
casa prova necessariamente o fato de um construtor. Igualmente o universo prova o fato de um 
Criador. “Porque toda casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus” 
(Hebreus 3.4). 
 
O Desígnio no Universo 
Imaginemos um relógio. Alguém o fez. Com certeza não existiria do nada. Alguém vir a declarar 
que não existiu um engenheiro que construiu o relógio, e que este veio a existência de repente, seria 
o mesmo que ridicularizar a inteligência e a própria razão humana. Da mesma forma, é uma grande 
insensatez presumir que o universo simplesmente apareceu ou “aconteceu”. 
“O exame dum relógio revela que ele leva os sinais de desígnio porque as diversas peças são 
reunidas com um propósito prévio. Elas são colocadas (designadas) de tal modo que produzem 
movimentos e esses movimentos são regulados de tal maneira que marcam as horas. Disso 
inferimos duas coisas: primeiramente, que o relógio teve alguém que o fez, e em segundo lugar, que 
o seu fabricante compreendeu a sua construção, e o projetou com o propósito de marcar as horas. Da 
mesma maneira, observamos o desígnio e a operação dum plano no mundo e, naturalmente, 
concluímos que houve alguém que o fez e que sabiamente o preparou para o propósito ao qual está 
servindo”. 
 
Se o desígnio e a formosura evidenciam-se no universo, logo, o universo deve ser obra dum 
Arquiteto. Este arquiteto deve ser dotado de inteligência suficiente para explicar sua obra, da 
mesma forma que um relojoeiro explica a construção do seu relógio. “Assim como um relógio indica 
um relojoeiro, as evidências do plano e propósito do mundo apontam para um Criador com 
propósito”. 
Existem leis no universo que invariavelmente são cumpridas. Como surgiram essas leis? Quem as 
estabeleceu? Isso implica necessariamente na presença de um legislador uma vez que existem leis. 
Pois sem lei, não há a necessidade de um legislador. 
O corpo humano, é algo fantástico, condizendo com um Criador Sábio, todas as suas partes se 
ajustam perfeitamente umas às outras e todas elas cooperam para o bom funcionamento do corpo 
humano. O universo mostra sinais de ordem e desígnio; portanto, deve haver um Planejador; e 
Deus, por definição, é o Criador e Planejador. Portanto, Deus existe. 
 
“Se as coisas materiais estão sujeitas a leis, foram colocadas debaixo delas pelo Criador, e assim 
aqueles processos maravilhosos que vemos na natureza são em si mesmos indicações admiráveis da 
mente e do poder divino”. 
A ordem e organização útil em um sistema evidenciam inteligência e propósito na causa que o 
originou; portanto, o universo tem uma causa inteligente e livre por ser caracterizado por ordem e 
organização útil. “O desenho revela o desenhista”, e, portanto, a formação do mundo revela a 
existência de um Criador. 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 20 
O Fator da Intuição 
Nossos próprios pensamentos implicam em um Deus que pensa, ou seja, a própria idéia de Deus já 
é uma prova suficiente de Sua existência. É sugerido que todos os homens já tem a idéia de Deus 
intuitivamente, e daí também encontramos prova de sua existência. 
A mente humana aceita as evidências dos argumentos a favor de um Criador antecedente ao 
Universo, com potência suficiente para criar a matéria do nada, com a sabedoria necessária para 
governar e ordenar o universo; e com a santidade e justiça necessáriaspara dar ao homem sua 
consciência e moralidade; pois atribuímos ao Ser que tem tais atributos em grau sobre-humano a 
eternidade e a perfeição em todos os Seus atributos. 
 
A História Humana 
“A marcha dos eventos da história universal fornece evidência de um poder e duma providência 
dominantes. Toda a história bíblica foi usada para revelar Deus na história, isto é, para ilustrar a 
obra de Deus nos negócios humanos”. 
Na história da humanidade, notamos o surgimento de grandes nações, bem como o seu declínio da 
mesma forma. O engrandecimento de uma nação se dera ao fato de que temera a Deus e observara-
lhe os preceitos; o seu declínio se dera pelo fato de afastar-se das leis morais do Legislador, a 
desobediência trouxe o desaparecimento do poderio que muitas nações tiveram no passado, como 
exemplo, cito: Babilônia, Grécia, Roma, etc. A maneira pela qual Deus trata com as nações, ou com 
indivíduos sugere sua ativa presença nos negócios realizados pela natureza humana. A 
transformação de vidas pelo poder do cristianismo é um bom exemplo. Pessoas que estavam 
escravizadas ao pecado, agora vivem vidas exemplares. 
 
O Consenso Comum 
A crença na existência de um Ser Supremo é intuitiva. Desde os tempos mais remotos, há no coração 
do homem uma consciência religiosa ou uma consciência da divindade. Quase todas as nações e 
povos da terra, têm a crença num Ser Sobrenatural a Quem oram e a Quem adoram. O homem, por 
causa de sua constituição, em tempos de calamidade, de aflição, de angústia, de desespero, de 
grande perigo, ou perante a morte, sem sequer pensar em suas ações, busca a um Ser Sobrenatural, 
ora a Ele, porque é uma criatura dependente, reconhece a existência de um Ser Supremo, a Quem, 
por meio de sua consciência, reconhece como Seu Criador e a Ele recorre instintivamente. 
“Em qualquer lugar onde se fale uma língua humana, por mais inculta e pobre que seja, nela sempre 
aparecerá um nome: Deus. Ora, essa idéia da existência do Criador espalhada na consciência de 
todos os povos leva a concluir que um sentimento comum a todos os seres humanos não pode ser 
falso”. 
A crença na existência de Deus é praticamente tão difundida quanto a própria raça humana. Alguns 
podem objetar a isso dizendo que certas raças não crêem em Deus. O simples fato de existir a 
idolatria, ou seja, a adoração de algo, ou alguém ou de deuses, já é fator indicador que o homem 
procura algo para prestar culto e que tem a consciência religiosa em seu ser. O homem certamente 
possui uma natureza religiosa e por isso procura um objeto para dirigir sua adoração. 
 
 “O homem é incuravelmente religioso”, que no sentido mais amplo inclui: (1) A aceitação do fato 
da existência dum ser acima das forças da natureza. (2) Um sentimento de dependência de Deus (ou 
de um Deus) como quem domina o destino do homem; este sentimento é despertado pelo 
pensamento de sua própria debilidade e pequenez e pela magnitude do universo; (3) A convicção de 
que se pode efetuar uma união amistosa (com a divindade, seka ela qual for) e que nesta união ele, 
o homem, achará segurança e felicidade. Desta maneira vemos que o homem, por natureza, é 
constituído para crer na existência de Deus (ou da divindade). 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 21 
DDEEUUSS EE OO MMAALL -- OO PPRROOBBLLEEMMAA DDOO MMAALL 
Talvez mais controvérsia tenha sido gerada a respeito do problema do mal do que acerca de 
qualquer outra questão que abrange o assunto da existência de Deus. Alguns alegam que o mal 
refuta a existência de Deus; outros insistem que comprova Sua perfeição absoluta. Na nossa 
discussão, faremos um levantamento das várias respostas à questão do mal. Há três maneiras 
básicas de fazer o relacionamento entre Deus e o mal. Primeiramente, pode-se afirmar a realidade 
do mal e negar a Deus (o ateísmo). Em segundo lugar, pode-se afirmar a Deus e negar a realidade 
do mal (o panteísmo). Finalmente, pode-se procurar demonstrar a compatibilidade entre Deus e o 
mal. 
 
O CETICISMO 
A palavra Ceticismo é derivada do verbo grego sképtomai, que significa “examinar” ou "observar" e é 
a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza absoluta a respeito da verdade. 
Ceticismo o que implica numa condição intelectual de questionamento permanente e na inadmissão 
da existência de fenômenos metafísicos, religiosos e dogmas . O ceticismo costuma ser dividido em 
duas correntes: O Ceticismo filosófico e o Ceticismo científico. 
 
Ceticismo Filosófico 
O Ceticismo filosófico originou-se a partir da filosofia grega. Uma de suas primeiras propostas foi 
feita por Pirro de Élis (360-275 a.C.), que viajou até a Índia numa das campanhas de Alexandre, o 
Grande para aprofundar seus estudos. 
O ceticismo filosófico tenta refutar a concepção absoluta de verdade e mentira e defende que a 
certeza absoluta do conhecimento é impossível. 
Ou seja,o ceticismo filosófico é procurar saber, não se contentando com a ignorância fornecida 
atualmente pelos meios públicos, por meio da dúvida. Opõem-se ao dogmatismo, que defende que 
alguns dogmas são indubitáveis e não sujeitos a qualquer tipo de revisão ou crítica. Dogmatismo é 
uma atitude natural e espontânea que temos desde criança. É uma tendência a crer que o mundo é 
do jeito que aprendemos. 
 
Ceticismo Científico 
O ceticismo científico tem relação com ceticismo filosófico, mas eles não são idênticos. 
O termo cético é usado atualmente para se referir a uma pessoa que tem uma posição crítica em 
determinada situação, geralmente por empregar princípios do pensamento crítico e métodos 
científicos (ou seja, ceticismo científico) para verificar a validade de idéias. Os céticos vêem a 
evidência científica como fundamental, já que ela provê provavelmente o melhor modo de se 
determinar a validade de uma idéia. 
Apesar de o ceticismo envolver o uso do método científico e do pensamento crítico, isto não 
necessariamente significa que os céticos usem estas ferramentas constantemente. 
A necessidade de evidências cientificamente adequadas como suporte a teorias é mais evidente na 
área da saúde, onde utilizar uma técnica sem a avaliação científica dos seus riscos e benefícios pode 
levar a piora da doença, gastos financeiros desnecessários Por esse motivo, no Brasil, por exemplo, é 
vedado aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade 
científica. 
O ATEÍSMO: A NEGAÇÃO DA REALIDADE DE DEUS 
No grego antigo, o adjetivo atheos é formado pelo prefixo a, significando "ausência" e o radical 
"teu", derivado do grego theós, significando "deus". O significado literal do termo é, então, "sem 
deus". 
A palavra passou a indicar de forma mais direta pessoas que não acreditavam em deuses no século 
V a.C., adquirindo definições como "cortar relações com os deuses" ou "negar os deuses". 
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Modernas traduções de textos clássicos, por vezes tornam atheos em "ateu". O termo era 
frequentemente usado pelas duas partes, no sentido pejorativo, no debate entre os primeiros cristãos 
e os helênicos. 
 No século XX, a globalização contribuiu para a expansão do termo para referir-se à descrença em 
todos os deuses, embora ainda seja comum na sociedade ocidental descrever o ateísmo como 
simples "descrença em Deus”. 
Os ateus tendem a ser céticos em relação a afirmações sobrenaturais citando a falta de evidências 
práticas. Os ateus têm oferecido vários argumentos para não acreditar em qualquer tipo de 
divindade. Estes incluem o problema do mal (“se Deus existe porque não destrói o mal”, perguntam 
os ateus), o argumento das revelações inconsistentes e o argumento de descrença. Outros 
argumentos do ateísmo são filosóficos, sociais e históricos. 
Segundo uma estimativa, cerca de 2,3% da população mundial descreve-se como ateia, enquanto 
11,9% descreve-se como não-religiosa. 
 De acordocom outra estimativa, as taxas de ateísmo auto-relatado são mais altas em países 
ocidentais, embora também varie bastante em grau — Estados Unidos (4%), Itália (7%), Espanha 
(11%), Reino Unido (17%), Alemanha (20%) e França (32%). 
A posição atéia está na extremidade oposta do espectro da posição panteísta. Os panteístas afirmam 
a Deus e negam o mal; os ateus afirmam o mal e negam a Deus. 
 
ARGUMENTOS ATEÍSTAS EM FAVOR DE SUA DESCRENÇA NA DIVINDADE 
O problema do Mal 
Um dos argumentos ateus formulados é normalmente atribuído ao filósofo Epicuro, que é o 
“problema do mal”, pode ser esquematizado como se segue: 
1. Se um deus perfeitamente bom existe, então o mal não existe. 
2. Há mal no mundo. 
3. Logo, um deus perfeitamente bom não existe. 
Um dos argumentos usados pelos teístas para advogar a causa de Deus é que Ele permite o mal a 
fim de produzir um bem maior. 
 
Argumento das “Revelações Incosistentes” 
Abaixo estão as considerações feitas pelos ateus em faver desse argumento: 
1. Há muitas revelações divinas apresentadas por diferentes religiões; 
2. Estas revelações não estão perfeitamente de acordo entre si; 
3. As contradições e desacordos entre revelações diferentes não estão de acordo com a existência de 
Deus; 
4. Logo, provavelmente Deus não existe. 
5. 
O Argumento de Descrença 
O argumento da descrença é um argumento formulado pelo filósofo Theodore Drange que, ao contrário do 
similar argumento de ocultação divina, alega que toda a descrença em Deus, não só a racional, constitui 
evidência contra Sua existência. 
 
O FINITISMO: O BEM NÃO TEM PODER INFINITO NA SUA LUTA CONTRA O MAL 
Basicamente, o deísmo finito, embora não negue nem o mal nem a realidade de Deus, nega a 
infinitude de Deus. Deus ou não é infinito no amor e não Se importa em vencer o mal (chamado 
sadismo), ou, não é infinito em poder e não poder vencer o mal. Poucos ressaltam o primeiro ponto 
de vista, mas muitos têm sustentado o último. O argumento básico em prol do finitismo é o 
seguinte: 
(1) Deus existe. 
(2) Se Deus fosse onipotente, destruiria todo o mal. 
(3) O mal não está destruído. 
(4) Logo, Deus (ainda que deseje destruir o mal) não é onipotente. 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 23 
Há vários problemas na resposta do deísmo finito diante do mal. Primeiramente, não é realmente 
uma solução ao mal. Deixa o mal sem ser derrotado e a situação em conflito perpétuo. A única 
garantia verdadeira de que o mal será derrotado é se há um Deus infinitamente amoroso e poderoso 
— a própria premissa que o deísmo finito abandonou. Em segundo lugar, não há necessidade de 
deseperar-se acerca do poder de Deus e perder a fé na Sua infinitude simplesmente porque o mal 
ainda não foi destruído. Se há um Deus infinitamente bom e poderoso (conforme declara o teísta), 
logo. Ele mesmo é a prova de que o mal será destruído um dia exatamente conforme prediz a Bíblia 
(Ap 21-22). Além disto, conforme muitos teístas, um deus finito não é Deus de modo algum. Pois se 
todo ser finito precisa de uma causa, logo, há uma Causa de todos os seres finitos que não pode ser 
causada ela mesma, ou seja: Deus. 
 
O NECESSITARIANISMO: ERA IMPOSSÍVEL PARA DEUS EVITAR A CRIAÇÃO DE UM 
MUNDO MAU 
Os necessitarianos são geralmente panteístas, embora alguns teístas tenham adotado esta premissa 
panteísta a fim de explicar o mal. Os teístas tradicionalmente sustentam que Deus era livre para 
criar ou não criar o mundo. Os necessitarianos argumentam que Deus não era livre; era necessário, 
para Deus, criar este tipo de mundo, e o mal é um resultado necessário. O argumento assume 
muitas formas, mas pode ser declarado basicamente da seguinte maneira: 
(1) A criação flui necessariamente de Deus. 
(2) A criação necessariamente envolve imperfeições. 
(3) Logo, o mal é necessário. 
 
Não é necessário dizer que há alguns problemas sérios com o necessitarianismo. Primeiramente: por 
que é necessário, para Deus, criar? Um Ser Necessário não precisa por natureza fazer alguma coisa; 
simplesmente precisa ser o Ser Necessário que Ele é. Além disto, todos os demais seres são seres 
contingentes, e o contingente não pode impor qualquer necessidade sobre o Necessário. Em 
segundo lugar, mesmo se Deus fosse obrigado a criar (que não é o caso), não há razão porque tinha 
de criar um mundo mal. Não faz sentido algum alegar que um Ser Perfeito necessariamente tinha de 
criar um mundo imperfeito. Certamente não há necessidade metafísica para que Deus criasse um 
mundo mau. Um argumento forte poderia ser feito em prol do caso exatamente oposto. Nem há 
qualquer necessidade mora/que Deus crie um mundo mal. É contra-senso dizer que Deus é 
moralmente obrigado a produzir o mal. 
 
O IMPOSSIBILISMO: DEUS NÃO PODERIA PREVER O MAL 
Esta posição é sustentada por alguns teístas. Declaram que Deus é onipotente e onisciente, mas 
negam que Ele pudesse prever que o mal ocorreria quando criou o mundo. Logo, Deus está 
exonerado da acusação do mal porque não sabia o que criaturas livres fariam quando Ele as criou. O 
raciocínio em prol do Impossibilismo é o seguinte: 
(1) Deus pode saber qualquer coisa que é possível. 
(2) Deus não pode saber o impossível. 
(3) É impossível saber de antemão o que criaturas livres farão. 
(4) Logo, Deus não sabia que criaturas livres pecariam quando Ele as fez. 
 
Há pelo menos duas falhas sérias neste ponto de vista. Primeiramente, mesmo se Deus não soubesse 
o que criaturas livres fariam, sabia, decerto, o que poderiam fazer quando as fez livres. Em segundo 
lugar, se Deus é um Ser eterno, conforme os teístas tradicionalmente têm sustentado, é, pois, 
incorreto falar d’Ele sabendo "de antemão." Se Deus está acima do tempo, logo, sabe tudo num 
único agora eterno. Ou seja: não sabe realmente de antemão: simplesmente sabe. E se Deus sabe no 
eterno presente aquilo que flui da criação, logo, sabe o mal que flui daí. Além disto, os 
impossibilistas têm dificuldade em justificar o argumento de que Deus não possa saber atos futuros 
livres. 
 
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O TEÍSMO: DEUS USA O MAL PARA FINS BONS 
Subentendida no decurso da discussão tem estado a suficiência da explicação teística do mal, a 
saber: que Deus permite o mal a fim de produzir um bem maior. Há vários elementos nesta teodicéia. 
Primeiramente, Deus livremente criou o mundo, não porque precisava fazê-lo, mas, sim, porque 
desejava criar. 
Em segundo lugar, Deus criou criaturas semelhantes a Ele mesmo que poderiam amá-Lo 
livremente, mas tais criaturas poderiam também odiá-Lo. 
Em terceiro lugar. Deus deseja que todos os homens O amem, mas não forçará nenhum d’Eles a 
amá-Lo contra sua vontade. O amor forçado não é amor. Em quarto lugar. Deus persuadirá a amá-
Lo tantos quanto for possível (II Pe 3.9). Deus outorgará àqueles que não querem amá-Lo a escolha 
livre d’Eles - eternamente (ou seja, o inferno). 
Finalmente, o amor de Deus é engrandecido quando retribuímos Seu amor (visto que Ele 
primeiramente nos amou), bem como quando não o retribuímos. Demonstra quão grandioso Ele é, 
que Ele amará até mesmo aqueles que O odeiam. (Jesus disse acerca daqueles que O crucificavam: 
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23.34). Destarte, no fim o máximo bem 
será atingido de várias maneiras. 
 
Primeiramente, Deus terá compartilhado Seu amor com todos os homens ("Porque Deus amou ao 
mundo de tal maneira" Jo 3.16). Em segundo lugar. Deus terá salvo tantos quanto podia salvar sem 
violar o livre arbítrio d’Eles (I Tm 2.1; II Pe 3.9). 
Os que não forem salvos receberão o destino que eles mesmos livremente escolheram; logo, o bem 
da sua liberdade será respeitado. Finalmente, no decurso de tudo Deus será glorificado sendo que: 
a) Prevaleceu Sua vontade soberana; 
b) Seu amor é engrandecido, quer seja aceito, quer seja rejeitado; 
c) Ele derrotou o mal por

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