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Conflito e Estresse no Ambiente de Trabalho

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Conflito e Estresse no Ambiente de Trabalho 
Conflito
O acontecimento de conflitos é bem comum em qualquer ambiente e círculo de pessoas. O conflito nem sempre aparece para algo ruim, também pode contribuir de forma positiva para algo, o fato é que de qualquer maneira queremos evitá-lo.
Segundo o dicionário online Michaelis, o significado de conflito é: Encontro de coisas que se opõem ou divergem. No contexto que estamos tratando o mais apropriado é substituir o termo ‘coisas’ por ideias. 
Conforme Berg (2012), a palavra conflito vem do latim conflictus que significa choque entre duas coisas, embate de pessoas, ou grupos opostos que lutam entre si, ou seja, é um embate entre duas forças contrárias. 
Aplicando à realidade, conflito é um estado antagônico de ideias, pessoas ou interesses e não passa, basicamente, da existência de opiniões e de situações divergentes ou incompatíveis. (BERG, 2012)
Berg (2012, p.18), afirma ainda que: “O conflito nos tempos atuais é inevitável e sempre evidente. Entretanto, compreendê-lo, e saber lidar com ele, é fundamental para o seu sucesso pessoal e profissional”. 
As pessoas são o grande ponto. O conflito irá nascer a partir do modo como cada um enxerga as ideias um do outro, então notamos que é uma característica individual. Segundo Robbins (2004), o conflito precisa ser percebido pelas partes envolvidas; sua existência ou não é uma questão de percepção. 
O fato é: Onde há pessoas sempre haverá conflitos! Mas no ambiente de trabalho o embate entre ideias pode significar o “impedimento” da realização de uma atividade ou até mesmo pôr em dúvida a autonomia do colaborador sobre seu processo. Isso terá um impacto direto em sua motivação, desenvolvimento no trabalho e relação com seus colegas. Então a administração dos conflitos para um gestor torna-se cansativo às vezes, mas extremamente necessário para evitar que aquele clima de desacordo atinja o resto da organização, então a capacidade de ouvir, processar e julgar as ideias de forma justa acaba sendo requisito para uma boa administração de conflitos. Mas visto por um olhar positivo, as diferentes ideias podem ser unidas e talvez seja melhorado um processo ou nascerá um novo processo que facilitará o cotidiano da organização.
Diante disso é perceptível que o conflito pode ser funcional (positivo) pois: 
Ajusta o relacionamento interpessoal, amenizando tensões, quando existentes, ao promover sua liberação;
Provoca o diálogo, forçando a expressão de ideias e reivindicações, favorecendo feedback;
Ativa o espírito criativo e inovador, na busca das soluções;
Contribui para um aprimoramento no senso de propósito e direção, expondo as adversidades e posições contrárias.
Causas dos Conflitos
No que toca as causas dos conflitos, iremos observar que também é uma questão de ponto de vista particular de cada colaborador. Nem todos os assuntos que surgirem serão motivos para conflitos, mas como citado anteriormente, a existência do conflito irá depender da percepção de cada pessoa.
O conflito organizacional pode surgir a partir de várias causas, entre elas:
Modelos mentais – imagens, expectativas que nos guiam e geram a nossa percepção de mundo e a forma de agir.
Objetivos – falta de clareza quanto ao objetivo a ser atingido.
Métodos – quando estratégias e táticas diferem.
Valores – diferença nos critérios de apreciação.
Divergências intelectuais, interesses divergentes.
Tensão psicológica.
Outras causas:
Acúmulo de problemas;
Dependência dos colegas para conclusão de um trabalho;
Casos de insucessos de um projeto em equipe;
Falha na comunicação (mal entendidos);
Funções mal definidas; 
Briga por poder;
Restrição de recursos;
Personalidades diferentes.
Estresse
O tema estresse tem sido bastante estudado nos últimos tempos, os problemas acarretados por ele têm sido cada vez mais comuns. O estresse não é apenas uma resposta emocional ou comportamental das adversidades, ele pode trazer desde problemas fisiológicos até problemas cognitivos.
O problema é que o assunto não é tratado com a devida atenção dentro das organizações apesar da sua delicadeza. 
O estresse pode decorrer da percepção do colaborador diante de algumas incertezas no trabalho, uma delas, por exemplo, pode ser a dúvida se será capaz ou não de atender as demandas no prazo estipulado diante da complexidade do trabalho a ser realizado. 
Codo Soratto e Vasques Menezes (2004, p. 280-281) dizem sobre a popularização do termo estresse que “A difusão do termo veio tanto para o bem quanto para o mal. Por bem, devemos às pesquisas sobre estresse a popularização do problema de saúde mental no trabalho; além disso, os homens comuns puderam travar contato e de certa forma lidar com o problema, arriscando, ainda que de forma leiga, um diagnóstico. Por mal, porque esta vulgarização acabou atingindo de alguma forma a própria pesquisa científica e transformando o conceito em uma espécie de fórmula mágica, que tudo explica e tudo resolve; tudo provoca o estresse (a rotina do trabalho muito simples, a complexidade do trabalho, etc.) e tudo resolve o estresse (massagens, conversas, chazinhos, meditações). Existem, no entanto, no interior deste quiproquó, pesquisas sérias e boas conclusões a extrair-se”.
As causas da insatisfação e o estresse são variáveis, e vão desde o ambiente físico e interpessoal, até a visão desempenhada do colaborador e o papel da empresa na vida do mesmo. Qualquer pessoa pode viver em um grau de estresse já que ele pode ser provocado por atividades e emoção. 
Ao pensarmos nas situações de trabalho como fontes de insatisfação e estresse, podemos verificar que as características físicas do ambiente de trabalho, como temperatura, iluminação, limpeza, instalações internas e externas e riscos à saúde desempenham um papel muito importante na determinação da forma como as pessoas realizam suas atividades. 
As relações interpessoais no ambiente trabalho, podendo ser a relação com colegas ou até mesmo com o chefe imediato pode ser fonte de frustração para o indivíduo, pois ele pode buscar dessas relações meios de atingir resultados mais satisfatórios e valorizados para a organização e quando não consegue, vem a frustração, insatisfação e consequentemente o estresse.
A cultura organizacional também é fator direto ligado ao estresse. A cultura rígida, valores organizacionais diferentes dos pessoais, o descontentamento com as tarefas desempenhadas ou no que toca ao papel organizacional do indivíduo.
Os sintomas do estresse aparecem de diferentes maneiras, podendo ser sintomas físicos, psicológicos e comportamentais. Geralmente, o tratamento do estresse é iniciado após a manifestação dos sintomas físicos que acabam gerando mudanças no organismo, bem como mudanças nos hábitos alimentares, aumento de uso e consumo de substâncias, tabaco ou álcool, inquietação e distúrbio do sono.
Os sintomas psicológicos estão relacionados ao nível de insatisfação com o trabalho, podendo manifestar-se por meio de tensão, irritabilidade, tédio e procrastinação. 
Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional
Ainda se referindo aos sintomas psicológicos do estresse, devemos chamar a atenção para a Síndrome de Burnout. A síndrome é um dos efeitos devastadores do estresse, refere-se ao estresse crônico. 
A palavra Burnout é uma palavra em inglês que significa “queimar para fora”, “perder a energia”, “perder o fogo”.
A Síndrome de Burnout traz ao trabalhador a sensação de inutilidade, desconexão com sua função e letargia. Esta pode ser compreendida como um conceito que envolve múltiplas dimensões, e três componentes são fundamentais para descrevê-la, são eles:
Exaustão Emocional: Situação na qual os trabalhadores apresentam o sentimento de esgotamento, de que não podem dar-se afetivamente. Percebem que sua energia está se esgotando, bem como seus recursos emocionais, muito provavelmente, pelo contato diário com os problemas.
Despersonalização: É um endurecimento afetivo, ou seja, o desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas,chegando ao cinismo, com relação aos usuários do trabalho. Uma “coisificação” da relação.
Falta de envolvimento pessoal no trabalho: Quando há a tendência de uma evolução negativa no trabalho, o que afeta diretamente a habilidade para a realização das atividades e para o atendimento aos usuários, bem como o contato com a organização. 
Vale destacar a distinção dos termos estresse e burnout. O estresse atribui-se a um esgotamento pessoal com interferência na vida do indivíduo e não necessariamente na sua relação com o trabalho. O burnout ou esgotamento profissional é um nível mais crônico e prolongado do estresse. 
[...] burnout, seria uma resposta ao estresse laboral crônico, de outras formas de resposta ao estresse. A síndrome de burnout envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, aos clientes, a organização e ao trabalho, sendo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. O quadro tradicional do estresse não envolve tais atitudes ou condutas, sendo um esgotamento pessoal que interfere na vida do individuo, mas não de modo direto na sua relação com o trabalho. Pode estar associada a uma suscetibilidade aumentada para doenças físicas, uso de álcool ou outras drogas (para obtenção de alívio) e para o suicídio (CID-10, 1996 apud BRASIL, 2001 p. 191-192 apud SANTIAGO; ROMANIN; SIMON, 2010).
O tratamento mais apropriado para a síndrome é a psicoterapia, em alguns casos a síndrome pode evoluir para a depressão, se ocorrer, são adicionados antidepressivos ao tratamento. 
Vale ressaltar que a estrutura e as características internas da pessoa (sua personalidade) têm papel significativo no enfretamento da síndrome. Alguns irão enfrentar de forma mais afetiva e outros de forma mais racional.
A emergência do tema pede aos profissionais de recursos humanos um olhar mais atento, sensível e humano para acolher o problema e contribuir para encontrar caminhos.

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