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AO DOUTO JUIZO DA 15ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE RECIFE/PE. Processo nº 1234 Polo ativo: GILSON REIS Polo passivo: TRANSPORTE RÁPIDO LTDA. TRANSPORTE RÁPIDO LTDA., devidamente inscrita no CNPJ xxx, estabelecida na rua x, n° x, bairro x, cidade x, estado x, CEP x, por seu advogado que esta subscreve, com endereço profissional na rua, n° x, bairro x, cidade x, estado x, CEP x, onde deverá receber intimações (procuração em anexo), vem respeitosamente apresentar: CONTESTAÇÃO Com base nos artigos 847 da CLT c/c o art. 300 do CPC, nos autos da Reclamação Trabalhista proposta por GILSON REIS, já qualificada nos aludidos autos, consubstanciado nos motivos de fato e de direito a seguir expostos: I - RESUMO DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA O reclamante propôs uma Reclamação Trabalhista contra a sociedade empresária Transporte Rápido Ltda., aduzindo que ocupou o cargo de auxiliar de serviços gerais desde 13/05/2010, tendo sido demitido sem justo motivo, iniciado aviso prévio trabalhado em 09/11/2016. Requereu sua reintegração porque, em 23/11/2016, apresentou candidatura ao cargo de dirigente sindical da sua categoria, informando o fato ao empregador por e-mail, o que lhe garante o emprego na forma do Art. 543, § 3º, da CLT, não acatada pelo ex-empregador. Postula, na inicial, além da reintegração, o pagamento de horas extras, intervalos interjornada e adicional noturno. II – PRELIMINAR PREJUDICIAL DE MÉRITO - PRESCRIÇÃO QUINQUENAL A Carta Magna estabelece em seu art.7° XXIX que, prescreve o direito a todos os eventuais direitos e interesses do reclamante anteriores a cinco (05) anos contados do ajuizamento da reclamação trabalhista. Dessa forma, propondo a reclamatória em 25/01/2017, reconhece-se que eventuais direitos anteriores a 25/01/2012 não poderão ser apreciados na medida em que foram fulminados pela prescrição quinquenal. III – MÉRITO DO CONTRATO DE TRABALHO Conforme narrado na inicial, Gilson Reis trabalhou por cinco anos, sete meses e onze dias para a Reclamada na função de auxiliar de serviços gerais, cumprindo a jornada de segunda a sexta-feira das 05:00 às 15:00 horas, com intervalo de 02 (duas) horas para o almoço. Foi dispensado sem justa causa no dia 24/12/2016, após cumprir aviso prévio. DA REINTEGRAÇÃO O empregado apresentou candidatura ao cargo de dirigente sindical da sua categoria durante o período de aviso prévio, tendo informado o fato por e-mail ao seu empregador, o que lhe assegura a garantia de emprego, segundo alegou. Assim, requereu a sua reintegração. Ocorre que o Reclamante não se enquadra na situação prescrita no art. 543, §3º da CLT, conforme alegado, pois o registro de sua candidatura ocorreu no período de aviso prévio. Esta situação não lhe garante a estabilidade, mesmo que este aviso fosse indenizado, em face do entendimento do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciado na Súmula 369, V, in verbis: TST - EMBARGO EM RECURSO DE REVISTA E-RR 3800058619975095555 380005-86.1997.5.09.5555 (TST) Data de publicação: 03/12/2004 Ementa: ESTABILIDADE PROVISÓRIA - DIRIGENTE SINDICAL - REGISTRO DA CANDIDATURA NO CURSO DO AVISO PRÉVIO - CONSEQÜÊNCIA JURÍDICA. Não há violação do artigo 8º , VIII , da Constituição Federal , considerando-se que a garantia da estabilidade provisória decorre do registro da candidatura do empregado antes de ser pré-avisado de sua dispensa, não durante o período do aviso prévio, esta a hipótese dos autos. A Orientação Jurisprudencial nº 35 da SDI-1, consigna o entendimento de que: -Dirigente sindical. Registro de candidatura no curso do aviso prévio. Não tem direito à estabilidade provisória (art. 543 , § 3º , CLT )- (inserido em 14.3.1994). Recurso de embargos não conhecido. (grifo nosso) Também é esse o entendimento no ilustre Tribunal do Trabalho da 4ª Região: GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO. Na data da despedida o autor não era detentor da garantia provisória de emprego assegurada no art. 10, II, "a", do ADCT, uma vez que a prova dos autos demonstra cabalmente que a abertura das inscrições para a eleição da CIPA ocorreu após a data da despedida. Sentença de improcedência mantida. (TRT da 4ª Região, 1ª Turma, 0021193-51.2015.5.04.0732 RO, em 09/06/2017, Desembargadora Rosane Serafini Casa Nova) (grifo nosso) Aponta mesmo ideal jurídico o digníssimo Tribunal do Trabalho da 18ª Região: TRT-18 - 1212200901018000 GO 01212-2009-010-18-00-0 (TRT-18) Data de publicação: 29/04/2010 Ementa: IMUNIDADE SINDICAL. REGISTRO DA CANDIDATURA NO CURSO DO AVISO PRÉVIO. SÚMULA Nº 369, V, DO TST. Ocorrendo o registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical, no curso do aviso prévio, ainda que indenizado, não faz jus o obreiro à estabilidade provisória prevista no art. 8º , inciso VIII , da Carta Magna e no art. 543 , § 3º , da Consolidação das Leis Trabalhistas , nos exatos ditames do inciso V da Súmula nº 369 do Colendo TST. (grifo nosso) Portanto, o Reclamante não faz jus à reintegração, vez que, quando da sua candidatura à direção do sindicato de sua categoria, já se encontrava cumprindo aviso prévio. Sendo assim, requer a improcedência do pedido. DA JORNADA DE TRABALHO. DAS HORAS EXTRAS O empregado aduziu que trabalhava das 05 às 15 horas, com intervalo de 02 (duas) horas para o almoço, e que tal jornada dava-lhe o direito de requerer o pagamento de horas extras no período trabalhado. No entanto, pode-se verificar que a jornada cumprida não excede os limites constitucionais, seja o semanal de 44 (quarenta e quatro) horas ou o diário de 8 (oito) horas, conforme preceitua o art. 7º, XIII, da CF, e o art. 58, caput, da CLT, bem como não está em desacordo com o intervalo intrajornada, que é de no mínimo 1 (uma) hora e, salvo acordo coletivo, no máximo 2 (duas) horas, de acordo com o disposto no art. 71, caput, da CLT. Destarte, não prospera a pretensão do Reclamante em pleitear o pagamento de horas extraordinárias e seus respectivos reflexos. DO ADICIONAL DE TRABALHO NOTURNO Gilson Reis laborava das 05 às 15 horas, o que o fez requerer o pagamento do adicional de trabalho noturno (ATN). Vale destacar que o empregado não trabalhava entre 22 horas de um dia e 05 horas do dia seguinte, que é o período legal que caracteriza o ATN, segundo dispõe o art. 73, § 2º, da CLT. Dessa forma, requer a Reclamada a improcedência do pedido de adicional de trabalho noturno, pelas razões acima expostas. DO INTERVALO INTREJORNADA O Reclamante trabalhava das 05 às 15 horas e alegou na inicial que o intervalo interjornada não era observado, desejando ser remunerado nas respectivas horas extraordinárias. Relevante esclarecer que o intervalo interjornada deve ser de um período mínimo de onze horas consecutivas para descanso do trabalhador, conforme aduz o art. 66 da CLT. Entretanto, no caso em tela, havia um interregno de catorze horas entre as jornadas, o que não contempla o pagamento de horas extras nem está em consonância com a Orientação Jurisprudencial 355 da Seção de Dissídios Individuais, Subseção I, do TST. Portanto, por tais motivos, não pode prosperar o pagamento de horas extraordinárias e de seus reflexos. IV - DOS PEDIDOS De acordo com os fatos e fundamentos acima apresentados, requer a Vossa Excelência o acolhimento da prejudicial de prescrição parcial e, por fim, no mérito, que as pretensões apresentadas na Reclamatória Trabalhista sejam julgadas totalmente improcedentes e o Reclamante seja condenado ao pagamento das custas processuais e demais cominações legais conferidasà presente causa. V – DAS PROVAS Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento pessoal do Reclamante, que fica desde já requerido, sob pena de confissão, bem como pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, perícias e o que mais for necessário à elucidação dos fatos. Nestes termos. Pede-se deferimento. Local e data. Advogado
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