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10 QUESTÕES DE DIREITO DO CONSUMIDOR AULA 3

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10 QUESTÕES DE DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
Maria e Manoel, casados, pais dos gêmeos Gabriel e Thiago que têm apenas três meses de vida, 
residem há seis meses no Condomínio Vila Feliz. O fornecimento do serviço de energia elétrica na 
cidade onde moram é prestado por um única concessionária, a Companhia de Eletricidade Luz 
S.A. Há uma semana, o casal vem sofrendo com as contínuas e injustificadas interrupções na 
prestação do serviço pela concessionária, o que já acarretou a queima do aparelho de televisão e 
da geladeira, com a perda de todos os alimentos nela contidos. O casal pretende ser indenizado. 
Nesse caso, à luz do princípio da vulnerabilidade previsto no Código de Proteção e Defesa do 
Consumidor, assinale a afirmativa correta. 
 
 
É dominante o entendimento no sentido de que a vulnerabilidade nas relações de consumo é 
sinônimo exato de hipossuficiência econômica do consumidor. Logo, basta ao casal Maria e 
Manoel demonstrá-la para receber a integral proteção das normas consumeristas e o 
consequente direito básico à inversão automática do ônus da prova e a ampla indenização 
pelos danos sofridos. 
 
NENHUMA DAS RESPOSTAS ACIMA 
 
A vulnerabilidade nas relações de consumo se divide em apenas duas espécies: a jurídica ou 
científica e a técnica. Aquela representa a falta de conhecimentos jurídicos ou outros 
pertinentes à contabilidade e à economia, e esta, à ausência de conhecimentos específicos 
sobre o serviço oferecido, sendo que sua verificação é requisito legal para inversão do ônus 
da prova a favor do casal e do consequente direito à indenização. 
 
Prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que a vulnerabilidade no Código do 
Consumidor é sempre presumida, tanto para o consumidor pessoa física, Maria e Manoel, 
quanto para a pessoa jurídica, no caso, o Condomínio Vila Feliz, tendo ambos direitos 
básicos à indenização e à inversão judicial automática do ônus da prova. 
 A doutrina consumerista dominante considera a vulnerabilidade um conceito jurídico 
indeterminado, plurissignificativo, sendo correto afirmar que, no caso em questão, está 
configurada a vulnerabilidade fática do casal diante da concessionária, havendo direito 
básico à indenização pela interrupção imotivada do serviço público essencial. 
 
 
Explicação: 
O princípio da vulnerabilidade é de suma importância porque estabelece a igualdade dentro da 
relação de consumo, coisa que antes do Código de Defesa do Consumidor não existia e o 
fornecedor estava sempre em posição de vantagem 
 
 
Sobre a inversão do ônus da prova em favor do consumidor pessoa física todas as assertivas 
estão corretas, exceto: 
 
 
a) A denominada inversão ope judicis está prevista no art. 6., VIII, do CDC e depende de 
apreciação judicial. 
 
c) Segundo àqueles que entendem que a inversão ope judicis é regra de julgamento, o 
momento de sua apreciação é na sentença 
 b) A vulnerabilidade é fenômeno de direito material com presunção relativa, enquanto que 
a hipossuficiência é fenômeno de direito processual com presunção absoluta. 
 
d) Segundo àqueles que entendem que a inversão ope judicis é regra de procedimento, o 
momento de sua apreciação é até o saneamento, fase mais compatível para assegurar o 
exercício dos direitos constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 
 
 
Explicação: 
A vulnerabilidade se revela como fenômeno de direito material, ao passo que a hipossuficiência, 
de direito processual. Ou seja, a vulnerabilidade gera presunção absoluta, que não pode ser 
afastada pela produção de prova pela parte contrária, o que pode acontecer com a 
hipossuficiência, que gera presunção relativa, analisada a cada caso concreto, com a 
possibilidade de inversão do ônus da prova. 
 
 
O artigo 3º da Lei n.º 8.078/1990 conceitua fornecedor como toda pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços¿. Sobre a 
aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos serviços públicos, o diploma legal de proteção 
ao consumidor indica: 
 
 A racionalização e melhoria dos serviços públicos como princípio da Política Nacional das 
Relações de Consumo, como direito básico do consumidor, a adequada e eficaz prestação, e 
a obrigatoriedade dos órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias ou 
permissionárias, ou mesmo sob qualquer outra forma de empreendimento, à prestação de 
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos, respondendo 
objetivamente em caso de danos causados aos consumidores pelos serviços públicos 
defeituosos. 
 
A racionalização e melhoria dos serviços púbicos como princípio da Política Nacional das 
Relações de Consumo; como direito básico do consumidor, a sua adequada e eficaz 
prestação, e a obrigatoriedade dos órgãos públicos, por si ou suas empresas, 
concessionárias ou permissionárias, à prestação de serviços públicos uti singuli e uti universi 
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos, respondendo 
objetivamente em caso de danos causados aos consumidores pela aplicação da norma 
consumerista às duas espécies de serviços públicos. 
 
Independentemente de a prestação do serviço público ser realizada pelos órgãos públicos, 
administração direta ou indireta, concessionária ou permissionária, não há hipótese de 
aplicação da lei de consumo para esta modalidade de prestação serviço, posto que não há 
serviço público que possa ser mensurável economicamente, tampouco individualizado, razão 
pela qual afasta a proteção de consumo. 
 
Todos os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias, são 
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, 
contínuos. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações antes referidas, 
serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las, respondendo subjetivamente em caso 
de danos causados aos consumidores. 
 
Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias, são 
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, 
contínuos. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações antes referidas, 
serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las, respondendo de acordo com as regras 
do Código de Defesa do Consumidor pela prestação de serviços públicos uti singuli e uti 
universi em caso de danos causados aos consumidores. 
 
 
Explicação: (CDC, art. 4º, inciso VII, 14, 22; ). 
 
 
Sobre a boa-fé objetiva é incorreto afirmar: 
 
 
é fonte de deveres anexos para as partes contratantes; 
 
é critério hermenêutico ou paradigma interpretativo; 
 indica a ausência de malícia do agente ou a suposição de estar agindo corretamente 
 
limita o exercício dos direitos subjetivos para coibir condutas abusivas 
 
 
¿De regra, o consumidor intermediário, por adquirir produto ou usufruir de serviço com o fim de, 
direta ou indiretamente, dinamizar ou instrumentalizar seu próprio negócio lucrativo, não se 
enquadra na definição constante no art.2º do CDC. Denota-se, todavia, certo abrandamento na 
interpretação finalista, na medida em que se admite, excepcionalmente, a aplicação das normas 
do CDC a determinados consumidores profissionais, desde que demonstrada, in concreto, a 
vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica.¿ (REsp nº 660.026/RJ). Nesse julgado, o STJ 
adotou, com relação ao conceito de consumidor, a teoria (assinale a opção correta): 
 
 
A teoria maximalista; 
 
A teoria subjetiva. 
 
A teoria finalista; 
 A teoria finalista atenuada; 
 
A teoriaobjetiva; 
 
 
Explicação: 
A teoria finalista mitigada ou atenuada representa uma flexibilização da teoria finalista clássica, 
cuja aplicação não conseguia proteger todas as relações de consumo que se apresentavam aos 
tribunais brasileiros. 
 
 
Na análise de casos concretos, a identificação da relação de consumo e seus elementos é o 
critério básico para determinar-se a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Nesta análise 
 
 
 
É preciso identificar a existência de consumidor e fornecedor. Consumidor é toda pessoa 
física ou jurídica que adquire o produto ou serviço como destinatário final. A expressão 
¿destinatário final¿ encontra na doutrina e jurisprudência diversas interpretações, surgindo a 
este respeito as teorias finalista, maximalista e do finalismo aprofundado 
 
O STJ hodiernamente adota a teoria maximalista 
 
O CDC define a expressão destinatário final 
 
A teoria finalista aprofundada considera que a definição de consumidor é objetiva, não 
importando se a pessoa física ou jurídica tem ou não fim de lucro quando adquire um 
produto ou utiliza um serviço. Destinatário final seria o destinatário fático do produto. 
 
Para a teoria maximalista, destinatário final do artigo 2º do CDC é aquele destinatário fático 
e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa jurídica ou física. Não basta ser destinatário 
fático, é necessário ser destinatário econômico do bem. 
 
 
Explicação: 
 Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço 
como destinatário final. 
 Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
 Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
 § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
 § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
 
 
A despeito da identificação do elemento subjetivo da relação de consumo, indique a opção 
incorreta: 
 
 
Também é considerado como consumidor terceiros que, embora não estejam diretamente 
envolvidos na relação de consumo, são atingidos pelo aparecimento de um defeito no 
produto ou no serviço; 
 
Pela teoria finalista mitigada permite a aplicação do Código de Defesa do Consumidor para 
pequenas empresas e profissionais liberais, mesmo que não comprovada uma 
vulnerabilidade; 
 Considera-se consumidor todo destinatário final de produtos e serviços; 
 
A teoria maximalista entende que basta o produto ou serviço seja retirado do mercado de 
consumo para a pessoa física ou pessoa jurídica ser considerada consumidor; 
 
 
Explicação: 
Consumidor, de acordo com o art. 2° do CDC, é o destinatário final do produto ou serviço. E 
destinatário final é aquele que retira o bem do mercado de consumo, ou seja, consumidor fatico, 
e cuja destinacao é para uso próprio ou familiar, ou seja, consumidor econômico. 
 
 
 
 
Qual seria o termo utilizado na parte suprimida da seguinte descrição: ¿os _______ viam nas 
normas do CDC o novo regulamento do mercado de consumo brasileiro, e não normas orientadas 
para proteger somente o consumidor não profissional. O CDC seria um código geral sobre o 
consumo um código para a sociedade de consumo, que institui normas e princípios para todos os 
agentes do mercado, os quais podem assumir os papéis ora de fornecedores, ora de 
consumidores. A definição do art. 2º deve ser interpretada o mais extensivamente possível, 
segundo esta corrente, para que as normas do CDC possam ser aplicadas a um número cada vez 
maior de relações de consumo.¿ MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antonio Herman V.; 
BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do Consumidor. 3. ed. São Paulo: RT, 2010. p. 85. 
 
 
finalistas tradicionais e mitigados 
 
finalistas mitigados 
 maximalistas 
 maximalistas e os finalistas tradicionais 
 
finalistas tradicionais 
 
 
Explicação: 
Para os seguidores desta corrente, consumidor é considerado aquele que retira um bem do 
mercado de consumo, independentemente do destino que dara ao mesmo, ou seja, basta que 
seja destinatário fático. 
 
 
Todas as vítimas de um evento danoso evolvendo uma relação de consumo, mesmo aquelas que 
não estão diretamente configuradas como consumidores, serão consideradas de acordo com o 
CDC: 
 
 
Consumidor Involutário 
 
Consumidor Voluntário 
 Consumidor por Equiparação 
 
Consumidor por analogia 
 
Fornecedor 
 
 
Explicação: 
O CDC tanto protege o consumidor padrão, conforme o caput do art. 2°, quanto do consumidor 
por equiparação, conforme parágrafo único do art. 2°, artigos 17 e 29. O consumidor por 
equiparação abrange a coletividade de pessoas, ainda que intermináveis , que haja intervindo nas 
relações de consumo; as vítimas do evento danoso e as pessoas expostas às práticas comerciais 
e contratuais abusivas. 
 
 
 
Quando o Código de Defesa do Consumidor trata do conceito de consumidor em seu art. 2° é 
incorreto dizer com relação ao tema que: 
 
 
A teoria finalista restringe o conceito de consumidor. 
 O STJ adota a teoria maximalista para conceituar consumidor. 
 
A teoria maximalista amplia o conceito de consumidor 
 
O STJ adota a teoria finalista para conceituar consumidor.

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