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18/03/2018 1 DIREITO CIVIL II – Direito das Obrigações PRINCIPAIS DISTINÇÕES I) Direitos subjetivos patrimoniais: Direitos obrigacionais (jus ad rem – direito a uma coisa) X Direitos reais (jus in re – direito sobre uma coisa). obs: obrigação propter rem (mistas) AÇÃO DE COBRANÇA. COTAS DE CONDOMÍNIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL, PROMISSÁRIO COMPRADOR OU POSSUIDOR. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. As cotas condominiais, porque decorrentes da conservação da coisa, situam-se como obrigações propter rem, ou seja, obrigações reais, que passam a pesar sobre quem é o titular da coisa; se o direito real que a origina é transmitido, as obrigações o seguem, de modo que nada obsta que se volte a ação de cobrança dos encargos condominiais contra os proprietários. 2. Em virtude das despesas condominiais incidentes sobre o imóvel, pode vir ele a ser penhorado, ainda que gravado como bem de família. 3. O dissídio jurisprudencial não restou demonstrado, ante a ausência de similitude fática entre os acórdãos confrontados. 4. Recurso especial não conhecido. REsp 846.187/SP PRINCIPAIS DISTINÇÕES II) Direitos pessoais comportam duas espécies: Direitos obrigacionais x Direitos de personalidade III) Diferenças: Dever Jurídico, Obrigação, ônus e sujeição. Questão (Magistratura São Paulo – prova oral – 2004) Qual a diferença entre obrigação, dever e estado de sujeição? FONTES I) Lei II) Atos conforme o Direito: a)Negócio Jurídico (bilateral e unilateral) - VONTADE Atenção: O contrato é a fonte por excelência do direito das obrigações. b) Atos jurídicos não-negociais. Ex: ato jurídico stricto sensu III) Atos contrários ao direito: a) Ato ilícito. Existem os atos ilícitos subjetivos (ato ilegal que gera a responsabilidade extracontratual ou aquiliana) e o ato ilícito objetivo (abuso do direito) b) Responsabilidade Objetiva Decorre de duas hipóteses: imposição normativa e pela aplicação da teoria do risco. 18/03/2018 2 FONTES Classificação clássica do jurisconsulto Gaio: Contrato Quase-contrato Delito Quase-delito MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES I) Quanto à prestação (ou quanto ao conteúdo obrigacional): a) Dar a.1) Dar coisa certa (art. 233 a 242) a.2) Dar coisa incerta (art. 243 a 246) b) Fazer (art 247 a 249) c) Não Fazer (art. 250 a 251) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233 a 242) Obrigação de dar coisa certa: bem específico ou individualizado (oligatio ad dandum) Credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa – art. 313 CC accessorium sequitur principale – art. 233 OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233 a 242) I) Perda/Perecimento da Coisa Sem culpa do devedor: a obrigação é extinta (status quo ante). Regra: res perit domino (art. 234) Com culpa: equivalente + perdas e danos (danos emergentes e lucros cessantes. V. art 402) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233 a 242) II) Deterioração (diminuição das qualidades) Sem culpa do devedor: art 235: O credor poderá: a) Resolver a obrigação ou b) aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Com culpa: art. 236: O credor poderá: a) exigir o equivalente (+ perdas e danos) ou b) aceitar a coisa no estado em que se acha (+ perdas e danos). (Exame de Ordem 2010.2 – FGV) João prometeu transferir a propriedade de uma coisa certa,mas antes disso, sem culpa sua, o bem foi deteriorado. Segundo o CC, ao caso de João aplica-se o seguinte regime jurídico: a) A obrigação fica resolvida, com a devolução de valores eventualmente pagos. b) A obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra. c) A obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra e abatimento no preço proporcional à deterioração. d) A obrigação poderá ser resolvida, com a devolução de valores eventualmente pagos, ou subsistir, com a entrega da coisa no estado em que se encontra e abatimento no preço proporcional à deterioração, cabendo ao credor a escolha de uma dentre as duas soluções 18/03/2018 3 OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233 a 242) III) Perda da coisa na Obrigação de Restituir Sem culpa – art 238: a obrigação é extinta e não haverá restituição pelo devedor. Com culpa – art. 239: equivalente + perdas e danos. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233 a 242) III) Deterioração da coisa na Obrigação de Restituir Sem culpa – credor receberá a coisa no estado que se encontrar, sem direito à indenização. Com culpa – art. 240 (manda aplicar o art. 239): equivalente + perdas e danos. Questão (CESPE – Procurador do Estado –ES/2008) No caso de obrigação de restituir coisa certa, vindo esta a se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, a obrigação resolve-se automaticamente, sem qualquer direito ao credor de receber indenização ou de exigir a restituição da coisa. QUESTÃO Beto prometeu transferir a propriedade de uma coisa certa a Júlia. No momento de cumprir a obrigação ele destruiu de forma proposital o objeto. Pergunta- se: a) O que Júlia poderá fazer perante tal situação? Justifique; b) Caso fosse uma obrigação de restituir coisa, como se resolveria se Beto agisse com e sem culpa? Justifique . OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (arts. 243 a 246) Obrigação de dar coisa incerta (Obrigação genérica): temporariamente indeterminada. Indicada pelo gênero e quantidade O ato de escolha denomina-se “concentração do débito” favor debitoris – art 244: escolha do devedor/ Princípio da equivalência das prestações “O gênero não perece” - art. 246 CC. QUESTÃO Qual item está incorreto? I. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. II. Na obrigação de dar coisa incerta, antes da escolha, poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito III. Na Obrigação de dar coisa incerta, nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. 18/03/2018 4 QUESTÃO O agricultor João que produz 1000 sacas de café, comprometeu-se a entregar ao comerciante Antonio, metade de sua produção pelo preço de mercado vigente ao final da safra. Na data aprazada, João avisou a Antonio que ele poderia buscar suas 500 sacas. Ao chegar ao depósito da fazenda de João, Antonio recusou-se a receber o produto, alegando que nas sacas, em meio a caroços bons, haviam alguns caroços com defeitos. Argumentou que, como credor, o direito de escolha é dele. João discordou, quanto a esse aspecto e disse ainda que o café, apesar de alguns grãos defeituosos, foi escolhido pela média, sendo perfeitamente comercializável. Pergunta-se: a) No momento da contratação, qual foi a modalidade de obrigação estabelecida? b) quem está com a razão? Justifique as respostas. OBRIGAÇÃO DE FAZER art. 247 a 249 CC Obligatio ad faciendum Prestação de um fato positivo; A obrigação de fazer pode ser fungível (art. 249 CC) ou infungível (personalíssima). OBRIGAÇÃO DE FAZER RESPONSABILIDADE: a) Recusa de obrigação personalíssima: perdas e danos b) Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação. c) Se a prestação do fato tornar-se impossível por culpa do devedor, responderá por perdas e danos. QUESTÃO Analise os itens abaixo: I) Na obrigação de fazer, em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depoisressarcido. II) Nas obrigações de fazer, se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. III) Nas obrigações de fazer incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível. São corretas: a) I b) I e II c) I, II e III d) II e III Obrigação de Não-Fazer art. 250 e 251 Prestação de fato negativo (obligatio ad non faciendum); RESPONSABILIDADE: Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. Obrigação de Não-Fazer Súmula 410 STJ: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”. 18/03/2018 5 II) Classificações Especiais 1. Obrigações Naturais A obrigação natural é desprovida de exigibilidade jurídica. Confira os artigos 882 e 814 do CC. Questão João era frequentador assíduo do Bar Canaleta, local em que ocorria um carteado todos os dias. As apostas eram de valor pequeno, mas João começou a acumular dívidas de jogo perante Pedro. Quando a cifra atingiu 5 mil reais, Pedro exigiu que João assinasse um recibo da dívida e deu-lhe o prazo de 30 dias para quitação. Como João não pagou, Pedro disse que ia processá-lo. Com medo da repercussão da ação, João entregou seu carro para quitar a dívida. Quando o irmão dele, Mário, soube do ocorrido, disse-lhe que o credor não tinha meios legais para obrigá-lo a pagar dívida de jogo. Pergunta-se: a) o irmão de João tinha razão? Justifique; b) se João não estava obrigado a pagar a dívida e mesmo assim o fez, ele pode ingressar com uma ação de repetição de indébito? Justifique. Classificações Especiais 2. Obrigação de Meio e Obrigação de Resultado Cirurgia plástica estética X cirurgia plástica reparadora. Cirurgia Plástica Estética Embelezadora (obrigação de fim) Cirurgia Plástica Reparadora Luta contra um trauma ou patologia (obrigação de meio) Súmula 387 STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. AGRAVO REGIMENTAL. RESPONSABILIDADE MÉDICA. OBRIGAÇÃO DE MEIO. REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ. INCIDÊNCIA. 1. Segundo doutrina dominante, a relação entre médico e paciente é contratual e encerra, de modo geral (salvo cirurgias plásticas embelezadoras), obrigação de meio e não de resultado. Precedente. 2. Afastada pelo acórdão recorrido a responsabilidade civil do médico diante da ausência de culpa e comprovada a pré- disposição do paciente ao descolamento da retina - fato ocasionador da cegueira - por ser portador de alta-miopia, a pretensão de modificação do julgado esbarra, inevitavelmente, no óbice da súmula 07/STJ. 3. Agravo regimental improvido. (Ag Rg no REsp nº 256.174/DF). Cirurgia Miopia Por considerar que uma clínica não foi responsável pelos danos no olho de um paciente, a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais reformou o entendimento de primeira instância e a dispensou de pagar indenização. Para o relator, Pereira da Silva, a cirurgia no olho do paciente, para correção de miopia, “foi realizada com a técnica certa, com destreza e zelo, sendo certo que a seqüela decorreu por fatores pessoais do paciente”.Ainda segundo o relator, “vale registrar que o contrato de prestação de serviços médicos é, em geral, considerado de meio, como no presente caso, e não de resultado”. Assim, cabe a indenização quando o serviço é prestado de forma negligente. Havia “um risco intrínseco ao procedimento adotado, que na época era o único existente e adequado à doença”, afirmou. Mas, de acordo com o desembargador, houve também uma redução da miopia de 13 para 3,5 graus. A cirurgia custou R$ 420. Durante a recuperação, a região central da córnea ficou prejudicada e, com isso, houve uma redução da visão do olho operado. O rapaz entrou na Justiça contra a clínica. Alegou falha no procedimento cirúrgico. Já a clínica alegou ter informado sobre a possibilidade de uma má cicatrização, que poderia gerar um corpo opaco no olho. Também argumentou que, após a cirurgia, o paciente não compareceu mais ao local para aplicação de colírio. Cabe recurso. APELAÇÃO CÍVEL 1.0707.01.044481-8/001 - COMARCA DE VARGINHA - RELATOR: EXMO. SR. DES. PEREIRA DA SILVA. 18/03/2018 6 RESPONSABILIDADE CIVIL Responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais ART. 14, § 4° CDC: A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. III) Classificação quanto ao Objeto - Previsão legal: arts. 257 a 263 CC 1.Obrigação Divisível 2.Obrigação Indivisível Obrigação Divisível Nos termos do art. 257 do CC, havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta se presume (iuris tantum) dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quanto aos credores e devedores. Regra: concursu partes fiunt Obrigação Divisível Entregar 100 caixas de remédios 50 50 Att. A divisão poderá ser distinta! DEVEDORES Obrigação Indivisível Art. 258 CC: A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. A indivisibilidade pode ser legal, natural (física) ou convencional Obrigação Indivisível R$ 40.000,00 CONFIRA ART. 259 DO CC DEVEDORES CREDOR 18/03/2018 7 Obrigação Indivisível R$ 40.000,00 CONFIRA Arts. 260 e 261 DO CC CREDORES DEVEDOR CAUÇÃO DE RATIFICAÇÃO $ Perdão da dívida (art. 262 CC) R$ 40.000,00 CREDOR A REMISSÃO DEVEDOR R$ 20.000,00 QUERO O BOI Obrigação Indivisível Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos: art. 263 CC Obrigação Indivisível art. 263 CC: ENUNCIADO 540 da VI JDC: Havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa de apenas um dos devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só o culpado, pelas perdas e danos. Questão (PGE/SP – Procurador – FCC – 02/09/2012) Havendo pluralidade de credores de obrigação indivisível, a) só poderão exigir a cota parte que lhes couber, mas se um deles receber a prestação por inteiro, deverá ressarcir os demais na medida de suas respectivas participações. b) o devedor pode se exonerar pagando a um dos credores, dispensada a ratificação dos demais. c) poderá cada um deles exigir o todo da obrigação, desde que haja expressa previsão contratual autorizadora. d) cada um deles pode exigir a totalidade da obrigação, exceto se convertida em perdas e danos e) a remissão da dívida por um dos credores não prejudica os demais, que podem exigir toda a obrigação sem desconto ou compensação, dada a impossibilidade de cisão do seu objeto.
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