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2_FASE_XXIV_-_DIR_PENAL_-_APOSTILA_III

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2ª Fase XVIII Exame – Direito Penal 
Professor: André Queiroz 
 
 
 
 
APELAÇÃO 
 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: 
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; 
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não 
previstos no Capítulo anterior; III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: 
 
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; 
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; 
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. 
 
§ 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados 
aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação. 
§ 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der 
provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança. 
§ 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a 
decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar 
o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. 
§ 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que 
somente de parte da decisão se recorra. 
 
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for 
interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas 
 
 
 
 
 
 
enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, 
que não terá, porém, efeito suspensivo. 
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do dia em que 
terminar o do Ministério Público. 
 
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias 
cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será de três dias. 
 
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com as razões ou 
sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo será de 
trinta dias. 
 
Rita, senhora de 60 anos, foi presa em flagrante no dia 10/11/2011 (quinta-feira) ao sair da filial de uma 
grande rede de farmácias após ter furtado cinco tintas de cabelo. Para subtrair os itens, Rita arrebentou 
a fechadura do armário onde estavam os referidos produtos, conforme imagens gravadas pelas 
câmeras de segurança do estabelecimento. O valor total dos itens furtados perfazia a quantia de 
R$49,95 (quarenta e nove reais e noventa e cinco centavos). Instaurado inquérito policial, as 
investigações seguiram normalmente. O Ministério Público, então, por entender haver indícios 
suficientes de autoria, provas da materialidade e justa causa, resolveu denunciar Rita pela prática da 
conduta descrita no Art. 155, § 4o, inciso I, do CP (furto qualificado pelo rompimento de obstáculo). A 
denúncia foi regularmente recebida pelo juízo da 41a Vara Criminal da Comarca da Capital do Estado ‘X’ 
e a ré foi citada para responder à acusação, o que foi devidamente feito. O processo teve seu curso 
regular e, durante todo o tempo, a ré ficou em liberdade. 
Na audiência de instrução e julgamento, realizada no dia 18/10/2012 (quinta-feira), o Ministério 
Público apresentou certidão cartorária apta a atestar que no dia 15/05/2012 (terça- feira) ocorrera o 
trânsito em julgado definitivo de sentença que condenava Rita pela prática do delito de estelionato. A 
ré, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. As alegações finais foram orais; acusação e 
defesa manifestaram-se. Finda a instrução criminal, o magistrado proferiu sentença em audiência. Na 
dosimetria da pena, o magistrado entendeu por bem elevar a pena-base em patamar acima do mínimo, 
ao argumento de que o trânsito em julgado de outra sentença condenatória configurava maus 
antecedentes; na segunda fase da dosimetria da pena o magistrado também entendeu ser cabível a 
incidência da agravante da reincidência, levando em conta a data do trânsito em julgado definitivo da 
sentença de estelionato, bem como a data do cometimento do furto (ora objeto de julgamento); 
não verificando a incidência de nenhuma causa de aumento ou de diminuição, o magistrado fixou a 
pena definitiva em 4 (quatro) anos de reclusão no regime inicial semiaberto e 80 (oitenta) dias- multa. 
O valor do dia-multa foi fixado no patamar mínimo legal. Por entender que a ré não atendia aos 
requisitos legais, o magistrado não substituiu a pena privativa de liberdade por pena restritiva de 
direitos. Ao final, assegurou-se à ré o direito de recorrer em liberdade. 
O advogado da ré deseja recorrer da decisão. 
Atento ao caso narrado e levando em conta tão somente as informações contidas no texto, elabore o 
recurso cabível. 
 
O examinando deverá elaborar recurso de apelação, com fundamento no art. 593, I do CPP. 
A petição de interposição deve ser endereçada do Juiz da 41a Vara Criminal da Comarca da Capital do 
Estado ‘X’. 
As razões deverão ser endereçadas ao Tribunal de Justiça do Estado X. 
 
 
 
 
 
Nas razões, o examinando deverá arguir o seguinte: 
 
I. Atipicidade da conduta pela falta de tipicidade material: a subtração de cinco tintas de cabelo, 
embora esteja adequada, formalmente, à conduta descrita no tipo penal, não importa em efetiva lesão 
ao patrimônio da farmácia. Incide, portanto, o princípio da insignificância. Assim, ausente a tipicidade 
material, a conduta é atípica. 
II. Subsidiariamente, caso mantida a condenação, requer a aplicação do privilégio contido no § 2o do 
artigo 155 do CP, já que a coisa furtada é de pequeno valor (R$ 49,95), bem como Rita seria 
considerada primária já que o furto foi cometido antes do trânsito em julgado da condenação do crime 
de estelionato. 
III. Impossibilidade de bis in idem: o magistrado, ao utilizar uma mesma circunstância (trânsito em 
julgado da sentença condenatória por crime de estelionato) para elevar a pena-base na primeira fase 
da dosimetria e também para elevar a pena-intermediária na segunda fase da dosimetria, feriu o 
princípio do ne bis in idem. 
IV. Não configuração da reincidência: o Art. 63, do Código Penal, disciplina que somente haverá 
reincidência se o novo crime (no caso, o furto) for cometido após o trânsito em julgado definitivo de 
sentença condenatória de crime anterior. Não foi esse o caso da ré, pois o furto foi cometido antes do 
trânsito em julgado definitivo da sentença relativa ao estelionato. Não se verifica, portanto, a 
reincidência. 
V. A fixação errada do regime inicial semi-aberto para cumprimento de pena: como a ré não é 
reincidente, faz jus ao regime aberto, conforme disposto no Art. 33, §2o, ‘c’, do CP. 
VI. A possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos: não 
sendo, a ré, reincidente, encontram-se presentes os requisitos do Art. 44 do CP. Assim, faz jus à 
substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. 
Ao final, o examinando deverá elaborar os seguintes pedidos: 
 
I. Absolvição com base na atipicidade da conduta; 
II. Caso não reconhecida a atipicidade, deverá requerer a diminuição da pena pelo afastamento da 
circunstância agravante da reincidência; 
III. A fixação do regime aberto para o cumprimento da pena; 
IV. A substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva dedireitos 
 
Fundamentação 
 
O recurso de Apelação é cabível das sentenças definitivas condenatórias ou absolutórias de 1º grau, 
com prazo de interposição de 5 dias a contar da intimação da sentença, ou, por nos autos quando o juiz 
profere a sentença na audiência e o advogado toma ciência interpondo a Apelação oralmente e o 
escrevente reduz a termo. A Apelação compõe-se 2 peças: Interposição e Razões de Apelação. 
A interposição será sempre endereçada ao próprio Juiz que prolatou a sentença, para que ele possa 
analisar os pressupostos de admissibilidade, ou seja, o Juízo de Prelibação. Em seguida o Juiz poderá 
tomar 3 decisões: 
 
a) Recebê-la: Os autos voltam ao apelante para que ele apresente as RAZÕES em 8 dias; 
b) Denegá-la: Se o juiz denegá-la, cabe o recurso RESE, conforme art. 581, XV do CPP; 
c) Recebê-la e Julgá-la Deserta: Esta situação ocorre quando o réu apela e foge). Também cabe o 
recurso RESE. 
 
 
 
 
 
Com as razões os autos são remetidos ao Tribunal competente para reexame da matéria (Tribunal de 
Justiça ou TRF). 
 
A Apelação é um recurso de Instância Reiterada, ou seja, o julgamento do recurso é realizado por um 
órgão diverso daquele que prolatou a sentença. Na apelação comum, postula-se, via de regra, pela 
reforma da sentença. 
 
A apelação se extingue de 2 formas: 
a) normal: Pelo seu julgamento, proferido o acórdão; 
b) normal: Pela deserção, ou seja, quando o réu apela e foge; 
Pode-se apelar das sentenças absolutórias quando: 
a): Absolvem o réu e aplicam medida de segurança (absolvição imprópria); 
b): Visando alteração do inciso do artigo 386 (Ex.: que absolvem por insuficiência de provas ou 
concedem o perdão judicial, etc.). 
 
Apelação de Sentenças Proferidas Pelo Tribunal do Júri 
 
As decisões do Tribunal do Júri são soberanas, isto é, nenhum órgão jurisdicional pode alterar as 
decisões proferidas por ele. Assim, ao se apelar de uma sentença proferida pelo Tribunal do Júri, não se 
pede a reforma da sentença, mas sim, que o apelante seja submetido a um novo júri, conforme 
estabelece o art. 5º, XXXVII, "c" da CF. (Princípio da Soberania do Júri). 
Mas se a apelação se basear no fato da sentença do Juiz-Presidente ser contrária à lei expressa, ou à 
decisão dos jurados ou se houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de 
segurança, pode o Tribunal de 2ª Instância corrigir o erro (art. 593, §§ 1º e 2º do CPP). 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _________VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
___________, 
 
(Pular 10 linhas para despacho judicial) 
 
Ana, já qualificada nos autos do processo crime no ______, que lhe move a Justiça Pública, por seu 
advogado que esta subscreve, não se conformando com a respeitável sentença que a condenou como 
incursa nas penas do art. 299 do Código Penal, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, dentro 
do prazo legal, interpor 
RECURSO DE APELAÇÃO 
com fundamento no art. 593, inciso I, do Código de Processo Penal. 
Requer seja recebida e processada a presente apelação e encaminhada, com as inclusas razões, ao 
Egrégio Tribunal de Justiça. 
Nesses termos, pede deferimento. 
(local e data). 
____________________________ 
advogado – OAB no 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAZÕES DE
RECURSO DE APELAÇÃO 
APELANTE: Ana 
APELADA: Justiça Pública 
PROCESSO No ____________ 
Egrégio Tribunal de Justiça, 
Colenda Câmara,
 Douto Procurador de Justiça, 
Em que pese o indiscutível saber jurídico do Meritíssimo Juiz “a quo”, impõe-se a reforma da 
respeitável sentença proferida contra a Apelante, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
 
I – DOS FATOS 
Ana, ora Apelante, foi acusada por crime de falsidade ideológica, sendo instaurado inquérito policial 
que foi arquivado em 2002. 
No ano seguinte ao do arquivamento, um outro Promotor Público, analisando os autos do inquérito, 
chegou à conclusão de que os fatos eram suscetíveis de se enquadrarem em nova definição jurídica e 
ofereceu denúncia. A denúncia prosperou e acabou sendo a Apelante condenada. 
II – DO DIREITO 
Com a devida vênia, a respeitável sentença foi proferida em processo manifestamente nulo, não 
podendo subsistir. 
Com efeito, o artigo 18 do Código de Processo Penal preceitua que : 
 
“Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a 
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.” 
Analisando-se o disposto no referido artigo, é de se concluir que o inquérito policial somente poderá 
ser desarquivado se surgirem novas provas. 
No caso em tela, o inquérito policial foi desarquivado apenas e tão- somente porque um outro D.D. 
Promotor de Justiça entendeu que os fatos eram suscetíveis de nova capitulação jurídica. 
Ora, Nobres Julgadores, não existiram novas provas para o desarquivamento do inquérito policial, no 
presente caso, constituindo tal fato manifesto constrangimento ilegal contra a Apelante. 
Acrescente-se que novas provas são somente aquelas que produzem alteração dentro do conjunto 
probatório em que foi baseado o arquivamento. Assim, “a nova prova há de ser substancialmente 
inovadora, e não apenas formalmente nova” (RTJ 91/831 e RT 540/393) 
 
Nesse sentido, é a lição do ínclito penalista Júlio Fabbrini Mirabete: “Produzidas novas provas que 
modifiquem a matéria de fato, poder-se- á desarquivar o inquérito para o oferecimento da denúncia ou 
queixa.” (Código de Processo Penal Interpretado, 9a edição, Editora Atlas, págs.124) 
No mesmo sentido, o Colendo Supremo Tribunal Federal já consagrou o seu entendimento na Súmula 
524, a qual passamos a transcrever: 
“Arquivado o inquérito policial, por despacho do Juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não 
poderá a ação penal ser iniciada sem novas provas”. 
 
Dessa forma, não se valeu o DD. Representante do Ministério Público de provas novas, vez que eram 
inexistentes, não podendo assim ter sido desarquivados os autos do inquérito policial, tampouco ter 
sido condenada a Apelante. 
III – DO PEDIDO 
 
 
 
 
 
 
 
Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, anulando-se o processo, “ab 
initio”, bem como expedindo-se contramandado de prisão em favor da Apelante, como medida de 
inteira justiça. 
(local e data) 
_______________________ 
advogado – OAB no 
 
RESE 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
I - que não receber a denúncia ou a queixa; 
II - que concluir pela incompetência do juízo; 
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; 
IV – que pronunciar o réu; 
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão 
preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; 
VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) 
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; 
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; 
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da 
punibilidade; 
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; 
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; 
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; 
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; 
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; 
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; 
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; 
XVII - que decidir sobre a unificação de penas; 
XVIII - que decidir o incidente de falsidade; 
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; 
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra; 
XXI - que mantiver ousubstituir a medida de segurança, nos casos do art. 774; 
XXII - que revogar a medida de segurança; 
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação; 
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples. 
 
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento 
condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. 
 
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias. 
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, contado da data da publicação 
definitiva da lista de jurados. 
 
Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela 
imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do 
Júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
 
 
 
 
§ 1o A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz 
presidente até o dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva. 
 
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias. 
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, contado da data da publicação 
definitiva da lista de jurados. 
 
Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela 
imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do 
Júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
§ 1o A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz 
presidente até o dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva. 
 
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois 
dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe 
parecerem necessários. 
 
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, 
poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste 
caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado. 
 
Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad quem, dentro de cinco dias da 
publicação da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo. 
 
Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante preocupada, mas 
respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua 
frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para realizar a referida manobra, entretanto, 
Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo e, no momento da ultrapassagem, 
vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. 
Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais 
testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão. 
Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público decide 
oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso simples, na 
modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP). Argumentou o ilustre 
membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao não ligar a seta 
do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido contrário. 
A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos em lei foram 
regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente 
fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. O advogado de 
Jerusa é intimado da referida decisão em 02 de agosto de 2013 (sexta-feira). 
Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore o recurso 
cabível e date-o com o último dia do prazo para a interposição. 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
O examinando deverá elaborar um recurso em sentido estrito com fundamento no Art. 581, IV do CPP. 
A petição de interposição deverá ser endereçada ao Juiz da Vara Criminal do Tribunal do Júri. 
 
 
 
 
 
Deverá, o examinando, na própria petição de interposição, formular pedido de retratação (ou requerer 
o efeito regressivo/iterativo), com fundamento no Art. 589, do CPP. 
Caso não seja feita petição de interposição, haverá desconto no item relativo à estrutura da peça, além 
daqueles relativos aos itens de referida petição. 
As razões do recurso deverão ser endereçadas ao Tribunal de Justiça. 
No mérito, o examinando deve alegar que Jerusa não agiu com dolo e sim com culpa. Isso porque o 
dolo eventual exige, além da previsão do resultado, que o agente assuma o risco pela ocorrência do 
mesmo, nos termos do Art. 18, I (parte final) do CP, que adotou, em relação ao dolo eventual, a teoria 
do consentimento. Nesse sentido, a conduta de Jerusa amolda-se àquela descrita no Art. 302 do CTB, 
razão pela qual ela deve responder pela prática, apenas, de homicídio culposo na direção de veículo 
automotor. Em consequência, não havendo crime doloso contra a vida, o Tribunal do Júri não é 
competente para apreciar a questão, razão pela qual deve ocorrer a desclassificação, nos termos do 
Art. 419, do CPP. 
Ao final, o examinando deverá elaborar pedido de desclassificação do delito de homicídio simples 
doloso, para o delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor (Art. 302 do CTB). 
Levando em conta o comando da questão, que determina datar as peças com o último dia do prazo 
cabível para a interposição, ambas as petições (interposição e razões do recurso) deverão ser datadas 
do dia 09/08/2013. 
 
Fundamentação 
 
O Recurso Em Sentido Estrito - RESE é cabível, no prazo de 5 dias, a contar da intimação, contra um 
despacho, de uma decisão ou de uma sentença proferida pelo Juiz de 1º grau, exceto decisões de Juiz 
da Vara de Execuções. Está fundamentado no artigo 581, do Código de Processo Penal, possuindo um 
rol taxativo que não permite ampliação, ou seja, só cabe nos incisos do elencados no artigo em 
questão. 
 
Lei de Execuções Penais 
 
A Lei das Execuções Penais, no seu artigo 197, estabelece o Agravo em Execução, que é o recurso 
previsto para decisões proferidas na fase executória da pena. 
 
Processamento 
 
 Trata-se de um recurso da instância mista, pois inicialmente apresenta o efeito iterado (o julgamento 
compete ao próprio órgão que prolatou a decisão) e, posteriormente, caso o Juiz mantenha a sua 
decisão, apresenta o efeito reiterado (o julgamento compete ao órgão diverso daquele que prolatou a 
decisão). 
 
 Trata-se, assim, de um recurso em que cabe o Juízo de Retratação, uma vez que o Juiz pode rever a 
sua decisão e anterior, podendo reformá-la. 
 
Tramitação 
 
 O recurso deverá ser interposto ao próprio Juiz que prolatou a decisão para que ele analise os 
pressupostos recursais (juízo de prelibação ou admissibilidade). 
 
 
 
 
 
Admitida a interposição, o recorrente terá que apresentar as razões no prazo de 2 dias, encaminhando 
sempre ao Meritíssimo Juiz/Colenda Câmara. Em seguida, abre-se vista ao recorrido para que este 
contra-razoe o recurso em 2 dias, após o que, os autos seguem conclusos ao Juiz que proferiu a 
decisão, que, em 2 dias reformará ou sustentará sua decisão. 
Se o Juiz mantiver sua decisão, o recurso subirá ao Tribuna! competente, no prazo de 5 dias, para 
reexame da matéria, mas se o Juiz reformá-la,haverá uma nova decisão, que poderá ou não ser 
recorrível. 
Cabendo recurso, a parte contrária poderá recorrer por simples petição, no prazo de 5 dias, sem a 
necessidade de novas razões. 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA DO JÚRI DA COMARCA DE 
___________. 
 
(Pular 10 linhas para despacho judicial) 
 
Maria, já qualificada nos autos da ação penal no _____, que lhe move a Justiça Pública, por seu 
advogado que esta subscreve, não se conformando com a respeitável decisão que a pronunciou, vem, 
respeitosamente, perante Vossa Excelência, interpor 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
com fulcro no art. 581, IV, do Código de Processo Penal. 
Requer seja recebido e processado o presente recurso e, caso Vossa Excelência entenda que deva ser 
mantida a respeitável decisão, que seja encaminhado, com as inclusas razões, ao Egrégio Tribunal de 
Justiça. 
Nesses termos, pede deferimento. 
(local e data). 
_______________________________ 
advogado – OAB no 
 
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: Maria 
RECORRIDA: Justiça Pública PROC. No _______ 
Egrégio Tribunal de Justiça, Colenda Câmara,
Douto Procurador de Justiça, 
Em que pese o indiscutível saber jurídico do Meritíssimo Juiz “a quo”, impõe-se a reforma de 
respeitável sentença que pronunciou a Recorrente, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
 
I – DOS FATOS 
Por ter, supostamente, praticado aborto, com a autorização da gestante, a Recorrente foi denunciada, 
sendo processada e ao final pronunciada pela conduta descrita no art. 126 do CP. 
A vítima não foi submetida a exame de corpo de delito. 
 
II – DO DIREITO 
Com efeito, o Meritíssimo Juiz “a quo” deixou de cumprir o art.158 do Código de Processo Penal, que 
estabelece que : 
“Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame do corpo de delito, direto ou indireto, 
não podendo supri-lo a confissão do acusado.” 
 
 
 
 
 
O aborto consiste na interrupção da gestação e, se esta não resultar rigorosamente demonstrada, não 
há que se falar no delito do art. 126 do Código Penal, mesmo que o tenha confessado a Recorrente, 
uma vez que a experiência tem demonstrado que à confissão não se pode, nem se deve, atribuir 
absoluto valor probatório. 
Dessa forma, torna-se imprescindível a comprovação da autoria e da materialidade do aborto, não se 
podendo submeter a Recorrente, ao julgamento do Tribunal do Júri, 
sem esclarecimento de laudo pericial baseado em exame de corpo de delito.
Nesse raciocínio, o 
mestre E. Magalhães Noronha preleciona no sentido de que: 
 “ O exame do corpo de delito é, destarte, o meio material que comprova a existência do fato típico. É 
ele indispensável no processo, diz o art. 158 do Código, que o declara nulo quando, nos delitos que 
deixam vestígios, não for tal exame realizado (art. 564, III, “b”). A exigência do Código é imperiosa, não 
admitindo que ele seja suprido pela confissão do acusado” ( Curso de Direito Processual Penal, Editora 
Saraiva, 27a edição, pág. 134). 
Na trilha desse entendimento, é pacífica a jurisprudência, que diz: 
“A realização do exame de corpo de delito é indispensável no processo relativo a crime que deixa 
vestígio, como o aborto, sem a possibilidade de ter-se consumado sem que os vestígios sensíveis 
ficassem. Sua falta acarreta nulidade do processo, nos termos do arts. 158 e 564, III, “b”, do CPP” (TJSP-
AC-Rel. Adriano Marrey -RT448 / 321). 
Não comprovada nem a gravidez, nem a existência do feto sacrificado, é impossível a persecução penal, 
e, com muito maior razão, mostra-se inviável a subsistência do decreto de pronúncia, já que deparamos 
com crime material. 
 
III – DO PEDIDO 
Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, impronunciando-se a 
Recorrente, nos termos do art. 414 do Código de Processo Penal e expedindo-se contramandado de 
prisão em seu favor, como medida de inteira justiça. 
(local e data). 
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advogado – OAB no 
 
Instaurado inquérito policial para fins de averiguação de autoria e materialidade e, conseqüente 
responsabilização penal pela prática de tráfico ilícito de drogas, previsto no art. 33, da Lei 
n.11343/2006, por ter, em março de 2010 sido flagrado em uma boate portando quantidade elevada 
dos hormônios testosterona em comprimidos e estrogênio eqüino, Alex Sandro Lima, impetrou Habeas 
Corpus com vistas ao trancamento do referido inquérito policial, sob o argumento de atipicidade da 
conduta por ausência de expressa previsão legal acerca das substâncias apreendidas, haja vista o fato 
das mesmas configurarem drogas de uso médico e veterinário, não sendo compreendidas, portanto, 
pelo respectivo dispositivo legal. 
Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre teoria da norma, sua interpretação e norma 
penal do mandato em branco, responda: deve a ordem ser concedida? Responda de forma objetiva e 
fundamentada. 
João da Silva foi denunciado pelo delito de moeda falsa, previsto no art. 289 do Código Penal, por ter 
falsificado uma nota de R$ 50,00 e colocado-a em circulação. O feito foi distribuído perante a Justiça 
Federal, tendo o réu sido citado para apresentação de resposta. Na qualidade de advogado de João da 
silva, apresente a tese defensiva a ser sustentada de modo a afastar a tipicidade da conduta, com base 
 
 
 
 
 
 
nos estudos realizados sobre os princípios norteadores do Direito Penal no Estado Democrático de 
Direito. 
 
Moeda falsa 
Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país 
ou no estrangeiro: 
 
§ 1º Nas mesmas penas incorre que, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, 
troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 
Pena – reclusão, de três a doze anos, e multa. 
 
A questão versa sobre a possibilidade ou não da incidência do principio da insignificância ou 
bagatela. No caso em questão o delito previsto no artigo 289 do CP não admite a incidência desse 
princípio face à natureza do bem jurídico tutelado, qual seja, fé pública. Nesse sentido o STJ através 
do HC129592-AL, da Ministra Laurita Vaz já se posicionou a respeito. 
 
Jonas, após um churrasco em que ingeriu cinco copos de cerveja, ainda que alertado por um amigo 
sobre a nova lei de trânsito, que proíbe dirigir embriagado, decide ir embora dirigindo seu carro, pois 
afirma que não se encontra embriagado e que, portanto, não há qualquer perigo em dirigir. Tão logo 
sai da casa de seu amigo é surpreendido por uma “blitz” e submetido ao teste do bafômetro, do qual 
resulta a constatação da alcoolemia de Jonas em índice previsto pela Lei n. 9503/1997 (art. 306) para 
fins da caracterização do crime de embriaguez ao volante. Ante o exposto, sendo certo que Jonas 
dirigia de forma normal, qual a fundamentação para a intervenção penal sobre sua conduta e, 
conseqüente, responsabilização penal? Responda de forma justificada com base nos estudos realizados 
sobre as missões do Direito Penal no Estado Democrático de Direito. 
Polícia Rodoviária Federal deteve uma peruana com 1 kg de pasta base de cocaína escondido na 
sandália em Rondonópolis (MT), no km 212 da BR-364, na segunda-feira. Ela estava em um ônibus que 
seguia de Porto Velho (RO) para São Paulo. 
Durante fiscalização, os policiais perceberam que a passageira Rosemery Tilsa Evaristo Pio,37 anos, 
estava muito nervosa. Foi verificada toda a bagagem da peruana, mas nada foi encontrado. Ao informá-
la de que ela passaria por uma revista pessoal, os policiais solicitaram que ela retirasse a sandália que 
calçava. Quando o policial pegou a sandália, desconfiou de seu peso e resolveu abrir o calçado, quando 
encontrou a droga. Rosemery disse que pegou a cocaína na Bolívia e que a levaria para a cidade de 
Campinas (SP), recebendo U$S 800. Ela foi conduzida para a delegacia da PolíciaFederal. 
Ante ao exposto, sendo Rosemary Tilsa peruana, poderá a lei brasileira ser aplicada à sua 
conduta? Responda, justificadamente, com base nos estudos realizados sobre o tema lei penal no 
espaço. 
A acusada deverá responder pelo crime previsto no art. 33, combinado com o art. 40 inciso I da lei 
11.343/2006 porque importou da Bolívia um material entorpecente que se refere a 1quilo de pasta 
base, acrescentando ao seu delito o Parágrafo 1º, inciso I, do citado art. 33. Notadamente tendo sido 
o delito praticado em território nacional por estrangeira aplica- se a nossa lei pátria conforme prevê o 
art. V do CP. Se houver algum tratado internacional de extradição entre o Brasil e Peru, se aquele país 
quiser poderá tê-la de volta depois de ser processada.

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