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ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 3ª EDIÇÃO ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ESTA PUBLICAÇÃO FAZ PARTE DA 8ª EDIÇÃO DO KIT QUALIDADE SINDUSCON-mg 3ª EDIÇÃO FIChA TéCNICA Realização Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais – Sinduscon-MG Rua Marília de Dirceu, 226 – 3º e 4º andares Lourdes – CEP: 30170-090 Belo Horizonte-MG Telefone: (31) 3253-2666 Fax: (31) 3253-2667 E-mail: sinduscon@sinduscon-mg.org.br www.sinduscon-mg.org.br Coordenação Vice-presidente da Área de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente Geraldo Jardim Linhares Júnior Diretor da Área de Meio Ambiente Eduardo Henrique Moreira Diretor da Área de Materiais e Tecnologia Cantídio Alvim Drumond Elaboração Assessoria Técnica Comissão de Meio Ambiente Consultor técnico Roberto Matozinhos Colaboração Aylton Benício Lima – DESA/UFMG - Projeto VALRCC (UFBA, UFC, UFMG, UFT, Unisinos; apoio FINEP) Camila do Couto Seixas – Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) Denise Felício Silva – DESA/UFMG Deivison Cavalcante Pedroza – Grupo Verde Ghaia Fabiana Brant – Grupo Verde Ghaia Fernando Fogli – FOKRO Ambiental e Engenharia Filipe Gusmão – Grupo Verde Ghaia Guilherme da Mata Zanforlin – GMA/FIEMG Juliana Santos - EPO Engenharia Planejamento e Obras Karla Santos Araújo – Sinduscon-MG Raphael Tobias de Vasconcelos Barros – DESA/UFMG - Projeto VALRCC (UFBA, UFC, UFMG, UFT, Unisinos; apoio FINEP) Sandra Machado Fiuza – Departamento de Programas Especiais – SLU/PBH Taís Ude de Sousa – Grupo Verde Ghaia Assessora de Comunicação Jorn. Néllie Vaz Branco – RJ 15654 JP Projeto gráfico AVI Design Comunicação e Marketing Fotos de capa FOKRO Ambiental e Engenharia Pedro Antônio Oliveira (SLU) Rômulo Portela (MRV) Revisão ortográfica e gramatical AVI Design Comunicação e Marketing Permitida a reprodução desta publicação, apenas pelos associados ao Sinduscon-MG, desde que citada a fonte Belo Horizonte, dezembro de 2014 Catalogação na fonte: Juliana de Azevedo e Silva CRB 1412 – 6ª Região S616 Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais. Alternativas para a destinação de resíduos da construção civil. 3. ed. Belo Horizonte: Sinduscon-MG, 2014. 116 p. il. 1. Construção Civil – Resíduos I Título CDU:628.544: 624 Presidente Luiz Fernando Pires 1º Vice-presidente André de Sousa Lima Campos Vice-presidentes Administrativo-financeiro Bruno Vinícius Magalhães Área Imobiliária Lucas Guerra Martins Área de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente Geraldo Jardim Linhares Júnior Comunicação Social Jorge Luiz Oliveira de Almeida Obras Industriais e Públicas João Bosco Varela Cançado Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos Walter Bernardes de Castro Diretores Área Administrativa e Financeira Rodrigo Mundim Pena Veloso Área Imobiliária Bráulio Franco Garcia Área de Materiais e Tecnologia Cantídio Alvim Drumond Área de Meio Ambiente Eduardo Henrique Moreira Área de Obras Industriais Ilso José de Oliveira Área de Obras Públicas José Soares Diniz Neto Área de Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos Ricardo Catão Ribeiro Área de Comunicação Social Eustáquio Costa Cruz Cunha Peixoto Programas Habitacionais Bruno Xavier Barcelos Costa Projetos Renato Ferreira Machado Michel Relações Institucionais Werner Cançado Rohlfs Coordenador Sindical Daniel Ítalo Richard Furletti Equipe Técnica Elaboração Roberto Matozinhos Colaboração Karla Santos Araújo Sinduscon-MG – Triênio 2012–2015 ExPEDIENTE CARTA DO PRESIDENTE .................................................................................................. 9 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11 2 APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 14 3 OBJETIVO ..................................................................................................................... 15 4 TERMOS E DEFINIÇÕES – RESÍDUO DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) ....................... 17 5 DEMOLIÇÃO SELETIVA ................................................................................................ 23 6 LEVANTAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS POR SISTEMA CONSTRUTIVO ............. 25 6.1 Identificação e quantificação.................................................................................... 25 7 GESTÃO DE RESÍDUOS ............................................................................................... 28 7.1 Produção Mais Limpa ............................................................................................... 28 7.2 Reutilização e reciclagem dos resíduos .................................................................. 29 7.2.1 Segregação de resíduos da construção civil (RCC) .............................................. 29 7.2.2 Tratamento de resíduos sólidos da construção civil ............................................ 29 7.3 Classificação dos resíduos ....................................................................................... 32 7.3.1 RESÍDUOS CLASSE A ............................................................................................ 32 A - Produtos de cerâmica vermelha e produtos à base de cimento Portland ............. 33 I. Características ............................................................................................................ 33 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 33 III. Reutilização e reciclagem dos RCC.......................................................................... 34 IV. Acondicionamento/armazenamento ......................................................................... 34 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 34 VI. Destinação ................................................................................................................. 35 VII. Produtos da reciclagem ........................................................................................... 36 7.3.2 RESÍDUOS CLASSE B ............................................................................................ 37 A – GESSO ....................................................................................................................... 37 I. Características ............................................................................................................ 37 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 38 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 40 SUmÁRIO IV. Acondicionamento/armazenamento ......................................................................... 40 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 40 VI. Destinação ................................................................................................................. 41 B – MADEIRA .................................................................................................................. 42 I. Características ............................................................................................................ 42 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 42 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 43 IV. Acondicionamento/armazenamento .........................................................................43 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 44 VI. Destinação ................................................................................................................. 44 C - METAIS ...................................................................................................................... 46 I. Características ............................................................................................................ 46 II. Segregação/Coleta seletiva ........................................................................................ 46 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 47 IV. Acondicionamento/Armazenamento ........................................................................ 47 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 47 VI. Destinação ................................................................................................................. 48 D - PAPELÃO E SACARIAS ............................................................................................. 42 I. Características ............................................................................................................ 42 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 50 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 50 IV. Acondicionamento/armazenamento ......................................................................... 50 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 50 VI. Destinação ................................................................................................................. 51 E - PLÁSTICO .................................................................................................................. 54 I. Características ............................................................................................................ 54 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 55 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 55 IV. Acondicionamento/Armazenamento ........................................................................ 55 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 55 VI. Destinação ................................................................................................................. 56 F – VIDRO ........................................................................................................................ 58 I. Características ............................................................................................................ 58 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 58 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 58 IV. Acondicionamento/armazenamento ......................................................................... 58 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 58 VI. Destinação ................................................................................................................. 59 7.3.3 RESÍDUOS CLASSE C ............................................................................................ 59 A - Manta asfáltica ......................................................................................................... 59 I. Características ............................................................................................................ 60 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 60 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 60 IV. Acondicionamento/armazenamento ......................................................................... 60 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 60 VI. Destinação ................................................................................................................. 61 7.3.4 RESÍDUOS CLASSE D ............................................................................................ 61 A - Amianto ..................................................................................................................... 61 I. Características ............................................................................................................ 61 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 62 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 62 IV. Acondicionamento/armazenamento ......................................................................... 62 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 62 VI. Destinação ................................................................................................................. 63 B - Produtos químicos e impermeabilizantes ............................................................... 63 I. Características ............................................................................................................ 63 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 63 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 64 IV. Acondicionamento/armazenamento ......................................................................... 64 V. Transporte (interno e externo à obra) ........................................................................ 64 VI. Destinação ................................................................................................................. 64 C - Tinta, vernizes, solventes, óleos e graxas ............................................................... 65 I. Características ............................................................................................................ 65 II. Segregação/coleta seletiva ........................................................................................ 65 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos ................................................................... 66 IV. Acondicionamento/armazenamento ......................................................................... 66 V. Transporte (interno e externo à obra). ....................................................................... 67 VI. Destinação ................................................................................................................. 67 8 OUTRAS ALTERNATIVAS PARA GESTÃO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS ................. 69 8.1 Sistema Integrado de Bolsa de Resíduos – SIBR ................................................... 69 8.2 Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes - URPV ..................................... 71 8.3 Coprocessamento ..................................................................................................... 74 8.4 Aterro de resíduos inertes – Classe A ..................................................................... 75 9 ALERTA SOBRE AS RESPONSABILIDADES DA DESTINAÇÃO .................................. 77 ANEXOS...........................................................................................................................78 A - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H ............ 79 B - Relação das cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis da região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) ............................................... 80 C - Legislação e Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas .................. 83 D - Lei Nº 10.522, DE 24 de agosto de 2012 .................................................................. 87 E - Lei Nº 10.534, de 10 de setembro de 2012 ............................................................ 101 F - Principais considerações para o uso adequado de caçambas em Belo Horizonte .................................................................................................. 102 G - Resolução Nº 307, de 5 de julho de 2002 .............................................................. 108 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 113 COLABORAÇÃO ............................................................................................................ 115 Nunca o tema uso racional dos recursos naturais teve tamanha importância nos veículos de comunicação nacional como agora, o que fez com que o tema novamente ocupasse lugar de destaque na pauta de todos os setores industriais. Sabedor que o setor da Construção é um dos setores industriais que para o pleno exercício de suas atividades consome vários insumos, e que esta demanda gera um representantivo impacto ambiental, o Sinduscon-MG tem pautado soluções alinhadas às diretrizes da Politíca Nacional de Resíduos Sólidos que, prioritariamente, e por ordem de importânica, estabelece a busca por sistemas construtivos que não geram resíduos ou que os gerem de forma minimizada, absorvam os resíduos no próprio canteiro, e ainda na segregação e inserção no ciclo produtivo ou em um último estágio, esgotadas todas as alternativas citadas, dispor adequadamente os rejeitos. Com este desafio o Sinduscon-MG lança a reedição de mais esta publicação de Alternativas para a Destinação do Resíduos de Construção Civil - RCC, que somada às ações que vêm desenvolvendo no sentido de induzir a correta destinação de resíduos de construção, firma-se como uma das entidades do setor produtivo que mais se debruçaram sobre o tema gestão de resíduos da construção civil no país. E ainda, alinhado às diretrizes de redução dos impactos ocosionados pelas edificações ao longo de sua vida utíl, desenvolveu diversos projetos e ações de melhoria tecnológica e uso de materiais e sistemas construtivos sustentáveis, de forma a induzir a concepção de edificações e empreendimentos em equilíbrio com a demanda por recursos naturais. Cabe ressaltar que esta publicação, única em seu formato no país por dispor informações de empresas e organizações que recebem Resíduos de Construção Civil (RCC), induzindo a geração de emprego e renda, foi desenvolvida com a participação de uma equipe de colaboradores, membros da Comissão de Meio Ambiente do Sinduscon-MG, privilegiando destinações economicamente viáveis, ambientalmente adequadas e induzindo a inserção dos RCC de forma socialmente justa. PALAVRA DO PRESIDENTE Luiz Fernando Pires Presidente 9 Sempre nos mantivemos na meta de atuar de forma prática e ostensiva, como é o perfil de nossa diretoria, na procura de opções sustentáveis para solução de nossos principais desafios: de integrar naturalmente ao processo construtivo a gestão de todos os impactos e, principalmente, o impacto ambiental. Para garantir a sustentabilidade e a saúde do planeta, a Responsabilidade Ambiental é obrigação de todos nós: entidades do setor, empresários, trabalhadores da indústria da construção e comunidades onde nossas obras estão inseridas. O Brasil encontra-se em processo de consolidação urbana e, nesse contexto, a geração dos resíduos da construção civil é expressiva na produção de resíduos em geral, sendo a sua destinação tratada como um problema urbano com implicações ambientais graves e de saúde pública. Os resíduos da construção civil em Belo Horizonte representam em média aproximadamente 34% dos resíduos destinados diariamente para os equipamentos públicos. O crescimento populacional e o estimulante processo de urbanização dos municípios têm contribuído para a geração de volumes de resíduos da Construção Civil – RCC, e consequentemente, para o aumento da produção dos resíduos sólidos urbanos. A indústria de construção civil é um dos maiores geradores de resíduos da sociedade. A construção civil é um setor bastante significativo no impacto ambiental, considerando- se que a indústria de construção civil cause diversos impactos ambientais no decorrer do processo de sua cadeia produtiva. Temos que incentivar a redução da geração de resíduos e sua reincersão no processo produtivo, a reciclagem e seu reaproveitamento pois, as construtoras que tem como objetivo essa prática, proporcionarão a racionalização dos recursos naturais e minimização do impacto no meio ambiente. O meio ambiente artificial está protegido legalmente pela Constituição Federal (arts. 182 e 225) e pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal n° 10.257/01), considerado como a mais importante norma regulamentadora do referido setor. Esta Lei tem como objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana. Mediante algumas diretrizes gerais, criou-se a garantia do direito a cidades sustentáveis, prevendo a necessidade de proteção e preservação do meio ambiente natural e construído, com a justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes da urbanização, exigindo-se que os municípios adotem políticas setoriais articuladas e sintonizadas com o seu Plano Diretor. Uma dessas políticas setoriais, que pode ser destacada, é a que trata da gestão dos resíduos sólidos. Visando a atingir o objetivo da política de desenvolvimento urbano, a Resolução nº 307/02 e 448/12, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), também inserida no contexto da lei federal 12.305/10, que trata da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, criou instrumentos para avançar no sentido da superação dessa realidade, tornando obrigatória, em todos os municípios do país e no Distrito Federal, a implantação pelo poder público local de Planos Integrados de gestão e gerenciamento dos Resíduos 1 INTRODUÇÃO 11 da Construção Civil, como forma de mitigar e tentar eliminar os possíveis impactos ambientais decorrentes do descontrole das atividades relacionadas à geração, transporte, disposição e destinação desses materiais. Também determina, para os geradores de forma sintética, um conjunto de procedimentos e ações que busquem e permitam o correto processo de gerenciamento dos resíduos gerados visando, a não geração, a minimização, o reuso, a segregação a reciclagem o tratamento e a disposição final ambientalmente adequada dos resíduos gerados. A lei 12.305/10, nova política nacional de gestão e gerenciamento dos residuos sólidos em geral bem como a dos resíduos da construção e demolição (RCC), visa a buscar a superação da condição atual presente na grande maioria dos municípios brasileiros, caracterizada por omissões e pela ação corretiva, adotando soluções de caráter preventivo e criando condições para que a população e os agentes envolvidos na cadeia produtiva possam exercer suas atividades sem produzir grandes impactos socialmente e ambientalmente negativos. As soluções propostas para a gestão de RCC devem, portanto, seguir diretrizes básicas: 9 Facilitar a ação correta dos agentes criando os instrumentos institucionais, jurídicos e físicos para que possam, cada um, de acordo com suas características e condições sociais e econômicas, exercer suas responsabilidades manejando os resíduosque geram e lhes dando uma destinação adequada. 9 Disciplinar a ação dos agentes, estabelecendo regras claras e factíveis que definam as responsabilidades e os fluxos de todos eles e dos materiais envolvidos, elaboradas a partir de processos de discussão com os interessados e que, considerando a diversidade de condições, garantam que os custos decorrentes de cada elo da cadeia operativa sejam atribuídos de forma transparente e respeitando o meio ambiente. 9 Incentivar a adoção dos novos procedimentos que tornem vantajosa a migração para as novas formas de gestão dos resíduos sólidos e sobretudo de destinação por parte do conjunto dos agentes do ponto de vista ambiental, social e econômico. São objetivos concretos desses incentivos evitar a geração, a minimização da geração de resíduos, a reutilização e a reciclagem dos materiais. A autoconstrução e as pequenas reformas feitas com contratação de pequenos ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO12 empreiteiros são responsáveis por grande parte dos RCC nos Municípios. O transporte e o descarte inadequado destes resíduos é um grande problema das cidades. O pequeno gerador é responsável pela maior parte dos resíduos de construção civil nas grandes cidades. Fonte: Sinduscon-SP / Governo do Estado de São Paulo. Edifícios novos (construção formal) Residências novas (autoconstrução) ORIGEM DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL Pequenas reformas 21% 20% 59% De acordo com o exposto, e considerando seu papel e sua responsabilidade ambiental, o Sinduscon-MG apresenta esta 3ª edição com alternativas para a destinação dos RCC. 13 2 APRESENTAÇÃO O Sinduscon-MG, atento ao seu papel de representação da indústria da construção civil e da prestação de serviço ao construtor mineiro, juntamente com importantes empresas, entidades e agentes, disponibilizam a 3ª edição da publicação de “Alternativas Para a Destinação de Resíduos da Construção Civil”, com enfoque na não geração, segregação e disposição correta dos resíduos sólidos oriundos das atividades da construção. Apresentam-se alternativas de forma a tornar acessíveis as técnicas e procedimentos de gerenciamento em consonância com as diretrizes da Resolução nº 307/02 e 448/12 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e com a lei 12.305/10 suas alterações para a implantação de projetos de forma sustentável, tanto em relação ao meio ambiente, quanto em relação meio econômico-financeiro. Está publicação atualiza e dá continuidade à edição anterior, elaborada pelo Sinduscon-MG, intitulada “Gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil - 3ª edição”. Desta forma, sugerimos que para o desenvolvimento e implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PGRCC, sejam utilizadas as duas edições, que juntas completam todas as etapas para estruturação do referido plano, conforme exigências da resolução 307/02, 448/2012 e da Lei Municipal 10.522/12 de Belo Horizonte. Cabe ainda destacar a publicação Gerenciamento de Resíduos e Gestão Ambiental no Canteiro de Obras – 2ª Edição, que foi produzida no formato de revista em quadrinhos para sensibilização e treinamento de operários. Nas edições anteriores estabeleceram-se as bases para o gerenciamento eficaz dos RCC de acordo com as diretrizes da Resolução CONAMA 307/02 e 448/12, ou seja, minimizar a sua geração, reutilizar materiais aproveitáveis, reciclar o máximo possível e dispor adequadamente os rejeitos. De acordo com esse conceito, a “destinação” aqui apresentada e discutida refere- se não apenas à disposição e ao tratamento final de resíduos não reutilizáveis nem recicláveis, mas, prioritariamente, à busca de alternativas para reutilização/reciclagem de cada tipo de resíduo em parceria com empresas especializadas e regularizadas ambientalmente para tal fim. Ressalte-se que, conforme preconizado modernamente, a hierarquia da gestão de resíduos sólidos começa tentando evitar sua produção, e segue minimizando, reciclando e tratando. Somente quando estas etapas já foram esgotadas é que se recorre às boas práticas de disposição final, sujeitas a controle ambiental, e que constituem projetos de engenharia (Observando questões de segurança, de estabilidade, de drenagem, de monitoramento). ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO14 3 OBJETIVO Ao priorizar a correta disposição final dos resíduos da construção civil (RCC), esta cartilha tem como objetivo: 9 Sensibilizar os geradores sobre a ordem de prioridade conforme o art. 4° da RESOLUÇÃO CONAMA Nº 307/02 (alterada pela 448/12), iniciando com a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. 9 Estabelecer procedimentos internos de segregação para cada tipo de resíduo gerado no processo de construção civil, visando à maximização de sua reutilização a reciclagem, o tratamento e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. 9 Identificar parceiros para esses processos, bem como para sua disposição final adequada em termos ambientais e econômicos. 9 Buscar no gerenciamento de resíduos sólidos da Construção Civil a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final ambientalmente adequada, em consônancia com a política nacional de resíduos sólidos, no seu art. 9°, . hierarquia das ações no manejo de Resíduos Sólidos Politica Nacional de Resíduos Sólido - LEI 12.305/10 - Art. 9°. Não geração Reutilização Tratamento Redução Reciclagem Disposição Final dos Rejeitos Dentro da concepção de desenvolvimento sustentável estabelecida pela Agenda 21, reduzir e utilizar os RCC e subprodutos aparecem como tarefas fundamentais à sociedade atual. No caso do RCC, os maiores desafios são: 9 Estimular a mudança de cultura para que na fase de concepção do empreendimento sejam privilegiadas adoções de processos e sistemas que não gerem ou tenham uma baixa geração de resíduos. 15 9 Estimular a criação de negócios e empresas com foco na inserção de resíduos e seus subprodutos no processo produtivo. 9 Reduzir o volume de entulho gerado, evitando a utilização dos escassos locais para sua disposição. 9 Beneficiar a quantidade de entulho gerado, reutilizando-o no ciclo produtivo, diminuindo o consumo de energia e de outros insumos e de recursos naturais. 9 Garantir sua disposição em condições que atendam os preceitos ambientais. 9 Estimular a destinação social dos resíduos de construção. Estação de Reciclagem de Entulho – ERE/BR 040 – SLU /PBH. Foto: FOKRO Ambiental e Engenharia. ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO16 4 TERmOS E DEFINIÇÕES – RESÍDUO DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) Agregados reciclados: é o material granular proveniente do beneficiamento de RCC que apresentem características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia. Designado como classe A, que apresenta características técnicas adequadas para aplicação em obras de edificação ou infraestrutura conforme especificações da norma brasileira NBR 15116:2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT): área destinada ao recebimento de RCC e de resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. (nova redação dada pela ResoluçãoCONAMA n° 448/12). Devem ser licenciadas. Armazenamento temporário de resíduos: consiste na guarda temporária dos resíduos que foram coletados internamente nos pontos de geração/coletores/ condicionadores diários da obra no local denominado central de resíduos de modo visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e aperfeiçoar o translado para destinação final. Deve atender às condições básicas de segurança. Aterro de resíduos classe “A” de reservação de material para usos futuros: área tecnicamente adequada onde serão empregadas técnicas de manejo e de destinação de RCC classe “A” no solo, visando à reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro ou futura utilização da área. Utilizar princípios de engenharia para confinar os RCC com o menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente. Este aterro deve ser licenciado pelo órgão ambiental competente. (nova redação dada pela Resolução CONAMA n° 448/12). Aterro sanitário: local de disposição final de resíduos sólidos urbanos através da deposição no solo, em camadas confinadas e recobertas com material inerte, com tratamento dos efluentes líquidos e gasosos, atendendo normas técnicas específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde e à segurança, bem como minimizar os impactos ambientais. Bag: dispositivo (saco) utilizado no acondicionamento de papéis, plásticos, embalagens ou outros materiais leves recicláveis. 17 Beneficiamento: ato de submeter um resíduo a operações e/ou processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto. Bica corrida (reciclado): material resultante da britagem de resíduos classe A sem separação prévia dos tipos de materiais. Em sua constituição podem-se encontrar resíduos de concreto, cerâmica vermelha, pedra, argamassas e terra, com granulometrias diversas. Sua principal aplicação é para confecção de base e sub-base de vias e reaterro de valas de infraestrutura. Bombona: recipiente com capacidade para 50 litros, com diâmetro superior de aproximadamente 35 cm após o corte da parte superior. Deve-se exigir do fornecedor a lavagem e a limpeza do interior das bombonas, mesmo que sejam cortadas apenas na obra. Contaminação: mistura de resíduos de diferentes composições, segundo classificação constante na Resolução CONAMA Nº 307/02 e 448/12, durante os processos de: 9 Fabricação do material que origina o resíduo. 9 Utilização do material na obra. 9 Segregação/acondicionamento/armazenamento do resíduo. Contêiner/contenedor de resíduos: qualquer recipiente no qual os resíduos sólidos possam ser transportados, acondicionados ou armazenados. Coprocessamento: operação que utiliza resíduos para recuperação e/ou economia de energia e/ou substituição de matérias-primas. Disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de resíduos em locais apropriados, observando-se normas operacionais específicas e a classificação dos resíduos de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. Geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado que geram os resíduos sólidos por meio de suas atividades incluíndo o consumo. Construção civil, segundo classificação estabelecida pela Resolução CONAMA 307/02. Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável. (nova versão dada pela Resolução n° 448/12). Gerenciamento de resíduos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO18 resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. (nova redação dada pela Resolução 448/12). Incineração: A incineração dos resíduos é um processo físico-químico de oxidação a temperaturas elevadas que resulta na transformação de materiais com redução de volume dos resíduos, destruição de matéria orgânica, em especial de organismos patogênicos (ANVISA, 2006). Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCC: serão elaborados e implementados pelos grandes geradores e terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos. (nova redação dada pela Resolução 448/12). Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil: deverá conter as diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos pequenos geradores, em conformidade com os critérios técnicos do sistema de limpeza urbana local e para os Planos de Gerenciamento de Resíduos da construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores e pelos munícipios, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os geradores. O cadastramento de áreas públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área urbana municipal, possibilitará a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento. O estabelecimento de processos de licenciamento para áreas de beneficiamento e reservação de resíduos e de disposição final de rejeitos, a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas; o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo, a definição de critérios para cadastramento de transportadores, as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos e as ações educativas visam a reduzir a geração de resíduos e possibilitam a sua segregação. Rachão (reciclado): material com dimensão máxima característica inferior a 150 mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concretos e blocos de concreto da construção civil. O uso é recomendado em obras de pavimentação, drenagens, terraplenagem, etc.. Resíduos classe I - Perigosos: são os resíduos que, por sua próprias características, apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, conforme a NBR 10004:2004. Suas principais características são: 9 Periculosidade: característica de um resíduo cujas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas oferecem: • Risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices. 19 • Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. 9 Inflamabilidade: característica de um resíduo cuja amostra, segundo a ABNT NBR 10007:2004, apresente qualquer uma das propriedades abaixo: • Ser líquida e tiver ponto de fulgor inferior a 60ºC, conforme ABNT NBR 14598:2012. • Não ser líquida e ser capaz de produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou por alterações químicas espontâneas, sob condições de temperatura e pressão de 25ºC e 0,1 MPa. • Ser um oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio, estimulando a combustão e aumentando a intensidade do fogo em outro material. • Ser um gás comprimido inflamável, conforme a legislação federal sobre transporte de produtos perigosos (Portaria nº 204/1997 do Ministério dos Transportes). 9 Corrosividade: característica de um resíduo cuja amostra, segundo a ABNT NBR 10007:2004, apresente uma das propriedades abaixo: • Ser aquosa e apresentar pH ≤ 2 ou ≥ 12,5, ou sua mistura com água, naproporção de 1:1 em peso, produzir uma solução que apresente pH ≤ 2 ou ≥ 12,5. • Ser líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água, produzir um líquido e corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão maior que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura de 55ºC, de acordo com USEPA SW 846 ou equivalente. 9 Reatividade: característica de um resíduo cuja amostra, segundo a ABNT NBR 10007:2004, apresenta uma das seguintes propriedades: • Ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem detonar. • Reagir violentamente com a água. • Formar misturas potencialmente explosivas com a água. • Gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes para provocar danos à saúde pública ou ao meio ambiente, quando misturados com água. • Possuir em sua constituição os íons CN- ou S2- em concentrações que ultrapassem os limites de 250 mg de HCN liberável por quilograma de resíduo ou 500 mg de H2S liberável por quilograma de resíduo (USEPA-SW 846). ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO20 • Ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição detonante ou explosiva a 25ºC e 0,1 MPa. • Ser explosivo, definido como uma substância fabricada para produzir um resultado prático, através de explosão ou efeito pirotécnico, esteja ou não esta substância contida em dispositivo preparado para este fim. 9 Toxicidade: característica de um resíduo cuja amostra, segundo a ABNT NBR 10007:2004, apresente uma das propriedades abaixo: • Quando o extrato obtido da amostra contiver qualquer um dos contaminantes em concentrações superiores aos valores do anexo F da ABNT NBR 10004:2004. • Possuir uma ou mais substâncias constantes no anexo C da ABNT NBR 10004:2004. • Ser constituída por restos de embalagens contaminadas com substâncias constantes nos anexos D ou E da ABNT NBR 10007:2004. • Resultar de derramamentos ou de produtos fora de especificação ou do prazo de validade que contenham quaisquer substâncias constantes nos anexos D ou E da ABNT NBR 10007:2004. • Ser comprovadamente letal ao homem. 9 Patogenicidade: característica de um resíduo cuja amostra contenha ou possa conter microorganismos patogênicos, proteínas virais, ácido desoxiribonucléico (ADN) ou ácido ribonucléico (ARN) recombinantes, organismos geneticamente modificados, plasmídios, cloroplastos, mitocôndrias ou toxinas capazes de produzir doenças em homens, animais ou vegetais. Os resíduos de serviços de saúde deverão ser classificados conforme ABNT NBR 12808:1993. Resíduos classe II - Não perigosos: resíduos cujos códigos encontram-se no anexo H da ABNT NBR 10004:2004. Resíduos classe II A - Não inertes: aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I ou de resíduos classe II B. Os resíduos classe II A podem ter propriedades tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água (ver norma ABNT NBR 10006:2004). Resíduos classe II B - Inertes: quaisquer resíduos que, quando amostrados e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água. Prestador de serviço (Resíduos de Construção Civil): pessoa física ou jurídica de direito privado, devidamente licenciada, contratada pelo gerador de RCC para execução de qualquer etapa do processo de gerenciamento desses resíduos. 21 Reciclagem: processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação. Redução: ato de diminuir, em volume ou peso, tanto quanto possível, a quantidade de resíduos oriundos das atividades da construção civil. Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final adequada. Resíduos da Construção Civil (RCC): são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil e de infraestrutura, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica e outros, comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. Resíduos sólidos: materiais resultantes de processo de produção, transformação, utilização ou consumo, oriundos de atividades humanas, de animais, ou resultantes de fenômenos naturais, cuja destinação deverá ser sanitária e ambientalmente e sanitariamente adequada. Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo. Sacos de ráfia: recipientes de fibra vegetal ou plástico utilizados para revestir internamente as bombonas, ficando com uma pequena aba dobrada para fora, e assim se assegure que o material ficará dentro do saco. É recomendado o uso de sacos de ráfia de 90 cm de altura X 60 cm de largura para a bombona de 50l. Segregação: triagem dos RCC no local de origem ou em áreas licenciadas para esta atividade, segundo a classificação exigida por norma regulamentadora. Foto: FOKRO Ambiental e Engenharia. ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO22 5 DEmOLIÇÃO SELETIVA Definição Processo de desmonte de uma construção visando a máxima reutilização dos seus materiais e componentes construtivos evitando, assim, a geração de resíduos, característica do processo usual de demolição. Os produtos da demolição seletiva são materiais que podem ser usados ou recondicionados como bens de valor. A demolição seletiva, quando for o caso, deverá ser considerada como a primeira etapa da obra, atendendo, também, aos objetivos propostos pelos Planos de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil – PGRCC que incluem os resíduos da demolição, quais sejam: reduzir a geração de resíduos, reutilizar os materiais e componentes construtivos e, por último, destinar adequadamente os RCC visando à sua reciclagem, agregando valor econômico e garantindo a sua reintrodução na cadeia produtiva da construção. Nessa perspectiva, os resíduos de demolição devem se tornar os mais importantes na matriz de geração de resíduos com maior valor agregado. Benefícios As receitas geradas na comercialização dos materiais oriundos da demolição seletiva podem diminuir os custos do processo de demolição, devido a: 9 Redução dos custos de disposição dos resíduos pela possibilidade de maior reutilização, assim como dos componentes construtivos. 9 Geração de receitas diretas com a venda desses materiais ou indireta por meio de doações de destinação social. 9 Redução das emissões de poeira e gases efeito estufa pelo não uso de equipamentos pesados de demolição e pela diminuição dos volumes de resíduos a serem transportados para sua disposição final. 9 Redução da extração de matérias-primas e dos impactos causados por seu beneficiamento e transporte. 9 Redução do consumo de energia, e àgua e de outros insumos quando da extração de recursos naturais e de seu transporte. Em princípio, todas as construções apresentam potencial para serem objeto de demolição seletiva ou desconstrução, principalmente aquelas que apresentarem estruturas de madeira, metálica, elementos pré-moldados, acabamentos com materiais nobres, vidros temperados, elementos metálicos, peças arquiteturais, dentre 23 outros. Um bom exemplo de como esse processo pode agregar valor aos resíduos é o uso de madeira de demolição em decorações, considerado um material nobre nessa finalidade. O Quadro 1 apresenta um resumo das vantagens e desvantagens de se adotar o processo de demolição seletiva em substituiçãoà demolição comum. a demolição seletiva QUADRO 1 - Vantagens e desvantagens para VANTAGENS 9 Redução de gestão de materiais e resíduos. 9 Redução de disposição final de RCC/RCD. 9 Uso como marketing agregando valor ao empreendimento e imagem da empresa. 9 Ganhos econômicos com a reutilização do material. 9 Geração de emprego e renda. 9 Preservação de recursos naturais. 9 Aumento da vida útil dos locais de destinação e disposição final. 9 Remoção de estruturas obsoletas. DESVANTAGENS 9 Riscos de segurança do trabalhador. 9 Maior tempo na fase de desmonte. 9 Falta de incentivos fiscais. 9 Falta mão de obra especializada. 9 Necessidade de área de triagem e recuperação. 9 Aumento de custos na comparação direta com a demolição tradicional. 9 Falta de normas para reutilização de materiais. 9 Falta de canais de distribuição do material recuperado. 9 Falta de previsão de desconstrução na fase de concepção e projeto. 9 Pouca valorização pelo mercado. ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO24 6 LEVANTAmENTO DE RESÍDUOS gERADOS POR SISTEmA CONSTRUTIVO 6.1 IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO A quantidade dos resíduos gerados em uma obra dependerão de sua tipologia (reforma, demolição ou obra nova), características construtivas (número de pavimentos, tipo de uso, tipo de fundação e estrutura, fechamentos/vedações, acabamentos e instalações) e do nível de gerenciamento RCC existente, como por exemplo número estimado de trabalhadores, dentre outras. É importante conhecer previamente todos os tipos de resíduos que serão gerados na obra, incluindo a fonte geradora, tipos de resíduos gerados por fonte geradora, quantidades de resíduos gerados, criar monitoramento das quantidades de resíduos gerados. Assim, será possível definir e implantar planos de redução da geração de resíduos, ainda na fase de concepção. Os resíduos variam de quantidade e tipo, de acordo com a fase da obra, como demonstra o Quadro 2 abaixo: em função das etapas da obra QUADRO 2 – Variação do volume e do tipo de resíduo Resíduos produzidos durante a obra Estapas da obra Se rv iç os g er ai s ad m in is tr aç ão In st al aç ão d o ca nt ei ro d e ob ra Fu nd aç ão Es tr ut ur a Fe ch am en to de a lv en ar ia s In st al aç õe s pr ed ia is R ev es tim en to RESÍDUOS CASSE A (CONAMA) Entulho de alvenaria Entulho de concreto Pedras decorativas Resto de argamassa Solo escavado Telhas Pequena Geração Média Geração Grande Geração 25 Resíduos produzidos durante a obra Estapas da obra Se rv iç os g er ai s ad m in is tr aç ão In st al aç ão d o ca nt ei ro d e ob ra Fu nd aç ão Es tr ut ur a Fe ch am en to de a lv en ar ia s In st al aç õe s pr ed ia is R ev es tim en to RESÍDUOS CASSE B (CONAMA) Alumínio (marmitex) Aço Alumínio (esquadrias) Ferro Ferro (grades) Fio de cobre com PVC Gesso Latas Madeira Madeira (fôrma) Papel (argamassa) Papel (embalagens) Papel (documentos) Papelão (embalagens) Perfis metálicos Plástico (embalagens) Plástico PVC (instalações) Tubo de ferro galvanizado Vidro Pequena Geração Média Geração Grande Geração ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO26 Fonte: Adaptado do Programa Entulho Limpo – Primeira etapa – Coleta Seletiva Sinduscon-DF/EcoAtitude/UNB. Resíduos produzidos durante a obra Estapas da obra Se rv iç os g er ai s ad m in is tr aç ão In st al aç ão d o ca nt ei ro d e ob ra Fu nd aç ão Es tr ut ur a Fe ch am en to de a lv en ar ia s In st al aç õe s pr ed ia is R ev es tim en to RESÍDUOS CASSE C (CONAMA) Isopor Lixas Manta asfáltica Massa de vidro Papel - sacaria de cimento e argamassa Tubo de poliuretano RESÍDUOS CASSE D (CONAMA) EPI Latas e sobras de aditivos/ desmoldantes Tintas e sobras de material de pintura Pequena Geração Média Geração Grande Geração 27 7 gESTÃO DE RESÍDUOS 7.1 PRODUÇÃO mAIS LImPA A Produção Mais Limpa é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental de prevenção da poluição na empresa, focando os produtos e processos, para otimizar o emprego de matérias-primas, de modo a não gerar ou a minimizar a geração de resíduos, reduzindo os riscos ambientais para os seres vivos e trazendo benefícios econômicos para a empresa. Essa metodologia deve ser aplicada por meio da realização de balanços de massa e de energia, para avaliar processos e produtos. Com isso, identificam-se oportunidades de melhoria que levam em conta aspectos técnicos, ambientais e econômicos e são definidos e implantados indicadores para monitoramento, com a finalidade de trazer benefícios ambientais e econômicos para as empresas, graças à redução dos impactos ambientais e do aumento da eficiência do processo. Produção mais limpa Minimização dos resíduos e emissões Reutilização dos resíduos e emissões Nível 1 Redução na fonte Housekeeping Modificação no processo Reciclagem externa Estruturas Modificação da tecnologia Nível 2 Reciclagem interna Substituição de matéria-prima Modificação no produto Ciclos biogênicos Materiais Nível 3 Fonte: Centro Nacional de Tecnologias Limpas SENAI. ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO28 Vantagens da “Produção Mais Limpa”: 9 Redução dos custos de produção e aumento da eficiência e competitividade. 9 Redução das infrações aos padrões ambientais, previstos na legislação. 9 Diminuição dos riscos de acidentes ambientais. 9 Melhoria das condições de saúde e de segurança do trabalhador. 9 Melhoria da imagem da empresa junto a consumidores, fornecedores e poder público. 9 Ampliação das perspectivas de mercado interno e externo. 9 Acesso facilitado a linhas de financiamento. 9 Melhor relacionamento com os órgãos ambientais, com a mídia e com a comunidade. Para mais detalhes da metodologia da Produção Mais Limpa, consulte a Publicação de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil, desenvolvida pela Comissão de Meio Ambiente do Sinduscon-MG e Parceiros, disponível no site www.sinduscon-mg.org.br. 7.2 REUTILIZAÇÃO E RECICLAgEm DOS RESÍDUOS A seguir são apresentados os procedimentos básicos para o gerenciamento dos resíduos com geração mais significativa na obra, estando subdivididos segundo as classes definidas na Resolução CONAMA Nº 307/02 e 448/12 e obervando o disposto nas leis federal 12.305/10 e municipal (BH) 10.532/12. 7.2.1 SEgREgAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) A forma de tratamento dos RCC mais difundida é a segregação na geração, seguida de trituração e reutilização na própria indústria da construção civil. 7.2.2 TRATAmENTO DE RESÍDUOS SóLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL O entulho reciclado pode ser usado como base e sub-base de rodovias, preenchimento de valas de obras de drenagem, ou como agregado e em peças pré- moldadas, em ambos os casos sem função estrutural. No Brasil, já existem em operação várias unidades de beneficiamento de resíduos de construção, implantadas a partir de 1991, sendo a experiência mais significativa a da Prefeitura de Belo Horizonte, que dispõe de duas usinas de reciclagem de entulho. A reciclagem dos RCC apresenta as seguintes vantagens: 9 Redução de volume de extração de matérias-primas.9 Redução do consumo e conservação de matérias-primas não renováveis. 9 Minimização dos problemas ambientais gerados pela deposição indiscriminada de resíduos de construção em zonas urbana e rurais (estradas, encostas, etc.). 9 Inserção no mercado de materiais de construção já utilizados. 9 Criação de novos postos de trabalho para mão de obra com baixa qualificação. 9 Geração de emprego e renda. Para os resíduos gerados pelo setor, durante as diversas etapas da construção, devem ser aprimoradas formas de minimização da geração, e quando possível a introdução dos resíduos no próprio processo ou unidade de serviço onde foram gerados. Fluxos dos RCCs nas Cidades Fonte: Folheto Reutilização e Reciclagem Sinduscon-SP/Governo do Estado de São Paulo. Cooperativas, Sucateiros e Comerciantes de Embalagens Recicladoras (plásticos, papéis, metais e vidros) Indústria Área de Reciclagem de RCC Aterro de Resíduos Classe A Aterro Sanitário Canteiro Grande Gerador Canteiro Pequeno Gerador PEV ATT ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO30 Civil - RCC Segregado - Resolução n° 307/2002, 348/2004 e 448/2012 (e suas alterações). Quadro 3: Classe em que deve ser enquadrado o Resíduos de Construção Fonte: Coletânea Habitare - Vol. 4 - Utilização de Resíduos na Construção Habitacional / Site CONAMA. Classe Resíduos/Composição Destinação A Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como os de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; de reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; e de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré- moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.). Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados a aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros. B Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como para outras destinações, tais como: plásticos, papel/ papelão, metais, vidros, madeiras, gesso e outros. Deverão ser preferencialmente segregados na obra e encaminhados posteriormente para área de armazenamento ou central de resíduos temporário, de modo a permitir a sua reutilização ou reciclagem futura. C Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. Deverão ser acondionados e armazenados de forma adequada para posterior, transporte e destinação final em conformidade com as normas técnicas e legislações ambientais específicas. D Resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológivas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. Deverão ser acondionados e armazenados de forma e em local adequado para posterior coleta, transporte e destinação ambiental adequada em conformidade com as normas técnicas e legislações ambientais específicas. ABNT NBR 10004:2004 Fonte: Norma ABNT NBR 10.004:2004. Classe Classificação Descrição I Perigosos Aqueles que apresentam periculosidade, ou inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, ou constem nos anexos A ou B da ABNT NBR 10004:2004. II Não perigosos São aqueles que não se enquadram na classe anterior, e que podem ser combustíveis, biodegradáveis ou solúveis em água. Aqueles resíduos cujos códigos encontram-se no anexo H da ABNT NBR 10004:2004. II A Não inertes Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I – Perigosos ou resíduos classe II B – Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A – Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou soludibilidade em água. II B Inertes Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007:2004, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006:2004, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos patrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Quadro 4: Classificação dos resíduos segundo a norma 31 7.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS São apresentadas a seguir as classes e os procedimentos básicos para a gestão dos resíduos com geração mais significativa na obra, estando subdivididos segundo as classes definidas na Resolução CONAMA nº 307/02 e 448/12. Cabe ressaltar que deverão ser consultados os padrões dispostos na ABNT NBR 10004:2004 quanto à classificação dos resíduos. 7.3.1 RESÍDUOS CLASSE A Os resíduos classe A são gerados principalmente na fase de execução de fundação, estruturas, vedações e acabamento. Essa geração em grande parte é devida a ineficiências na concepção, projeto, no planejamento e execução destas etapas. Na tentativa de minimizar a distância entre concepção, projeto e execução, foram desenvolvidos métodos de compatibilização de projetos, coordenção modular e racionalização construtiva. (ver publicações do programa Qualimat - Sinduscon-MG). Na alvenaria estrutural e de vedação, a simples utilização do conceito de modulação ou paginação pode reduzir significativamente o desperdício, assim como a geração de resíduos, levando-se em conta o uso de componentes como meios blocos produzidos industrialmente e controle da espessura da argamassa de assentamento. Portanto, com o objetivo de minimizar a geração dos resíduos classe A, é necessário planejar cuidadosamente a execução da estrutura, da alvenaria e vedação, desde a fase dos projetos de arquitetura, estrutura(s) e instalações prediais, até o projeto executivo da alvenaria. Os resíduos classe A podem ser transformados em matéria-prima secundária, na forma de agregados reciclados, que se corretamente processados (beneficiamento + transformação), podem ser aplicados como diferentes insumos em obras civis, tais como: 9 pavimentação de estacionamentos e vias. 9 base e sub-base de pavimentação. 9 recuperação de áreas degradadas. 9 obras de drenagem e de contenção. 9 agregado para produção de componentes pré-fabricados. O agregado reciclado não pode ser utilizado na produção de concreto ou de artefatos de concreto com fins estruturais. ABNT NBR 15116:2004. ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO32 A - Produtos de cerâmica vermelha e produtos à base de cimento Portland I. Características Segundo a resolução CONAMA n° 307/02, os resíduos de materiais cerâmicos e de concreto são classificados como classe A, ou seja, podem ser reutilizados ou reciclados como agregados. II. Segregação/coleta seletiva Cuidados preliminares No recebimento dos materiais nos canteiros de obra devem ser observados os seguintes cuidados, visando à minimização da geração desses resíduos: 9 Seguir as recomendações do fabricante, dispostas nas embalagens, folders ou catálogos. 9 Descarregar os materiais com cuidado, para evitar quebras. 9 Utilizar equipamentos próprios para o transporte. 9 Utilizar carrinho paleteiro ou grua no caso de paletização. 9 Prever a utilização de peças modulares, conforme paginação. 9 Armazenar e utilizar os materiais com cuidado, para não danificar peças desnecessariamente. Foto: SLU/PBH. Segregação Os RCC para serem recebidos nas Estações de Reciclagem de Entulho – ERE da SLU não podem conter mais de 10%de outros materiais (papel, plástico, metal etc.) misturados à mesma. Essa exigência torna a segregação dos resíduos da construção civil no canteiro de obras um passo extremamente importante dentro do processo de gestão dos resíduos. A segregação deve ser feita de modo a evitar as contaminações. 33 A segregação deverá ocorrer imediatamente após a geração do resíduo. Para isso, podem ser feitas pilhas próximas aos locais de geração. III. Reutilização e reciclagem dos RCC Algumas medidas devem ser tomadas para propiciar a reutilização dos resíduos: 9 Estimular projetistas, engenheiros, encarregados, operários e demais envolvidos que se capacitem para a gestão de RCC. 9 Delimitar uma área ou dispor de recipientes onde possam ser depositados os resíduos e os recortes das peças e propiciar seu aproveitamento futuro. 9 Utilizar os recortes para solucionar detalhes construtivos que necessitem de peças de menores dimensões. IV. Acondicionamento/armazenamento O acondicionamento inicial pode ser feito em pilhas formadas próximas aos locais de geração, nos respectivos pavimentos, sendo observados os procedimentos de segregação. O armazenamento final pode ser feito em caçambas estacionárias devidamente identificadas e exclusivas para cada tipo de resíduo (resíduos à base de concreto e argamassa e resíduos à base de produtos cerâmicos). V. Transporte (interno e externo à obra) Transporte interno Utilizar carrinhos ou giricas para deslocamento horizontal e condutor de entulho, elevador de carga ou grua para transporte vertical. O transporte interno dos resíduos deve ser realizado diretamente para caçambas e ou containers temporários localizados em pontos estratégicos da obra, evitando o uso de pontos intermediários de armazenamento. Transporte externo O transporte externo deve ser feito por transportador licenciado para essa atividade junto ao poder público municipal e respeitar, pelo menos os requisitos legais apropriados: adequação do veículo ao transporte; manutenção e conservação do veículo e capacitação dos condutores para o transporte de resíduos especiais. O veículo deve ser mantido em condições adequadas, o que inclui controle emissão de fumaça dentro dos limites especificado pela Resolução IBAMA 85/96 e Portaria MINTER 100/80, não ter vazamento de quaisquer fluidos, incluindo aqueles que possam escoar do resíduo e operacionalidade dos sistemas de controle e segurança do veículo, incluindo transmissão, câmbio, direção, freios, iluminação e sinalização. Deverá ser feito por caminhão com equipamento poliguindaste ou caminhão com caçamba basculante, que trafegue sem exesso de carga, com altura limitada à ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO34 borda da caçamba do veículo e ser dotado de cobertura ou sistemas de proteção que impeçam o derramamento dos RCC nas vias ou logradouros públicos. No município de Belo Horizonte, para volumes iguais ou inferiores a 1 m³ por descarga, por origem, por dia, poderão ser transportados por pequenos transportadores, incluindo carroças licenciadas. Os pequenos transportadores, incluindo os carroceiros que participam do Programa de Reciclagem de Entulho da SLU devem destinar o material coletado para as Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes – URPV. Os caminhões e a carroças transportando RCCV deverão estar devidamente cadastrados nos órgãos competentes da Prefeitura e portar, obrigatoriamente, o Controle de Transporte de Resíduos – CTR para prestarem este serviço. VI. Destinação No município de Belo Horizonte, os resíduos de blocos cerâmicos e de concreto gerados podem ser destinados às Estações de Reciclagem de Entulho da PBH/SLU. Atualmente existem duas unidades em funcionamento. O recebimento dos resíduos nestas Estações é gratuito, desde que observadas as seguintes exigências: 9 Estar segregado (resíduos classe A) com teor máximo de 10% de outros resíduos (plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros materiais recicláveis). 9 Ausência de terra, matéria orgânica, gesso e amianto. 9 Em caso de grandes volumes, deve ser feita programação junto a SLU. 9 Vide endereços das Estações no Quadro 5. Os resíduos que tenham condições de reutilização, como os blocos e outros devidamente segregados, poderão ser aproveitados em outras obras. Quadro 5: Locais autorizados pela PBh para destinação de resíduos Unidades de Reciclagem de Entulho Endereço Telefone Estação da Pampulha Rua Policarpo Magalhães Viotti, 450 Pampulha (31) 3277-7912 Estação da CTRS-040 BR-040, km 531, Jardim Filadélfia (31) 3277-9299 35 Foto: Execução de sub-base de via em obras da SUDECAP/BH - CEMP/SLU. VII. Produtos da reciclagem Listam-se a seguir os materiais produzidos pelas Estações de Reciclagem da SLU, com suas características e principais usos: de reciclagem da SLU/PBh Quadro 6: materiais produzidos pelas estações Fonte: SLU/PBH. Produto Características Uso recomendado Usina Areia Reciclada Material com dimensão máxima de 4,8 mm Fabricação de artefatos de concreto sem fins estruturais, tais como blocos de vedação, pisos intertravados, guias (meio- fio); com o devido acompanhamento tecnológico Usina BR 040 Brita 0 Material com dimensões entre 4,8 mm e 9,5 mm Usina BR 040 Brita 1 Material com dimensões entre 9,5 mm e 19 mm Usina BR 040 Rachão Material com dimensões acima de 19 mm Usina BR 040 Bica corrida Material com dimensões e composição variadas Base e sub-base de pavimentação de vias. Preenchimento de valas, regularização de vias não pavimentadas etc. Usina BR 040, B. Pampulha Os produtos gerados através do processo de reciclagem de RCC, especificados na tabela anterior, são comercializados nas próprias usinas. Para obtenção destes produtos (agregados) basta dirigir-se a uma das Estações de Reciclagem de Entulho, preencher a Guia de Arrecadação Municipal, pagar o valor em uma agência credenciada, ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO36 apresentar o recibo do pagamento e retirar o produto, cujo preço é estabelecido através de Preço Público, publicado no Diário Oficial do Município. Foto: Execução de sub-base de via em obras da SUDECAP/BH - CEMP/SLU. 7.3.2 RESÍDUOS CLASSE B Segundo a RESOLUÇÃO CONAMA Nº 307/02 e 448/12, os resíduos classe B são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plástico, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso. Apresentam-se a seguir os procedimentos para gestão dos resíduos recicláveis com geração mais significativa na obra. Fotos: FOKRO Ambiental e Engenharia. A – GESSO I. Características Os resíduos de gesso são classificados pela Resolução nº 431/11 como classe B, ou seja, ao contrario do que se imaginava até há bem pouco tempo e do que constava na Resolução CONAMA nº 307/02 não são rejeitos, mas materiais que podem ser reinseridos no processo produtivo de diferentes formas. 37 Em ordem de importância, pelo volume de resíduos gerados nas obras, estão relacionados os seguintes materiais produzidos à base de gesso: 9 gesso para revestimento. 9 placas e ornamentos de gesso fundido. 9 chapas para drywall. 9 massas para tratamento de juntas de sistemas drywall. Fonte: Resíduos de Gesso na Construção Civil – Coleta, armazenagem e reciclagem – Associação Brasileira do Drywall. II. Segregação/coleta seletiva Cuidados preliminares Algumas medidas relativas ao armazenamento e ao manuseio do gesso podem ser tomadas para minimizar a geração do resíduo, além dos sacos serem estocados em local seco, sobre paletes de madeira: 9 No caso da chapa de gesso drywall, a perda ocorrida deve-se ao corte, que pode ser reduzido modulando-se dimensionalmente a obraem projeto, de forma compatível com as dimensões das placas, atraves da definição clara do pé direito (altura da parede) e/ou da modulação do forro. O produto tem esta característica econômica por tratar-se de um sistema construtivo. 9 O gesso para revestimento deve ser preparado de acordo com a necessidade de utilização, levando em consideração a área a ser trabalhada e a capacidade de aplicação em função do tempo disponível. Grande parte da perda do gesso de revestimento é devido ao rápido endurecimento do gesso associado à aplicação manual não qualificada. Esta perda pode ser reduzida com o treinamento da mão de obra, uso de produtos de qualidade, que além de gerar menos resíduos apresentam o tempo final de uso com menor velocidade de endurecimento. ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO38 9 Na confecção das placas de gesso, sancas e/ou molduras, o produto deve ser preparado de acordo com a necessidade de utilização, levando em consideração o tipo de forma/molde a ser trabalhado em função do tempo disponível. Segregação A presença de gesso em agregados reciclados pode causar problemas de tempo de endurecimento e expansibilidade dos produtos à base de cimento. Portanto, os resíduos classe A (CONAMA 307/02) não devem ser contaminados por esse resíduo (conforme item 7.3.1 - Blocos cerâmicos e de concreto). Tal fato torna imprescindível a segregação adequada do gesso. O quadro a seguir mostra alguns procedimentos para a segregação dos resíduos de gesso: Quadro 7: Segregação dos resíduos de gesso Fonte: Associação Brasileira do Drywall. Origem do resíduo Segregação Chapas de gesso (Drywall) Delimitar uma área exclusiva para deposição dos resíduos em locais cobertos. Deve evitar qualquer tipo de contaminação do resíduo de gesso placa, principalmente por metais. Gesso para revestimento O gesso não aproveitado não deve ser depositado nas mesmas pilhas dos resíduos classe B. Deve haver um local específico para o acondicionamento segregado e armazenamento deste resíduo em locais cobertos. Deve-se evitar qualquer tipo de contaminação, principalmente por metais. Placas pré- moldadas de gesso Delimitar uma área exclusiva para deposição dos resíduos de gesso em locais cobertos. Deve evitar qualquer tipo de contaminação, principalmente por metais. Adaptado de: Resíduos de Gesso na Construção Civil – Coleta, armazenagem e reciclagem – Associação Brasileira do Drywall. 39 III. Reutilização e reciclagem dos resíduos No momento de aplicação do gesso de revestimento, deve-se ter atenção com o volume de massa de gesso a ser produzido para minimizar as perdas. Utilizando o produto adequado, as perdas tendem a se reduzir. Ocorrendo queda da massa de gesso no piso, esta não deve ser reaplicada na parede, pela possibilidade de estar contaminada, mesmo que o piso esteja protegido, podendo prejudicar a qualidade do revestimento que será realizado. Neste caso, o resíduo gerado pode ser utilizado para o preenchimento da alvenaria a ser revestida ou destinada ao coprocessamento em indústrias de cimento. O resíduo de gesso encontra-se em processo de estudo a fim de se avaliar a viabilidade de retorná-lo ao processo produtivo, por meio da reutilização na fabricação de cimento e/ou correção do solo. IV. Acondicionamento/armazenamento Acondicionamento inicial (no momento da geração) Em pilhas formadas próximas aos locais de geração dos resíduos, em locais secos preferenciamente onde já tenha sido concretado o piso, em locais com cobertura, onde não haja contato com a água, se possivel nos respectivos pavimentos. Armazenamento final Em caçambas estacionárias com tampa ou em local coberto, evitando a contaminação dos resíduos de alvenaria, concreto e outros. V. Transporte (interno e externo à obra) Transporte interno Podem ser usados carrinhos ou giricas para deslocamento horizontal e guinchos, elevador de carga ou grua para transporte vertical. O transporte interno dos resíduos deve ser realizado diretamente para central de resíduos e/ou depósito temporário da obra, localizados em pontos estratégicos, evitando o uso de pontos intermediários de armazenamento. Transporte externo Pode ser feito por caminhão com equipamento poliguindaste ou caminhão com caçamba basculante, e deverá ser sempre coberto com lona. É importante enfatizar que os geradores de resíduos são os responsáveis pela destinação final adequada e devem ser criteriosos na escolha da empresa que irá prestar os serviços de coleta e transporte dos resíduos, os geradores devem ainda averigurar e manter o registro da correta destinação. ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - 3ª EDIÇÃO40 VI. Destinação A seguir, apresentam-se algumas empresas que recebem este resíduo na Região Metropolitana de Belo Horizonte: Quadro 8: Empresas receptoras de gesso Empresa (telefone/cidade) Serviços prestados Resíduos que recebe Condições para recebimento do resíduo Destinação dada ao resíduo Custos CTR VIA EXPRESSA- EIRELI (31) 8522-2735 Contagem/MG Coleta de resíduos não perigosos, transporte rodoviário, comércio de resíduos de Gesso Gesso Sem restrição Reciclagem Á combinar Gramadus (31) 3396-1511 Contagem/MG www.gramadus.com. br Locação de equipamentos, coleta, transporte, triagem na ATT e destinação final Gesso Contratação do serviço de coleta, Material não contaminado Reaproveita- mento gesso limpo ou aterro Indus- trial Classe II Deverá ser negociado entre as partes Holcim Brasil (31) 3660-9211 Pedro Leopoldo/MG www.holcim.com.br Coprocessamento Gesso Caminhão Basculante Holcim Á combinar Inca (31) 3711-1470 Prudente de Morais/ MG www.incaincinerador. com.br Coleta, transporte e tratamento térmico de resíduos Gesso Os resíduos deverão estar acondicionados em containers, bombonas, tambores, caixas, big bag's, fardos, sacos leitosos, seguindo o proposto na NBR 10.0004:2004 Tratamento térmico (incineração) Deverá ser negociado entre as partes Lafaete Locação (31) 3373-8989 Belo Horizonte/MG www.lafaete.com.br Coleta e disposição final Gesso Independente Reciclagem Deverá ser negociado entre as partes Resicom Resíduos Industriais (31) 3362-6760 Contagem/MG www.resicom.com.br Triagem, transbordo e destinação/ disposição (gerenciamento de resíduos) Gesso Sem restrições Disposição final (aterro sanitário industrial Classe I) Cobra para receber o resíduo A tabela acima tem caráter meramente informativo. Sendo assim, o licenciamento ambiental das empresas, emitido pelos órgãos competentes, deverá ser verificado no ato da contratação dos serviços e/ou encaminhamento de materiais. 41 B – MADEIRA I. Características Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas em usos temporários, como: tapumes, fôrmas para concreto, bandejas de proteção, andaimes e escoramentos, dentre vários outros. De forma definitiva, é utilizada nas estruturas de cobertura, nas esquadrias (portas e janelas), nos forros e pisos. Os resíduos de madeira podem apresentar dois tipos básicos de contaminação: por metais (pregos, arame e outros) ou por argamassa/concreto/produtos químicos. O tipo de contaminação e características é o que determina a destinação deste resíduo. Madeiras resinadas ou tratadas pelo autoclave, podem ser coprocessadas por algumas cimenteiras, desde que se respeite a legislação pertinente. II. Segregação/coleta seletiva Cuidados preliminares Na fase de execução das fôrmas e na aquisição da madeira devem ser observados os seguintes cuidados, visando a minimizar a geração de resíduos:
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