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Direito de concessão de uso

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DIREITO DE CONCESSÃO DE USO 
Novo direito real foi instituído na Lei n. 271, de 28.02.1967. Denomina-se concessão de uso, tendo por objeto terrenos 
pu ́blicos ou particulares e o espaço aéreo sobre a superfície de terrenos da mesma natureza. O direito de concessa ̃o de uso, 
instituído em 1967, é considerado direito real, mesmo com a vigência da Lei n. 10.406, de 2002, que traz a relação dos tipos reais 
de modo a admitir os tipos especiais instituídos em outras leis. Com efeito, a tipicidade e o numerus clausus não se confundem 
com reserva de Código, bastando, para atendimento da qualificação como direitos reais, a previsão legal nesse sentido, seja no 
Código Civil, seja em lei especial. 
O direito de concessão de uso é temporário, podendo ser constituído por tempo determinado ou indeterminado. Ao 
declará-lo direito resolúvel, quis o legislador significar que o concedente pode, a qualquer tempo, cassar a concessão se o uso for 
desviado de sua finalidade específica. 
Constitui-se para fins específicos taxativamente enunciados na lei: urbanizaça ̃o, industrializaça ̃o, edificaça ̃o, cultivo da 
terra, ou outra utilizaça ̃o de interesse social. O uso do bem pode ser gratuito ou remunerado. 
Não está sujeito, para valer, à forma solene. Tanto pode ser constituído por escritura pública como por escrito particular e 
ate ́ por simples termo administrativo na concessão de terrenos públicos. E ́ indispensável, porém, o registro de título constitutivo, 
no livro geral dos registros públicos. Faz-se, portanto, no registro imobiliário. 
A concessão de uso é finalmente direito real transmissível por ato inter vivos ou por sucessão hereditária, registrando-se 
a transferência, nos dois casos. 
Esse singular direito real assemelha-se ao usufruto. Se bem que seja concessão de uso, o concessionário tem direito a 
fruir plenamente o terreno para os fins de concessão. Se a fruiça ̃o é gratuita, o uso concedido de um terreno não se distingue, 
salvo pela resolubilidade, de usufruto. Aproxima-se, outrossim, do direito real de superfície. 
A vantagem da concessão de uso é ter permitido ao particular receber determinada prestaça ̃o pecuniária em troca da 
concessão de uso de terreno próprio, ou foreiro. Prevê o art. 189 da Constituiça ̃o de 1988 que os beneficiários da reforma agrária 
poderão receber a terra por concessão de uso, a ser conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do 
estado civil. 
 
Constituic ̧ão dos direitos reais 
Os direitos reais adquirem-se por efeito de fatos jurídicos lato sensu, que lhes servem de causa, como característicos de 
sua finalidade econômica. Esses fatos são denominados, na doutrina alemã, relaça ̃o causal ou básica. Na aquisiça ̃o da 
propriedade pela compra e venda, este contrato é a relaça ̃o jurídica básica ou a causa do direito de propriedade adquirido sobre a 
coisa vendida. Na aquisiça ̃o do usufruto por testamento, este negócio jurídico é a relac ̧ão causal daquele direito real limitado. 
Assim, a constituiça ̃o de um direito real vincula-se ao fato jurídico que informa sua destinaça ̃o econômica. 
A eficácia do direito real depende da existência e validade de sua causa. Se esta é nula, a aquisiça ̃o do direito real não 
vale. Quem adquire por efeito de contrato de compra e venda inválido não se torna legítimo proprietário. Numa palavra, o modo de 
aquisiça ̃o é condicionado à validade do título que lhe serve de base. 
Assim, se a invalidade do contrato de compra e venda a ser declarada quando a propriedade da coisa vendida já foi 
transmitida ao comprador, a aquisiça ̃o e ́ válida, em princípio; o direito real se constitui a despeito da nulidade de sua causa; em 
suma, o vício do título não determina a invalidade do modo de aquisição. Abstrai-se, numa palavra, o fato jurídico causal. 
O princípio da abstraça ̃o da causa demanda um sistema de publicidade para a constituiça ̃o dos direitos reais organizado 
em moldes especiais. 
Teoricamente conduz a conversão do modo de aquisiça ̃o em negócio jurídico abstrato, igualmente dependente, como em 
relaça ̃o ao título, de um acordo de vontades. Na aquisiça ̃o da propriedade de um bem por efeito do contrato de compra e venda, 
haverá, desse modo, dois negócios jurídicos: o contrato e o acordo para a transmissa ̃o da coisa vendida de que resulta a 
aquisiça ̃o da propriedade pelo comprador. 
 
Formac ̧ão dos direitos reais limitados 
O direito real tem duas manifestaço ̃es, uma necessária, e a outra possível; ou o exercemos sobre nossas próprias coisas 
– jus in re propria, ou sobre coisas de outros – jus in re aliena. 
Jus in re propria é a propriedade com todos os seus direitos elementares. Jus in re aliena, o direito real que tem 
por objeto a propriedade limitada. Assim, de acordo com esse ensinamento, a propriedade é a soma de todos os direitos 
possíveis que pertencem ao proprietário sobre a sua coisa, quais os da posse, uso, gozo e livre disposiça ̃o; os outros direitos reais 
são parcelas daquela soma, sa ̃o os próprios direitos constitutivos do domínio, são poderes que sobre a coisa se atribuem a outras 
pessoas. 
Os direitos reais na coisa alheia seriam o resultado da decomposiça ̃o dos diversos poderes jurídicos contidos no direito 
de propriedade. O proprietário desmembraria um desses poderes e o atribuiria a outra pessoa. Os direitos elementares do domínio 
ou poderes jurídicos do proprieta ́rio são os direitos de usar, gozar e dispor da coisa. Destacando algum ou mais de um desses 
direitos elementares, o proprieta ́rio constitui um direito real limitado. Se desmembra o direito de usar, constitui o direito real de uso; 
se destaca o direito de usar e gozar, constitui o direito real de usufruto, e assim por diante. O desenvolvimento contemporâneo da 
matéria já alcançou patamares diversos, embora o terreno não seja isento de debate. 
As titularidades de direitos reais sobre coisa alheia, como as sobre coisa própria, deixam de ser compreendidas como 
direitos reais, passando à condiça ̃o de regimes intersubjetivos, daí pessoais, perdendo seu caráter absoluto, em prol da realização 
da função social da propriedade. 
O desdobramento tanto se pode dar temporária como perpetuamente, mas a última hipótese só se verifica no direito real 
de enfiteuse ou aforamento, que, entre- tanto, já pode ser resgatado pelo foreiro. Exclui o art. 1.225 do novo Código Civil, coerente 
com o projeto da codificaça ̃o, a enfiteuse do rol dos direitos reais antes previsto no art. 674 do Código de 1916. 
Deste modo, o art. 49 do Ato das Disposiço ̃es Constitucionais Transitórias, encartado na Constituiça ̃o da República de 
1988, assentou que o instituto da enfiteuse sobre imóveis urbanos obedece ao regramento infraconstitucional, e que a enfiteuse 
continuará sendo aplicada aos terrenos de marinha e seus acrescidos, situados na faixa de segurança, a partir da orla marítima. 
Facultou aos foreiros a remissão dos aforamentos mediante aquisiça ̃o do domínio direto. O CCB de 1916 continuará a ser aplicado 
sobre as enfiteuses existentes. 
 
Enfiteuse: direito real em contrato perpétuo, alienável e transmissível para os herdeiros, pelo qual o proprietário atribui a outrem o 
domínio útil de imóvel, contra o pagamento de uma pensão anual certa e invariável; aforamento. 
 
Esta concepção do modo de formaça ̃o dos jura in re aliena se enraíza no equívoco, ainda hoje difundido, de se considerar 
a propriedade uma soma de faculdades, direitos ou poderes. A limitaça ̃o varia em extensão e intensidade, permitindo, em 
consequência, a formação de diversos direitos reais na coisa de outrem. Pode chegar ao ponto de privar o proprieta ́rio do gozo de 
todas as utilidades econômicas da coisa, comose verifica na enfiteuse, em que o direito do proprietário, perpetuamente, se limita 
a ̀ percepção do foro anual e ao recebimento do laudêmio quando não exerce o direito de opça ̃o. Constituído um direito real 
limitado, o direito do proprieta ́rio não se destrói, não se fraciona, não se desmembra, mas apenas se limita por força da 
constituiça ̃o de outro direito sobre a mesma coisa. 
 
Laudêmio: compensação devida ao senhorio direto, por não usar o direito de preferência quando o enfiteuta aliena onerosamente 
o imóvel foreiro. 
O direito de preferência: disciplinado no artigo 27 da Lei de Locações, diz que o locatário terá preferência na aquisição do imóvel 
locado, em igualdade de preço e condições. Porém, para que essa preferência seja efetivamente respeitada, deve estar averbado 
na matricula do imóvel. 
 
Servidores da posse - Detenção 
Embora se conceda a posse a ̀quele que, por força de obrigaça ̃o ou direito, detêm temporariamente a coisa, alguns há 
que se encontram nessa situaça ̃o e na ̃o são considerados possuidores. Tais os que estão em situaça ̃o de depende ̂ncia para 
com outrem. 
Entende-se, que, nesses casos, os que detêm a coisa conservam a posse em nome dos que a entregaram. São, 
portanto, detentores, razão por que lhes não assiste o direito de invocar a proteção possessória. Contudo, a existência do vínculo 
jurídico em razão do qual a coisa fica sob o poder temporário e eventual das pessoas dependentes, assegura-lhes certas 
prerrogativas que são pro ́prias dos possuidores. 
Os servidores da posse são todos aqueles que estão unidos a um possuidor por um vínculo de subordinaça ̃o, oriundo de 
relaça ̃o de direito privado, como de direito pu ́blico, pouco importando que exerçam o poder sobre a coisa por si sós ou ao lado do 
dono, por obrigaça ̃o ou por cortesia, ostensivamente, ou não, em nome do proprietário ou, mesmo, se a coisa lhes pertence. 
Sa ̃o servidores da posse, dentre outras pessoas, as seguintes: os empregados em geral, os diretores de empresa, os 
bibliotecários, os viajantes em relaça ̃o aos mostruários, os menores mesmo quando usam coisas próprias, o soldado, o detento. 
Não te ̂m essa qualidade os que estão para as coisas numa simples relação especial, como, por exemplo, aquele que 
recebeu alguma coisa para entregá-la. 
 
Posses paralelas 
Todo aquele que tem, de fato, o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio é possuidor. O 
exercício dos direitos elementares do proprietário, limitadamente, pode competir a outrem por força de obrigação, ou direito. 
Assim, quando alguém exerce poderes inerentes ao domínio tem a posse da coisa. Mas o proprietário, nesses casos, não 
perde a sua posse. A posse do outro não anula a sua. A regra foi consagrada na lei pátria, como dedução lógica, do princípio 
informativo da matéria, que aceitou. 
Podem coexistir, portanto, sem se anularem, duas posses sobre a mesma coisa. A situaça ̃o não e ́ a que resulta da 
existência de uma pluralidade de possuidores possuindo em comum a mesma coisa pro indiviso. Neste caso, há composse. Mas, 
no outro, há posses paralelas. 
A coexistência decorre da possibilidade do desdobramento da relação possessória. Temporariamente, alguém passa a 
possuir coisa havida de outrem, que, por essa forma, a utiliza economicamente. A utilizaça ̃o indireta revela que o proprietário 
conserva a posse. 
Admitido o desdobramento da relaça ̃o possessória, continua a possuir, mas indiretamente, mediatamente, e aquele a 
quem concedeu o exercício de algum dos poderes inerentes ao domínio passa a possuir a coisa diretamente, imediatamente. 
Formam-se, em consequência, duas espécies de posse: 
a) direta; 
b) indireta. 
 
Pressupostos da posse indireta. 
Sa ̃o pressupostos da posse indireta: 
1º) que a coisa se encontre na posse direta de outrem; 
2º) que entre os dois possuidores vigore relaça ̃o jurídica de que derive o desdobramento da posse. 
A bipartiça ̃o da posse só se verifica quando a coisa pertencente a alguém é entregue a outra pessoa, para que a utilize. A 
figura do possuidor indireto surge somente quando a coisa se encontra no poder dessa pessoa. 
Esse vínculo pode nascer no terreno do Direito das Coisas, do Direito das Obrigaço ̃es, do Direito das Sucessões e do 
Direito de Família. A coisa é entregue a quem vai possuí-la diretamente como decorrência da relaça ̃o jurídica que lhe atribui o 
direito, ou a obrigaça ̃o, de dete ̂-la. 
O locatário, por exemplo, adquire o direito de possuir a coisa locada, para usá-la, em consequência do contrato de 
locação. Já o depositário recebe a coisa do depositante e sobre ela exerce posse, por força de obrigaça ̃o. 
A relaça ̃o juri ́dica determinante do desdobramento da posse constitui, via de regra, direito real limitado, como no caso do 
usufrutuário, ou direito pessoal, como no caso do comodata ́rio. É, quase sempre, por meio de um contrato que nasce a posse 
subordinada. Todavia, a bifurcaça ̃o da posse resulta, também, de negócios jurídicos de outra espécie, especialmente no direito de 
família e no direito heredita ́rio, como ocorre com a posse de representante legal do menor, do testamenteiro e do inventariante. 
O desdobramento da relação possessória tem por finalidade propiciar a utilização das coisas com preservaça ̃o de sua 
substância, e, também, satisfazer ora o interesse do proprieta ́rio, ora o interesse dos não proprietários. Conforme o fim visado, a 
posse direta é de garantia, como a do credor pignoratício, de gozo, como a do usufrutua ́rio, e de administraça ̃o, como a do 
testamenteiro. 
 
Credor pignoratício: Direito Relativo ao contrato de penhor. Garantia real gravada em bem móvel. O credor pignoratício possui 
preferência no recebimento da dívida em face da entrega da garantia em caso de inadimplência ou descumprimento da obrigação 
assumida pelo pelo devedor original. 
 
Determinac ̧ão da posse indireta 
Sendo a relaça ̃o jurídica um dos pressupostos da posse indireta, importa determinar quais as que comportam o 
desdobramento da posse. A determinaça ̃o obedece às seguintes regras: 
1ª) A posse do possuidor direto deve ser expressão de um direito de posse derivado; ou de um direito limitado. No 
primeiro caso, a relaça ̃o jurídica não se trava necessariamente entre o proprietário e o detentor da coisa, mas entre este e quem 
concede o direito de possuí-la. 
2ª) Não é necessário, por outro lado, que o direito do possuidor indireto seja adquirido antes do que o direito do possuidor 
direto. 
3ª) Por fim, mister se faz que a posse direta derive do direito de posse do possuidor indireto, pois não há desdobramento 
da relaça ̃o possessória, se o possuidor direto obtiver a coisa independentemente de relaça ̃o jurídica adequada. 
A posse direta há de ser expressão de um direito limitado. Daí a possibilidade de sua constituição sobre relaça ̃o 
possessória já desdobrada, como no caso da sublocaça ̃o, em que o locatário-sublocador, sendo possuidor direto em relaça ̃o ao 
senhorio, passa a ser possuidor indireto em relaça ̃o ao sublocatário. 
Admite-se, com efeito, que a posse direta é suscetível de va ́rios graus. Desde que o possuidor direto se encontra com 
terceiro na situação análoga à sua, esse terceiro adquire a condiça ̃o de possuidor direto. 
 
MODOS DE AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE 
 
Modos originários de aquisic ̧ão 
Como para os direitos, em geral, os modos de aquisiça ̃o da posse podem ser classificados em originários e derivados. 
Adquire-se a posse, por modo originário, quando não ha ́ consentimento de possuidor precedente. 
Sa ̃o modos originários, previstos no art. 493 do Código Civil: a) a apreensão e b) o exercício do direito c) a disposição da 
coisaou do direito. 
a) a apreensão da coisa, que é a apropriação do bem pela qual o possuidor passa a ter condições de dispor dele 
livremente, excluindo a ação de terceiros e exteriorizando, assim, seu domínio; 
Pode a apreensão recair: 
- Coisas abandonadas (res derelicta); 
- Coisas de ninguém, (res nullius); 
- A apreensão de coisas móveis ocorre quando o possuidor desloca-a para sua esfera de influência, a apreensão de 
coisas imóveis se dá pela ocupação. 
 
b) o exercício do direito, que, objetivado na sua utilização econômica, consiste na manifestação externa do direito que 
pode ser objeto da relação possessória (servidão , uso); 
c) a disposição da coisa ou do direito, isto porque a disponibilidade é o ato mais característico da exteriorização do 
domínio; logo adquiri-se a posse de modo unilateral, pelo fato de se dispor da coisa ou do direito. 
 
Modo derivado: tradic ̧ão 
Adquire-se a posse por modo derivado, quando há consentimento de precedente possuidor. Ocorre quando a posse é 
transferida, o que se verifica com a transmissão da coisa. A tradiça ̃o é o modo derivado de aquisiça ̃o da posse. 
Há três modalidades de tradiça ̃o: 
a) efetiva ou material; b) simbólica ou ficta; c) consensual. 
Diz-se efetiva a tradiça ̃o que se consuma com a entrega real da coisa, como ocorre quando o vendedor passa ao 
comprador, ato contínuo, a coisa vendida. 
A ficta traditio e ́ forma espiritualizada da tradição. Na tradiça ̃o ficta, a entrega material da coisa é substituída por 
atitudes, gestos, ou mesmo atos, indicativos do propósito de transmitir a posse, como se verifica com a entrega das chaves na 
aquisiça ̃o de uma casa. Para se operar a tradiça ̃o, basta que o adquirente possa dispor da coisa, ou do direito. Não e ́ necessária a 
disponibilidade física. 
Da tradic ̧a ̃o simbólica, deve ser separada uma forma que, por seus aspectos interessantes, merece tratamento à parte. 
Na falta de melhor denominac ̧ão, pode-se designá-la tradição consensual. Obviamente, não se verifica nessa modalidade de 
tradiça ̃o a entrega real da coisa. 
A tradic ̧a ̃o consensual assume duas formas: a) a traditio brevi manu e b) o constitutum possessorium. 
O conhecimento destas duas formas especiais de tradiça ̃o se torna mais fácil considerando-se a posse como a conjunção 
dos elementos objetivo e subjetivo, corpus e animus. 
A tradiça ̃o consensual se resumirá numa variação do animus. Quem possui em nome alheio passa a possuir em nome 
próprio, ou quem possui em nome próprio passa a possuir em nome alheio. 
Na traditio brevi manu, o possuidor de uma coisa em nome alheio passa a possuí-la como própria. Na posse anterior, o 
animus era nomine alieno, o qual se substitui pelo animus domini. Assim acontece quando alguém, possuindo um bem, na 
qualidade, por exemplo, de arrendatário, ou de comodatário, o adquire, tornando-se seu proprietário. 
No constitutum possessorium, o possuidor de uma coisa em nome próprio passa a possuí-la em nome alheio. Na 
posse anterior, o animus era domini, o qual se substitui pelo animus nomine alieno. É o que se verifica quando alguém, possuindo 
um bem, na qualidade de proprietário, o aliena, mas continua a possuí-lo, seja, por exemplo, como arrendatário ou como 
comodatário, seja como depositário, enfim, com a intenção de ter a coisa não mais em nome próprio. Quod meo nomine possideo, 
possuam alieno nomine possidere. 
O constituto possessório é o inverso da traditio brevi manu. Nestes dois modos de aquisiça ̃o da posse, não é preciso 
renovar a entrega da coisa. Desaparece no art. 1.205 do Co ́digo agora vigente a referência expressa ao constituto possessorio 
como modo de aquisição, o que não significa sua exclusão, em face, especialmente, do teor do parágrafo único do art. 1.267 do 
Código Civil de 2002. 
 
Quem pode adquirir a posse 
A posse pode ser adquirida: a) pela própria pessoa que a pretende; 
b) por seu representante, ou procurador; 
c) por terceiro, sem procuraça ̃o. 
Na aquisiça ̃o pessoal, aquele que a pretende deve ser capaz. As pessoas absolutamente incapazes não podem adquirir a 
posse senão por intermédio de seus representantes legais. 
A aquisiça ̃o por outrem se dá através de representante, de mandatário, ou de terceiro, sem procuraça ̃o. 
A aquisição da posse pelo representante, ou procurador, exige concorrência das duas vontades – do representante e do 
representado. É preciso que o representante tenha o animus de adquirir a posse da coisa, ou do direito, para o representado, e 
que este tenha a intenção de possuir o que o outro detém. Hão de se conjugar, pois, o animus procuratoris e o animus possidendi. 
Na representaça ̃o legal e na procuração geral, é implícita a vontade do representado. 
A posse pode ser adquirida ainda corpore alieno por terceiro, que não seja representante. Mas, nesse caso, a aquisição 
fica na dependência da ratificação daquele em cujo interesse foi praticado o ato. 
Praticamente, essa condiça ̃o implica o reconhecimento de que a posse só se adquire por outrem quando há 
representaça ̃o, desde que não se opera se não for ratificada. A ratificaça ̃o, na espécie, retroage ao dia do ato praticado pelo 
terceiro, e produz os efeitos do mandato. 
Para a aquisiça ̃o da posse por terceiro sem procuração é indeclinável a ratificaça ̃o porque, embora seja mais importante 
a intença ̃o de quem apreende a coisa, não pode ser dispensada a vontade daquele em cujo proveito foi adquirida. 
 
Acessão de posse 
Pode a posse ser continuada pela soma do tempo do atual possuidor com o de seus antecessores. A conjunça ̃o de 
posses denomina-se acessão. 
Há duas espécies de acessão de posses: 
a) a sucessão; 
b) a união. 
A primeira ocorre na sucessão universal. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor. Assim, por 
morte de alguém, seus herdeiros continuam a posse dos bens da herança. (RA) A hipo ́tese está prevista no art. 1.2065 de CCB de 
2002. 
A segunda verifica-se na sucessão singular. O sucessor singular pode unir sua posse à do antecessor. É o que se dá 
quando alguém compra alguma coisa. Entre o segundo e o primeiro possuidor deve haver uma relaça ̃o jurídica, não operando a 
accessio, por exemplo, se o possuidor atual como tal se tornou por ocupação de imóvel abandonado pelo possuidor precedente. A 
hipótese tem previsão na segunda parte do art. 1.2076 do CCB de 2002 . 
Pela acessa ̃o, reduzem-se as diferentes posses a uma só posse. 
O que distingue a sucessão da união é o modo de transmissão da posse; sendo a título universal, há sucessão; sendo a 
ti ́tulo singular, há união. Não importa que a sucessão seja inter vivos ou mortis causa. Na sucessão causa mortis a título singular, 
a acessão se objetiva pela forma da união. 
A sucessão de posses é imperativa; a união, facultativa. Enquanto o sucessor universal continua de direito a posse do 
seu antecessor, ao sucessor singular é facultado unir sua posse à precedente. Sendo, nesta última hipótese, uma faculdade, o 
possuidor atual só a usará se lhe convier, limitando-se à sua posse quando do seu interesse. 
Comumente, o direito de somar posses é exercido para o fim de se adquirir a propriedade pela usucapião. Para contar o 
tempo exigido na lei, como uma das condiço ̃es necessárias à configuraça ̃o desse modo de aquisiça ̃o do domínio, pode o 
possuidor acrescentar à sua posse a do seu antecessor. É indispensável, no entanto, que as posses somadas sejam contínuas e 
pacíficas, isto é, sem interrupça ̃o, nem oposiça ̃o. 
A continuidade pode ser presumida na base do título aquisitivo cuja data prevalece até ser destruída. Também se admite 
que a prova de posse remota pelo possuidor atual é presunc ̧ão de que o foi do período intermediário.A posse transmite-se com os mesmos caracteres aos herdeiros do possuidor. Portanto, não podem desligar seu direito do 
direito do antecessor. Se este não possui ́a justo título, seu óbito não o confere ao herdeiro, que, apenas, continua a posse 
anterior.

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