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Direito das Obrigações Larissa Azi Anotações para 2ª prova Aula 8: 11 de abril de 2018 Classificação das Obrigações (Continuação) 1. Obrigações Civis: A obrigação civil, chamada de obrigação perfeita, é aquela que pode ser exigida em virtude de estarem reunidos os elementos do plano da existência, validade e eficácia. Com isso, a obrigação perfeita possui exigibilidade e, enquanto não houver a prescrição da pretensão, a pessoa pode exigir judicialmente que a obrigação seja cumprida. Ex: Caso do advogado - O advogado possui 5 anos para cobrar do cliente que não pagou seus honorários. 2. Obrigações Naturais: A obrigação natural, chamada de obrigação imperfeita, é aquela em que não há exigibilidade, quer seja em razão de ter-se esgotado a pretensão em virtude da prescrição, ou porque a obrigação já nasce sem a característica da exigibilidade. ➡Credor não efetuou a cobrança do crédito que ele tem direito dentro do prazo previsto - Quanto meu direito é violado, surge-se a pretensão (Poder de requerer que o Estado colabore na obtenção do meu direito). Contudo, quando o prazo que é estabelecido em lei termina e eu não cobro meu direito, o Estado não é mais obrigado a ajudar na obtenção desse direito. (Isso não quer dizer que eu não possa ingressar com um processo, mas a probabilidade do indeferimento do pedido é extremamente alta e, além disso, terei que parar as custas processuais e honorários). Ex: Eu tinha uma obrigação que poderia cobrar, mas por conta de ter passado o prescricional. Nesse caso, eu ainda possuo direito, mas não tenho mais a pretensão. - O débito permanece, mas não há mais exigibilidade. OBS: Com isso, a obrigação pode até ter nascido perfeita. Contudo, em virtude da prescrição, a obrigação se tornou imperfeita. Temos casos em que a obrigação já nasce imperfeita (Natural): ❖ Situação de aposta: A obrigação, no caso da aposta, já nasce natural. Assim, não se pode exigir a divida oriunda da aposta. - Se eu faço uma aposta e perco, eu não estou obrigado a pagar essa aposta, pois não há exigibilidade. Contudo, se eu pagar essa aposta, não poderei reaver essa quantia que paguei, pois quem ganhou a aposta tem o direito a retenção desse valor. Larissa Azi - Direito das Obrigações !1 Transferência de Obrigações 1. Cessão de Crédito: a) Noções Gerais: Embora as obrigações tenham a idéia de cumprimento com o exaurimento da obrigação, a vida da obrigação pode ter um percurso diferente, não se esgotando com o credor originário e o devedor originário. Com a evolução do direito e da economia, notamos que era preciso se libertar da idéia de uma pessoalidade restrita das obrigações, isso possibilitou que o crédito pudesse ser transferido, visto que ele representará um direito que um titular terá e que poderá, por conta dessa titularidade, transferir e negociar esse crédito, como qualquer outro direito imaterial ou incorpóreo. OBS: Dentro dessas situações de transferência de obrigações, temos 3 situações distintas: Transferência do crédito; Transferência do débito; Transferência da posição contratual. b) Conceito: É um negócio jurídico bilateral onde o titular do crédito originário, denominado “cedente”, transfere este crédito, de forma total ou parcial, a um terceiro, denominado “cessionário”, sem a necessidade de autorização do devedor, mantendo- se a relação jurídica primitiva totalmente intacta. Ex: Eu sendo credor de um crédito, posso transferir esse crédito para outra pessoa. - Eu tenho um crédito para receber da União, mas tenho que pagar uma dívida para o banco. Com isso, eu posso transferir esse crédito para o banco. Ex: Supermercado é o credor originário e recebeu do cliente um cheque. Assim ele vai passar esse cheque para uma empresa de ferro (O supermercado deixa de ser credor e transfere esse título à empresa). - O cedente (credor originário) transfere esse crédito do cedido (devedor) para o cessionário (novo credor). c) Formas de Cessão: • Quanto à extensão: Embora o CC não fale sobre isso, eu posso tanto transferir totalmente meu crédito (Cessão total), quanto posso transferi-lo parcialmente (Cessão parcial). • Quanto à onerosidade: ➡ Onerosa: A cessão onerosa está vinculada ao ganho patrimonial. Além disso, em regra, as cessões são onerosas, o ganho aqui é a satisfação de interesse entre as partes. O ganho não é por receber mais ou menos, mas sim por conta da satisfação pelo fato das partes terem atingido os objetivos relacionados aos seus interesses. ➡ Gratuita: Ocorre quando não há qualquer saída patrimonial para que ocorra essa cessão. Com isso, eu posso transferir o credito sem ganhar nada em troca em virtude dessa transferência. Larissa Azi - Direito das Obrigações !2 Ex: Caio vai fazer aniversário e eu tenho um crédito para receber de um amigo meu. Ai eu pego esse crédito e transfiro para Caio, como presente. - Caio não me deu nada em contrapartida. OBS: Situação muito menos usual e ocorre mais em relações de amizade, parentesco, etc. • Quanto à origem: ➡ Convencional: A origem mais usual da cessão de crédito é a convencional, visto que ela surge a partir do ajuste/acordo entre as partes. Assim, a transferência se dá por que as partes querem efetuar essa transação. ➡ Legal: Ocorre quando a lei já dispõe essa transferência. Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios. OBS: Segundo esse artigo, os acessórios acompanham o principal. Desse modo, na hora que eu transfiro um crédito, tudo que acompanha esse credito será transferido com ele, salvo disposição em contrário. Ex: Eu transfiro para Manuela um crédito que eu tinha com João e João, ao estabelecer essa obrigação comigo, me deu um imóvel como garantia. Assim, essa garantia que foi dada na relação jurídica primitiva também é transferida para Manuela. Ex: Quando o fiador paga a dívida do afiançado, ele passa a ter todos os direitos que o credor afiançado tinha, pois ele passa a ocupar o lugar do credor. (Sub- rogação). ➡ Judicial: Ocorre quando o juiz, através de uma sentença, vai transferir o crédito de uma pessoa para outra. Ex: Espólio. d) Limites à Cessão: Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. Como regra geral, esse artigo fala que o credor pode ceder seu crédito (transmissibilidade do crédito), consequentemente, salve situação atípica, todo crédito poderá ser cedido/transferido. Contudo, a doutrina vai delimitar 3 situações que vão limitar a cessão, acarretando na impossibilidade de transferencia desse crédito: • Legal: Nesse caso, a lei proíbe a cessão de crédito de forma expressa. Ex: Art. 520, CC - Como locatário, eu não é possível transferir o meu direito de preferência (O proprietário, querendo vender o imóvel, deve, obrigatoriamente, oferecer esse imóvel ao locatário primeiro). Larissa Azi - Direito das Obrigações !3 Ex: O tutor estando responsável pelos bens do tutelado, não poderá ceder o crédito do tutelado para outrem. • Natureza de Crédito: Temos outras situações que, não obstante não haver uma previsão específica da lei impedindo a transferência, é possível ter a idéia de impossibilidade da cessão pela própria natureza da obrigação. Ex: Direitos da personalidade, por não serem direitos materiais/corpóreos, não podem, em regra, ser transmitidos. Exceção - Direitos da personalidade que possuam um reflexo econômico (Direitos autorais). Ex: O crédito oriundo da pensão alimentícia não pode ser transferido, pois temos aqui a idéia de que a pensão é necessária para a sobrevivência do individuo. Com isso,se eu transferir esse valor, eu iria estando indo contra a sobrevivência/ dignidade da pessoa. • Convencional: Nada impede que as partes estabeleçam a impossibilidade da cessão do crédito. Nesse caso, o limite da cessão se dá por convenção das partes, podendo elas optarem por um negócio jurídico onde exista uma cláusula que impeça a transferência do crédito. e) Regramento: • Notificação de Crédito: Para que a cessão de crédito possua eficácia, o cedido (devedor) deve, necessariamente, ser notificado dessa cessão, visto que se o crédito é transferido para um terceiro sem o conhecimento do devedor, o mesmo vai continuar efetuando o pagamento ao credor originário. Efeito prático: Como o cedido não foi informado, o pagamento efetuado por ele de boa-fé será tido como válido. Ou seja, se Victor transfere hoje o crédito para Manuela e os dois não passam essa informação para mim, se eu pagar o crédito para Victor, Manuela não pode me cobrar por esse valor, pois a dívida será tida como quitada. Com isso, ela terá que cobrar a Victor o pagamento. OBS: Tanto o cedente quanto o cessionário podem informar ao cedido sobre a transferência do crédito. OBS: Se o devedor não foi notificado, mas foi provado que ele tinha ciência da cessão, existe eficácia. Então, nesse caso, se o devedor pagou o crédito ao credor primitivo mesmo sabendo da transferência, o novo credor pode cobrar do devedor pagamento dessa dívida. Assim, o devedor terá que cobrar do credor primitivo a devolução do crédito. Art. 288: É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do Art. 654 (Trabalha os mesmos requisitos que eu tenho que ter em uma procuração). OBS: Se eu transfiro para Rafael um crédito que esteja garantido como hipoteca, ele deve informar isso no registro de imóveis, pois se, eventualmente, ele não registrar essa transferência, essa mudança não terá efeito em relação a terceiros (O Larissa Azi - Direito das Obrigações !4 registro no cartório de imóveis é justamente para dar publicidade ao ato). - Se o ato não for publicado, será considerado que ele não ocorreu. Desse modo, a cessão não será eficaz. Art. 289: O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel. - Redação errada segundo o professor, pois não é direito, mas sim dever. - Há uma forte conexão desse artigo com fraude contra credores. OBS: Trata novamente da necessidade de notificação do crédito. Art. 290: A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. OBS: Havendo várias cessões, quem apresentar o titulo é que vai ter direito a receber o pagamento. Art. 291: Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido. Art. 292: Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. OBS: Mesmo que o devedor não tenha conhecimento da cessão, o cessionário pode propor uma ação para não ser prejudicado. - Idéia de proteção do cessionário. Art. 293: Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. OBS: Quando Victor (Credor originário) transfere a cessão para Manuela (Cessionário) e ela notifica Vicente (Devedor) de que é a nova credora. Nesse momento, Vicente deve informar a Manuela se existe alguma situação que ele poderia apresentar ao cedente. Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. • Responsabilidade do Cedente: Analisa o grau de responsabilidade que o cedente fica para com a obrigação que ele transfere. ➡ Cessão Pro Soluto: Ocorre quando o cedente transfere seu crédito ao cessionário, porém não se responsabiliza pela eventual solvência do cedido. Com isso, na situação da cessão pro soluto, o cedente garantirá tão somente a existência do crédito, mas não se compromete pelo seu pagamento. Com isso, se o novo credor não receber o pagamento, não é problema do cedente (Mais comum). - Art. 295 e 296. Larissa Azi - Direito das Obrigações !5 Art. 295: Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. Art. 296: Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. OBS: Se houver silencio das partes em relação a essa transferência, vou aplicar a cessão pro soluto (Regra geral). ➡ Cessão Pro Solvendo: Ocorre quando o cedente transfere seu crédito ao cessionário e se responsabiliza pela solvência do devedor no momento em que ocorreu a transferência do crédito. - Art. 297 e 298. Ex: Se eu transferir para Vitória onerosamente o crédito e me responsabilizar pela solvência, eu estou dizendo à Vitória que estou garantindo a ela que Caio é uma pessoa solvente e que aquele crédito é um crédito bom, pois ele pode ser exigindo. Ou seja, hoje, no momento em que estou transferindo esse crédito, Caio tem condição de efetuar o pagamento. Se, futuramente, Vitória cobrar a Caio o cumprimento dessa obrigação e ela não for cumprida, Vitória vai ter que ver se no momento da transferência Caio era solvente ou não. Se ele se tornou insolvente depois, é problema de Vitória, pois eu estou assumindo essa responsabilidade até o momento que efetuei a transferência. OBS: Na cessão pro solvendo, o cedente não responde por mais do que ele recebeu. - Eu tenho uma divida de 2.000 reais para com Vitória e, com a concordância dela, transfiro um crédito de 1.800 reais para quitar minha dívida. Se o devedor, no momento da cobrança do crédito estiver insolvente e eu me responsabilizei pela solvência dele, Vitória só poderá me cobrar os 1.800 e não os 2000, sob pena de enriquecimento ilícito. Art. 297: O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. OBS: O credor não pode transferir um crédito se tiver conhecimento da penhora desse crédito. Mas, se o devedor não foi notificado dessa penhora, ele pode transferir esse crédito para o credor. Art. 298: O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. Aula 9: 18 de abril de 2018 Larissa Azi - Direito das Obrigações !6 f) Distinção entre cessão de crédito com figuras afins: Figuras afins são análogas, parecidas com a cessão de crédito. • Cessão de crédito x Novação: A cessão de crédito não se confunde com a novação uma vez que, a cessão de crédito não extingue a obrigação, pois a obrigação é transferida integralmente ao novo credor (cessionário). Já a novação ocasiona a extinção da obrigação primitiva através do surgimento de uma nova obrigação. Exemplo de novação: João tem uma dívida para com a escola do filho e, por não ter condições de pagar essa dívida, ele combina com a escola de prestar um serviço de pintura,já que ele é pintor. Desse modo, a obrigação anterior é extinta e substituída por uma nova obrigação. OBS: A novação é pouco usual, visto que era uma figura utilizada antigamente, quando não se tinha idéia de que poderia ser feita a transferência de uma obrigação. • Cessão de crédito x Compra e Venda: A cessão de crédito tem como objeto um bem imaterial/incorpóreo (crédito). Já no caso da compra e venda, seu objeto é, necessariamente, um bem material/corpóreo. Ex: Cessão - Transferência de um direito; Compra e venda - Quando transfiro uma mesa que foi comprada por alguém. • Cessão de crédito x Cessão de Contrato: Na cessão de crédito, apenas ocorre a transferência do crédito para o cessionário. Já na cessão de contrato, ocorre a transferência da posição contratual da parte (Crédito, débitos; todos os direitos relacionados ao cedido). Exemplo de cessão de contrato: Eu tenho uma promessa de compra e venda e a construtora se comprometeu a transferir o imóvel pra mim, só que no meio dessa relação contratual, eu não tive mais condições de efetuar as outras parcelas dessa promessa de compra e venda. Desse modo, eu transfiro para Júnior a minha posição contratual e, por conta disso, ele passa a ter o direito de requerer a entrega do bem após o pagamento das parcelas restantes e o dever de efetuar o pagamento dessas parcelas para a construtora. • Cessão de crédito x Sub-rogação legal: 1º - Na cessão de crédito não há limite de reembolso. Já na sub-rogação legal, o reembolso ocorre até o valor efetivamente utilizado/desembolsado. 2º - Na cessão de crédito eu transfiro um crédito sem haver o pagamento, já a sub-rogação legal só ocorre porque houve o pagamento. 3º - A cessão de crédito pode ser onerosa ou gratuita, já a sub-rogação legal só corre de forma onerosa, com o pagamento. 4º - A cessão de crédito mantém um vínculo obrigacional (A obrigação continua, a única coisa que muda é o credor), já na sub-rogação legal, cumpre-se a obrigação e ela é extinta. Larissa Azi - Direito das Obrigações !7 2. Cessão de Débito (Assunção da dívida): a) Conceito e Noções Gerais: A cessão de débito, também chamada de assunção da dívida, é um negócio jurídico bilateral em que um devedor transfere sua obrigação a um terceiro, mediante autorização do credor. OBS: Por conta da necessidade da preservação do pagamento e, consequentemente, do interesse do credor, é preciso que o devedor informe ao credor sobre essa possível transferência e, também, que ele obtenha sua anuência. Ex: Antônio tem um crédito para receber de Paula e ela, devedora, avisa para ele que vai transferir a divida para Vicente. Com isso, Antônio, por não conhecer Vicente, não sabe se ele tem capacidade econômica para quitar essa dívida e cumprir a obrigação que Paula deve a ele. OBS: No caso da cessão de crédito, a validade não fica condicionada ao fato do credor ter que informar ao devedor quem será o “novo credor”. - O devedor apenas precisa tomar conhecimento para que ele possa pagar o crédito à pessoa correta e para a cessão, por sua vez, ter eficácia; Já na cessão de débito, é preciso, necessariamente, que o devedor comunique o credor e obtenha a anuência dele. OBS: Se o credor não concordar com essa transferência de débito ou se ele não se manifestar expressamente em relação a isso, a cessão não terá validade e será ineficaz em relação ao credor. Art. 299: É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. b) Formas: • Por Delegação: Na cessão por delegação, o devedor participa da transferência da dívida indicando o “assuntor” da obrigação (aquele que passará a ser o novo devedor e responderá pela dívida adquirida). • Por Expromissão: Na expromissão, a transferência da dívida ocorre sem a participação do devedor primitivo. c) Regramento: • Assunção Liberatória e Assunção Cumulativa: Na assunção liberatória, após a transferência da obrigação, o devedor primitivo não permanece mais na relação obrigacional (Se Paula transferiu a dívida para Antônio e ele não pagar, ela não poderá ser cobrada a efetuar o pagamento, exceto se Antônio já fosse insolvente no momento da transferência da obrigação e o credor não soubesse disso - Nesse caso, a transferência seria anulada). Já na assunção cumulativa, há uma transferência da dívida onde o devedor primitivo continua responsável pela obrigação transferida (Ocorre em duas situações: Quando dois novos devedores Larissa Azi - Direito das Obrigações !8 assumem a obrigação, pois há uma cumulação de devedores; Ou quando o antigo devedor permanece vinculado à dívida - Ex: O credor diz que autoriza a assunção se o devedor primitivo continuar podendo ser cobrado pela dívida caso o novo devedor não pague). ➡ Enunciado 16, 1ª Jornada: Art. 299 - O art. 299 do Código Civil não exclui a possibilidade da assunção cumulativa da dívida quando dois ou mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do credor. - Art. 299 - É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. OBS: A jornada fez esse enunciado por conta da falta de clareza do Art. 299. • Requisitos: I. Consentimento expresso do credor: É requisito fundamental para própria validade do negócio jurídico. II. Validade da dívida: Não se pode transferir uma obrigação nula, pois ela não produz nenhum efeito. III. Solvência do assuntor: Se, no momento da transferência da dívida, o assuntor for insolvente, o credor terá a possibilidade de invalidar esse negócio jurídico. ‣ Enunciado 352, 4ª Jornada: Art. 300 - Salvo expressa concordância dos terceiros, as garantias por eles prestadas se extinguem com a assunção da dívida; já as garantias prestadas pelo devedor primitivo somente serão mantidas se este concordar com a assunção. ‣ Enunciado 422, 5ª Jornada: Art. 300 - A expressão “garantias especiais” constante do art. 300 do CC/2002 refere-se a todas as garantias, quaisquer delas, reais ou fidejussórias, que tenham sido prestadas voluntária e originariamente pelo devedor primitivo ou por terceiro, vale dizer, aquelas que dependeram da vontade do garantidor, devedor ou terceiro para se constituírem. - Art. 300 - Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. OBS: Aqui há uma total discrepância em relação à cessão de crédito, pois, na mencionada cessão, o acessório acompanha o crédito transferido. Contudo, no caso da cessão de débito, as garantias desaparecem quando ocorre a transferência do débito, salvo previsão contrária. - Na prática, é pouco usual o credor abrir mão dessas garantias, pois ele tem o interesse de se resguardar. Desse modo, é mais provável que haja uma assunção cumulativa. Larissa Azi - Direito das Obrigações !9 - Art. 301: Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação. - Art. 302: O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. Ex: Paula tem uma dívida com Antônio de 10.000 reais, mas ele fala queela pode pagar 8.000. Se Paula transferir a dívida para mim, eu tenho que pagar os 10.000, pois Paula tinha uma exceção que era de natureza pessoal. OBS: O assuntor só pode apresentar exceção de natureza comum (É o caso da dívida que ja foi quitada pelo pai do assuntor, por exemplo - Evitando o enriquecimento ilícito) (Outro exemplo é a prescrição da dívida). ‣ Enunciado 353, 4ª Jornada: Art. 303 - A recusa do credor, quando notificado pelo adquirente de imóvel hipotecado comunicando-lhe o interesse em assumir a obrigação, deve ser justificada. - Art. 303 - O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento. OBS: Esse artigo foge da regra geral de que o credor precisa informar expressamente a aceitação da transferência da dívida. Ex: João fez um financiamento para aquisição de um imóvel com o Bradesco e o banco fez uma garantia através de uma hipoteca. Se João notifica ao banco de que vai transferir a dívida para Vitória e o Bradesco não se manifestar em 30 dias, entende-se que houve uma concordância. Isso ocorre porque essa exceção está vinculada às situações de habitação, possuindo um valor social latente. 3. Cessão de Contrato: a) Conceito: Transferência da posição contratual do cedente, englobando os créditos e débitos existentes no contrato base a um terceiro, denominado cessionário, que o substituirá na relação contratual que foi transferida. OBS: Não há uma previsão legislativa específica sobre a cessão de contrato. OBS: No momento em que eu faço uma cessão de contrato eu transfiro todo o montante de créditos e débitos existentes na posição contratual. Com isso, o contrato originário é transferido em sua totalidade para o cessionário. b) Requisitos: I. O contrato base precisa ser bilateral: Direitos e deveres. II. O contrato base não pode ser personalíssimo: Se o contrato fosse personalíssimo, não teria como outra pessoa cumprir ele. Larissa Azi - Direito das Obrigações !10 III. É preciso que haja uma integralidade da cessão: É preciso transferir o contrato como um todo. IV. É preciso que haja uma relação triangular: É preciso a existência do contrato entre o cedente e o cedido, pois são os pactuantes da obrigação originária; e do cedente com o cessionário (Necessária uma dupla relação). V. É necessária a anuência do cedido: Se não houver a anuência do cedido, o cedente ainda está dentro dessa relação obrigacional. c) Efeitos: I. Efeito entre o cedente e o cedido: Essa cessão pode se dar tanto com a liberação, quanto com a não liberação da responsabilidade do cedido. - Isso precisa ser pactuado. II. Entre o cedente e o cessionário: O cedente perde todos os créditos, débitos, direitos de contestar, etc, quando ele transfere sua posição contratual para o cessionário. d) Validade e Eficácia: No plano da validade, embora haja uma recomendação para que a transferencia de posição contratual seja um ato formal, isso não é obrigatório (O problema da não formalidade ficará no plano da prova). Contudo, a cessão deve ser efetuada da mesma forma que o contrato base foi feito quando firmado, observando a formalidade do mesmo (Se o contrato base foi efetuado por instrumento particular, eu só poderei efetuar a cessão desse contrato através de instrumento particular, no mínimo). Ademais, no plano da eficácia, a cessão em relação a terceiros só será eficaz se for devidamente registrada. e) Hipóteses: Cessão de contrato pode ser realizada na empreitada, na locação, promessa de compra e venda, entre outros. Teoria do Pagamento 1. Noções Gerais: São as 4 situações que tenho que analizar ao pensar no pagamento em si: Local do pagamento; Tempo do pagamento; Pessoa relacionada à obrigação; Modo da obrigação. OBS: Ao lado dessa teoria, temos a idéia do princípio da boa-fé. OBS: Quando se fala em pagamento, não há uma referencia literal ao pagamento em dinheiro, visto que ele é considerado por ser qualquer forma utilizada para cumprimento da obrigação. 2. Elementos: a) Solvens: É aquele que efetua o pagamento da obrigação, sendo o devedor. - Sujeito ativo do pagamento. b) Accipies: É o credor da obrigação. - A quem o devedor deverá efetuar o pagamento da obrigação. Larissa Azi - Direito das Obrigações !11 c) Vínculo Obrigacional: É a causa da obrigação. - Há necessidade de analizar se a causa da obrigação ainda existe ou não, ou se é válida ou não, para a exigibilidade do cumprimento da obrigação. 3. Modelos de cumprimento da obrigação: a) Direto: Ocorre o meio direto de pagamento da obrigação quando o devedor cumpre a obrigação exatamente da forma como ela foi originariamente pactuada. b) Indireto: Ocorre o meio indireto do pagamento quando a obrigação é cumprida ou extinta por forma diversa da que foi originariamente pactuada entre as partes. Ex: Consignação de pagamento, imputação, dação de pagamento, sub-rogação. c) Extinção sem Pagamento: A obrigação será extinta sem o pagamento da obrigação. Ex: Novação, compensação, confusão e remissão. 4. Condições Subjetivas do Pagamento: a) Aqueles que devem pagar: Arts. 304 a 307. • Devedor: Solvens. • Terceiro: Não participa da relação jurídica base. - Fiador ➡ Terceiro Interessado: É aquele que pode sofrer as consequências da relação jurídica obrigacional. Ex: Sublocatário. - Se eu alugo um imóvel para Vitória e ela subloca para Fred, eu não tenho nenhuma relação contratual com Fred, mas, se Vitória deixar de efetuar o apagamento, Fred vaza. - Ele tem a possiblidade de ser atingido pela minha relação contratual com Vitória. OBS: Pelo fato do terceiro interessado poder ser atingido pela relação contratual, ele possui alguns direitos/regalas em relação ao não interessado, pois, na hora que posso ser atingido pela relação contratual, o direito precisa criar mecanismos para que eu seja protegido disso. Desse modo, o terceiro interessado tem a possibilidade de efetuar a quitação da obrigação, independe da vontade do devedor. Ex: Fred pode efetuar o pagamento da dívida para que ele não seja expulso do imóvel. Art. 304: Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. ➡ Não Interessado: É aquele que não pode ser afetado pelas consequências da relação jurídica obrigacional, ainda que tenha algum interesse subjetivo (moral/ afetivo) em relação à obrigação. Larissa Azi - Direito das Obrigações !12 Ex: Se meu irmão estiver devendo alguma coisa eu vou ficar muito preocupada com a situação dele, mas, se ele não pagar, eu não poderei ser afetada patrimonialmente pelo não cumprimento da obrigação. Ex: Meu irmão está com uma dívida e eu, por não querer ver ele em uma situação difícil, resolvo pagar a dívida dele. Em regra, eu não tenho legitimidade processual para ingressar com a consignação em pagamento contra o credor dele para quitar sua dívida. Contudo, eu só poderei consignar em pagamento para quitar a dívida do meu irmão se ele me autorizar fazer esse pagamento. OBS: A autorização do devedor é necessária, pois terá situações em que o terceiro não terá direito ao reembolso do que foi pago por ele para quitar a dívida. - É o caso do terceiro pagar uma dívida já prescrito (O credor tem direito à retenção do que foi pago e o devedor não será obrigado a reembolsar o terceiro interessado, pois ele não tinha autorizado esse pagamento). Art. 304, Parágrafo único: Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. O terceiro não interessado pode fazer o pagamento de duas formas: ✦ Pagamento efetuado em nome próprio: Quando o terceironão interessado efetuar o pagamento em nome próprio, ele terá direito ao reembolso do valor pago, mas ele não se sub-roga automaticamente. Ex: Luiz deu uma garantia à dívida que tinha com Vitória, na hora que eu efetuo o pagamento da dívida de Luiz para com Vitória, a garantia que ele deu para ela não passa para mim, pois sou terceiro não interessado. - Se eu sou terceiro interessado e pago essa dívida porque ela poderia me afetar, eu automaticamente me sub-rogo aos direitos e garantias que Vitória tinha, pois eu agora serei credor. Art. 305: O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento. ✦ Pagamento efetuado em nome e à conta do devedor: Aqui, o terceiro não interessado não deseja ser ressarcido pelo valor do pagamento (reembolso). Esse pagamento corresponde a uma doação. Larissa Azi - Direito das Obrigações !13 Aula 10: 25 de abril de 2018 b) Daqueles a quem se deve pagar: 308 a 312. • Credor: O credor possui legitimidade para receber o cumprimento da obrigação (pagamento), pois a obrigação é criada em função do interesse do credor de adquirir alguma coisa ou ter algum serviço prestado. Além do credor, teremos outra figura que também poderá receber o pagamento e trazer a idéia de cumprimento da obrigação. Art. 308: O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. • Representante do credor: Teremos 3 tipos de represetantes: ➡ Representante Legal: É aquele que a lei impõe/determina a representação. Ou seja, não há alternativa, eu devo efetuar o pagamento ao representante e não ao representado. - Numa situação como essa, o representante legal é a pessoa hábil para receber o pagamento. Ex: Os pais possuem direitos e deveres de exercer os atos relativos a proteção e cuidados dos seus filhos que ainda estão sobre o poder familiar. - Eventual pagamento a ser efetuado em favor do menor, obrigatoriamente, deverá ser feito para seus pais. Ex: Dívida de pensão alimentícia cujo menor seja credor dessa pensão. - O pai deverá fazer o pagamento para a mãe do menor. OBS: É muito arriscado que o devedor pague diretamente ao credor, pois o menor não terá como comprovar para garantir que esse pagamento foi feito (quitar a dívida). Assim, se o devedor não conseguir comprovar que o pagamento foi feito, ele poderá ser cobrado novamente, pois, no âmbito legal, a dívida não foi confirmada que foi paga. Ex: Devedor paga diretamente a uma criança e ele pega o dinheiro e gasta com figurinhas da copa do mundo. - Se o devedor conseguir provar que fez o pagamento ao menor, tudo bem. Contudo, é muito difícil conseguir provar isso. ➡ Representante Judicial: O representante é escolhido pelo juiz ou aceito por ele. Ex: Os pais faleceram e o avô se apresenta para ser tutor da criança. - A representação, nesse caso, ocorrerá em virtude da aceitação do juiz a quem se apresentar. OBS: O juiz pode não aceitar a pessoa que se apresentou para ser representante e determinar que outra pessoa assuma esse papel. OBS: Tanto na representação legal, quanto na judicial, o devedor não deverá efetuar o pagamento ao representado. Larissa Azi - Direito das Obrigações !14 ➡ Representante Convencional: Nessa situação, o representado é plenamente capaz, mas, por conta de uma necessidade ou comodidade, ele outorga poderes a alguém para que seja seu representante/procurador. OBS: O pagamento só poderá ser feito para o representante se o representado tiver outorgado poderes para ele quitar a dívida. Assim, se o representado tiver outorgado poderes ao representante para quitação, o pagamento poderá ser efetuado tanto para o representante quanto para o representado (titular do crédito). ❖ Credor Putativo: O credor putativo é um credor aparente. Desse modo, o pagamento é efetuado a uma pessoa que não era o legitimado, mas, por conta da boa-fé e da aparência geral dele ser credor, o pagamento é tido como válido. Ex: João morre e não tem herdeiros, mas, como Marcela pagava uma dívida ao falecido e, como no processo de partilha de bens, o imóvel estava indo para o irmão, ela efetua o pagamento para ele. Contudo, surge um herdeiro de João, a partilha deve ser desfeita e o irmão não terá mais direito a ter aquele bem e receber o pagamento das parcelas da dívida. - O pagamento feito por Marcela será tido como válido. Ex: Ocorre também no caso da cessão de crédito, quando o cedente e o cessionário não avisam o devedor da transferência do crédito e ele, de boa-fé, faz o pagamento ao credor primitivo. - Esse pagamento é tido como válido. Art. 309: O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor. ❖ Art. 310: Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. OBS: Esse artigo traz a idéia de que, se eu pago ao incapaz, eu só poderei me liberar daquela obrigação se eu provar que houve boa-fé da minha parte acerca do desconhecimento da incapacidade da pessoa. ❖ Art. 311: Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. OBS: Como nesse caso não é um pagamento direto ao credor, o devedor deverá se resguardar das cautelas necessárias para efetuar o pagamento aquela pessoa. Ex: Marcelo transporta mercadorias e recebe o pagamento no momento da entrega. Contudo, ele é demitido e não informa isso aos seus clientes. Em seguida, ele passa nos mercados fardado e de crachá para pegar o cheque. Numa situação como essa, o devedor de boa-fé presume que Marcelo ainda trabalha para aquela empresa e efetua o pagamento para ele. Desse modo, a empresa para qual Marcelo trabalhava terá que cobrar esse pagamento ao ex-funcionário, mas pagamento feito pelo credor é tido como válido. ❖ Art. 312: Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não Larissa Azi - Direito das Obrigações !15 valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando- lhe ressalvado o regresso contra o credor. OBS: Se eu efetuo um pagamento sabendo que aquele crédito foi penhorado, eu terei que pagar novamente. 5. Condições Objetivas do Pagamento: a) Objeto do pagamento: Art. 313 a 326. ❖ Art. 313: O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. OBS: O desejo do credor deve ser preservado. ❖ Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. ❖ Art. 315 a 318: Será tratado em outro assunto. b) Prova do pagamento: Art. 319 a 326. ❖ Art. 319: O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. OBS: A forma mais clara de demonstrar o adimplemento da obrigação é através da quitação, pois, a partir da quitação da obrigação, haverá uma prova cabal de que a obrigação foi devidamente satisfeita. Desse modo, a quitação é um direito do devedor, pois, se ele não tiver essa prova, ele fica sujeito a diversas situações desfavoráveis (Situação de dúvida quanto ao cumprimento da obrigação, por exemplo). Ex: Se eu posso efetuar o pagamento dessa divida a Luiza e ela não me oferece a quitação dessa dívida que vou pagar a ela, eu tenho o direito de não efetuar o pagamento. Contudo, é interessante que eu efetua a consignação empagamento frente ao poder judiciário (ação proposta contra o credor), pois se eu simplesmente deixar de pagar, Luiza vai ingressar com uma ação contra mim dizendo que eu não quis efetuar o pagamento. ❖ Art. 320: A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. OBS: Na hora que for emitida a quitação, o devedor, para se resguardar, deverá checar todos esses dados dispostos no artigo. OBS: A quitação sempre poderá ser feita por instrumento particular. - Mesmo que a escritura tenha sido pública. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. Larissa Azi - Direito das Obrigações !16 Ex: Eu estava com pressa e não coloquei todos os requisitos no documento da quitação. - Apesar se eu não ter respeitado a ordem de tópicos mencionados no artigo, se for comprovado que o devedor realmente me pagou, ele será liberado da obrigação. ❖ Art. 321: Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido. Ex: O credor foi exigir o cumprimento da obrigação e perdeu o título. Assim, o devedor pode fazer o pagamento e solicitar uma declaração de que aquela nota promissória que ele se comprometeu a pagar foi quitada. - Porque se um terceiro tiver encontrado esse título e cobrar ao devedor o pagamento da dívida, ele terá que pagar novamente ✓ Presunção de pagamento: A partir do Art. 322, nós temos a situação da “presunção de pagamento”. - A prova do pagamento é a quitação. Contudo, se o devedor não tiver a quitação da obrigação, porque a perdeu, por exemplo, ele terá que ficar sujeito a boa-fé do credor e é possível que ele tenha que efetuar o pagamento novamente. Por conta disso, nessas situações em que o pagamento é realizado, mas o devedor não tem uma prova cabal, o Código vai estabelecer algumas situações onde presume-se que o pagamento foi realizado. ➡Presunção relativa: Cabe prova em contrário relacionada a determinada situação. A presunção é um caminho onde eu parto do fato desconhecido para chegar ao fato conhecido. OBS: O habitual é que tenhamos a presunção relativa. ➡Presunção absoluta: Não se admite prova em contrário. Os artigos seguintes vão tratar da presunção relativa: ❖ Art. 322: Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. OBS: Em situação de pagamento de quota periódica (financiamento, locação, fornecimento de energia, parcelas continuas), presume-se que, no momento em que eu pago a ultima parcela, há uma presunção relativa de que as parcelas anteriores já haveriam sido pagas. ❖ Art. 323: Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos. OBS: Se eu tenho uma dívida principal e o juros para pagar e o credor quita a dívida principal sem fazer a ressalva de que estava havendo o pagamento do juros, presume-se que tudo foi pago. Isso ocorre porque os juros são frutos civis (acessórios) e, por conta disso, ele só surge em função do principal. ❖ Art. 324: A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. Larissa Azi - Direito das Obrigações !17 Parágrafo único: Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento. OBS: Se eu emito uma nota promissória (Titulo de Crédito) para Caio e, em determinado momento, tenho essa nota de volta, presume-se que eu paguei esse título, pois a situação natural da vida é que o credor só entregará o título após receber o pagamento. - Como é uma presunção relativa, cabe a Caio, no prazo de 60 dias, promover ação necessária para tentar desconstituir essa presunção de quitação. ❖ Art. 325: Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida. OBS: No caso da compra de um imóvel, a presunção legal é de que o comprador, para que a transferência seja efetuada, pague o imposto, despesa de registro, despesa de escritura, etc. ❖ Art. 326: Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução. OBS: Idéia de sociabilidade - A presunção acompanha o trato, o uso e costumes da região. c) Lugar do pagamento: Outro elemento objetivo, é preciso estabelecer se a obrigação foi paga em local adequado ou não. - Art. 327 a 330. ❖ Art. 327: Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. OBS: A regra geral estabelecida no código é que o pagamento deverá ser efetuado no domicilio do devedor. OBS: No caso da dívida portável, o devedor terá que se dirigir ao domicílio do credor para efetuar o cumprimento da obrigação, devida a impossibilidade material dele cumprir em seu domicilio. (Quando eu contrato uma empresa de maçonaria para colocar os móveis no meu escritório). Parágrafo único: Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. ❖ Art. 328: “Não tem motivo de se falar sobre esse artigo”. ❖ Art. 329: Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. Ex: Eu fazer o cumprimento da obrigação, mas a cidade está inundada e não tenho como chegar lá, mas, como eu tenho uma filial em Simões Filho, combino com o credor de cumprir essa obrigação lá. ❖ Art. 330: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. Larissa Azi - Direito das Obrigações !18 Ex: Nessa situação, eu pactuei que a obrigação seria prestada em determinado local e ela é constantemente efetuada em outro local. A reiteração dessa conduta fará com que a regra anteriormente estabelecida será tacitamente revogada (É como se eu tivesse combinado com Antônio que eu cumpriria a obrigação em Simões Filho, mas comecei a entregar os produtos em Salvador e Antônio nunca criou uma objeção em relação a isso). d) O tempo do pagamento: Art. 331 a 333. Nascido um contrato existente e válido, eu tenho uma obrigação constituída. Com isso, eu passo a ter, naturalmente, possiblidade de exigir num determinado momento o cumprimento daquela obrigação. OBS: Se a obrigação não for uma daquelas que se cumpre imediatamente, por estar vinculada a um termo ou evento futuro e incerto, eu vou reunir a questão do vinculo entre o vencimento e a exigibilidade. (Se Maria me deu o prazo de 20 dias para me entregar determinado produto, eu devo esperar os 20 dias para que eu tenha exigibilidade para cobrar que esse produto seja entregue). ❖ Art. 331: Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. OBS: Esse artigo não pode ser analisado de forma separada do Art. 134 que diz: “Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.” OBS: Se eu tenho uma obrigação e não estabeleço prazo para cumprimento dessa obrigação, o código da a entender que a dívida poderá ser exigida imediatamente. Contudo, teremos situações onde não há lógica que a exigibilidade seja imediata. - Ex: Se empresto um imóvel pra minha amiga sem estabelecer data de devolução, não há lógica eu exigir o imóvel na mesma hora emque eu emprestei. - Nesses casos, é preciso estabelecer um prazo razoável para que a pessoa utilize do bem, por exemplo. Aula 11: 2 de maio de 2018 ❖ Art. 332: As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor. ❖ Art. 333: Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código: OBS: Temos 3 situações onde há possibilidade de uma cobrança antecipada da obrigação. I - No caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; OBS: Se eu tenho uma situava onde o devedor se torna insolvente a ponto de ser decretada sua falência, não tem sentido eu ficar aguardando o vencimento de uma Larissa Azi - Direito das Obrigações !19 data (obrigação futura) se eu já vi que o devedor não tem condição de efetuar o pagamento. - Nessa situação de falência eu preciso e posso me antecipar para que habilite meu crédito para que ele passe a constar no rol do pagamento que deverá ser efetuado por aquela empresa. Ex: Caso de concurso de credores - Se eu tenho vários credores e, por ventura, a capacidade econômica do devedor não mais suporta o pagamento do meu crédito, eu posso pedir a antecipação desse pagamento, pois o devedor não tem mais solvência diante do crédito que tenho em relação a ele. II - Se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; OBS: Marcela também é devedora de outros credores e, na hora de eu executar o crédito que tenho para com ela, a devedora, ao invés de me dar um bem livre e desembarcado, ela oferece o próprio bem que já foi hipotecado, demonstrando que ela não tem outros bens capazes de arcar com as despesas (mostrando a insolvência do devedor). - Nesse caso, posso fazer a cobrança antecipada da dívida cuja hipoteca está garantido esse crédito. III - Se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. OBS: Nesse inciso, é evidente a situação em que o devedor não tem mais capacidade econômica de honrar aquelas dívidas no tempo em que elas seriam cobradas e, por via de consequência, o credor pode antecipar a cobrança desse pagamento. Parágrafo único: Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes. OBS: Nessa situação, os demais devedores não são afetados caso um devedor solidário se encontre insolvente. - Eu posso fazer a cobrança do pagamento ao devedor insolvente. Contudo, não é possível antecipar a cobrança do pagamento para os outros devedores que ainda são solventes, por força da solidariedade passiva. - A situação de insolvência é exclusiva de um dos devedores. 6. Formas extintivas indiretas (pagamento indireto): Essas formas versam sobre situações em que haverá a extinção da obrigação sem, necessariamente, ter havido o adimplemento obrigacional. O adimplemento, por sua vez, é uma forma de cumprimento da obrigação que leva a extinção da obrigação quanto totalmente realizada (Pagamento efetuado à pessoa correta, no local adequado, da forma correta e com o objeto que foi pactuado). - Portanto, as formas extintivas indiretas são situações onde haverá a extinção da obrigação sem que acha, necessariamente, o pagamento da forma que foi pactuada a) Consignação em pagamento: Art. 334 a 345. I. Conceito e noções gerais: Teremos aqui hipóteses em que haverá um movimento do devedor para o cumprimento da obrigação através do pagamento e outras em Larissa Azi - Direito das Obrigações !20 que a obrigação não será cumprida (Porque foi substituída ou perdoada), mas extinta. A consignação em pagamento é um meio indireto do devedor exonerar-se no liame obrigacional consistente no depósito judicial ou em estabelecimento bancário dá coisa devida nos casos e formas da lei. - Maria Helena Diniz. Isso significa que, a consignação em pagamento vai ser uma forma que o devedor terá para liberar-se da obrigação. OBS: Terei aqui a possibilidade do cumprimento de apenas um tipo de obrigação: A obrigação de dar tanto coisa certa quanto incerta. - Desse modo, a consignação em pagamento não tem lugar para a obrigação de fazer e de não fazer. OBS: Na consignação em pagamento, há uma dificuldade do cumprimento da obrigação por algum fato criado pelo credor (ou envolvido em relação a ele) e, como o devedor precisa se liberar da obrigação por ser um direito dele, o pagamento é realizado de uma forma diferente do que foi pactuado entre as partes. OBS: A consignação, em tese, não é pagamento, mas considera-se pagamento, pois o objetivo era que o devedor pagasse diretamente ao credor, mas, como há algum problema para que ele efetue esse pagamento, é permitido que esse depósito seja efetuado ou em estabelecimento bancário (Obrigação pecuniária - Dinheiro) ou em depósito judicial (Coisa) - Art. 334. Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais. II. Formas: Temos duas formas de consignação em pagamento. ➡ Extrajudicial: Ocorre quando as pessoas se dirigem a um banco oficial (Caixa Econômica; Banco do Brasil) e depositam a quantia que está sendo objeto do pagamento em favor do credor. Ex: Situação em que o devedor não possui a conta bancária do credor. Ex: Situação em que há uma dúvida/questionamento em relação ao valor. OBS: Consignação extrajudicial sempre será envolvendo dinheiro. OBS: Quando o devedor deposita, o banco manda uma notificação para o credor receber o pagamento, se ele se recusar ao recebimento da quantia (formalmente), o devedor, depositante daquela quantia, poderá levantar aquela quantia de volta e propor a consignação judicial (Para provar que ele quer cumprir aquela obrigação). OBS: Se o credor não fazer a recusa de modo formal, quando voltar o AR informando que ele recebeu o valor, o devedor estará livre da obrigação, pois a depositou. - O silêncio do credor aqui importará anuência. Larissa Azi - Direito das Obrigações !21 OBS: A consignação em pagamento é tanto um instrumento de direito material (Está contemplada no CC como forma de extinção de uma obrigação), quanto estará regulada pelo CPC (Ação de consignação em pagamento - Quando o pagamento não é efetuado de forma extrajudicial - Art. 539 a 549, CPC). Art. 539: Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. § 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. § 2o Decorrido o prazo do § 1o, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. § 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo- se a inicial com a prova do depósito e da recusa. § 4o Não proposta a ação no prazo do § 3o, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. ➡ Judicial: Na via judicial, o depósito pode ser feito tanto em dinheiro quanto depositando coisa certa ou incerta. - Na consignação judicial, se eu ingressei com a extrajudicial antes, preciso provar o depósito do valor, se não, eu preciso justificar o motivo pelo qual estou efetuando essa consignação, ja que é uma forma diferente do que foi pactuada entre as partes. OBS: Na consignação empagamento eu vou ter idéia de que o devedor terá uma forma de cumprir essa obrigação que, por alguma razão, está impedida de realização. III. Hipóteses de Incidência: Art. 335. A consignação tem lugar: - As hipóteses do inciso I e II estão relacionadas à conduta morosa do credor, ou seja, ao comportamento errado do credor que gera a possibilidade do devedor efetuar a consignação em pagamento. (i) Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma: 1) Se o credor não puder dar a quitação da obrigação, o devedor deverá consignar para ter um efeito liberatório daquele pagamento. Ex: O credor sofreu um acidente e está em coma, por exemplo; Credor que sofreu um surto psicótico e não foi interditado ainda. - Não havendo ainda um representante judicial dessa pessoa. Larissa Azi - Direito das Obrigações !22 2) Se o credor, de forma injustificada, recusar-se a receber o pagamento ou dar a quitação, o devedor deve consignar em pagamento, visto que a lógica natural da vida presume que o devedor é aquele que não quer cumprir a obrigação, por conta disso, para ele se resguardar e provar sua boa-fé, ele deve consignar em pagamento (Sendo coisa o devedor deve consignar em pagamento diretamente por via judicial). OBS: Se o credor tem um motivo fundado para se recusar ao recebimento de determinada obrigação, o devedor não poderá consignar. Ex: Paula, como credora, não é obrigada a receber coisa diversa do que a pactuada, ainda sendo mais valiosa. OBS: Esse inciso se relaciona com uma conduta morosa/irregular por parte do credor e, por conta dessas conduta, o devedor deve consignar em pagamento (para se resguardar). (ii) Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos: Visando se resguardar, o devedor deve consignar em pagamento e citar o consignado (credor) para que ele venha receber a coisa, visto que não é ônus do devedor levar a coisa até o credor (ele que deve vir até mim para receber a coisa devida). Desse modo, o devedor deve citar o credor para caracterizar que o bem já está pronto, que a coisa já está a disposição dele e que a mora é dele ao não vir receber o cumprimento da obrigação. OBS: Consignante = Devedor; Consignado/Consignatário = Credor. OBS: O inciso II não se preocupa com a culpa do credor. O simples fato do credor não ter dado a quitação ou não ter ido receber a coisa sor si só já geraria a mora do credor e isso, consequentemente, legítima que o devedor efetue o cumprimento da obrigação através da consignação em pagamento. - As hipóteses III, IV e V são situações onde o devedor não consegue cumprir a obrigação por outros motivos que também estão relacionados a figura do credor. (iii) Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil: 1) Se o credor for incapaz de receber: Situação onde a dívida deve ser paga ao incapaz (Menor; Tutela; Curatela; Interdição) e ele está sem seu representante legal (Pai desapareceu, por exemplo). Numa situação como essa, pelo fato do devedor não conseguir localizar o representante do credor, ele não poderá efetuar o pagamento ao incapaz. Assim, ele deve consignar em pagamento. 2) Se for desconhecido: A expressão “desconhecido” se reporta a idéia do devedor não saber quem representa o credor incapaz. Ex: Espólio sem inventariante legitimado. 3) Se for declarado ausente: Se o credor sumiu. 4) Se residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil: Não se exige que o devedor vá efetuar o pagamento dentro de uma comunidade perigosa, Larissa Azi - Direito das Obrigações !23 com gangues e etc. Assim, ele pode consignar justificando/provando essa dificuldade de acesso. (iv) Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento: Nessa situação, o devedor possui dúvida de quem é efetivamente o credor do pagamento. Ex: Se um funcionário falece, a empresa deve efetuar o pagamento da rescisão do falecido. Contudo, o funcionário está separado de fato e convive em união estável com outra pessoa (Não fez o divórcio). - A esposa e a companheira estão questionando o pagamento e a empresa não sabe a quem pagar. - O devedor deve consignar, pois se ele pagar de forma equivocada, ele terá que pagar novamente ao credor correto. (v) Se pender litígio sobre o objeto do pagamento: Se há uma discussão judicial acerca da legitimidade para o recebimento do pagamento, o devedor deverá efetuar o depósito para evitar que haja mora por parte dele até que o juízo delibere quem efetivamente está legitimado para receber esse pagamento. Ex: Nessa situação, tanto a viúva quanto a companheira informam ao devedor que já existe litígio pendendo sobre essa situação - Nessa situação, já existe processo e o devedor não pode escolher a quem pagar. Consignação inversa: O correto é que o devedor se antecipe em efetuar o pagamento se não houver litígio, havendo litígio, ele deve fazer a consignação em pagamento. Contudo, há casos em que o devedor não deposita o pagamento e opta por esperar ver o que vai acontecer no litígio. - O credor, numa situação como essa, que deveria ser réu da ação, passa a ter legitimidade para requerer que o juiz determine que o devedor deposite o valor da dívida, pois possa ser que, com o passar do tempo, esse devedor perca sua capacidade de solver aquela dívida ou até mesmo que a dívida seja vencida ao longo do tempo. Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação. - No inciso IV, há uma dúvida sobre quem é o legitimado. Já no inciso V, há um litígio/processo (discussão judicial). - Essas hipóteses da consignação em pagamento não esgotam todas as outras hipóteses legais possíveis. A doutrina já chegou ao consenso de que esse rol é meramente exemplificativo. Desse modo, outras hipóteses também poderão ser objeto da consignação em pagamento. Contudo, a doutrina também já chegou ao entendimento de que, para haver consignação, é preciso que tenha, pelomenos, previsão legal. IV. Validade: Como a consignação não é pagamento, mas considera-se pagamento, eu tenho que analisar tudo que está envolvendo o pagamento: Larissa Azi - Direito das Obrigações !24 Como foi exposto no artigo, para que uma obrigação que não foi cumprida da forma como foi pactuada originariamente tenha validade como pagamento, é preciso que o devedor comprove que todos os elementos da pontualidade serão efetivamente cumpridos. Assim, é preciso olhar se ele cumpriu todos os requisitos de validade do pagamento (Pessoa, objeto, tempo, modo), pois a consignação de pagamento é uma forma indireta de pagamento (O pagamento é realizado através de estabelecimento bancário ou por via judicial) - Quem está dando a quitação da obrigação é o juiz através da sentença. Desse modo, o juiz deve analisar se o credor se recusou a cumprir a obrigação de forma injusta ou não. Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento. • Em relação às pessoas: 1) O devedor deverá propor a ação contra o real credor ou contra o seu representante (não posso errar qual é o credor) 2) O devedor sempre pode ser autor da ação; o terceiro interessado também pode ser legitimado; o terceiro não interessado só poderá consignar em pagamento se efetuar o pagamento em nome e conta do devedor ou se fizer em nome próprio e obtiver a anuência do devedor. • Em relação ao objeto: O pagamento da consignação deverá ser efetuado em valor integral, cumprindo o objeto. Art. 545, CPC: Alegada a insuficiência do depósito, é lícitoao autor completá- lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. § 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. § 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. • Em relação ao modo: Em regra, a obrigação deve ser cumprida da forma que foi pactuada, respeitando o que foi estabelecido entre as partes. • Em relação ao tempo: Em regra, não há uma data certa para o cumprimento da obrigação. Quando a obrigação é pecuniária, o devedor pode pagar antes da data (Isso é até benéfico ao credor), mas no caso da obrigação é de entregar coisa, é preciso ter um certo cuidado em relação ao cumprimento antecipado da obrigação (Se for coisa de pequeno porte é tranqüilo, como um computador por exemplo, mas para entregar algum coisa de grande porte, a empresa que receberá esse produto irá estabelecer data e hora para a chegada do caminhão, então o devedor não pode chegar qualquer hora lá e querer ser atendido - Numa situação como essa, o credor estabelecerá dia e horário para entrega dessa Larissa Azi - Direito das Obrigações !25 coisa.). Ainda, certas obrigações só admitem o pagamento na data determinada e não de forma antecipada. - Por isso, é necessário analisar se o cumprimento antecipado da obrigação irá gerar algum prejuízo ao credor ou não. Até quando é possível que o devedor faça a consignação em pagamento? 1) Não é possível que o devedor ingresse com a consignação se a obrigação ainda não está vencida (não sendo exigível). 2) O prazo da possibilidade de consignação em pagamento está vinculado a idéia de viabilidade para o credor. Ou seja, enquanto houver apenas mora, será possível a consignação em pagamento. Desse modo, quando não houver mais mora (Quando não for mais útil para o credor), não será possível efetuar essa consignação. V. Possibilidade de levantamento do depósito: ❖ Art. 338: Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito. OBS: Se o devedor deposita e faz o levantamento da quantia depositada antes do credor dizer se que concorda ou não com esse valor, a obrigação não estará quitada, continuando a dívida em aberto. - O depósito não terá mais valor, pois é como se ele não estivesse existido (O devedor pode levantar o valor, mas sofrerá as consequências desse ato). ❖ Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores. OBS: Nessa situação, a sentença já foi proferida e o devedor quer receber o pagamento que efetuou. Se a sentença reconheceu a procedência do pedido formulado pelo devedor, só é possível o levantamento do valor se houver o consentimento por parte os outros devedores e fiadores, pois, na hora que a sentença reconheceu que pagamento foi efetuado, a dívida desapareceu, desse modo, o terceiro não pode ser prejudicado (A sentença da eficácia liberatória à dívida). OBS: Se não houver outro fiador ou devedor, o sujeito pode fazer o levantamento da dívida, sofrendo as consequências disso. ❖ Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores e fiadores que não tenham anuído. OBS: Nessa situação, já houve contestação ou concordância com o valor, mas não sentença. Desse modo, se o credor concordou com o valor, o devedor e o garantidor, em tese, estariam liberados da obrigação. Contudo, se o devedor levantar esse valor, a dívida voltaria a existir (Com juros e correção monetária), o que prejudicaria o garantidor que estaria liberado da obrigação. Desse modo, com o levantamento da dívida, o credor não poderá mais cobrar ao garantidor o pagamento da dívida. - Os co-devedores e fiadores ficaram desobrigados. Larissa Azi - Direito das Obrigações !26 ❖ Art. 343: As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor. OBS: Trata das custas processuais. VI. Consignação de coisa incerta: Nessa situação, o credor possui o direito de fazer escolha da qualidade do bem. Contudo, quando o credor não informa qual a qualidade do bem que deverá ser entregue, o devedor fica empatado, sem poder cumprir a obrigação. Ademais, de forma presumida, imagina-se que o devedor não teria cumprido a obrigação por um problema ou escolha dele e não por conta de uma omissão por parte do credor. Assim, para que o devedor evite a incidência das consequências referentes ao não cumprimento da obrigação, ele deve efetuar a consignação em pagamento, solicitando que o juiz cite o réu para que ele informe a qualidade do bem. Desse modo, informada a qualidade do bem, o devedor poderá efetuar o cumprimento da obrigação. OBS: Se o credor é citado e não informa qual a qualidade do bem, ele perde esse direito de escolha e o devedor passa a ter esse direito - Assim o devedor escolhe o bem e cumpre a obrigação. Aula 12: 9 de maio de 2018 b) Sub-rogação: Art. 346 a 351. I. Conceito: A sub-rogação nada mais é do que a troca do sujeito ativo de uma relação obrigacional. OBS: A sub-rogação real não é tratada na matéria de obrigações. - Essa sub- rogação refere-se à troca de bens/coisas (É muito tratado no direito de família, mais especificamente nos regimes de bens). OBS: Trataremos da chamada “Sub-rogação Pessoal” que, por sua vez, consiste na troca do credor de uma relação obrigacional. Ou seja, é a transferência da qualidade creditória para aquele que solveu uma obrigação de outrem ou emprestou o necessário para isso. Ex: A é o credor, B o devedor e C o sublocatário (terceiro interessado). - Como A aloca para B e B subloca para C, a relação entre A e B afeta ou pode afetar os interesses jurídicos de C. ➙ Na sub-rogação, quando o terceiro interessado efetua o pagamento ao credor originário, este credor transfere todos os direitos, garantias, créditos, etc. a esse terceiro. ➙ A transfere seus direitos para C. OBS: A sub-rogação não pode ser confundida com a cessão de crédito. - Um detalhe importante é que não cessão de crédito, o credor transfere seu crédito antes da realização da prestação (Transfere-se o direito de se receber aquele crédito). Já na sub-rogação, a obrigação se concretiza pelo pagamento da prestação (O terceiro faz o pagamento da prestação para que ele não se prejudique caso o devedor não pague). - A sub-rogação ocorre, necessariamente, com a satisfação do credor a partir do pagamento da prestação. Larissa Azi - Direito das Obrigações !27 OBS: A sub-rogação causa uma exceção à regra geral de que o pagamento libera o devedor da obrigação. No caso da sub-rogação, o pagamento efetuado por terceiro (interessado ou não interessado) não libera o devedor da obrigação, pois aquele devedor passa a ser devedor do terceiro que solveu a obrigação. OBS: Não surge uma nova obrigação, ela apenas muda para outra pessoa. II. Espécies: ✦ Legal: Situação em que o terceiro faz o pagamento da prestação e, em virtude de lei, é automaticamente sub-rogado dos direitos que o credor originário tinha. - Art. 346 Art. 346: A sub-rogação opera-se, de pleno direito (automaticamente), em favor: ‣ Do credor que paga a dívida do devedor comum: OBS:Dois credores distintos e um devedor comum. Ex: A e B são credores de C (possuindo um devedor em comum) - B, ao pagar a dívida que C tem para com A, ele se sub-roga, automaticamente, dos direitos que A tem em relação a C. - Além de B ainda ser credor da dívida que C tinha para com ele, ele também será credor de C em relação à dívida que C tinha para com A. (B terá dois créditos distintos). Ex: A é o credor privilegiado e B notou que C não tem a mesma capacidade econômica. - C terá que pagar a A primeiro e depois, se sobrar, ele poderá efetuar o pagamento para B. Desse modo, B pode adquirir o crédito que A tem (Pagando a prestação) e passar a ser credor de C sobre as 2 dívidas. - Essa é uma forma que B tem para se resguardar, evitando que ele se prejudique (caso ele esperasse a ordem normal de pagamento dessa dívida). ‣ Do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel: 1) Do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário: Hipoteca = Garantia que o devedor dá sobre determinado bem imóvel. - Se, eventualmente, o devedor não efetuar o pagamento, o credor hipotecário terá preferencia sobre esse bem (Ele é privilegiado na venda judicial). OBS: A hipoteca não proíbe a venda do bem. OBS: Para que o terceiro compre esse o bem hipotecado, ele deve efetuar o pagamento da hipoteca ao credor. - Quando o terceiro efetua o pagamento da hipoteca ao credor ele, automaticamente, se sub-roga (os direitos e garantias que o credor originário tinha vão passar para esse novo credor). 2) Situação em que o terceiro efetua o pagamento da dívida para se proteger de um direito que ele tenha sobre esse imóvel: Larissa Azi - Direito das Obrigações !28 Ex: A (proprietário) permitiu que B fosse o usufrutuário do bem. Com isso B desenvolveu uma lavoura como empreendimento agrícola. Contudo, A se aperta economicamente e hipoteca esse bem que B está utilizando para o Bradesco - Se por acaso A não pagar essa dívida, o banco vai executar e tomar esse imóvel e isso, consequentemente, vai prejudicar B. Desse modo, B para a dívida para não perder esse direito real que ele tem sobre o imóvel. - B se sub-roga aos direitos e garantias que o banco tinha. OBS: Se o banco deu o prazo de 2 anos para o pagamento da dívida, no momento em que B se sub-roga, esse prazo recomeça a contar. ‣ Do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte: OBS: Situação do fiador, sublocatário - Esse terceiro interessado paga a dívida para não ser prejudicado posteriormente. OBS: O terceiro interessado tem legitimidade para consignar em pagamento. ✦ Convencional: É aquela que ocorre por convenção (Por acordo/negócio jurídico). OBS: Só atinge o terceiro não interessado, visto que o terceiro interessado sub- roga-se automaticamente, em virtude de lei (Sub-rogação legal). Forma expressa: Não se pode presumir a existência da sub-rogação. Deve haver uma declaração expressa nessas situações. - Expressamente = Forma verbal ou escrita. Art. 347: A sub-rogação é convencional: ➡ Quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos: O credor transfere a quem paga os direitos e garantias. Ex: Larissa - Credora; Vicente - Devedor; Suzana - Terceiro não interessado. Suzana diz que pode pagar a dívida que Vicente tem para com Larissa, com a condição de que Larissa transfira todos os direitos que ela possui nessa relação. Consequentemente, Suzana paga a Larissa essa dívida, sem ter relação nenhuma com Vicente (não é fiadora nem nada) - Suzana paga a Larissa com a condição de Larissa transferir esse crédito, com suas respectivas garantias para ela. Suzana, como terceiro não interessado que teria apenas direito ao reembolso, sub-roga-se por conta do acordo firmado entre ela e Larissa. ➡ Quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito: O devedor recebe a quantia para quitação da dívida com a condição de serem sub-rogados os créditos. Larissa Azi - Direito das Obrigações !29 Ex: Suzane empresta para Vicente a quantia suficiente para ele quitar a obrigação. Contudo, ela apenas dá essa quantia na condição de se sub-rogar aos direitos do credor. Art. 348: Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito. OBS: Isso não significa que cessão de crédito e sub-rogação são a mesma coisa. Esse artigo apenas diz que, quando houver sub-rogação convencional da hipótese do inciso I (O credor antigo transfere seu crédito e suas garantias para o terceiro não interessado), serão aplicadas as regras da cessão de crédito. - Na sub-rogação legal existem atos unilaterais que ocasionam o pagamento. Já a sub-rogação convencional é composta por um negócio jurídico para que haja a transferência do crédito e das garantias (contrato). III. Distinção entre sub-rogação e cessão de crédito: 1) A sub-rogação tem como essência o pagamento de uma dívida por terceiro e fica limitada aos efeitos dessa dívida (O que eu paguei pela dívida é o que eu posso cobrar; Se Suzane pagou 8.000 pela dívida, ela só pode cobrar os 8.000). - Já a cessão de crédito tem natureza especulativa (Suzane pode ter pago 8.000 pela dívida de 10.000, mas pode cobrar os 10.000). OBS: Isso pode ser questionável. 2) Na sub-rogação não há caráter de alienação. - Já na cessão de crédito, existe uma alienação a qual se assemelha à compra e venda (no caso de cessão onerosa) ou à doação (no caso de cessão gratuita). OBS: Natureza de alienação = No caso da cessão, quando eu transfiro o crédito que eu tenho para receber para alguém, eu coloco esse crédito como se estivesse numa relação de compra e venda (Como é um direito imaterial, não se pode falar tecnicamente em compra e venda, pois essa obrigação necessita de um bem corpóreo). - Já na sub-rogação, o que ocorre é apenas o pagamento de uma dívida. 3) A sub-rogação legal pode ocorrer sem a anuência do credor ou até mesmo contra a sua vontade. - Já a cessão de crédito só ocorre (Em regra geral) por deliberação e participação do credor, pois é o credor que transfere seu crédito para terceiro (Tem situações de cessão que ocorrem por conta da deliberação do juiz). 4) Na sub-rogação, paga-se o débito. - Já na cessão, transfere-se o crédito sem pagamento da obrigação. 5) Na sub-rogação, a obrigação é cumprida. - Já na cessão de crédito, ela é mantida. Larissa Azi - Direito das Obrigações !30 6) A sub-rogação só pode ser onerosa (Há sub-rogação por conta do pagamento efetuado por terceiro). Já a cessão de crédito pode ser, tanto onerosa, quanto gratuita. IV. Efeitos: A sub-rogação gera eficácia liberatória do devedor em relação ao primeiro credor e tem também efeito translativo, já que transfere a relação jurídica para outro credor - Art. 349 Art. 349: A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. V. Limite Reembolso: O valor do reembolso é o mesmo valor utilizado para quitar a dívida. - Art. 350 Art. 350: Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. Ex: Se o terceiro convence o credor de só pagar 5.000 em uma dívida que era de 5.500, esse terceiro não poderá cobrar o devedor os 5.500 reais. OBS: Apesar desse dispositivo não tratar da sub-rogação convencional, pois se refere à sub-rogação legal de forma expressa, a doutrina majoritária entende que a sub-rogação
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