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COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Caderno de Estudos Prof.ª Daniele de Lourdes Curto da Costa Martins Editora UNIASSELVI 2013 NEAD Educação a Distância GRUPO Copyright Editora UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof.ª Daniele de Lourdes Curto da Costa Martins Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – Grupo UNIASSELVI – Indaial. 658.406 M379c Martins, Daniele de Lourdes Curto da Costa Comportamento organizacional / Daniele de Lourdes Curto da Costa Martins. Indaial : Uniasselvi, 2013. 207 p. : il ISBN 978-85-7830-785-1 I. Comportamento organizacional. 1. Centro Universitário Leonardo da Vinci. 2. Martins, Daniele de Lourdes Curto da Costa. COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL APRESENTAÇÃO Caro(a) acadêmico(a)! Ao pensarmos em desenvolvimento gerencial e liderança, alguns questionamentos nos surgem. O primeiro deles é: como este desenvolvimento ocorre? Em quais condições? E em qual estrutura organizacional? Esta disciplina tem como objetivo esclarecer estes e outros questionamentos acerca destes conceitos. Para tanto, precisamos entender como as mudanças, que ocorrem tanto no ambiente interno (organização) quanto no ambiente externo (mercado), podem influenciar a gestão nas organizações. Essas mudanças ocorrem em uma velocidade cada vez maior, e seu impacto nas organizações também é mais incisivo. Dentro deste contexto, o papel do gestor é extremamente importante. É ele o responsável por gerenciar os recursos das organizações, sendo eles humanos, tecnológicos, matéria-prima, informações, entre outros. Assim, o gestor deve gerenciar, sobretudo, com pessoas, para que os resultados das organizações sejam alcançados. É necessário conhecer o ambiente, o comportamento das pessoas e os fatores que contribuem para que elas desempenhem seu papel na organização de modo eficiente e eficaz. Cabe ao gestor conhecer as incertezas do ambiente externo, compreender os impactos da mudança para a organização, minimizar as possíveis perdas e gerenciar os resultados. Deste modo, para que você entenda essa evolução, nosso Caderno de Estudos está organizado em três unidades didáticas: (1) princípios e conceitos de gestão; (2) competências gerenciais; (3) motivação e liderança nas organizações. Na Unidade 1 falaremos das mudanças que ocorrem no ambiente e o papel das organizações enquanto sistemas abertos. Assim, como as organizações interagem diretamente com o meio, elas retiram recursos deste e devolvem produtos e serviços que, por sua vez, também influenciam o meio e as pessoas que nele estão. Trataremos do papel do conhecimento e da informação na gestão da mudança e seu impacto na tomada de decisão. Neste sentido, abordaremos dois importantes conceitos para os gerentes: a diferença entre risco e incerteza e como seu conhecimento pode auxiliar o gerente a tomar uma melhor decisão. Na Unidade 2 discorreremos sobre as competências gerenciais, abordando os principais conceitos e a formação das core competences. Neste sentido, veremos como se formam as competências individuais e sua contribuição para gerar competências organizacionais e, juntas, auxiliam a formação das competências gerenciais. Um aspecto importante, tratado nesta unidade, está em gerar competências organizacionais com o foco nas estratégias como um iii COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL iv UNI Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. Desejo a você excelentes estudos! UNI diferencial competitivo para a organização, frente a seus concorrentes no mercado. Assim, as organizações precisam ter e sustentar recursos e capacidades para alcançar um diferencial competitivo. Na nossa última unidade abordaremos os conceitos de motivação e liderança. O foco está em como o gestor, conhecendo o que motiva seus colaboradores, pode trabalhar em prol da satisfação das pessoas. É preciso liderar seus funcionários para que estes possam desempenhar suas tarefas e trazer para a empresa resultados satisfatórios. Trataremos ainda, nesta unidade, da prática de uma reunião, sendo esta uma das principais ferramentas utilizadas pelos gestores, seja para comunicar resultados, resolver problemas ou para motivar seus funcionários. Espero que você encontre neste caderno um caminho para aumentar seus conhecimentos e que possa utilizá-los em sua vida profissional. Bons estudos! Prof.ª Daniele de Lourdes Curto da Costa Martins SUMÁRIO UNIDADE 1 – PRINCÍPIOS E CONCEITOS DE GESTÃO ............................................... 1 TÓPICO 1 - MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS ................................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3 2 ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS .......................................................... 6 3 CULTURA, TRANSFORMAÇÕES E RESISTÊNCIA À MUDANÇA ............................... 9 4 O DESENVOLVIMENTO PESSOAL FRENTE ÀS TRANSFORMAÇÕES ORGANIZACIONAIS ..................................................................................................... 15 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................... 18 RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................. 20 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................. 21 TÓPICO 2 - A GESTÃO DO CONHECIMENTO E DA INFORMAÇÃO ........................... 23 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 23 2 O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NA BUSCA PELO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO GERENCIAL ............................................................................ 29 2.1 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO .............................................................................. 30 3 ORGANIZAÇÕES QUE APRENDEM ............................................................................ 34 3.1 ETAPAS PARA CRIAR A ORGANIZAÇÃO QUE APRENDE ....................................... 37 3.2 O PAPEL DO DIRIGENTE NA ORGANIZAÇÃO QUE APRENDE ............................. 37 4 NOVAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS .............................................................. 38 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................... 41 RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................. 43 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................. 44 TÓPICO 3 - TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL ......................................................... 45 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 45 2 CONCEITO DE TOMADA DE DECISÃO ....................................................................... 45 3 MODELOS DE TOMADA DE DECISÃO ....................................................................... 48 4 RISCO E INCERTEZA NA TOMADA DE DECISÃO ..................................................... 50 5 ETAPAS DA TOMADA DE DECISÃO ........................................................................... 52 6 ESTILOS DE DECISÃO .................................................................................................54 7 O PAPEL DA INFORMAÇÃO NA TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL .................... 55 8 TIPOS E OBJETIVOS DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ........................................ 57 8.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GERENCIAL ............................................................. 58 8.2 SISTEMAS DE SUPORTE À DECISÃO ..................................................................... 59 8.3 A ÉTICA NA TOMADA DE DECISÃO .......................................................................... 60 RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................. 61 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................. 62 AVALIAÇÃO ...................................................................................................................... 63 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL v COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL vi UNIDADE 2 – COMPETÊNCIAS GERENCIAIS .............................................................. 65 TÓPICO 1 - ENTENDENDO O CONCEITO DE COMPETÊNCIAS ................................. 67 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 67 2 COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS .................................................................................... 70 3 COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS ....................................................................... 73 4 COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS E O FOCO NAS ESTRATÉGIAS COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO ..................................................................................... 77 4.1 CONCEITO DE ESTRATÉGIA ................................................................................... 78 4.2 ESTRATÉGIA E COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS .......................................... 79 5 COMPETÊNCIAS GERENCIAIS ................................................................................... 80 6 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS ................................................................................ 82 RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................. 84 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................ 85 TÓPICO 2 - COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL .................................................. 87 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 87 2 O CONTEXTO DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL .................................... 87 3 COMPORTAMENTO INDIVIDUAL ................................................................................ 90 3.1 AS PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES ....................................................................... 91 4 COMPORTAMENTO DOS GRUPOS NAS ORGANIZAÇÕES ..................................... 98 4.1 TOMADA DE DECISÃO EM GRUPO ........................................................................ 102 4.2 DELEGAÇÃO DE PODER NAS ORGANIZAÇÕES ................................................. 104 5 A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO GERENCIAL ................................................................................................................ 107 RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................110 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................111 TÓPICO 3 - PLANEJAMENTO ORGANIZACIONAL E VARIÁVEIS AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM A GESTÃO ................................................................113 1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................113 2 O PLANEJAMENTO DENTRO DAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS ...............113 3 O AMBIENTE ORGANIZACIONAL E SUAS VARIÁVEIS ............................................115 3.1 VARIÁVEIS DO AMBIENTE EXTERNO .....................................................................117 3.2 VARIÁVEIS DO AMBIENTE TAREFA ........................................................................ 120 3.3 VARIÁVEIS DO AMBIENTE INTERNO ..................................................................... 121 3.4 AMBIENTE GLOBAL ................................................................................................. 123 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 123 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................ 129 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 130 AVALIAÇÃO ................................................................................................................... 131 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL vii UNIDADE 3 – MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES .......................... 133 TÓPICO 1 - ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE A MOTIVAÇÃO – TEORIA E PRÁTICA .................................................................................................... 135 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 135 2 A MOTIVAÇÃO ............................................................................................................ 135 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 137 3 HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW ................................................. 139 4 TEORIA DOS FATORES HIGIÊNICOS E MOTIVACIONAIS DE HERZBERG ........... 140 5 TEORIA X E Y DE MCGREGOR ................................................................................. 142 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 143 6 OUTRAS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO ........................................................................ 145 6.1 TEORIA DOS MOTIVOS HUMANOS DE MCCLELLAND ........................................ 145 6.2 TEORIA DO REFORÇO ........................................................................................... 145 6.3 TEORIA DA MOTIVAÇÃO DAS EXPECTATIVAS ..................................................... 147 6.4 TEORIA DA EQUIDADE ............................................................................................ 147 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 148 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................ 152 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 153 TÓPICO 2 - HABILIDADE E A ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO NA PRÁTICA GERENCIAL ............................................................................................... 155 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 155 2 ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO .................................................................................. 155 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 157 2.1 PLANEJAR E ADMINISTRAR O TEMPO ................................................................. 158 3 HABILIDADES INERENTES AO GESTOR E SEU PAPEL NAS ORGANIZAÇÕES ...... 159 4 PLANEJAMENTO DA CARREIRA DO GERENTE ..................................................... 164 5 A PRÁTICA DE UMA REUNIÃO .................................................................................166 5.1 PASSO A PASSO DE UMA REUNIÃO ..................................................................... 167 5.2 COMO LIDERAR EM UMA REUNIÃO ...................................................................... 169 5.3 O QUE É NECESSÁRIO NO LÍDER EM UMA REUNIÃO ........................................ 172 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 173 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................ 180 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 181 TÓPICO 3 - PRINCIPAIS TEORIAS DE LIDERANÇA .................................................. 183 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 183 2 ENTENDENDO O TERMO LIDERANÇA .................................................................... 183 3 GERENTES E LÍDERES .............................................................................................. 186 4 ESTILOS E TEORIAS DE LIDERANÇA ..................................................................... 188 4.1 ABORDAGEM DOS TRAÇOS .................................................................................. 188 4.2 ABORDAGEM COMPORTAMENTAL ........................................................................ 189 4.3 GRADE DE LIDERANÇA .......................................................................................... 192 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL viii 4.4 ABORDAGEM CONTINGENCIAL ............................................................................ 193 4.5 NOVAS ABORDAGENS NOS ESTILOS DE LIDERANÇA ....................................... 197 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 197 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................ 199 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 200 AVALIAÇÃO ................................................................................................................... 201 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 203 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L UNIDADE 1 PRINCÍPIOS E CONCEITOS DE GESTÃO ObjETIvOS DE APRENDIzAGEm A partir desta unidade você será capaz de: entender o processo de mudança organizacional; analisar as organizações a partir de sistemas abertos; compreender como a cultura pode impactar no processo de mudança gerencial; compreender como ocorre o processo de tomada de decisão; perceber o papel da informação e do conhecimento na tomada de decisão. TÓPICO 1 – MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS TÓPICO 2 – A GESTÃO DO CONHECIMENTO E DA INFORMAÇÃO TÓPICO 3 – TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL PLANO DE ESTUDOS Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará atividades que visam ajudá-lo(a) a aprimorar os conhecimentos adquiridos. C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 As organizações precisam suportar e incorporar as mudanças exigidas pelo mercado. A competitividade e a necessidade do aumento da produtividade têm feito com que as empresas busquem aplicar novos conceitos relacionados a pessoas e processos. Sendo assim, as estratégias de crescimento estão cada vez mais robustas e consolidadas. Estamos vivendo uma época de constantes transformações, e é fundamental que as organizações percebam e atuem sobre as evoluções e se antecipem a elas, para que desse modo possam se tornar mais competitivas. UNIDADE 1 IMP OR TAN TE! � Você sabe o que é competitividade? Esse termo foi cunhado por Michel Porte e, segundo ele, significa habilidade ou talento que provém de conhecimentos adquiridos, capaz de sustentar um desempenho superior frente aos concorrentes (BENITES, 2004). Para Chiavenato (2010), a mudança é entendida como a passagem de um estado para outro. Assim, ela representa um processo de transformação, perturbação, interrupção, fratura. A mudança pode ocorrer de forma gradativa e constante, como também pode ser rápida e impactante. Segundo Chiavenato: Ela rompe o estado de equilíbrio alcançado na situação anterior e o substitui por um estado de provisoriedade, de tensão, de incômodo. Nas organizações, as mudanças estão ocorrendo a todo instante. Do lado de fora, clientes mudam seus hábitos de compra e de preferência, fornecedores mudam características e preços das matérias-primas, prestadores de serviço impõem diferentes condições e esquemas de trabalho, concorrentes mudam suas estratégias, sindicatos iniciam novas reivindicações, o governo impõe alterações nas leis, e isso tudo nunca acaba. (CHIAVENATO, 2010, p. 426). UNIDADE 1TÓPICO 14 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L Ainda segundo o autor, com base nos trabalhos de Kurt Lewin, a mudança pode ocorrer a partir de três fases: Descongelamento: acontece quando o grupo aceita e entende a necessidade de mudança. Assim, significa que as velhas ideias e práticas dão lugar para que novas sejam aprendidas. Mudança: ocorre quando há a descoberta e a adoção de novas atitudes, valores e comportamentos. Nesta fase, as pessoas aprendem as novas práticas e passam a pensar e fazer de modo novo. Recongelamento: nesta fase é incorporado o novo padrão de comportamento. Assim, significa que o que foi aprendido foi integrado à prática atual. Muitos autores conceituam a mudança de diversas formas. No Quadro 1 você encontrará diferentes definições para mudança organizacional: QUADRO 1 – DEFINIÇÕES DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL DEFINIÇÃO ENCONTRADA Autor É qualquer alteração, planejada ou não, ocorrida na organização, decorrente de fatores internos e/ou externos à organização que traz algum impacto nos resultados e/ou nas relações entre as pessoas no trabalho. Bruno-Faria (2000) Qualquer transformação de natureza estrutural, estratégica, cultural, tecnológica, humana ou de outro componente, capaz de gerar impacto em partes ou no conjunto da organização. Wood Jr (2000) São atividades intencionais, proativas e direcionadas para obtenção das metas organizacionais. Robbins (1999) Resposta da organização às transformações que vigoram no ambiente, com o intuito de manter a congruência entre os componentes organizacionais (trabalho, pessoas, arranjos/ estrutura e cultura). Nadler, Shaw, Walton e Cols. (1995) É um acontecimento temporal estritamente relacionado a uma lógica, ou ponto de vista individual, que possibilita às pessoas pensarem e falarem sobre a mudança que percebem. Ford e Ford (1995) Conjunto de teorias, valores, estratégias e técnicas cientificamente embasadas objetivando mudança planejada do ambiente de trabalho com o objetivo de elevar o desenvolvimento individual e o desempenho organizacional. Porras e Robertson (1992) Alteração significativa articulada, planejada e operacionalizada por pessoal interno ou externo à organização, que tenha o apoio e supervisão da administração superior e atinja integradamente os componentes de cunho comportamental, estrutural, tecnológico e estratégico. Araújo (1982) FONTE:A autora UNIDADE 1 TÓPICO 1 5 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L Após a análise de como esses autores tratam o termo mudança organizacional, podemos entender o conceito como sendo todo o processo de transformação e que gera novos conhecimentos para as pessoas e, como consequência, também para a organização. Assim, a mudança acaba sendo uma quebra de paradigma, pois novos conceitos são implementados e experimentados em face daqueles que eram utilizados. DIC AS! Quebra de paradigma significa deixar de utilizar um conceito, dado como certo, devido à evolução do pensamento e das mudanças que ocorrem em um determinado ambiente, fazendo uso de outro mais apropriado. Leia mais sobre o termo em <http:// www.administradores.com.br/informe-se/artigos/quebra-de- paradigmas-as-chaves-para-o-sucesso-empresarial/32381/>. É importante destacar que a mudança sempre ocorre, e isso traz novas formas de se trabalhar e de se relacionar com as pessoas. Para Pettigrew e Whipp (apud LOPES; STADLER; KOVALESKI, 2003), a mudança organizacional pode ser melhor compreendida a partir de três aspectos: • Contexto da mudança: é representado por fatores do ambiente externo à organização, como leis, regulamentações etc. e que, de alguma forma, impactam na organização e alteram sua forma ou conduta. • Conteúdo da mudança: aqui nos referimos ao que vai ser alterado. Pode ser desde mudanças em procedimentos ou mesmo na estrutura da organização. • Processo de mudança: refere-se ao estilo de liderança utilizado na mudança, que pode variar do participativo ao autocrático, dependendo da velocidade da mudança. Falaremos dos estilos de liderança na Unidade 3. A própria história nos conta como as mudanças influenciaram a evolução mundial. Tivemos quatro momentos importantes na transformação empresarial, e em cada um deles podemos observar o avanço tecnológico e humano. Para Chiavenato (2008), essas quatro etapas podem ser descritas historicamente como: a) Era da agricultura: foi a base da humanidade até 1776, quando tivemos a Revolução Industrial. Até então predominavam no mundo as atividades agrícolas e pastoris. Sua evolução foi demorada, novos planos e conceitos só surgiam decorrentes de eventos naturais que forçavam o aperfeiçoamento. (Exemplo: mudanças climáticas). b) Era do artesanato: o artesanato foi a primeira forma de produção industrial, até 1860, ainda UNIDADE 1TÓPICO 16 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L na primeira fase da Revolução Industrial. O artesanato passou a ser fonte de riqueza, trazendo consigo o processo de mecanização. Nesta era a produção independente predominava, ou seja, o produtor possuía as instalações, ferramentas e matéria-prima, e sozinho ou com a família ele realizava as suas etapas de produção. A ampliação do consumo levou o artesão a alavancar a produção, surgiram então as primeiras fábricas, ainda de forma primária, sem controle financeiro, do trabalho e do produto. c) Era da industrialização: na segunda fase da Revolução Industrial, a maior riqueza mundial passou a ser o capital. O aço substituiu o ferro como matéria-prima mais utilizada e a eletricidade se transformou na principal fonte de energia. Estas inovações trouxeram um avanço no que tange à produção e automatização do trabalho. Surgiram as fusões empresariais e as pequenas empresas se transformaram em grandes corporações. d) Era da informação: a competitividade leva as empresas a usarem as inovações como vantagens competitivas. A tecnologia passou a ser mais valorizada, e a burocracia do trabalho foi substituída pela criação do conhecimento e inovação. A informação vale mais do que o capital da empresa. A internet deixou o mundo todo conectado, as informações atravessam continentes em segundos. E, neste contexto, surge uma nova organização, que não tem limites de espaço ou tempo, e com isto surge uma nova geração de trabalhadores, muito mais versáteis. Diante desta nova era voltada para o conhecimento e a tecnologia, e devido às evoluções que ocorreram em todo o mundo, as organizações tendem a ser mais flexíveis e, como consequência, buscam pessoas que se adaptem a essas mudanças. Para isso, os indivíduos precisam se atualizar diante destas transformações. O uso da tecnologia, o relacionamento inter e intrapessoal, que trabalharemos na Unidade 2, serão pontos-chave para aquelas organizações que desejam competir em um mercado cada vez mais complexo. 2 ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS Em um ambiente de mudanças rápidas, as organizações já não são mais vistas como sistemas fechados, como se acreditava antigamente. Para Escrivão Filho e Romeiro (2010), essa visão antiga derivava do ambiente em que as organizações se encontravam, caracterizado como estático e voltado somente para a eficiência interna. Os autores pontuam nessa época a atuação dos administradores, que tinha como foco o desenvolvimento das tarefas, inibindo a criatividade, a iniciativa e a participação das pessoas. Contudo, o ambiente mudou e trouxe com ele novas formas de se trabalhar. Nesse caso, as organizações, a partir da segunda metade do século XX, passam a ser vistas como sistemas abertos. Para Escrivão Filho e Romeiro (2010), essa nova visão faz com que os administradores tenham que mudar seu comportamento e, assim, o foco deixa de ficar somente nas tarefas internas das organizações e passa a atuar também no ambiente externo. Desse UNIDADE 1 TÓPICO 1 7 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L modo, os administradores passam a observar o ambiente externo no que se refere a ameaças e oportunidades para que possam se ajustar internamente. Esse novo cenário de atuação levou os gestores a buscarem novas tecnologias no trabalho, repensar a estrutura organizacional, a qualificação e participação das pessoas no processo de trabalho, novos conceitos e paradigmas de liderança (ESCRIVÃO FILHO; ROMEIRO, 2010). NO TA! � Sistema pode ser entendido como um conjunto de elementos interdependentes e interagentes ou um grupo de unidades combinadas que formam um todo organizado. Sistema é um conjunto ou combinações de coisas ou pares formando um todo unitário. (CHIAVENATO, 2003, p. 475). FIGURA 1 – INTERDEPENDÊNCIA DAS PARTES EM UMA ORGANIZAÇÃO FONTE: Disponível em: <www.google.com.br/imagens>. Acesso em: 25 ago. 2012. Nesse sentido, podemos entender que as organizações são tidas como sistema aberto, uma vez que fazem troca constante com o meio. Assim, retiram do ambiente externo os recursos necessários para seu funcionamento, como os insumos, por exemplo. E, da mesma forma, devolvem para o meio os produtos ou os serviços (LACOMBE; HEILBORN, 2008). Chiavenato (2003) pontua alguns parâmetros para que possamos entender melhor essa troca que ocorre entre a organização e o ambiente externo: • Entrada ou insumo: é a força ou impulso de arranque do sistema que fornece energia ou informações para que o sistema funcione. • Saída ou produto ou resultado: é a consequência para a qual se reúnem os elementos do sistema, que devem ser coerentes com os objetivos do sistema como um todo. UNIDADE 1TÓPICO 18 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L • Processamento: é o mecanismo de conversão das entradas nas saídas. • Retroação (feedback) ou alimentação de retorno: é a função na qual o sistema compara as entradas e as saídas, se estão de acordo com os padrões preestabelecidos. • Ambiente: é o meio que envolve externamente o sistema. Para que o sistemaseja viável, ele deve interagir constantemente com o meio, além de ter capacidade de se adaptar, mudar e responder às exigências e demandas do ambiente externo. A partir dessas considerações, podemos entender que a organização é um sistema criado pelos homens e que mantém uma dinâmica interação com seu meio, a partir das trocas que ocorrem com os clientes, fornecedores, concorrentes, sindicatos, governo, entre outros (CHIAVENATO, 2003). Mas o que é ambiente organizacional? O ambiente organizacional são todos os elementos existentes fora dos limites da organização, e que tenham ou possam de alguma forma afetar a organização ou parte dela (BOWDITCH; BUONO, 2004). Os autores explicam o ambiente organizacional recorrendo a duas distinções analíticas: • Ambiente geral e o específico: o ambiente geral se refere a fatores, tendências e condições que afetam todas as organizações. Podem ser uma condição tecnológica, fatores sociais, interações políticas, condições econômicas, fatores demográficos, fatores de mercado e condições culturais. É válido ressaltar que, mesmo o ambiente geral podendo atingir qualquer empresa, as condições de cada uma e o resultado final dessa interação podem variar de empresa para empresa. Já o específico são fatores externos, mas que trazem relevância imediata para a organização, como clientes, fornecedores, sindicatos, grupos de interesse ou entidades relevantes da organização. • Ambiente real e o percebido: no ambiente real consideram-se as entidades, objetos e condições que existem fora da empresa (objetivo). Pode-se considerar como objetivo a volatilidade da tecnologia, velocidade da mudança, números específicos da economia, entre outros. Já o ambiente percebido reflete a interpretação dos gerentes sob o primeiro (subjetivo). Nesse caso, as pessoas reagem de acordo com suas percepções e não com os fatos reais que estão no ambiente externo. Qualquer mudança no ambiente externo à organização poderá afetá-la, mesmo que com menos intensidade. Assim, as mudanças que ocorrem no meio também afetam o ambiente interno das organizações. Uma vez que, como vimos no conceito de sistemas, como ele é interdependente, quando muda algo em um subsistema todo o sistema é afetado. Nesse caso, estamos tratando da abordagem sistêmica, que prevê essa interação entre todas as partes que compõem um sistema. UNIDADE 1 TÓPICO 1 9 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L 3 CULTURA, TRANSFORMAÇÕES E RESISTÊNCIA À MUDANÇA No mundo moderno, as empresas possuem a necessidade de aprender a sobreviver em um ambiente em constante transformação. Para tanto, precisam desenvolver a capacidade de inovar, não apenas no que tange a tecnologias avançadas, mas também em inovações internas de processos, produtos e, principalmente, de pessoas. Todo processo de mudança pode ser visto como um processo de aprendizado, e neste contexto as organizações estão constantemente analisando seus métodos para identificar os pontos fortes e fracos. Desta forma, poderão corrigir erros e desenvolver suas habilidades. É preciso entender que as empresas não somente reagem à mudança ou fazem mudança em seus processos. Elas hoje buscam mudar para se adaptar ao mercado. Toda mudança gera resultado, e este pode ser positivo ou negativo, tudo depende de como se aplica e qual o objetivo desta mudança. O principal passo para se introduzir uma nova metodologia de sucesso é entender os processos atuais da organização, pois através disto saberemos onde e como podemos melhorar. Este é um dos papéis do gestor, entender a empresa, trabalhar em busca de novos recursos e otimização de processos, repassar aos colaboradores de forma clara as mudanças e os objetivos traçados para a organização. Diante de tantas mudanças, diferentes culturas fazem parte do contexto organizacional e as empresas precisam se adequar a este novo cenário mundial. Uma nova realidade se firma na sociedade, em todos os setores, e isto exige capacitação humana e organizacional. Estamos discutindo assuntos antes nunca pensados, as informações chegam rápido ao acesso das pessoas, vivemos em um mundo globalizado onde a informação vale muito. Tendo em vista que as organizações estão inseridas neste novo contexto social e econômico, é natural entendermos que estas estão em constante interação com o ambiente externo, e que são altamente influenciadas pela cultura social. E esta influência desempenha um papel indiscutível no processo de identidade e na própria evolução das organizações. Quando falamos de cultura, entendemos que esta expressa o modelo de vida, crenças e valores de uma determinada organização (LOPES; STADLER; KOVALESKI, 2003). Assim, é tudo aquilo que, de certa forma, identifica uma determinada organização, ao mesmo tempo em que restringe as ações dos indivíduos. Isso porque as pessoas que trabalham em determinada organização seguem os costumes, valores, entre outros, que lá são praticados. Nesse caso, a mudança organizacional pode estar também relacionada com a cultura da organização. Chiavenato (1999, p. 27), no Quadro 2, resume as mudanças e transformações da cultura organizacional no que diz respeito a diferentes abordagens de formas de lidar com pessoas no século XX. UNIDADE 1TÓPICO 110 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L QUADRO 2 – EVOLUÇÃO DA CULTURA FONTE: Chiavenato (1999, p. 27) Podemos perceber, a partir do Quadro 2, que existe um processo contínuo na forma como as empresas lidam com a mudança, o que reflete tanto na estrutura da organização quanto na forma de relacionamento entre empresa e funcionários. Assim, existe uma tendência, nos dias atuais, por pessoas com competências voltadas para criatividade, inovação e flexibilidade. Isso porque esses novos valores refletem a época em que estamos vivendo. Antigamente, as mudanças ocorridas nas organizações eram definidas pela alta administração, e eram colocadas em prática através de ordens de poder e autoridade. Dificilmente as novas regras eram efetivamente questionadas, eram apenas acatadas. O trabalho operário era automático e repetitivo, onde a tomada de decisões era papel dos gestores, pois se acreditava que o trabalhador era um ser passivo e sem capacidade para auxiliar em qualquer tomada de decisão dentro das organizações. “Não se permitia que os empregados possuíssem qualquer ideia ou senso de responsabilidade. Sua função era simplesmente executar o seu trabalho conforme indicado pelo gerente onisciente e onipresente” (CRAINER, 1999, p. 38). Hoje esta forma de gestão não funciona mais, esta maneira de implantar mudanças não se aplica em um meio no qual o conhecimento é a principal ferramenta de desenvolvimento das pessoas e das empresas. Em resumo, para uma empresa implantar uma mudança com Eras: Era da IndustrializaçãoClássica Era da Industrialização Neoclássica Era da Informação Períodos: 1900-1950 1950-1990 Após 1990 Estrutura Organizacional Predominante Burocrática, funcional, Piramidal, Centralizadora, rígida e inflexível. Ênfase nos órgãos Mista, matricial, com ênfase na departamentalização por produtos ou serviços ou unidades estratégicas de serviços Fluida, ágil e flexível, totalmente descentralizada. Ênfase nas redes de equipes multifuncionais Cultura Organizacional Predominante Teoria X. Foco no passado, nas tradições e nos valores conservadores. Ênfase Na manutenção do status quo. Valorização da tradição e da experiência. Transição. Foco no presente e no atual. Ênfase na adaptação ao ambiente. Valorização da renovação e da revitalização Teoria Y. Foco no futuro e no destino. Ênfasena mudança e na inovação. Valorização do conhecimento e da criatividade. Ambiente Organizacional Estático, previsível, poucas e gradativas mudanças. Poucos desafios ambientais Intensificação e aceleração das mudanças ambientais Mutável, imprevisível, turbulento, com grandes e intensas mudanças Modos de lidar Com as Pessoas Pessoas como fatores de produtos inertes e estáticos. Ênfase nas regras e controles rígidos para regular as pessoas. Pessoas como recursos organizacionais que devem ser administrados. Ênfase nos objetivos organizacionais para dirigir as pessoas. Pessoas como seres humanos proativos que devem ser impulsionados. Ênfase na liberdade e no comprometimento para motivar as pessoas. Administração De Pessoas Relações industriais Administração de recursos Humanos Gestão de Pessoas UNIDADE 1 TÓPICO 1 11 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L sucesso é fundamental o envolvimento e comprometimento dos funcionários, e estes estão cada vez mais preparados para entender e para contribuírem com as mesmas. “O valor criado por uma empresa reside no conhecimento acumulado das pessoas que a integram, expresso na forma dos produtos e serviços vendidos. A empresa tem sucesso quando desenvolve habilidades primeiro em seu pessoal. É a partir daí, então, que as habilidades começam a se traduzir em operações mais eficientes, clientes mais satisfeitos e níveis mais altos de desempenho financeiro” (GOUILLART; KELLY, 1995, p. 17). É a partir do meio em que ela está inserida que são retirados os recursos necessários para seu desenvolvimento. Segundo Chiavenato (2010, p. 26), “as organizações são entidades sociais inventadas e reinventadas para alcançar objetivos comuns”. Isso significa que as empresas estão em constantes adaptações e que para isso precisam de pessoas capazes de desenvolver novas ideias ao mesmo tempo em que conseguem lidar com os velhos conceitos. Podemos perceber que as influências vindas deste ambiente afetam a organização no que se refere à tomada de decisão e gestão de pessoas. Essas forças externas à organização podem ser entendidas, de acordo com Gil (2011), como revolução da informação e da comunicação, globalização, participação do Estado, ampliação do setor de serviços, diversificação da força de trabalho, ampliação do nível de exigência do mercado e responsabilidade social. Agora vamos ver cada uma delas. Quanto à revolução da informação e da comunicação, é preciso que as organizações consigam dominar, além dos avanços tecnológicos que são capazes de fazer grandes mudanças nas organizações, a informação e a comunicação, que podem fazer uma verdadeira revolução nas organizações. É através das novas tecnologias que existe a possibilidade cada vez maior de difundir a informação, através de uma boa comunicação. Exemplo disso são os telefones celulares, que antes serviam apenas para ligações e mensagens rápidas e hoje são como computadores que acessam internet, recebem e-mail, entre outros. Entendemos por globalização essa troca constante de informações e a facilidade que as pessoas têm hoje para viajar, e as mudanças econômicas que ocorreram nos últimos tempos, deixando cada vez mais evidente esse mundo global no qual vivemos hoje. É preciso ir além dos números da economia, os executivos precisam entender as estratégias globais e como elas podem afetar sua empresa. Porém, é preciso entender que essas estratégias não dão o caminho para as empresas que pretendem entrar no mundo global. Pois é preciso entender as diferenças de cada país, principalmente no que se refere à cultura. A participação e presença do Estado é uma das características mais marcantes da nova economia. É por meio das regulamentações que se torna possível garantir o direito das pessoas investirem na economia do país e buscarem mais desenvolvimento. UNIDADE 1TÓPICO 112 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L Em relação à ampliação do setor de serviços, este vem apresentando crescimento significativo na economia, que pode ser determinada por mudanças nas preferências dos consumidores, alteração na legislação, avanços tecnológicos e nas formas de organização. A diversificação da força de trabalho: mudanças na força de trabalho como idade, etnia e gênero vêm fazendo com que as empresas repensem a sua gestão de pessoas. A média de idade das pessoas está maior e, com isso, elas estão ficando no mercado de trabalho por mais tempo. A grande presença da mulher, ocupando cargos de alta gerência, também está mudando o cenário de contratação das empresas. Quanto à ampliação do nível de exigência do mercado, este vem se tornando cada vez mais exigente quanto à sofisticação dos produtos, mas também para lutar por seus direitos. Hoje o Código de Defesa do Consumidor, no Brasil, é amplamente utilizado, pois as pessoas querem fazer valer seus direitos e prezam por qualidade dos produtos e serviços prestados. Em relação à responsabilidade social, hoje vivemos em um mundo capitalista, no qual o grande interesse das empresas é o lucro. Porém, com as mudanças que estão ocorrendo na sociedade, é preciso que as empresas atendam a novas exigências, como respeito a seus funcionários e para com a sociedade, proteger o meio ambiente comprometendo-se com ações adequadas e de restauração daquilo que foi prejudicado no passado. Podemos perceber que novos valores estão inseridos no meio empresarial. E é com essa base que as organizações tendem a se estruturar diante do mercado cada vez mais exigente e competitivo. Para isso é importante destacar que as empresas precisam se adaptar, sendo flexíveis ao novo e com pessoas que possam direcionar essa mudança. Para que todo o processo de mudança ocorra e possa trazer benefícios para as organizações, são necessárias pessoas que saibam lidar com o novo. Porém, é preciso que a mudança aconteça por meio das pessoas, pois são elas que têm a capacidade de inovar, de aprender e de agregar novos conhecimentos. Nesse sentido, para Chiavenato (2010), um dos maiores problemas no processo de mudança está na capacidade dos gerentes em mudar e inovar por meio das pessoas. Como a mudança traz modificações nas rotinas das pessoas, se torna difícil sair do estado de conforto. As pessoas, por se sentirem bem no estado atual, tendem a resistir à mudança, pois desejam somente manter seu status quo. UNIDADE 1 TÓPICO 1 13 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L NO TA! � Status quo significa estado atual, e é um termo em latim. O conceito inicial do status quo tem origem na expressão diplomática “in statu quo ante bellum”, que significa “como era antes da guerra”, que significava recuperar a situação de poder e liderança que havia antes de uma guerra. O status quo está relacionado ao estado de fatos, situações e coisas, independente do momento. Geralmente é acompanhado das palavras manter, defender etc. FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/status- quo/>. Acesso em: 5 mar. 2013. É a mudança que as pessoas percebem e não a mudança real e objetiva que determina o tipo de reação que ela terá. Neste caso, é preciso entender os motivos que levam as pessoas a terem medo e resistirem às mudanças que ocorrem nas organizações (CHIAVENATO, 2010). Segundo o autor, quando as pessoas trabalham em empresas que são fechadas, estática e hermeticamente, elas tendem a resistir à mudança. Assim, aspiram trabalhar somente para dar continuidade às coisas e não para buscar algo melhor, pois a novidade passa a ser, para elas, ummistério. Como as pessoas são diferentes entre si, elas também reagem à mudança de forma diferente. Algumas pessoas podem ser proativas e, ao ponto de, além de aceitarem a mudança, também a provocam, para criar algo que possa trazer benefícios tanto para elas quanto para a organização. Outras, porém, reagem negativamente, tendo um comportamento de defesa. A resistência à mudança pode ser, para Chiavenato (2010), consequência de aspectos lógicos, psicológicos ou sociológicos: Quanto aos aspectos lógicos, a resistência lógica decorre do tempo e do esforço que uma pessoa necessita para que possa se ajustar às mudanças, o que inclui novos deveres e tarefas que precisam ser aprendidos. Neste caso, se as pessoas percebem a mudança como algo positivo no curto prazo, elas certamente farão os investimentos necessários no curto prazo. Já em relação aos aspectos psicológicos, estes são “lógicos” em termos de atitudes e sentimentos das pessoas. As pessoas podem ter medo do desconhecido, não acreditar na liderança, ou achar que sua segurança no emprego está ameaçada. Assim, as organizações devem reconhecer esses medos e tratá-los como reais, mesmo quando não se tenha uma justificativa plausível para tal. E os aspectos sociológicos, estes são “lógicos” em termos de interesses de grupos e valores sociais envolvidos, pois existem coalizões políticas e valores opostos que podem afetar o comportamento das pessoas. UNIDADE 1TÓPICO 114 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L Para que a mudança ocorra, mesmo quando planejada, se faz necessária a figura do agente de mudança. Chiavenato (2010) explica que essas pessoas atuam como catalisadores e são responsáveis pela gestão das atividades da mudança, normalmente os altos executivos são vistos assim. Mas é preciso destacar que outras pessoas também podem ser agentes de mudança, porém é necessário, além da pessoa ter as características e conhecimento para determinada ação, que a própria empresa lhe delegue a responsabilidade. Se a resistência à mudança existe, são necessários meios que nos levem a superá-la. Com base nos trabalhos de Kotter e Schlesinger, Chiavenato (2010) apresenta seis estratégias que podem ajudar a contornar a resistência. 1. Comunicação e educação: comunicar as pessoas antecipadamente pode ser um caminho. Quando as pessoas têm conhecimento do que vai acontecer, o medo do novo pode diminuir. Esse processo pode ocorrer através de reuniões, informativos, discussões, memorandos, entre outros. Porém, às vezes somente a comunicação não é suficiente, é preciso a educação. É necessário que as pessoas saibam o que fazer, como, quando e onde. 2. Participação e envolvimento: as pessoas precisam estar inseridas no processo antes que a mudança ocorra, pois a resistência é menor quando ela participa ativamente de todo o processo. Assim, elas passam de sujeitos passivos à mudança para sujeitos ativos. 3. Facilitação e apoio: a resistência pode ser menor se as organizações ajudarem as pessoas a se ajustar às mudanças. Isso pode ocorrer através de aconselhamento, treinamento interno, desenvolvimento e aquisição de novos conhecimentos e novas habilidades para preparar as pessoas para a inovação. 4. Negociação e acordo: outra forma de lidar com a resistência é oferecer algo de valor em troca da mudança, servindo como incentivo. Este tipo de estratégia é válido quando fica claro que uma das partes vai sair perdendo com o resultado final da mudança. 5. Manipulação e cooptação: utilizar de informações pré-selecionadas para influenciar disfarçadamente as pessoas envolvidas no processo. Além disso, a cooptação do indivíduo é lhe atribuir um papel importante dentro do processo. Esta estratégia deve ser utilizada quando não há tempo necessário para serem desenvolvidas as demais, pois é um caminho arriscado e pode fazer com que o agente de mudança fique sem credibilidade. 6. Coerção: a resistência pode ser tratada por meio da ameaça explícita ou implícita (perda do cargo ou promoção), demissão ou transferência. Esta estratégia também é arriscada, pois as pessoas podem ficar magoadas e ressentidas quando são obrigadas a mudar. As organizações podem fazer uso de estratégias mistas para alcançar seus objetivos, uma vez que, muitas vezes, torna-se arriscada uma única estratégia. Isso porque as organizações UNIDADE 1 TÓPICO 1 15 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L trabalham com pessoas com necessidades diferentes e com níveis de resistência também diferentes. 4 O DESENVOLVIMENTO PESSOAL FRENTE ÀS TRANSFORMAÇÕES ORGANIZACIONAIS Como já vimos anteriormente, novas ideias surgem de pessoas, por isso o principal recurso para o desenvolvimento humano e organizacional é o conhecimento. As pessoas são detentoras do capital intelectual, e as organizações, por sua vez, têm como função transformar o intelectual humano em riquezas. Para se manter no mercado, as organizações enfrentam adversidades e problemas diversos, e por isso necessitam, cada vez mais, do auxílio de bons profissionais e pessoas capacitadas e comprometidas. Percebe-se que o foco das organizações se voltou para as pessoas, o capital humano hoje é visto como um diferencial de vantagem competitiva. FONTE: Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/artigos09/102_Pessoas_Principal_Fonte_de_ vantagem_Competitiva.pdf>. Acesso em: 5 mar. 2013. Em um número cada vez maior de organizações, os recursos humanos são vistos como fonte de vantagem competitiva. Há um reconhecimento maior de que competências especiais são obtidas por meio de habilidades de funcionários altamente desenvolvidas, culturas organizacionais diferenciadas, processos gerenciais e sistemas. Isso vai de encontro à ênfase tradicional dada a recursos transferíveis, como equipamentos (...). Cada vez mais se reconhece que pode ser obtida vantagem competitiva com uma força de trabalho de alta qualidade que permita às organizações competir com capacidade de resposta ao mercado, qualidade de produtos e serviços, produtos diferenciados e inovação tecnológica. (DESSLER, 2003, p. 15). Para que as pessoas possam alcançar essa vantagem, elas precisam estar em constante aprendizado e fazer investimentos em educação e aprimoramento. Este investimento pode ser tanto com recurso pessoal quanto da própria empresa. Um gestor deve usar seus conhecimentos e sua capacidade intelectual para liderar uma equipe ou uma empresa, assim é preciso gerenciar talentos para que as organizações alcancem o sucesso. Mas qual a diferença entre pessoas e talentos? Para Chiavenato (2008), um talento é um tipo especial de pessoa, mas nem sempre toda pessoa é um talento. Para o autor, o talento envolve quatro aspectos: 1. Conhecimento: é o saber. É o resultado do aprender a aprender, sendo um processo contínuo. 2. Habilidade: é o saber fazer, ou seja, aplicar o conhecimento que foi aprendido, seja para resolver, criar ou inovar. UNIDADE 1TÓPICO 116 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L 3. Julgamento: é o saber avaliar. Verificar as informações para que se possa tomar a decisão mais adequada a determinada situação. 4. Atitude: é o saber fazer acontecer. Alcançar e superar metas e resultados, agregando valor ao que se faz. A Figura 2 sintetiza os principais aspectos que as pessoas devem ter para serem consideradas como talentos. FIGURA 2 – CONSTITUIÇÃO DO TALENTO FONTE: Chiavenato (2008, p. 53) É importante salientar que quando falamos sobre talento humano, isso nos reporta a pensarmos sobre o capital humano. Este é composto por dois aspectosprincipais (CHIAVENATO, 2004): 1. Talentos: que são compostos por conhecimento, habilidade e competências, porém o talento deve ser visto, também, a partir de um sistema aberto, pois precisa existir dentro de um determinado contexto. 2. Contexto: é o ambiente adequado para que os talentos ocorram. Oferecem as ferramentas necessárias para que os talentos se estabeleçam e prosperem, tendo como base: • Desenho organizacional flexível e com uma divisão do trabalho adequada para gerar um fluxo de produtos e processos adequados. • Cultura organizacional aberta, democrática e que inspire confiança aos seus membros, fortalecendo o trabalho em equipe. UNIDADE 1 TÓPICO 1 17 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L • Estilo de gestão baseado na liderança renovadora e no coaching, sendo o poder descentralizado. DIC AS! Você sabe o que significa coaching? É um processo que utiliza técnicas, ferramentas e recursos de diversas ciências, como a psicologia, sociologia e neurociência. O coaching é uma oportunidade de analisar os pontos individuais, de aumento da autoconfiança, de diminuir as limitações para que as pessoas possam alcançar os resultados. FONTE: Disponível em: <http://www.ibccoaching.com.br/tudo- sobre-coaching/coaching/o-que-e-coaching/>. Acesso em: 5 mar. 2013. O conceito de capital humano nos leva a pensar, também, no capital intelectual. Um profissional capacitado é capaz de criar marcas que agradam aos consumidores, pode gerar bons relacionamentos com clientes, fornecedores, pode usar novas tecnologias em benefício da organização. Pode criar novos meios e processos que contribuam para diversos setores. Estes são exemplos pequenos de ativos intangíveis, ou capital humano/intelectual. Para Chiavenato: Capital intelectual é a soma de tudo o que você sabe. Em termos organizacionais, o maior patrimônio de uma organização é algo que entra e sai pelas suas portas todos os dias, ou seja, são os conhecimentos que as pessoas trazem em suas mentes – sobre produtos, serviços, clientes, processos, técnicas etc. Este capital intelectual: algo que não se vê, que não é físico nem ocupa lugar, não é contabilizado pelas tradicionais partidas dobradas nem equacionado em números quantificáveis, mas que está transformando rapidamente o mundo dos negócios. Isto significa que ter as pessoas certas e saber aplicá-las, mantê-las e monitorá-las é vital para as organizações de hoje e de amanhã. (CHIAVENATO, 1999, p. 419). É válido ressaltar que o capital intelectual é constituído por: capital interno – que são os conceitos, modelos, sistemas administrativos desenvolvidos pelas pessoas e utilizados pelas organizações; capital externo – que são as relações com clientes e fornecedores. Depende de como a organização resolve e oferece as soluções para os membros externos à organização; capital humano – que são competências individuais, que são habilidades das pessoas em agir em determinadas situações (CHIAVENATO, 2004). O foco das organizações deve estar no gerenciamento do capital intelectual, que é o recurso mais valioso que as empresas podem deter. É preciso que o processo de gerenciar as pessoas esteja em primeiro lugar, antes de qualquer outro recurso. Para isso deve-se investir constantemente no aprendizado para gerar conhecimento e ajudar no processo de mudança organizacional que ocorre constantemente, diminuindo a resistência à mudança e aumentando a inovação e criatividade das pessoas. UNIDADE 1TÓPICO 118 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L LEITURA COMPLEMENTAR POR UMA CULTURA DE ALTA PERFORMANCE Como estimular as pessoas de maneira consistente e constante e ter resultados cada vez melhores Já é possível perceber que diversas companhias estão dispostas a investir na mudança da cultura organizacional para atingir um padrão diferenciado de performance. No entanto, nem sempre a liderança entende qual é o seu verdadeiro papel na construção de uma cultura orientada para a obtenção de resultados cada vez melhores. Muitas vezes, os líderes demonstram comportamentos opostos aos requeridos e emitem sinais contraditórios, comprometendo a disposição e o foco dos funcionários em realizar esforços adicionais, para então atingir resultados diferenciados. Estabelecer uma cultura de alta performance também exige intervenção nas estruturas, políticas e procedimentos: é preciso influenciar e orientar positivamente, monitorando todas as formas de comunicação corporativa. As organizações de alta performance se diferenciam pela eficiência em tratar as questões humanas. Ao criar um ambiente que estimula os colaboradores, as companhias retêm profissionais e reduzem custos com atração, recrutamento e seleção, integração, treinamento e desenvolvimento, sem falar na melhoria de produtividade. O fim das informações truncadas - um bom começo para se criar uma cultura de alta performance - reduz os riscos à estratégia do negócio, diminui perdas, eleva a produtividade e gera valor para a imagem corporativa. O que predomina nas companhias é o alto desempenho pontual, aquele esforço que une a equipe para responder a uma emergência. Na cultura de alta performance, as pessoas são estimuladas de maneira consistente e constante em um ambiente favorável à obtenção de resultados cada vez melhores. Também não são desviadas ou confundidas em seu processo de execução, mantendo o foco no que é prioritário. As culturas de alta performance se sustentam no tripé Valores, Liderança e Estratégia. O comprometimento da empresa para com seus funcionários ajuda a determinar o compromisso destes com a organização e suas metas e, por esta razão, predispõe a equipe a buscar resultados superiores ao padrão. Na cultura de alta performance o líder é modelo, assegurando um ambiente favorável para que as pessoas concentrem sua energia, trabalhem com tranquilidade e compromisso, sintam-se confiantes em relação ao que têm de fazer e, assim, transformem empenho e recursos em resultado máximo. UNIDADE 1 TÓPICO 1 19 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L Na prática, a cultura organizacional é a forma como as pessoas realmente se comportam em uma organização; como interagem, seus comportamentos, atitudes, e como as relações se estabelecem. Cada organização desenvolve sua cultura a partir da constatação dos funcionários de como as coisas “realmente acontecem”. Tudo isso é mediado pelos valores organizacionais. O que vale não é o que é dito, mas os fatos, o que é visto e demonstrado no dia a dia. Muitas vezes, ao desconhecer o contexto de uma decisão, funcionários julgam mal seus líderes, o que reforça a necessidade de transparência. A cultura vigente só se modifica quando os comportamentos, valores e liderança mudam e se manifestam consistentemente ao longo do tempo, apoiados por mecanismos de gestão adequados. Isto significa que, além de uma liderança inspiradora, as políticas e mecanismos relacionados ao desempenho, reconhecimento e recompensa precisam estar adequadamente definidos. Ou então haverá mensagens truncadas que afetarão de maneira negativa o comportamento organizacional. Assim como na sociedade em geral, também nas empresas a impunidade e a falta de consequências fazem muitos estragos. Se um projeto prioritário é iniciado, ele precisa ser finalizado. Os líderes devem mobilizar os recursos necessários e implementar ações de follow up. Não basta só ficar cobrando a implementação, é preciso assegurar os avanços com sua equipe, celebrar conquistas, reconhecer esforços e corrigir o que não está indo bem. Decisõesimpopulares precisam ser tomadas e a não entrega de um projeto precisa ter efeitos visíveis. Não basta premiar o correto. É preciso perceber as consequências para os compromissos assumidos e não realizados. O que não é tolerado pela organização precisa sempre estar claro para todos. A transformação cultural exige um RH estratégico, com processos e políticas que facilitem o desenvolvimento da cultura desejada. Assim, facilitam a implementação de uma nova cultura: perfil adequado para as contratações, gestão do desempenho, ações de treinamento e desenvolvimento, modelos de reconhecimento, promoção, remuneração e até a formação de agentes de mudança. O desafio é eliminar as mensagens contraditórias. O enraizamento dos novos comportamentos depende das novas mensagens, em substituição aos velhos costumes, que validem uma nova cultura organizacional. Esse é o caminho. FONTE: MOLINO, Patrícia; PONCE, Giselle. Por uma cultura de alta performance. Disponível em: <http:// revistavocerh.abril.com.br/materia/por-uma-cultura-de-alta-performance>. Acesso em: 24 ago. 2012. UNIDADE 1TÓPICO 120 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico você viu que: • A importância da mudança para as organizações, e que em uma era de constantes transformações passa a ser fundamental que as organizações percebam e atuem sobre as evoluções e se antecipem a elas. • A mudança ocorre a partir de três fases: o descongelamento, a mudança e o recongelamento. • Com o desenvolvimento e as mudanças no ambiente, surgiram novas formas de se trabalhar. Nesse caso, as organizações, a partir da segunda metade do século XX, passam a ser vistas como sistemas abertos. • As mudanças na sociedade inserem diferentes culturas no contexto organizacional e as empresas precisam se adequar a este novo cenário mundial. Uma nova realidade se firma na sociedade, em todos os setores, e isto exige capacitação humana e organizacional. • É preciso entender que as mudanças que ocorrem no meio externo à organização também afetam o ambiente interno das organizações. • Diferentes culturas fazem parte do contexto organizacional, e as empresas precisam se adequar a este novo cenário mundial. • As pessoas são responsáveis pela mudança, assim, elas são detentoras do capital intelectual, e as organizações, por sua vez, têm como função transformar o intelectual humano em riquezas. • O capital humano é formado por talentos e pelo contexto, e este envolve desenho organizacional, cultura e estilo de gestão. UNIDADE 1 TÓPICO 1 21 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L AUT OAT IVID ADE � 1 Dentro de um cenário altamente mutável, as organizações passam por constantes mudanças, e estas ocorrem a partir de um processo. Assim, explique os três processos pelos quais a mudança ocorre. 2 Dentro de contexto da gestão, a cultura desempenha um importante papel, pois é a partir dela que são passados os valores das organizações. Assim, explique com suas palavras o conceito de cultura e qual seu papel diante do contexto de mudança organizacional. 3 A resistência à mudança pode ocorrer, pelo menos, a partir de três aspectos: o lógico, o sociológico e psicológico. Explique a relação entre esses aspectos e a resistência à mudança. 4 Em alguns casos, a mudança ocasiona certo receio quanto ao novo, isso porque o ser humano, em certos casos, tem aversão ao risco que uma mudança pode gerar. Assim, cite e explique quais são as estratégias que podem auxiliar para reduzir essa resistência à mudança. UNIDADE 1TÓPICO 122 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L A GESTÃO DO CONHECIMENTO E DA INFORMAÇÃO 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 2 O conhecimento é gerado através das pessoas e deve ser disseminado para que possa chegar ao maior número de pessoas. Sabemos que o conhecimento vem da informação, e que esta deve estar disponível para as pessoas sempre que elas precisarem. Para Choo (apud SILVA, 2007), a gestão do conhecimento deve ser vista como um processo de construção social e ação coletiva incorporada às atividades, relacionamentos e instrumentos da organização. Assim, o conhecimento deve ser partilhado por todos e deve ter como objetivo trazer o aprendizado para as pessoas e, como consequência, diferencial para as organizações. O processo de gestão da informação e do conhecimento das organizações tem sido intensamente discutido e reestruturado desde meados da década de noventa. Isto ocorre em função da percepção crescente, tanto das organizações quanto do ambiente acadêmico, da importância estratégica dos recursos, informação e conhecimento para promoção da inovação e do aumento de competitividade das organizações (SORDI; MEIRELES, 2011). O conceito tomou novos rumos e passou a ser entendido além das fronteiras estreitas da área de tecnologia em processamento de dados, das décadas de 60 e 70, bem como também transpôs os conceitos de sistemas de informação das décadas de 80 e 90; seu escopo vai muito além das três atividades elementares de coleta, armazenamento e distribuição de dados e informações. Entre as atividades que diferenciam o atual processo de gestão da informação e do conhecimento, das proposições tecnológicas das décadas passadas, destacam-se, principalmente, a introdução das atividades de aprendizagem dos colaboradores e a contribuição destes com a partilha de novos conhecimentos de interesse da organização (SORDI; AZEVEDO, 2008). UNIDADE 1 UNIDADE 1TÓPICO 224 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 3 – GESTÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Disponível em: <www.google.com.br/imagens>. Acesso em: 28 ago. 2012. Podemos perceber, a partir da figura, que é necessária a relação de vários elos para que a empresa alcance seus resultados e gere conhecimento. É preciso convergir as ações vinculadas à estratégia para que se chegue ao objetivo final, a partir da colaboração das pessoas e do uso da tecnologia da informação, que auxiliam no processo de gestão. IMP OR TAN TE! � Gestão do conhecimento é o conjunto de esforços ordenados e sistematizados visando criar novo conhecimento, difundi-lo na organização e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas, bem como protegê-los contra o uso indevido (LACOMBE.; HEILBORN, 2008, p. 492). Em relação à gestão do conhecimento, a empresa precisa canalizar seus esforços para que o conhecimento seja desenvolvido e apreendido por todos. Segundo Lacombe e Heilborn (2008), no centro da gestão do conhecimento podemos encontrar quatro processos: 1. Geração: identificar o conteúdo desejado e incentivar as pessoas para que participem e exponham suas ideias. Nessa fase é preciso vencer as barreiras que impedem a geração do conhecimento, como questões tecnológicas e culturais, por exemplo. 2. Organização: depois que a informação foi coletada, esta deve ser organizada e ordenada para poder ser recuperada de forma eletrônica rapidamente. 3. Desenvolvimento: seleção do material, pois, quando em excesso, polui a informação e o conhecimento, o que pode dificultar seu uso posterior. UNIDADE 1 TÓPICO 2 25 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L 4. Distribuição: como as pessoas acessam o material. A organização deve tornar o acesso fácil e encorajar as pessoasquanto ao seu uso. Nos dias atuais, o conhecimento passou a ter grande relevância, mas é preciso ter conhecimento a partir de informações de qualidade e que garantam a veracidade dos fatos. Chiavenato (2010) destaca que o conhecimento é a vantagem competitiva mais importante, porém a informação pura e simples já não garante mais um diferencial competitivo. É preciso ter informação rica, em tempo, de qualidade e na quantidade correta para se gerar o conhecimento a ponto de este ser um diferencial competitivo para as organizações. Nesse sentido, o conhecimento é para a empresa seu principal recurso, pois a partir dele podem ser desenvolvidas novas competências. Hoje falamos em sociedade do conhecimento, gestão do conhecimento, pois essas denominações passaram a ser determinantes para se estabelecer em um ambiente altamente mutável e cada vez mais complexo. O que é conhecimento? O termo conhecimento vem da palavra grega episteme, que significa verdade absolutamente certa. Para nós, o termo significa informação, conscientização, saber, cognição, sapiência, percepção, ciência, competência, habilidade prática, capacidade, aprendizado, entre outras. A definição depende do contexto no qual o termo é empregado (CHIAVENATO, 2010). Segundo o autor, o conhecimento possui quatro características. A primeira é o conhecimento tácito, que é algo pessoal, formado dentro de um contexto individual e formal. Não é de propriedade de uma organização ou coletividade, porém ele não é privado ou subjetivo. O conhecimento é transmitido socialmente. A segunda característica é que o conhecimento é orientado pela ação, assim, o homem gera novos conhecimentos a partir da análise sensorial que recebe. É refletida em verbos como aprender, esquecer, lembrar e compreender. A terceira é que o conhecimento é sustentado por regras, pois, depois de algum tempo nós criamos em nosso cérebro inúmeros padrões que agem como regras inconscientes para lidar com determinadas situações. Essas regras fazem com que as decisões sejam tomadas mais rapidamente e nos ajudam a poupar esforços para algo que já foi visto anteriormente. Por fim, o conhecimento está em constante mutação, pois ele não é estático, mas é constantemente construído e reconstruído nas nossas mentes. Fleury e Fleury (apud LOCHA; ASHLEY, 2008) apresentam cinco tipos de conhecimento que podem levar ao desenvolvimento de competências: 1. Conhecimento teórico, que é adquirido na educação formal e continuada, que se refere à interpretação e entendimento. UNIDADE 1TÓPICO 226 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L 2. Conhecimento sobre os procedimentos adquiridos na educação formal e profissional, que se refere ao como proceder. 3. Conhecimento empírico conseguido pela experiência profissional, que é o saber fazer. 4. Conhecimento social adquirido através da experiência profissional e social, que está associado ao como se comportar. 5. Conhecimento cognitivo, adquirido pela informação formal e continuada, e as experiências profissionais e sociais. ATEN ÇÃO! Falaremos de competências (conceitos) individuais, organizacionais e gerenciais na Unidade 2. De acordo com Chiavenato (2010), existem dois tipos de conhecimento. O conhecimento tácito ou inconsciente (implícito) é o conhecimento que está na cabeça das pessoas e vem de suas experiências e vivências. Pode ser transmitido de uma forma vaga por meio de conversas, e-mail etc. Representa o conhecimento do que sabemos, mas que não pode ser verbalizado ou escrito em palavras. E o conhecimento explícito, que é exposto em documentos, manuais, livros, programas de treinamento, entre outros. Este tipo de conhecimento representa a acumulação de políticas, procedimentos e processos de negócio que formam a base de operação de uma organização. Em algumas organizações o conhecimento explícito torna-se rapidamente obsoleto, na medida em que o ambiente de negócios muda. Com base nos trabalhos de Nonaka e Takeuchi, Chiavenato (2010) explica que a criação do conhecimento organizacional é um intercâmbio constante e dinâmico entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito, formando uma espiral do conhecimento, que depende de quatro aspectos, conforme Figura 4: UNIDADE 1 TÓPICO 2 27 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 4 – A ESPIRAL DO CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80) A socialização ocorre do conhecimento tácito para o conhecimento tácito. Trata-se do compartilhamento de experiências, e a partir disso, da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais e habilidades técnicas. A externalização ocorre do conhecimento tácito para o conhecimento explícito. Seria o desenvolvimento do conhecimento tácito em conceitos explícitos, na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos. A escrita é um modo de converter o conhecimento tácito em explícito. Combinação ocorre do conhecimento explícito para o conhecimento explícito. Trata-se de um processo de sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento e envolve uma combinação de diferentes conjuntos de conhecimento explícito. Pode ser por meio de reuniões, documentos etc. A internalização se desenvolve do conhecimento explícito para o conhecimento tácito. É incorporação do conhecimento explícito em conhecimento tácito, quando são internalizadas nas bases do conhecimento tácito das pessoas sob a forma de modelos mentais ou know-how técnico compartilhado. O compartilhamento do conhecimento é mais fácil quando este é explícito. Isso porque ele é facilmente transmitido e ensinado aos demais por meio da educação formal. Porém, quando o conhecimento é tácito, a dificuldade de socializar é muito maior. É preciso que as pessoas tenham contato pessoal direto e que seja possível, através desse contato, passar UNIDADE 1TÓPICO 228 C O M P O R T A M E N T O O R G A N I Z A C I O N A L as experiências e as vivências, pois o conhecimento tácito é intrínseco. Podemos perceber que se a organização for capaz de administrar de forma eficiente seus recursos buscando a informação adequada, ela é capaz, segundo Silva (2007), de: • Adequar-se às mudanças no ambiente no momento adequado e de modo eficaz. • Empenhar-se em um processo de aprendizagem constante, podendo deixar para trás pressupostos, normas e crenças. • Mobilizar o conhecimento e a experiência de seus colaboradores para gerar criatividade e inovação. • Focar o seu conhecimento em ações racionais e decisivas que sejam importantes para o desempenho organizacional. O conhecimento que existe em uma organização pode ser usado para criar vantagem diferencial, ou seja, a gestão do conhecimento engloba tudo o que todos em uma organização conhecem e que fornece à empresa vantagem competitiva, conforme nos mostra a Figura 5. FIGURA 5 – CONHECIMENTO COMO VANTAGEM COMPETITIVA FONTE: Adaptado de: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 5) Nonaka e Takeuchi (apud LOCHA; ASHLEY, 2008) desenvolveram um modelo para explicar a construção do conhecimento organizacional, que é composto por cinco etapas: (1) compartilhamento do conhecimento tácito; (2) criação de conceitos; (3) justificativa dos conceitos; (4) construção de arquétipos; (5) difusão interativa do conhecimento. Ainda segundo os autores, na primeira fase ocorre a partilha de habilidades e experiências entre as pessoas para que seja atingido um objetivo em comum, que corresponde à socialização. Na segunda fase, por meio dos diálogos ocorre a tradução do modelo mental tácito para palavras e conceitos explícitos.
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