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Aula 2 História Naturaldas Doenças

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DA PARAÍBA
CURSO: Nutrição
DISCIPLINA: Epidemiologia e Saúde Ambiental.
										HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS
	
PROFESSORA: Suzana Macêdo.
HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS
INTRODUÇÃO:
A história natural da doença pode ser aplicada a qualquer tipo de doença ou agravo à saúde, permitindo ordenar o conhecimento existente e promover novas descobertas através da pesquisa. Esse processo, portanto, tem início com a exposição a fatores capazes de causar a doença e seu desenvolvimento, se não houver a intervenção médica, culminará com a recuperação, incapacidade ou morte.
O conceito de história natural das doenças é definido como:
 “Todas as inter-relações do agente, do hospedeiro e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente ou em qualquer outro lugar (pré-patogênese), passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte (patogênese)”. (Leavell & Clark, 1976)
A doença, vista como um processo pressupõe uma série de etapas sucessivas. Leavell e Clark distinguiram as etapas em dois grandes períodos: o pré-patogênico e o patogênico.
1. No Pré-patogênico:
Quando há interação entre agente, hospedeiro e fatores ambientais, sem que a estrutura orgânica ou psíquica seja alterada.
AGENTE - Agentes biológicos, Agentes químicos, Agentes físicos, Tensões sociais e Psicológicas.
Agente
			 Vetor
 Hospedeiro 
 Meio Ambiente
FASES DA HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS:
		1. NO PRÉ – PATOGÊNICO: 
Fase inicial ou de suscetibilidade
Não há doença, mas condições que favorecem o seu aparecimento.
Pessoas não apresentam o mesmo risco de adoecer.
Condições/fatores que aumentam/diminuem a chance da doença ocorrer.
Fatores de risco e de proteção:
	Prevenção: Eliminação, diminuição de sua intensidade.
	Marcadores de risco (grupos mais vulneráveis)
2. No patogênico:
Começa quando se inicia a ação deste estímulo sobre a estrutura orgânica ou psíquica do homem. A partir de então, podemos ver várias etapas deste período.
Patogênese precoce – quando ainda não há sintomas ou sinais, as alterações são em geral de nível bioquímico.
Período Patológico ou de Patogênese - Doença implantada, Manifestações clínicas claras.
Alterações Precoces - Primeiros sintomas - Doença Avançada - Convalescença 
Estágio Clínico – cronicidade - Incapacidade Temporária – cura - morte
Fase patológica pré-clínica:
Doença instalada, mas não apresenta sintomas.
Desde o início do processo patológico até o aparecimento dos sintomas da doença.
Pode progredir para a fase seguinte ou evoluir para cura.
Prevenção: rastreamento, triagem.
Fase clínica: 
A doença manifesta-se clinicamente em diferentes graus de acometimento, podendo evoluir de forma aguda ou crônica.
Pessoa busca atendimento médico – consultas, tratamentos e diagnósticos.
Atuação curativa.
Prevenção de morte e sequelas.
Fase da incapacidade residual:
Se a doença não progrediu até a morte, as alterações anatômicas e funcionais se estabilizam, sob efeito da terapêutica ou do seu próprio curso natural, deixando, por vezes, sequelas.
Medidas de reabilitação física, psicológica ou social.
ETIOLOGIA E PREVENÇÃO:
São aspectos muito relacionados. O conhecimento da etiologia indica melhores caminhos para a prevenção.
Etiologia (pré-patogênica) - Para possibilitar melhores oportunidades de prevenção dos agravos, é importante o conhecimento da causa da doença. 
Prevenção - Ação antecipada, tendo por objetivo interceptar ou anular a evolução de uma doença na comunidade ou no indivíduo. Baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença.
São formas diferenciadas de agir para evitar a doença, cura-la ou preveni-la de reincidências do mesmo dano, de sequelas e de óbitos.
CLASSIFICAÇÃO DAS MEDIDAS PREVENTIVAS:
MEDIDAS INESPECÍFICAS E ESPECÍFICAS:
As medidas inespecíficas - São medidas gerais, com o objetivo de promover o bem-estar das pessoas.
As medidas específicas – são medidas restritas, incluem as técnicas próprias para lidar com cada dano em particular.
NÍVEIS DE PREVENÇÃO:
PREVENÇÃO PRIMÁRIA: são ações dirigidas para a manutenção da saúde. Realizada no período de pré-patogênese. Promoção da Saúde e Proteção Específica.
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: São ações que visam à prevenção para regredir a doença. Diagnóstico e Tratamento Precoce e Limitação da Invalidez.
PREVENÇÃO TERCIÁRIA: as ações se dirigem à fase final do processo, visa reabilitar o paciente.
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
I - Promoção à Saúde: ações destinadas para manter o bem-estar, sem visar nenhuma doença.
Moradia adequada 
 Escolas
Áreas de lazer
Alimentação e nutrição adequada
Educação em todos os níveis
II – Proteção Específica: inclui medidas para impedir o aparecimento de uma determinada doença.
Imunização
Saúde ocupacional
Higiene pessoal e do lar
Proteção contra acidentes
Aconselhamento genético
Controle de vetores
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
I- Diagnóstico Precoce: Identificar o processo patológico no seu início, antes do aparecimento dos sintomas.
Inquéritos para descobertas de casos na comunidade.
Exames periódicos, individuais, para detecção precoce de casos.
Isolamento para evitar a propagação da doença.
Tratamento para evitar a progressão da doença.
II - Limitação da Incapacidade: Consiste em identificar a doença, limitar a extensão das respectivas lesões e retardar o aparecimento das complicações.
Evitar futuras complicações.
Evitar sequelas.
Acesso facilitado a serviços de saúde
Tratamentos médico ou cirúrgico adequados
Hospitalização em função das necessidades
PREVENÇÃO TERCIÁRIA
Reabilitação: desenvolver o potencial residual do organismo após a doença e contribuir para que o indivíduo leve uma vida útil e produtiva, reintegrando a pessoa na família, trabalho e na sociedade. 
Fisioterapia
Terapia ocupacional
Emprego para o reabilitado
Educação para o público para aceitação dos deficientes.
Próteses e órteses
CONCEITOS ESSENCIAIS:
Infecção: Penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no homem ou animal.
Infestação: Alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo.
Fonte de infecção: Hospedeiro vertebrado que alberga o agente etiológico e o elimina para o meio exterior.
Reservatório: Animal ou um local que mantém um agente infeccioso na natureza.
Hospedeiro Susceptível: Indivíduo que pode contrair a doença.
Enfermidade exótica: Doença que não existe no país ou região estudada.
Vetor: São animais, geralmente artrópodes, que transmitem o agente infeccioso ao hospedeiro susceptível.
Veículos: Elementos ou objetos inanimados que veiculam (transportam) agentes infecciosos. Alimentos (água, leite etc.), agulhas, seringas, etc.
DOENÇA: 
Conceito: Alteração do estado de equilíbrio de um indivíduo consegue mesmo ou com o meio.
Quanto à etiologia:
Infecciosas: São produzidas por microrganismos.
Parasitárias: são produzidas por parasitas.
Alérgicas: são causadas por certas substâncias.
Metabólicas: são causadas pela inabilidade do organismo com relação ao gasto de energia.
Carenciais: são produzidas por insuficiência na nutrição.
Tóxicas: são provocadas pela presença de substância venenosa no organismo.
Degenerativas: são decorrentes da decadência de tecidos e funções e do envelhecimento do organismo.
Psicogênitas: são criadas pelas condições perturbadoras da emoção e do pensamento.
Iatrogênicas: são causadas por tratamento inadequado.
Congênitas: mal formações desenvolvidas durante os períodos embrionário e fetal, mas não herdáveis.
Hereditárias: São as doenças herdáveis.
Quanto ao tempo (duração):
Doença aguda: A doença aguda é a que se desenvolverapidamente, mas dura apenas um período curto.
Doença crônica: Uma doença crônica se desenvolve mais lentamente, e as reações do corpo podem ser menos graves, mas a doença provavelmente será contínua ou recorrente por longos períodos.
Doença subaguda: Uma doença intermediária entre aguda e crônica é descrita como subaguda.
Doença latente: É aquela em que o agente causal permanece inativo por um tempo, mas  então se torna ativo posteriormente, para produzir sintomas da doença.
Quanto à forma:
Forma Inaparente ou Sub-Clínica: é aquela em que o indivíduo que não apresenta nenhum sinal ou sintoma (ou que apresenta muito poucos), apesar de estar com a doença. Presente. (revelada às vezes somente através de exames laboratoriais).
Forma Abortiva ou Frustra: é aquela que desaparece rapidamente após poucos sinais ou sintomas.
Forma Fulminante: é aquela que leva rapidamente a óbito.
Quanto ao processo de adoecimento e seus Períodos:
Período de Incubação: é o intervalo de tempo que decorre desde a penetração do agente etiológico no hospedeiro (indivíduo já está infectado), até o aparecimento dos sinais e sintomas da doença, variando de acordo com a doença considerada.
Período de Transmissibilidade: é aquele em que o indivíduo é capaz de transmitir a doença quer esteja ou não com sintomas.
CARACTERÍSTICAS DO AGENTE:
Infecciosidade (infectividade):
Capacidade do agente etiológico de penetrar, se instalar e multiplicar-se no hospedeiro.
É fundamental na previsão da propagação da doença. 
Está relacionada com a velocidade de transmissão da doença.
Capacidade de infectar grande número de indivíduos.
Alta infecciosidade: Hanseníase.
Baixa infecciosidade: vírus da aftosa para o homem.
2. Patogenicidade: 
Capacidade do agente etiológico de produzir lesões específicas no hospedeiro.
Alta patogenicidade: raiva, sarampo e etc.
Baixa patogenicidade: Poliomielite, Hanseníase.
3. Virulência: 
Capacidade em produzir uma doença mais grave ou menos grave, com alta ou baixa letalidade. 
Alta virulência: raiva, tétano.
Baixa virulência: gripe (homem).
4. Antigenicidade (poder imunogênico):
Capacidade do agente etiológico em induzir no hospedeiro a formação de anticorpos (resposta imunológica).
Alta antigenicidade: sarampo (homem), varíola.
Baixa antigenicidade: aftosa, salmonelose.
O QUE SERIA RESISTÊNCIA?
RESISTÊNCIA: conjunto de defesas inespecíficas e específicas.
AGRAVO “À SAÚDE – mal ou prejuízo à saúde de um ou mais indivíduos, de uma coletividade ou população”.
CASO: é uma pessoa ou animal infectado ou doente que apresenta características clínicas, laboratoriais e epidemiológicas específicas de uma doença ou agravo.
CASO SUSPEITO: é a pessoa cuja história clínica, sintomas e possível exposição a uma fonte de infecção sugerem que o mesmo possa estar ou vir a desenvolver alguma doença infecciosa. O caso suspeito varia de acordo com cada doença ou agravo.
MEDIDAS UNIVERSAIS, SELETIVAS E INDIVIDUALIZADAS:
MEDIDAS UNIVERSAIS: são recomendações para todas as pessoas, são aplicadas com ou sem assistência profissional.
MEDIDAS SELETIVAS: recomendadas somente para subgrupos da população, que estão em alto risco de adoecer, identificadas por sexo, idade, ocupação ou outra característica marcante.
MEDIDAS INDIVIDUALIZADAS: aplicadas a um indivíduo que está em alto risco para desenvolvimento futuro da doença.
A epidemiologia se estrutura no conceito de RISCO.
RISCO: é o grau de probabilidade dos membros de uma população desenvolver uma determinada doença ou evento relacionado à saúde, em um período de tempo.
Fator de risco: é qualquer fator associado à ocorrência de uma doença ou problema, isto é, mais frequente entre os doentes do que não doentes.

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