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artigo cientifico otimizacao de marcas por meio do merchandising no cinema

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Otimização de marcas por meio do merchandising no 
Cinema 
 
 Miguel A. de Oliveira Júnior 
Mestre em Linguística Aplicada – Professor das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, da 
Associação Educacional Dom Bosco e da Escola Superior de Cruzeiro. 
Daniele Alessandra da Silva 
Graduanda em Publicidade e Propaganda - Faculdades Integradas Teresa D’Ávila 
Thainá Ribeiro Rosa 
Graduanda em Publicidade e Propaganda - Faculdades Integradas Teresa D’Ávila 
 
 
 
Resumo 
 
O merchandising é um eficaz instrumento de marketing que possibilita a produtos, 
marcas ou serviços melhor resultado de vendas nos pontos em que são vendidos. O 
uso do merchandising é cada vez maior no âmbito cinematográfico, gerando 
excelentes resultados para a marca ou produto. Assim, este artigo concentra-se no 
estudo de ações de merchandising de marcas no cinema, por meio de análise 
fílmica e levantamento bibliográfico acerca do tema, a fim de compreender o quão 
influente a marca pode se tornar associada a um filme. O estudo desenvolvido 
possui grande relevância e faz uma contextualização do campo do merchandising, o 
levantamento de alguns cases de sucesso no cinema e, como objeto de estudo, a 
descrição e análise da otimização de quatro marcas inseridas no filme “O diabo 
veste Prada”, analisando e compreendendo as ações e resultados obtidos. Quando 
bem executado, o merchandising no cinema é uma ótima e eficaz estratégia para 
atingir o consumidor, com maior poder de induzi-lo à compra de um produto do que 
um comercial convencional, como, por exemplo, o de televisão ou revista. Essa 
capacidade é o que está fazendo com que o uso do merchandising cresça tanto no 
cinema. 
 
 
Palavras-chave 
 
Merchandising, marcas, cinema 
 
 
Abstract 
 
The merchandising is an effective marketing tool that enables the products, brands or 
services best sales result in the points at which they are sold. The use of 
merchandising is increasingly under film, generating excellent results for the brand or 
product. Thus, this article focuses on the study of actions merchandising brands in 
film, through film analysis and literature on the subject, in order to understand how 
influential the brand can become associated with a film. The study has developed 
highly relevant and makes a contextualization of the field of merchandising, raising 
some success stories in film and as an object of study, the description and analysis 
of the optimization of four brands inserted in the movie "The Devil Wears Prada" 
analyzing and understanding the actions and results. When properly executed, the 
merchandising in the cinema is a great and effective strategy for reaching consumers 
with greater power to induce him to purchase a product than a conventional 
business, such as the television or magazine. This ability is what is causing the use 
of merchandising grow both in film. 
 
Keywords 
 
Product placement, brand, cinema 
 
 
Introdução 
 
Merchandising editorial é uma conceituação brasileira para o termo em inglês 
Product Placement (Colocação de Produto), que se trata de qualquer técnica, ação 
ou material promocional que proporcione melhor visibilidade a marcas, produtos ou 
serviços, com o propósito de influenciar os consumidores nas decisões de compra. 
Geralmente, é uma ferramenta de marketing utilizada no ponto de venda 
(PDV), mas percebe-se o significativo aumento desta ferramenta no âmbito 
cinematográfico. O crescente uso do merchandising no cinema se deve às suas 
efetivas vantagens, tanto para as marcas quanto para as produtoras de cinema. 
Enquanto as empresas têm sua marca otimizada, as produtoras se beneficiam de 
patrocinadores tornando a produção mais barata e rentável. 
Porém, quão influente pode se tornar uma marca ao aparecer em um filme de 
sucesso? 
Esta pesquisa exploratória justifica-se pelo aumento do uso do merchandising 
no mercado publicitário e cinematográfico. Outro fator que foi considerado para o 
estudo do merchandising no cinema é que ele apresenta excelente abordagem ao 
consumidor de forma efetiva e natural. 
Deste modo, neste artigo é feita uma contextualização do campo do 
merchandising; um apuramento bibliográfico abordando conceitos e pesquisas 
acerca dos temas merchandising, cinema e marcas; o levantamento de alguns cases 
de sucesso no cinema e a descrição e análise da otimização de quatro marcas 
inseridas no filme “O diabo veste Prada”, analisando a forma com que o 
merchandising foi inserido no roteiro do filme, compreendendo a influência do uso do 
merchandising no público e estudando as vantagens que se agregaram à marca 
com o filme de sucesso. 
 
 
1. Merchandising 
Merchandising é um conjunto de técnicas de marketing aplicadas para 
identificar e promover marcas. O uso de tais técnicas já é usado há muito tempo, 
mesmo que seu conceito só tenha sido reconhecido nos Estados Unidos na década 
de 30, quando comerciantes começaram a perceber que os produtos expostos nas 
vitrines faziam mais sucesso do que os guardados atrás do balcão. 
Bernardino (2009) afirma que a atividade de merchandising surgiu junto com a 
de venda, quando homens na idade média começaram a escolher as ruas onde 
iriam vender seus produtos para chamar mais atenção dos clientes do que os 
concorrentes. 
Santos (2013) diz que merchandising é um conjunto de recursos que visa 
promover o produto certo, com preço justo, no lugar adequado e com a exposição 
correta. Uma atividade mercadológica destina a fazer fluir os produtos, dando um 
impulso ao consumidor na hora da compra. Percebe-se que está muito além de 
apenas participar do quarto P do mix de marketing (propaganda). 
Há várias controvérsias ao se discutir o assunto, mas todos concordam que é 
uma maneira de se chamar a atenção do público e despertar o desejo de consumir o 
produto de forma natural. O importante é fazê-los reconhecer a marca e buscá-la. 
 
1.1. Aplicado ao PDV 
No ponto de venda, o merchandising é destinado a aumentar a rotatividade 
dos produtos, utilizado como forma de organizar o ambiente e dar destaque às 
marcas. Mexe com todos os sentidos de percepção do homem. 
Sempre em busca do melhor posicionamento de sua marca, as empresas 
sabem que se o consumidor enxerga seu produto primeiro que o da concorrência, a 
compra já está quase garantida. Por isso, os recursos visuais são os com maior 
retorno. 
Músicas que deixam o ambiente mais agradável, embalagens try-me (teste-
me) e produtos sonoros são cada vez mais utilizados para atrair pela audição por 
seu feed-back positivo. 
O olfato está totalmente ligado à compra por emoção, pois quando o 
consumidor sente um cheiro, desperta sentimentos e lembranças que o influenciam 
na hora da compra. E o paladar é utilizado como recurso, geralmente, no 
lançamento de produtos, quando muitas marcas optam pela degustação. 
Blessa (2006) em sua pesquisa confirma que 83% do impulso na hora da 
compra é obtido pela visão, seguida pela audição, que tem 11% da influência. 
Um grande exemplo em que se pode visualizar o uso de todos esses recursos 
são os supermercados. Dentro deles há uma verdadeira guerra silenciosa entre 
representantes de marcas, lutando por espaços favoráveis ao destaque de seus 
produtos. As gôndolas são estrategicamente escolhidas de acordo com o tipo de 
produto, facilitando o reconhecimento do consumidor. 
O PDV é tão bem sucedido por ser responsável pelo último estágio da 
comunicação mercadológica que é a hora da compra. Assim, a marca consegue 
uma aproximação direta com seu consumidor no momento em que ele está mais 
influenciável. 
 
1.2. Aplicado à TV 
Nonning (2009) afirma em seu livro que inicialmente no Brasil o termo era 
aplicado nas ações pela TV, onde apareciam garotas propagandas fazendo um 
comercialao vivo. Em 1969, ganhou espaço nas telenovelas, com o ator na novela 
Beto Rockfeller, em que o protagonista ganhava certa quantia toda vez que falava a 
palavra Engov (que era o patrocinador) na trama. 
O uso só foi crescendo e de acordo com uma pesquisa divulgada no jornal 
eletrônico G1, o merchandising na TV aberta Brasileira arrecadou R$1,3 bilhões de 
janeiro a março de 2013. No topo de investimentos está o segmento de higiene e 
beleza, seguido por varejo e bebidas, respectivamente. 
Já Serrano (2012) acredita que o uso do termo merchandising aplicado à TV é 
errôneo. O autor diz que como nos Estados Unidos, o termo utilizado para ações na 
TV é chamado product placement (colocação de produto); as pessoas acabam 
confundindo ao posicionamento de produtos, este sim relacionado ao PDV, onde o 
merchandising é aplicado. E que assim, então, se optou por chamar essas inserções 
em programas e novelas de merchan, o que seria uma corruptela da palavra original. 
 
1.3. Aplicado ao Cinema 
Veronezzi (2013) afirma que apesar do conceito de merchandising ser novo 
no cinema, diversas marcas já vêm utilizando há muito tempo e, justamente por ter 
sido bem aplicado, o público não percebeu que se tratava de inserções planejadas 
estrategicamente, mediante verbas de patrocinadores. Um exemplo citado foram os 
filmes de 007, em que James Bond sempre pedia um Dry Martini mexido. Somente 
depois de aproximadamente quatro filmes o público percebeu que não era apenas 
uma coincidência. 
Quando é aplicado da forma correta, a marca se destaca de forma 
inconsciente, pois não deve ser percebida como algo que não deveria estar ali, ou 
seja, deve-se criar uma situação onde o roteiro não pare para entrar a propaganda, 
e sim, deve-se haver um equilíbrio nas cenas. 
O merchandising não pode querer chamar mais atenção do que a própria 
cena, não pode haver close na logo ou parada de cena apenas para falar da marca. 
Destaca que deve ser direta e discreta, assumindo a forma de publicidade 
subliminar. 
Ramonet (2001) diz que as mensagens entram em nós de forma subliminar. 
Exemplificando, quando assistimos a um filme de violência, ele mostra a tensão que 
se concentra no filme e acrescenta que há muitas coisas que aparecem como a 
marca de um veículo ou de um livro que se procura ler, ou consultar no filme, ou a 
maneira de vestir, de se comportar ou os costumes que, pouco a pouco, vão sendo 
absorvidos pelo público. 
O autor afirma que o mundo é manipulado e explica que nem tudo é 
forçosamente prejudicial. Mas globalmente o que ocorre é que nós somos 
inconscientes dessa manipulação. 
No merchandising subliminar a pessoa é pega de surpresa. Quando as 
pessoas são atingidas pelas formas convencionais de propaganda estão com suas 
defesas ativadas, já, quando estão assistindo a um filme essas mesmas defesas 
estão desativadas. Essa é uma das vantagens, pois alcança seu público nas horas 
de descontração, que é quando eles ficam mais acessíveis a essas mensagens. 
O grande desafio se torna entre marca, roteirista e produtora, que devem 
analisar bem o roteiro e encaixar os merchandisings naturalmente. Há muitos cases 
de sucesso, onde o merchandising foi enquadrado perfeitamente dentro do filme. 
Viganico (2007) instrui que as inserções não podem passar de 3 segundos 
dentro da mesma cena, para que as pessoas não fixem atenção no anúncio 
dissimulado e percebam que estão sendo alvo de propaganda. Ele confirma que o 
merchandising deve atuar no inconsciente do espectador, com grande quantidade 
de informação, num curto espaço de tempo. Citando Washington Olivetto, 
proprietário da W/Brasil, o autor adverte que, “quando ostensivo e pouco talentoso, o 
merchandising é ruim, como toda má propaganda”. 
A cada dia, mais produtoras estão percebendo as vantagens da utilização do 
merchandising associadas aos curtas de sucesso. A rentabilidade e as facilidades 
na própria produção aumentam consideravelmente. 
No artigo de Cortez (2009) para a revista ESPM, percebe-se a importância do 
merchandising aplicado de forma correta no meio cinematográfico. Mostra a 
inovação no Brasil, que vem se adequando a essa nova técnica de forma mais lenta 
do que em outros países que já utilizam há mais tempo, mas que está percebendo 
que é uma forma mais rentável de se produzir filmes. 
Ela ainda afirma: 
“Em média, o custo de produção de um longa-metragem no Brasil é 
de R$ 5 milhões. Mais de 50% desse total costuma vir dos recursos 
obtidos com as leis de incentivo fiscal. As produtoras querem mudar 
esse cenário, reforçando as verbas obtidas na área de marketing, 
que hoje são marginais.” 
 
"Quanto mais usual se tornar essa prática, mais autossuficiente será o mercado 
cinematográfico brasileiro", diz Priscila Jansen, sócia da Casé Filmes, responsável 
por produções como "Cilada.com" e "Muita Calma Nessa Hora". 
Folleto (2009) argumenta que existem quatro leis de posicionamento 
baseadas nas afirmações de Eduardo Pinheiro, autor do livro Promoção de vendas e 
merchandising. 
A primeira é a lei da compenetração, que diz que quanto maior a atenção do 
consumidor na tela do cinema, maior será o efeito de persuasão. A segunda é a lei 
do agrado, que estuda o gosto do consumidor para agradá-lo, baseando-se na ideia 
de que o que agrada é sempre mais aceito. A terceira é a lei da representação, que 
instrui a deixar cenas mais reais, dando credibilidade e agilizando a persuasão. E a 
quarta é a lei da identificação, em que mostra ao consumidor maneiras de satisfazer 
suas necessidades com a utilização do produto. 
Blessa (2006) afirma que no meio cinematográfico, o merchandising ou 
product placement se divide em três. Podendo ser visual (screen placement), verbal 
(script placement) ou integrado (plot placement); este último que associa os dois 
primeiros. 
 
1.4. Cases de sucesso 
Foram analisadas algumas inserções de sucesso, e dentre elas escolhidas 
quatro cases que se destacaram. 
 
1.4.1. Transformers 2 
 
Figura 1: Merchandising do Camaro no filme Transformers 2 
 O carro Camaro aparece durante várias cenas do filme e faz com que a 
marca seja lembrada até hoje, mesmo passados três anos após lançamento, por 
suas aparições. (Figura 1) 
 
1.4.2. O Exterminador do futuro 
 
Figura 2: Merchandising da Pepsi no filme O exterminador do futuro 
 No filme a marca Pepsi aparece ao lado de Arnold Schwarzenegger durante 
poucos segundos. Mesmo com a imagem cortada percebe-se que o reconhecimento 
é instantâneo. (Figura 2) 
 
1.4.3. Náufrago 
 
Figura 3: Merchandising da marca Wilson no filme Naufrago 
Após inserções no filme, a marca de artigos esportivos ganhou proporções 
maiores e reconhecimento mundial. O público passou a chamar as famosas bolas de 
basquete carinhosamente de Wilson, como no filme, mesmo sem perceber o ataque 
promocional. (Figura 3) 
 
1.4.4. Imagine só 
 
Figura 4: Merchandising da Apple no filme Imagine só 
No filme, pai (Eddie Murphy) e filha (Yara Shahidi) se divertem jogando com o 
sistema Mac. A marca aparece sem ser o objeto principal e alcança seu objetivo. 
 
2. Merchandising aplicado ao filme “O diabo veste Prada” 
 
2.1. O filme 
Dirigido por David Frankel é uma comédia baseada no best-seller literário 
Lauren Weisberger de mesmo nome e tem como assunto principal o mundo da 
moda. No filme a personagem principal Andrea, interpretada por Anne Hathaway, só 
quer a experiência de trabalhar numa revista conhecida nomeada, para depois 
seguir com sua profissão de jornalista em algum jornal de sucesso. Mas, Miranda 
Priestly, interpretada por Meryl Streep, administra com pulso forte a revista Runway 
e não se importa emdestruir o que estiver em seu caminho para conseguir o que 
quer. 
2.2. Inserções 
No longa a utilização de marcas mundialmente conhecidas se torna essencial, 
e as inserções são feitas de forma simples, rápida e discreta. O próprio nome já 
insere uma marca em seu contexto, dando relevante atenção ao nome Prada, já 
deixando a entender que a marca é sofisticada e importante. 
As inserções no filme utilizam abertamente das leis vistas no capitulo 1.3., 
pois como se percebe durante todo o filme, as marcas dão à personagem, que era 
totalmente fora de moda, status, sucesso na carreira, beleza e sofisticação. Com 
isso consegue-se prender a atenção do espectador, retratando cenas as mais reais 
possíveis, mostrando o que lhes agrada e incentivando-os a possuírem a marca, 
pois com elas conseguirão aquilo de que precisam. 
No filme pode-se ver a utilização de muitas marcas, mas para melhor 
compreensão e facilidade no estudo das inserções, serão analisadas apenas as 
marcas Prada, Channel, Calvin Klein e Dolce&Gabbana. 
2.2.1. Prada 
A marca tem quatro inserções durante o filme. 
A primeira é no título do filme, logo no começo. É a inserção com maior 
destaque e está explícita no contexto, pois dá evidência ao nome Prada, mesmo que 
não apareça o logo da marca ou algum produto. É usado o merchandising visual, ao 
aparecer o nome claramente escrito no meio da tela, e também o merchandising 
verbal, quando o locutor faz a chamada com o nome do filme. (Figura 5) 
 
Figura 5: 1ª Aparição da marca Prada 
Na segunda, a marca aparece num perfume na prateleira do banheiro de uma 
personagem figurante que está se arrumando de manhã. A inserção acontece de 
forma implícita e discreta. O recurso utilizado foi o visual e ocorre no primeiro minuto 
do filme de maneira bem rápida. 
A terceira aparição é com um close na bolsa de Miranda, aos cinco minutos 
de filme. O Merchandising foi feito explicitamente e aparece como menção ao nome 
do filme, já que o diabo seria a Miranda que está usando a marca Prada. (Figura 6) 
 
Figura 6: 3ª Aparição da marca Prada 
 A quarta e última aparição da marca acontece aos 37 minutos de filme. Na 
cena, Andrea está subindo as escadas do metrô e num outdoor que se encontra 
atrás da atriz há propaganda de um perfume Prada. Isso ocorre bem rápido e 
implícito, pois aparece de forma mais sutil na cena. 
2.2.2. Channel 
É a marca que mais aparece no filme totalizando nove inserções ao todo. 
A primeira aparição é visual, aos seis minutos de filme, quando Emilly, a 
secretária de Miranda pega uma caixa em sua mesa com o escrito Channel. 
Acontece bem rápida e sem dar foco à marca, por isso é implícita dentro do 
contexto. 
A segunda é integrada e explícita. Acontece aos 35 minutos de filme, quando 
Nigel, um estilista da revista, está ajudando Andrea a se vestir melhor e lhe entrega 
peças para o novo visual. 
 
Figura 7: 2ª aparição da marca Channel 
 A terceira inserção se dá quando, já transformada, Andrea veste botas da 
marca. Acontece de maneira verbal, pois as botas não aparecem, o que acontece é 
que Emilly sem acreditar que Andrea está totalmente mudada, pergunta se aquelas 
são realmente botas Channel. A cena conta com a participação da modelo Gisele 
Bündchen e está explícita no filme. 
A quarta aparição da marca no filme foi implícita e visual. O uso do colar 
compondo o figurino passa a maior credibilidade da marca ao novo e estiloso visual 
da personagem. (Figura 8) 
 
Figura8: 4ª aparição da marca Channel 
A quinta inserção é com o mesmo colar da quarta e foi feita aproximadamente 
cinco minutos depois. 
Na sexta aparição, Andrea está usando óculos da Channel. A cena se passa 
no escritório da revista Runway. É feita de forma implícita e visual. 
A sétima inserção é com o mesmo produto da sexta, mas dessa vez Andrea 
está andando na rua, falando ao celular. 
 A oitava inserção, novamente com um colar da marca compondo o look, 
Andrea está entrando na casa de Miranda, quando de forma implícita e visual a 
marca aparece discretamente. 
A nona inserção ocorre quando Andrea procura Miranda em seu quarto de 
hotel para conversarem. No cenário encontra-se uma bolsa da Channel logo atrás 
de Miranda que está sentada no sofá. Acontece de forma visual e implícita. 
 
Figura 9: 9ª aparição da marca Channel 
2.2.3. Calvin Klein 
A marca aparece quatro vezes durante o filme. 
A primeira inserção é quando Miranda diz a Andrea que precisa de saias da 
marca. Acontece de maneira verbal, pois o produto em si não aparece, e é 
consequentemente explícita. 
 
Figura 10: 1ª aparição da marca Calvin Klein 
 A segunda aparição acontece logo depois da primeira, e é quando Andrea diz 
à Emilly que a chefe havia dito que precisava das saias. É verbal e explícita. 
 A terceira é a resposta de Emilly à Andrea, dizendo que esta precisava ir a 
Calvin Klein pegar as saias. 
 Na quarta inserção, de forma sutil e implícita aparece a etiqueta Calvin Klein 
do saco de pendurar roupas, na arara, enquanto Emilly guarda o casaco de Miranda. 
É uma aparição visual. 
2.2.4. Dolce&Gabbana 
A marca tem três inserções durante o filme. 
A primeira cena em que a marca aparece é no começo, aos 5 minutos do 
filme, quando Miranda está chegando a Runway, uma personagem coadjuvante 
troca seu sapato por um de salto fino da marca. Essa inserção é visual e explícita. 
Reforça o significado importante que a marca traz quando se está usando, não 
importando conforto, e sim beleza. 
 
Figura 11: 1ª aparição da marca Dolce&Gabbana 
 A segunda inserção acontece aos 15 minutos, quando Andrea atende pela 
primeira vez ao telefone do escritório e pede à pessoa do outro lado da linha para 
soletrar Gabbana. Acontece de forma verbal e explícita. 
 A terceira aparição é integrada, pois ao mesmo tempo em que Nigel fala o 
nome da marca, entrega o produto à Andrea. É, portanto, explícita. 
 
3. Otimização de marcas com a utilização do merchandising 
Muitas vantagens são agregadas à marca, quando essa entra no meio 
cinematográfico utilizando do merchandising, ou product placement, como meio de 
ser reconhecida inconscientemente por seu consumidor. Isso acontece devido à 
associação que ocorre quando o consumidor vê um personagem de quem ele gosta 
usando um produto da marca; assim ele acredita que se a marca é boa para o 
artista, é boa para ele também. 
Viganico (2007) deixa claro isso no subcapitulo 2.3., denominado “As estrelas 
de cinema e o fetiche da mercadoria”, em que coloca citações de Edgar Morin, que 
afirmam que os artistas, enquanto estão em seus personagens viram uma 
mercadoria, que servem para embelezar a cena a acabam virando exemplos para 
espectadores. Assim esses personagens guiam as pessoas no jeito de se vestir, nas 
atitudes, ensinam a beber, a fumar e podem ter o poder de influenciar até no recusar 
ou aceitar um beijo. 
Comparado à TV, por exemplo, seu uso tende a se tornar ainda mais influente 
do que os famosos comerciais de 30 segundos, pois o canal se pode mudar na hora 
que quiser e com o crescimento nos canais fechados, esses são cada vez menos 
frequentes e eficientes. 
Sendo aplicado de forma correta, esse tipo de publicidade se torna mais 
eficaz na lembrança da marca pelo consumidor do que pelos meios usuais, como 
divulgação em meios impressos ou rádios. 
A procura, então, só aumenta, pois as próprias marcas estão sentindo a 
necessidade de se posicionarem dentro do mercado cinematográfico, para não 
ficarem para trás. 
O interessante é que essas inserções também servem como janelas para 
outros veículos de comunicação, pois a sala de cinema é apenas o começo da 
trajetória do filme. Depoisde sair de exibição, esses filmes vão para canais de TV 
por assinatura, DVD’s e BlueRay’s e para a própria TV aberta. Ou seja, a marca 
anunciante ganha espaço, em diversas mídias, com um único investimento ao 
aplicar o merchandising. 
 
Considerações finais 
O estudo do uso do merchandising no cinema teve como propósito comprovar 
a otimização de uma marca inserida no contexto de um filme. 
Por meio do estudo, que teve por embasamento teórico um levantamento 
bibliográfico e análise fílmica, pôde-se avaliar que o merchandising introduzido em 
um filme pode ter muito mais ação sobre o público do que um anúncio comum, por 
levar ao receptor, e nele introduzir, uma imagem bela e valorizada do produto. 
A grande vantagem do uso do merchandising no cinema é que a marca ou 
produto inseridos ao enredo do filme são altamente valorizados, mesmo que de 
forma implícita, e abordam o consumidor de forma muito eficaz, fazendo com que 
ele se emocione e deseje fazer parte daquela realidade. 
Em relação ao filme “O diabo veste Prada”, utilizado como objeto de estudo, 
observou-se que as marcas fazem alusão ao tipo de vida das pessoas e influenciam 
o público em suas atitudes, estilo de vida, posição profissional e até mesmo em 
relacionamentos. Na maior parte da obra cinematográfica, as inserções das marcas 
de moda ocorrem de maneira explícita e sem apresentarem uma propaganda 
agressiva, uma vez que a marca é inserida no contexto de um filme que aborda o 
tema de moda. Considera-se que o merchandising foi executado com sucesso e 
teve a sua mensagem transmitida de forma apropriada, sem tirar o foco do enredo e 
forçar a mensagem ao consumidor. 
 
 
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