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ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA _ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MANAUS
ROBERTA, já qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, através do seu procurador infra-assinado, nos termos do artigo 403, § 3º do Código de Processo Penal, apresentar:
ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS
Pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
1. PRELIMINARMENTE
O art. 89 da Lei nº 9.099/95 prevê que caberá ao Ministério Público oferecer a proposta de suspensão condicional do processo quando a pena mínima cominada ao delito imputado for de até 01 ano, abrangidas ou não por esta lei, preenchidos os demais requisitos legais, como a primariedade e a presença das exigências do art. 77 do Código Penal.
Desta forma, requer a nulidade dos atos processuais realizados durante a instrução probatória, haja vista que, o presente caso é um exemplo da aplicabilidade do art. 89 da Lei nº 9.099/95 e não foi oferecida a proposta de suspensão condicional do processo pelo Ministério Público.
2. DOS FATOS
	No dia 23 de fevereiro de 2016, a acusada se encontrava em um curso preparatório para concurso na cidade de Manaus. Ao final da aula, resolveu ir comprar um café na cantina do local, tendo deixado seu notebook carregando na sala. Ao retornar, retirou um notebook da tomada e foi para a sua residência. Ao chegar em casa, foi informada de que foi realizado um registro de ocorrência na Delegacia em seu desfavor, tendo em vista que as câmeras de segurança da sala de aula captaram o momento em que subtraiu o notebook de Claúdia, sua colega de classe, que havia colocado seu computador para carregar em substituição ao da ré, o qual estava ao lado.
	No dia seguinte, antes mesmo de qualquer busca e apreensão do bem ou atitude da autoridade policial, a ré restituiu a coisa subtraída. Roberta foi indiciada pelo crime de furto simples, tipificado no art. 155, caput, do Código Penal.
	Ademais, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais da ré sem qualquer outra anotação. 
3. DO DIREITO
3.1. ERRO DE TIPO
	Notoriamente a acusada subtraiu o computador de outra pessoa acreditando estar pegando algo que efetivamente lhe pertence, o que caracteriza o erro de tipo, nos termos do art. 20 do Código Penal.
	Nesta modalidade de erro, o agente pratica uma determinada conduta por entender equivocadamente que esta não caracterizaria nenhum tipo de infração penal, estando perfeitamente de acordo com os objetivos primários da norma que tange a proteção dos bens jurídicos, isto é, o agente pratica uma conduta por acreditar sinceramente que seus atos não configuram nenhum tipo de crime ou contravenção, quando de fato estes atos correspondem a uma definição normativa típica.
3.2. OFERECIMENTO DE SUSPENSÃO CONDICIONAL
	O sursis processual é aplicável ainda que o crime não seja considerado de menor potencial ofensivo e não esteja submetido a alçada de competência do Juizado Especial Criminal, bastando que sua pena mínima seja igual ou inferior a 01 ano e que os demais requisitos presentes no art. 89 da Lei nº 9.099/95 estejam presentes no caso concreto, o que de fato se manifesta.
3.3. RECONHECIMENTO DO ARREPENDIMENTO
	Há a possibilidade do reconhecimento do arrependimento posterior, nos termos do art. 16 do Código Penal, visto que a imputação constante na denúncia refere-se a um crime praticado sem violência ou grave ameaça e que a acusada, por sua voluntariedade, restitiu o bem a pretensa vítima, antes do recebimento da denúncia, sem que este estivesse gravado de qualquer ônus ou dano. Assim, cabe a redução de pena de 1/3 a 2/3.
3.4. ATENUANTE GENÉRICA
	Na determinação da pena intermediária, deveria ser solicitado o reconhecimento da atenuante da menoridade relativa, uma vez que a acusada era menor de 21 anos na data dos fatos, conforme o art. 65, inciso I, do Código Penal e o reconhecimento da atenuante de reparação espontânea do bem, nos termos do art. 65, III, b do Código Penal, uma vez que no dia seguinte da data da pretensa subtração, ao perceber o equívoca, Roberta procurou de forma voluntária e espontânia a vítima e devolveu o bem. 
3.5. PENA RESTRITIVA DE DIREITOS
Em caso da aplicação de pena privativa de liberdade, deveria ser requerida a substituição desta por restritiva de direitos, pois estão preenchidos os requisitos do art. 44 do Código Penal. O regime inicial de cumprimento de pena a ser buscado é o aberto, por estarem satisfeitos os requisitos constantes ao teor do art. 33, parágrafo 2º, c, do Código Penal.
4. DOS PEDIDOS
	Diante do exposto, requer:
Declaração da nulidade da instrução, com o oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo;
Absolvição do crime de furto, tendo em vista a presença do erro de tipo, na forma do art. 386, inciso III, do CPP;
Em caso de eventual condenação:
A aplicação da pena base no mínimo legal;
O reconhecimento das atenuantes da menoridade relativa e restituição espontânea do bem;
A aplicação da causa de diminuição do arrependimento posterior;
A substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos;
A aplicação do regime aberto.
Neste termos,
Pede deferimento.
Manaus, 29 de agosto de 2016. 
Advogado
OAB

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