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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ.
Mandado de Segurança n° ____________________ 
MAGNÓLIA (sobrenome),já qualificado nos autos do mandado de segurança em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado abaixo assinado, com base nos artigos 1.027 e seguintes do novo Código de Processo Civil, e alínea “b” do inciso II do artigo 105 da Constituição Federal, interpor
RECURSO ORDINÁRIO
Contra a decisão que denegou a ordem no mandado de segurança impetrado contra SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ, Endereço (...), CNPJ (...), sendo a autoridade coatora o SECRETÁRIO ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ, também já qualificado, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor. 
PEDE-SE, pelo recebimento do presente recurso ordinário e, após a tramitação de praxe (intimação do Recorrido para apresentar as contrarrazões, conforme o § 2º do artigo 1.027), o seu encaminhamento para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a fim de que seja reformada a decisão que negou a segurança do presente mandamus.
Termos em que pede deferimento.
Cidade (UF), data.
______________________
Advogado
OAB/UF XXXX 
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA,
COLENDA TURMA
EMINENTES MINISTROS,
Tendo em vista que, acórdão recorrido julgou por improcedentes os pedidos formulados pelo Recorrente. Todavia, a decisão deve ser reanalisada e reformada, pelas razões expostas no presente recurso. 
FATOS
A impetrante é portadora de grave doença autoimune conhecida como Lupus, realiza tratamento para contenção dessa patologia junto ao sistema público de saúde do Estado. 
Trata-se de pessoa pobre e, como grande parte da população do Estado, vive em estado de miserabilidade sem a menor condição financeira de adquirir por conta própria os medicamentos indicados para o tratamento de sua doença. 
Acontece que, mediante essas condições, a paciente procurou, na data de 10/10/2017 a Central de Distribuição de Estadual para requerer o fornecimento do mesmo, ocasião em que, foi informada que o medicamento em questão, de altíssimo custo, mesmo constantes das listas de fornecimento do SUS e do Governo Estadual, estava suspenso por tempo indeterminado, por ordem da Secretaria de Saúde do Estado, ora impetrada.
Sequencia dos fatos, a Defensoria Pública do Estado, na pessoa do ilustre estagiário José Afonso, elaborou requerimento formal à ora impetrada solicitando a compra do referido medicamento. Tal requerimento foi protocolado em 11/10/2017 e no dia 15/10/2017 com atípica celeridade, a Secretaria de Saúde reafirmou sua posição de negativa. 
Tendo em vista a reiterada negativa do Estado em cumprir com sua obrigação primordial de atender a população no quesito saúde, essencial para a sobrevivência da população já tão massacrada pela pobreza e sofrimento natural que sem impõem às populações do sertão do Estado, viu-se a paciente forçada a apelar à jurisdição para que essa em seu exercício pleno de direito faça valer a Constituição e o regramento pátrio.
Desta forma, tendo em vista a manifesta ilegalidade da autoridade coatora, pugna-se pela reforma da decisão que denegou a segurança do mandamus impetrado pelo Recorrente.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Conforme relatado, o Recorrente possui direito líquido e certo ao tratamento de saúde pelo profissional médico indicado. Não se trata de pedido superfúlo ou mero exercício de cidadania mas de verdadeira luta incansável pelo direito à sobrevivência. Direito à vida não pode ser, em hipótese alguma, faculdade do poder executivo. É IMPERATIVO E GARANTIDO NA CONSTITUIÇAO FEDERAL.
O presente recurso ordinário tem fundamento no artigo 1.027 do novo Código de Processo Civil, in verbis:
Art. 1.027.  Serão julgados em recurso ordinário:
I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão;
II - pelo Superior Tribunal de Justiça:
a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
A Constituição Federal também prevê, no seu artigo 105, o recurso ordinário em caso de decisão denegatória de segurança:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
II - julgar, em recurso ordinário: [...]
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
Como visto, a autoridade coatora ignorou o direito do Recorrente, impedindo-lhe acesso a digno, necessário e justo tratamento medicamentoso do qual depende sua saúde e integridade física, em manifesto ato eivado de ilegalidade e que padece de vícios graves que ensejam a sua nulidade.
Em síntese, o juízo a quo entendeu pela ausência de direito líquido e certo do Recorrente pelo seguinte: (In verbis)
“Ocorre que, apesar de todo o esforço e da tese elaborada pela Defensoria Pública, a segurança pleiteada foi denegada em decisão colegiada proferida pela E. Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, a qual alegou no acórdão proferido que o Estado possui o poder discricionário de decidir sobre o fornecimento de medicamentos, de acordo com a sua conveniência e disponibilidade financeira, não podendo o Poder Judiciário obrigá-lo”.
Trata-se de decisão flagrantemente teratológica pois ignora o direito claro e evidente à vida, saúde e integridade física da paciente alicerçando tal decisão em um “poder discricionário” que o Estado NÃO POSSUI de vida ou de morte daqueles que dependem do Sistema Único de Saúde. Excluem assim os Ilustres Magistrados que compõem a Colenda Câmara que proferiu o “decisium” em questão, a responsabilidade constitucional do Estado de zelo para com aqueles que merecem e necessitam da proteção que o Estado deve dar, não por favor nem por mero consentimento, mas por obrigação sem a qual a maquina estatal perde seu sentido de existir. 
Por outra monta, o Poder Jurisdicional e flagrante ato de negligencia, nega ao jurisdicionado a garantia constitucional que se lhe assiste, que se vê escancarada no art. 5o. da Constituição. Exclui frontalmente o jurisdicionado do rol daqueles protegidos pelo Princípio da Dignidade Humana, pois a pergunta que se impõe é : 	QUEM PODERÁ VIVER EM PLENITUDE E COM A DIGNIDADE DESEJADA AOS FILHOS DESSA PÁTRIA, SEM O MÍNIMO DE ASSISTENCIA NA SAUDE, ELEMENTO PRIMÁRIO NA CONSTRUÇAO DA DIGNIDADE DE UM POVO? 
DA FEITA QUE, tal entendimento merece reforma. Isso porque ao negar à paciente o medicamente a ela necessário NEGA-SE JURISDICÁO, NEGA-SE A DIGNIDADE HUMANA CONSTITUCIONALMENTE PREVISTA, NEGA-SE O DIREITO A SAÚDE, NEGA-SE O DIREITO A VIDA.
Ao fazer-se necessário trazer a presente demanda ao STJ, expõe-se o quanto há de erros grosseiros no poder judiciário e o quanto os princípios constitucionais ainda não são relevantes na fundamentação das decisões em nossos tribunais.
Nesse sentido, tendo em vista que o Recorrente merece ser atendido e que o Estado do Ceará seja obrigado a fornecer-lhe o medicamento em questão, pugna-se pel reforma da decisão recorrida sendo essa, medida que se impõe.
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA
A antecipação de tutela de urgência se traduz na antecipação do provimento jurisdicional favorável quando evidenciados a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, podendo ser revertida em caso de improcedência do recurso.
Uma vez presentes os requisitos do artigo 300 e seguintes, bem como o artigo 932, todos do novo Código de Processo Civil, o relator do presente recurso ordinário pode e deve antecipar a tutela de urgência requerida, veja-se:
Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito eo perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Art. 932.  Incumbe ao relator: [...]
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal;
O fumus boni iuris está presente no caso em apreço, tendo em vista que o Recorrente possui direito líquido e certo, em razão de que o pedido relaciona-se diretamente com a manutenção da saúde da paciente. 
Do mesmo modo, o periculum in mora também está presente, tendo em vista que, caso a decisão que denegou a segurança do mandamus impetrado continue surtindo efeitos, o Requerente sofrerá danos, pois negar-lhe o medicamento em questão é impor-lhe sacrifício físico e exposição ao risco iminente a vida. 
Em sendo assim, presentes, pois, os requisitos autorizadores da concessão da medida, pelo que se pugna, a concessão dos efeitos da tutela de urgência, liminarmente e inaudita altera pars.
PEDIDOS
Em razão do exposto, requer-se seja conhecido e provido o presente recurso ordinário, reformando a decisão que denegou a segurança do mandamus impetrado e determinando à autoridade coatora que:
Imediatamente proceda a compra do medicamento em questão, fornecendo-o initerruptamente à paciente enquanto durar o tratamento de tao grave enfermidade.
 
Termos em que pede deferimento.
Cidade (UF), data.
________________________
Advogado
OAB/UF XXXX

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