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A Arte do Renascimento e suas Implicações

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A ARTE DO RENASCIMENTO 
 
Para Jean Delumeau, a nossa compreensão do período que vai de meados da primeira metade 
do século XV ao início da Guerra dos Trinta Anos (1618) "ficaria muito facilitada se fossem 
suprimidos dos livros de História dois termos solidários e solidariamente inexatos: Idade Média e 
Renascimento. Com isso se abandonaria todo um conjunto de preconceitos. Ficar-se-ia, 
especialmente, livre da idéia de ter havido um corte brusco que veio separar uma época de luz de 
um período de trevas." 
Com efeito, o preconceito nasceu com humanistas italianos que acentuavam que o Renascimento 
devia-se ao reencontro com a Antiguidade clássica e à negação da Idade Média. Porém, o 
Renascimento, enquanto paradigma, não se explica como uma ruptura, nem isoladamente como 
um reencontro com a Antiguidade clássica. Trata-se de um momento extraordinário, que resulta 
naturalmente do período que o precede, apesar da influência que a cultura clássica exerceu nos 
intelectuais renascentistas. 
A sua novidade é a consequência natural de uma conjuntura que progressivamente se impunha 
na Europa desde meados do século XII; as suas implicações eram de natureza social, cultural, 
religiosa, política e econômica. Com efeito, a transição do paradigma gótico para o renascentista 
não foi necessariamente mais significativa do que a transição do românico para o gótico, 
simplesmente o contexto de um mundo centrado no Mediterrâneo estava a terminar e o fim desse 
mundo coincide com uma série de fatores, entre os quais se destaca a redescoberta da cultura 
clássica. 
Tzevtan Todorov descreve assim um Mundo em mudança estrutural: "Em finais do século XV e 
início do século XVI, não se pode deixar de ter a impressão de que a História européia, e mesmo 
mundial, acelera de um modo extraordinário. […] Num espaço de trinta anos, tudo muda. Em 
1492, Colombo atravessa o Atlântico e «descobre» as Antilhas; nos anos que se seguem chega 
ao continente americano. Em 1498, Vasco da Gama dobra o Cabo da Boa Esperança e abre o 
caminho marítimo para a Índia. Em 1500, Pedro Álvares Cabral aproa à costa brasileira. Em 
1519, Cortez desembarca no México. […] Por fim, em 1522, as naus de Fernão de Magalhães 
concluem a primeira volta ao Mundo. […] Nunca trinta anos modificaram tanto a face do Mundo!" 
Estes trinta anos de que fala Todorov são simultaneamente causa e consequência de um 
paradigma em definição, que tendia a subvalorizar o pensamento teocêntrico e simbólico, 
dominante na Idade Média; que acentuava a importância do espírito crítico e o interesse pelo 
mundo natural, criando assim as bases do conhecimento científico moderno. Impôs-se a 
tendência para o antropocentrismo, ou seja, o Homem tornou-se, progressivamente, o centro dos 
interesses e motivações, assim como o modelo e referência para todas as coisas. 
O Mundo mediterrânico era, depois de 1522, apenas uma porção de um mundo maior, mais 
diverso e plural do que até então se imaginara, no universo quase mitológico das derivas de 
viagem medievais. Redimensionar o Mundo implicava redimensionar o saber ou uma nova 
diversidade de saberes. 
Mas o Renascimento resulta também, na sequência do que já se passava na Baixa Idade Média, 
do crescimento demográfico e urbano, da abertura comercial e maior dinamismo socioeconômico, 
assim como de uma tendência para a valorização do Humanismo. 
Resulta ainda de um contexto muito particular, que geograficamente podemos circunscrever à 
Península Itálica, particularmente no Norte, fragmentado em ducados e repúblicas oligárquicas, 
onde poderosas famílias, politicamente legitimadas pelo lucro obtido no comércio internacional e 
nas atividades financeiras, que também se traduzia em domínio militar, patrocinaram – pela 
prática sistemática do mecenato – o ressurgimento das artes e das letras. 
No que diz respeito às artes e às letras, uma questão muito relevante prende-se com a 
diferenciação do autor e consequente valorização social do artista. Normalmente, os artistas 
medievais eram artesãos integrados em corporações e geralmente permaneciam anônimos. Pelo 
contrário, os artistas do Renascimento assumiram-se como intelectuais, que assinavam as suas 
obras e tinham reconhecimento público, estatuto social e eram bem remunerados; os seus 
conhecimentos estendiam-se à filosofia, engenharia, matemática e ciências naturais. 
No que concerne à religião, o Renascimento torna evidente o processo de secularização, que 
inevitavelmente afeta o mundo da arte que, na Idade Média, era predominantemente arte sacra. A 
arte renascentista testemunhará ainda o movimento da Reforma Protestante. 
No que diz respeito à arquitetura renascentista, podemos concebê-la dentro de uma 
mundividência classicista e humanista. Trata-se da expressão artística que de um modo mais 
consequente se afirma através da ruptura com a arte gótica. Acontece assim um fenômeno muito 
interessante de cristianização dos arquétipos clássicos. De um modo mais evidente, buscou-se 
uma centralidade para a Natureza e o Homem na arquitetura. 
Um dos elementos mais significativos no que concerne à arquitetura do Renascimento, é a 
importância que assume a perspectiva, enquanto possibilita uma integração dinâmica e 
contextualizada do indivíduo no espaço, e isso implica consequentemente uma alteração 
significativa do paradigma em relação às catedrais góticas, que impunham uma predisposição 
ascensional, um movimento ascendente que cria uma sensação de levitação em quem percorre a 
nave central. Nesse sentido, a catedral renascentista, independentemente das suas dimensões, é 
concebida à medida do homem. 
A construção da cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença, por Filippo 
Brunelleschi (1377-1446), não representa apenas uma alteração de natureza estilística. Trata-
se, com efeito, de um acontecimento muito significativo, que não foi projetado com antecedência, 
mas que surgiu como resposta a um problema concreto: quando chegou o momento da 
construção da cúpula, as técnicas tradicionais utilizadas naquela catedral concebida num 
românico tardio, não permitiam erigir uma cúpula com aquelas dimensões. Foi em Roma, diante 
do Panteão, que Brunelleschi se inspirou para uma cúpula de arco pleno. Numa evidente 
manifestação do espírito do Renascimento, Brunelleschi observa, procura compreender e introduz 
a marca criativa da sua personalidade; o resultado foi a primeira cúpula octogonal da História da 
Arquitetura, que passa a ser um elemento estrutural do panorama urbanístico e cultural de 
Florença. 
Foi este episódio e a busca e sistematização do ordenamento e do cânone clássico, que 
permitiram o extraordinário potencial criativo da arquitetura renascentista. Este espírito 
materializa-se de um modo exemplar na obra de Donato Bramante (1444-1514), que não só 
conhece e domina as possibilidades da linguagem clássica, como também entende, assume e 
integra o espírito do Renascimento, o que permite uma renovação ou superação do arquétipo 
clássico. Importa, no entanto, referir que esta questão já tinha sido colocada 400 anos antes, no 
princípio do século XII, por Bernardo de Chartres, que escreveu a propósito dos autores 
clássicos: "Assemelhamo-nos a anões aos ombros de gigantes: vemos, por isso, mais coisas do 
que eles viram e vemos mais longe do que eles. Qual a razão? Não se deve nem à acuidade do 
nosso olhar nem à superioridade do nosso porte: reside em que somos segurados e erguidos 
pela alta estatura dos gigantes." 
Andrea Palladio (1508-1580) foi um dos mais notáveis arquiteto renascentistas, que se exprimiu 
inevitavelmente no domínio da arquitetura religiosa, embora seja particularmente reconhecido 
pelos seus projetos de vilas nos arredores rurais das cidadesitalianas. No século XVI, com 
arquiteto como Michelangelo ou Giulio Romano, o Maneirismo impõe-se como uma tendência 
decorativa que utiliza elementos clássicos e introduz, paradoxalmente, conteúdos anti-clássicos. 
Ao contrário do paradigma cultural do Renascimento, a arquitetura renascentista italiana não 
encontrou condições de fácil expansão. Com efeito, no auge do Renascimento em Itália 
predominavam na Europa o românico tardio e o gótico. Os tratados clássicos não impediram que 
as assimilações regionais estivessem marcadas pelo Maneirismo, que pode ser considerado um 
movimento associado à fase tardia da arte renascentista, mas pode também ser considerado um 
estilo autônomo. Em França, por exemplo, a transição é feita do gótico para uma arquitetura pós-
renascentista, o que compromete a afirmação categórica de arquiteturas renascentistas regionais. 
 
Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença (séc. XVI-XV). 
 
 
 
Igreja de San Giorgio Maggiore, Veneza, projeto de Palladio (séc. XVI). 
 
 
S. Pedro de Roma 
 
 
Foi no pontificado de Júlio II, em 1506, que Bramante recebeu o encargo de projetar a Basílica de 
São Pedro. Bramante foi sucedido por inúmeros arquiteto até que, no pontificado de Paulo III, em 
1546, o projeto é entregue a Michelangelo que, com 72 anos, se deixou fascinar pela cúpula que 
se eleva a 132,5 metros e ainda hoje se impõe no horizonte de Roma. Com efeito, Michelangelo 
morreu em 1564 e não chegou a ver a extraordinária cúpula que concebeu e que só ficou 
terminada em 1590; não conheceu a fachada do edifício, que foi concluída em 1614, era então 
Carlo Maderno o arquiteto principal; Michelangelo também não testemunhou a harmonia com que 
Bernini redesenhou a Praça de São Pedro, na segunda metade do século XVII. 
A Basílica de São Pedro, por guardar uma herança de mil e quinhentos anos de história da Igreja, 
pelo contexto em que foi projetada, pelo impacto que a sua construção teve na história da 
Humanidade, representa por um lado a ambição e a megalomania, a arrogância e uma certa 
impudência do papado, que tiveram consequências nefastas; por outro lado representa, nas 
vozes que ali se exprimem, o sublime e o desejo de transcendência, a materialização do gênio 
humano, com um engenho e uma criatividade que reconhecemos apenas em alguns lugares, 
onde – como escreveu Cees Nooteboom – "à nossa chegada ou partida se acrescentam, de 
forma misteriosa, as emoções de todos os que lá chegaram ou de lá partiram antes de nós". 
Basílica de S. Pedro, Roma (séc. XVI). 
No que diz respeito à pintura renascentista, podemos sucintamente enumerar algumas 
características que contribuíram para a sua novidade: surge, então, uma nova maneira de 
representar a natureza, com um desenvolvimento significativo do conceito de «perspectiva»; por 
outro lado, a figura humana readquire o arquétipo estético clássico, as composições ganham um 
maior dinamismo e espontaneidade, as luzes e as sombras, assim como as cores, passam a ter 
um papel determinante na indicação de estados de espírito subjacentes às personagens ou às 
situações. 
Numa primeira fase, a pintura renascentista foi muito marcada por Giotto (1266-1337). E se, por 
um lado, Fra Angelico (1387-1455) lembra ainda a pintura gótica, Masaccio (1401-1428) foi o 
primeiro grande pintor do Renascimento, e isso reconhece-se no humanismo e plasticidade das 
suas composições. 
Não podemos deter-nos pormenorizadamente nas biografias ou na descrição das obras dos 
grandes mestres renascentistas, ainda assim, importa evocar figuras como Botticelli (1445-1510), 
Leonardo da Vinci (1452-1519), Michelangelo (1475-1564) ou Raffaello (1483-1520), que deram à 
arte cristã algumas das suas obras mais notáveis ou mais reconhecidas. 
 
Trindade (1425-1428), Masaccio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ressurreição de Cristo (1499-1502), Raffaello. 
 
 
 
 
A Virgem das Rochas (1495-1508), Leonardo da Vinci. 
 
 
O fruto proibido (1509), Michelangelo. 
 
 
Com efeito, Raffaello representa o apogeu do sistema classicista na pintura do Renascimento. 
Porém, o equilíbrio formal das suas composições vai cedendo ao Maneirismo, em que a noção do 
espaço é alterada, em que a perspectiva centrada se fragmenta e as proporções da figura 
humana são distorcidas com finalidades expressivas ou estéticas, o que acentua uma dinâmica 
mais intensa e dramática às composições. 
A revalorização do arquétipo clássico é uma das características mais significativas da escultura 
renascentista. Porém, da mesma forma que o medieval Giotto (1266-1337) será a grande 
influência dos pintores do Renascimento, o medieval Nicola Pisano (1220-1278) e o seu filho 
Giovanni (1250-1314) serão os precursores da escultura renascentista. 
No século XIV, a obra de escultores como Andrea Pisano (1290-1349) ou Orcagna (1308-0368) 
reflete ainda a transição da escultura gótica para a escultura renascentista, que se afirma 
completamente com Lorenzo Ghiberti (1378-1455) e com Donatello (1386-1466), autor de 
algumas das mais representativas esculturas do Renascimento. 
Na geração seguinte, Verrocchio (1435-1488) destaca-se pela teatralidade e dinamismo das suas 
composições e Michelangelo (1475-1564) afirma-se como o mais representativo escultor do 
Renascimento. Curiosamente, Michelangelo esculpiu a Pietà (1498) com apenas 23 anos, o que 
fez com que duvidassem que pudesse ser o autor de uma obra tão notável. 
 
Pietà de Michelangelo (1498). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As portas do Paraíso 
 
 
 
Dante Alighieri foi batizado no Batistério de S. João, em Florença. Mas são as portas do 
Batistério, que tornam este edifício uma referência. Com efeito, em 1329, Andrea Pisano, 
recomendado por Giotto, foi incumbido de projetar as Portas Sul do Batistério, que seriam 
terminadas em 1336. 
Em 1401 foi anunciado o concurso para o projeto das Portas Norte. Competiram sete escultores, 
entre eles Lozenzo Ghiberti, Filippo Brunelleschi e Donatello. Com apenas 21 anos, Ghiberti 
venceu o concurso; por seu lado, Brunelleschi ficou tão desiludido que partiu para Roma com o 
objetivo de estudar arquitetura e nunca mais esculpiu. Em 1422 as Portas Norte estavam 
terminadas; Antonio Palocci descreveu-as como o mais importante acontecimento da história da 
arte de Florença no princípio do século XV. 
Ghiberti tornou-se o mais importante escultor do seu tempo. Em 1425 foi-lhe confiado o projeto 
das Portas Leste do Batistério. Em dez painéis, Ghiberti utilizou a perspectiva no sentido de obter 
o efeito de profundidade. Michelangelo referiu-se às Portas Leste do Batistério de S. João como 
as Portas do Paraíso, nome que permaneceu até aos nossos dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Portas do Paraíso, Lozenzo Ghiberti (séc. XV). 
 
 
Como acontece com outras expressões artísticas, a música do Renascimento evolui naturalmente 
dos paradigmas que a precederam. Por outro lado, neste período, a voz e a orquestração tornam-
se progressivamente mais relevantes e, se por um lado assistimos à afirmação da autonomia da 
música profana, por outro lado a música sacra renascentista é representada por compositores 
notáveis, entre quais os se destacam Josquin des Prez (c. 1445-1521), Jacques Arcadelt (c. 
1505-1568), Thomas Tallis (c. 1505-1585), Orlando di Lasso (1532-1594), Tomás Luis de Victoria 
(1548-1611) ou os portugueses Duarte Lobo (1565-1646) ou Frei Manuel Cardoso (1566-1650). 
Mas o mais reconhecido compositor renascentista foi Palestrina (1525-1594). Com efeito, antes 
de Bach, nenhum outro compositor tivera o reconhecimento que teve Palestrina, que atingiu a 
excelência no estilo eclesiástico,que exprimiu na sua obra a sobriedade exigida pelo espírito da 
Contra-Reforma e uma rara consciência de equilíbrio e transcendência. Palestrina deixou uma 
vasta obra polifônica, foi um compositor muito popular, muito requerido e generosamente 
recompensado. O fato de ter sido sepultado na Basílica de São Pedro testemunha o 
reconhecimento da sua vida e obra por parte da Igreja. 
 
 
http://ecmc-escoladasartes.blogspot.com.br/ 
 
PERSPECTIVA 
 
Definição 
 
Técnica de representação do espaço tridimensional numa superfície plana, de modo que a 
imagem obtida se aproxime daquela que se apresenta à visão. Na história da arte, o termo é 
empregado de modo geral para designar os mais variados tipos de representação da 
profundidade espacial. Os desenvolvimentos da ótica acompanham a Antigüidade e a Idade 
Média, ainda que eles não se apliquem, nesses contextos, à representação artística. É no 
renascimento que a pesquisa científica da visão dá lugar a uma ciência da representação, 
alterando de modo radical o desenho, a pintura e a arquitetura. As conquistas da geometria e da 
ótica ensinam a projetar objetos em profundidade pela convergência de linhas aparentemente 
paralelas em um único ponto de fuga. 
A perspectiva, matematicamente fundamentada, desenvolve-se na Itália dos séculos XV e XVI, a 
partir das investigações de Filippo Brunelleschi (1377-1446), arquiteto e escultor florentino - 
pioneiro no uso da técnica - e descrita pelo mais importante teórico da Renascença, o pintor, 
escultor e arquiteto Leon Battista Alberti (1404-1472). Escrito originalmente em latim - De Pictura -
, o tratado Della Pittura (1435) de Alberti é a primeira descrição sistemática de construção da 
perspectiva. A partir daí a nova ciência da perspectiva é colocada em prática por uma série de 
artistas. Masaccio (1401-1428) é considerado exímio na aplicação das conquistas científicas à 
arte da representação. A primeira obra a ele atribuída, o tríptico de San Giovenale (Uffizi, 
Florença, 1422), é exemplar de como conseguir criar um sentido coerente de terceira dimensão 
sobre a superfície bidimensional. Além dele, outros artistas importantes da época exercitam as 
potencialidades da nova técnica, dentro e fora da Itália: Piero della Francesca (ca.1415-1492), 
Leonardo da Vinci (1452-1519), Albrecht Dürer (1471-1528) etc. A perspectiva, magistralmente 
praticada pelos artistas do Renascimento, torna-se um dos fundamentos mais importantes da 
pintura européia até meados do século XIX. 
A arte moderna - cujo trajeto no século XIX acompanha a curva definida pelo romantismo, 
realismo e impressionismo - se caracteriza por uma atitude crítica em relação às convenções 
artísticas, entre elas, a perspectiva. O emprego livre de cores vivas, as pinceladas expressivas e 
a nova concepção da luz recusam as normas da arte acadêmica, o que já se observa em artistas 
românticos como Eugène Delacroix (1798-1863). O questionamento com os temas clássicos, 
defendidos pelas academias de arte, vem acompanhado na arte moderna pelo abandono das 
tentativas de representar ilusionisticamente um espaço tridimensional sobre um suporte plano. A 
consciência da tela plana, de seus limites e possibilidades, inaugura o espaço moderno na 
pintura, o que se verifica decisivamente na obra de Éduard Manet (1832-1883). É com o 
impressionismo que a crise da perspectiva anunciada anteriormente se intensifica. 
 
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&c
d_verbete=3636

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