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Resumo para P1 de Penal VII - Prof. Cury - 9º DC 2018 UNISANTOS

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Resumo pra P1 de Direito Penal VII da Lê Maiorano – 9º DC 2018 – UNISANTOS
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração.
São chamados de crimes funcionais por só poderem ser praticados de forma direta por funcionário público. 
Além disso, são crimes próprios, porque a lei exige uma característica específica do sujeito ativo, tal qual ser funcionário público. 
Esses crimes dividem-se em: funcionais próprios, em que a exclusão da qualidade de funcionário público torna o fato atípico; ou funcionais impróprios, em que a exclusão da qualidade de funcionário publico não traz atipicidade, mas implica em desclassificação para um crime de outra natureza.
Sobre participação e coautoria pelo particular: o particular que, ciente da condição de funcionário público do comparsa, o ajuda a cometer o crime também responde por ele.
Procedimento especial: se a denúncia não estiver acompanhada do inquérito policial, é necessário que o juiz antes de receber a denúncia notifique o funcionário público para oferecer defesa preliminar. Recebendo a denúncia, o procedimento segue pelo rito ordinário, ainda que a pena máxima prevista seja inferior a 4 anos. 
Obviamente há de se observar se o crime não é um de menor potencial ofensivo, porque aí seguirá pelo rito sumaríssimo.
Todos os crimes funcionais são afiançáveis.
Sobre a perda de cargo ou função: o juiz, prolatando a sentença, deve atentar a disposto no art. 92, I, alínea “a” do Código Penal.
Conceito de funcionário público: art. 327.
Conceito de funcionário público por equiparação: art. 327, §1º.
Aumento da pena: art. 327, §2º.
Cargo em comissão é aquele em que o sujeito é nomeado por confiança, sem necessidade de prestar concurso.
Por função de direção se compreende, por exemplo, o cargo dos governadores.
Por assessoramento, se compreende, por exemplo, o cargo dos secretários municipais.
PECULATO-APROPRIAÇÃO
Objetividade jurídica: o patrimônio público ou particular e a probidade administrativa.
Tipo objetivo: o crime consiste em apropriar-se, isto é, fazer sua a coisa de outra pessoa, passando a atuar como se dono dela fosse. A posse, porém, há de ser lícita por parte do funcionário público. 
Objeto material: a apropriação é feita sob dinheiro, valor ou outro bem móvel, que pode ser público ou particular.
Observação: quando o funcionário público se apropria de bem de particular que estava sob guarda ou custodia da administração pública, tem-se o chamado peculato malversação.
Sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer funcionário publico. 
Quando praticado por prefeito, não existe peculato, de modo que ele responde por um crime específico.
Sujeito passivo: o Estado ou, secundariamente, o particular. 
Consumação: ocorre no momento em que o funcionário público passa a se comportar como dono da coisa, no momento em que ele inverte a propriedade.
Ação penal: é pública incondicionada.
Tentativa: é possível, mas de difícil comprovação.
PECULATO-DESVIO
Objetividade jurídica: o patrimônio público ou particular e a probidade administrativa.
Tipo objetivo: a conduta consiste em desviar, ou seja, alterar o destino da coisa. 
Tipo subjetivo: corresponde ao dolo, que se consubstancia no intuito de beneficiar-se ou beneficiar terceiro, de obter proveito para si ou para terceiro.
Esse proveito pode ser material (financeiro, por exemplo) ou moral.
Consumação: segundo a doutrina, se consuma no momento em que ocorre o desvio, ainda que não tenha sido obtida a vantagem almejada, sendo, então, crime formal.
PECULATO-FURTO: Art. 312, §1º.
Tipo objetivo: a conduta aqui, que não pressupõe posse prévia, consiste em subtrair (furtar com ânimo de assenhoramento) ou concorrer para que terceiro subtraia. 
Se o funcionário público colabora dolosamente para a subtração feita pelo terceiro, há concurso necessário e ambos respondem por peculato-furto.
Se, porém, houve negligência ou imprudência por parte do funcionário público, este comete peculato culposo. 
Aspecto subjetivo: aqui o funcionário público tem que se valer de uma facilidade proporcionada pelo cargo, como por exemplo de adentrar e sair facilmente de repartição pública.
Consumação: o crime se consuma no momento em que o agente, seja ele terceiro auxiliado ou o próprio funcionário público, consegue tirar o bem da vigilância da Administração Pública, ainda que por pouco tempo, ainda que o assenhoramento não se efetive. Por isso, é crime material. 
PECULATO CULPOSO: Art. 312, §2º.
Tipo objetivo: pressupõe dois fatores. Que o funcionário público tenha sido descuidado e que um terceiro pratique crime doloso, aproveitando-se desse descuido.
Se um terceiro não pratica um crime, não fica caracterizado peculato culposo por parte do funcionário público, ainda que seu descuido cause prejuízo ao erário.
Consumação: ocorre no momento em que se consuma o crime praticado pelo terceiro.
Reparação do dano: se a reparação do dano for feita antes da sentença irrecorrível, ocorre extinção da punibilidade do agente. Se for feita após o trânsito em julgado da sentença, a pena imposta é reduzida pela metade.
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM: art. 313.
Objetividade jurídica: a moralidade da Administração Pública e o patrimônio público ou particular.
Tipo objetivo: esse crime é erroneamente chamado de peculato-estelionato, porque o erro não é provocado pelo agente. O agente, funcionário público, se aproveita do erro de outrem e precisa ter ciência de que a coisa lhe foi entregue por engano. 
A conduta é de se apropriar de dinheiro ou utilidade que recebeu por erro.
Sujeito passivo: a pessoa lesada e o Estado. 
Consumação: ocorre quando o agente passa a agir como dono da coisa.
CONCUSSÃO: art. 316.
Objetividade jurídica: a moralidade da Administração Pública e, secundariamente, o patrimônio do particular que vir a entregar o indevido.
Tipo objetivo: a conduta é de exigir vantagem indevida, mediante ameaça. Essa ameaça, porem, não pode ser tão grave, sob pena de se converter em extorsão (pelo que entendi da doutrina). 
Se não houver ameaça, há corrupção passiva. 
A ameaça pode ser explícita ou implícita, sendo esta última caracterizada pelo temor que a vítima sente, que a faz entregar a vantagem. Pode, ainda, ser feita direta ou indiretamente, por meio de terceiro.
 
Tipo subjetivo: o dolo, consubstanciado na intenção de proveito para si ou para terceiro. 
Sujeito ativo: é o funcionário público, ainda que fora de função (como de férias ou de licença), ou que não tenha assumido a função. 
Se for cometido por policial militar, também comete concussão, mas a disciplinada no art. 305 do Código Penal Militar.
Sujeito passivo: o Estado e a pessoa que sofreu a ameaça.
Consumação: se dá quando a vítima fica ciente da exigência, independentemente da obtenção da vantagem visada pelo funcionário público, se tratando, portanto, se crime formal.
Tentativa: é possível, por exemplo, quando o funcionário público pede a terceiro para fazer a exigência, mas esse terceiro morre, ou, ainda, quando a carta que continha a exigência é extraviada.
EXCESSO DE EXAÇÃO: art. 316, §1º
Tipo objetivo: consiste em exigir tributo ou contribuição social que sabe não ser devida ou que, tendo que saber disso, ainda faz a exigência, encaminhando o que recolheu aos cofres públicos. Também consiste em exigir tributo devido, empregando meio vexatório ou gravoso.
Figura qualificada: quando o funcionário público exige tributo indevido e desvia o que recolheu em proveito próprio ou de terceiro, em vez de em proveito dos cofres públicos.
Consumação: ocorre com a exigência, ainda que não se obtenha a vantagem. É, portanto, crime formal.
CORRUPÇÃO PASSIVA: art. 317, caput.
Tipo objetivo: se caracteriza por três condutas. Solicitar, que significa fazer mero pedido de vantagem ao particular. Receber o que um particular lhe quer dar e, ainda, aceitarpromessa, ou seja, concordar com uma proposta feita pelo particular.
Nessas duas últimas condutas, o particular responde por corrupção ativa e o funcionário público, por corrupção passiva.
Espécies: pode ser própria, quando o ato a ser realizado ou a não ser realizado pelo funcionário público for ilegal, ou imprópria, quando esse ato for legal.
Sujeito ativo: qualquer funcionário público, mas se for policial militar, responde por corrupção passiva prevista no Código Penal Militar. 
Sujeito passivo: o Estado ou, na hipótese de solicitação, o particular. 
Consumação: se dá ainda que não se pratique ato ou se deixe de praticá-lo, mediante recebimento de vantagem ou aceitação de proposta, sendo, portanto, crime formal.
Aumento de um terço: ocorre se o funcionário público retarda ou deixa de praticar ato de ofício ou o pratica, mas infringindo dever funcional. 
Corrupção passiva privilegiada: ocorre se o funcionário público retarda ou deixa de praticar ato de ofício ou o pratica, infringindo dever funcional, mas cedendo a pedido ou influência de outra pessoa. Há uma pena menor e é considerado crime material, necessitando que o funcionário público retarde ou deixe de praticar o ato. 
PREVARICAÇÃO: art. 319.
Tipo objetivo: aqui o funcionário público age por razões pessoais, motivado por interesse pessoal de qualquer espécie. São três as condutas: praticar, deixar de praticar ou retardar ato de ofício.
Sujeito ativo: qualquer funcionário público. 
Sujeito passivo: o Estado e a pessoa eventualmente prejudicada pela ação ou omissão.
Consumação: no momento em que omite, retarda ou pratica o ato de ofício, ainda que não satisfaça seu interesse, sendo então um crime formal.
Diferença de prevaricação e corrupção passiva privilegiada: neste o agente age ou deixa de agir por pedido ou influência de outrem. Aqui, porém, o agente toma iniciativa para satisfazer seu interesse pessoal, ainda que acabe por beneficiar terceiro.
PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA: art. 319-A
Tipo objetivo: a conduta é de se omitir no dever de vedar ao preso o acesso a telefone móvel, rádio ou similar.
Sujeito ativo: o diretor de penitenciária ou o agente penitenciário.
Consumação: ocorre no momento em que o agente se omite no dever que tem.
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA: art. 321.
Tipo objetivo: se configura quando o funcionário público, se valendo dessa condição, defende um interesse privado perante a Administração Pública.
Sujeito ativo: o funcionário público e o particular que o auxiliar.
Sujeito passivo: o Estado.
Consumação: ocorre no momento em que se realiza ato por escrito ou oralmente, ainda que sem beneficiar o particular, tratando-se de crime formal. 
RESISTÊNCIA: art. 329.
Tipo objetivo: se opor empregando violência ou ameaça como meio para evitar a prática de um ato funcional.
A resistência é contra a execução, realização do ato. 
Violência é o desforço físico contra o funcionário público ou terceiro que o auxilia. 
Ameaça pode ser escrita ou verbal e não precisa ser grave. 
O ato a ser cumprido tem de ser legal, ainda que seja injusto.
O funcionário público tem que ser competente para o cumprimento do ato.
Absorção: esse crime pode ser absorvido por outro e absorver outro. Exemplo: absorve o crime de desobediência e o desacato, mas é absorvido pelo disparo de arma em via pública, numa perseguição.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente o funcionário público (e acredito que o terceiro que o auxilia).
Consumação: no momento em que for empregada a violência ou ameaça, sendo um crime formal, independendo se o agente consegue impedir a execução do ato. 
Se conseguir, porém, é aplicada uma qualificadora prevista no art. 329, §1º.
Concurso de crimes: se da violência resultar lesão, ainda que leve, ou morte, o agente responde pelos dois crimes, sendo as penas somadas por imposição legal do art. 329, §2º.
Ação penal: é pública incondicionada.
DESOBEDIÊNCIA: art. 330.
Tipo objetivo: consiste no ato de desobedecer, que significa não cumprir dolosamente a ordem recebida. A conduta pode ser praticada por ação ou omissão, a depender da ordem. 
Requisitos: deve haver ordem legal (podendo ser injusta), emanada de funcionário público competente para proferi-lá, e ainda, necessário que o destinatário tenha dever jurídico de cumprir essa ordem. 
Sujeito ativo: todo particular.
A doutrina entende que se o funcionário público desobedecer ordem no exercício de sua função é prevaricação, não desobediência. 
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente o funcionário público que emitiu a ordem. 
Consumação: se a ordem era de omissão, consuma com a ação. Se era uma ação e a ordem foi com prazo, se da com a expiração dele. Se não, com o decurso de tempo juridicamente relevante, analisado de caso para caso.
DESACATO: art. 331.
Objetividade jurídica: bem tutelado é o prestígio a autoridade da administração pública, quem desacata visa atingir a função pública, não o pessoal do funcionário da administração.
Sujeito ativo: o sujeito ativo é qualquer pessoa. 
Funcionário publico no exercício de uma função também prática desacato.
O advogado pratica desacato, segundo o STF, embora o estatuto da ordem preveja que não, por ser inconstitucional. 
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente o funcionário público.
Se o agente por exemplo xinga três funcionários no mesmo contexto, o crime é um só, ainda que mais de um funcionário seja ofendido. 
Tipo objetivo: a conduta é desacatar. Significa ofender, humilhar, desprestigiar. Pode ser feita por gesto, por fala. Só não pode ser feita por escrito porque se exige a presença. Aí reside a diferença entre desacato e injúria circunstanciada pela função pública (causa de aumento da injúria). O desacato exige presença do funcionário público e na injúria pode haver ausência. 
Ainda que o funcionário esteja de férias, havendo ofensa à função pública, há desacato. 
Expressão genérica não consiste em desacato. Falar que todo funcionário é vagabundo não é desacato.
Tipo subjetivo: tem que ter dolo.
O princípio 11 do pacto San Andreas fala que não deve haver tipificação do crime de desacato. Existe uma ação movida pela OAB de inconstitucionalidade em trâmite. 
Pena de detenção de 6 meses a 2 anos e multa.
É crime de menor potencial ofensivo. Segue o rito da lei 9.099/95.
CORRUPÇÃO ATIVA: art. 333.
Sujeito ativo: é praticado pelo particular que tenta corromper funcionário público.
Exceção a teoria monista. Funcionário público responde por corrupção passiva e particular responde por ativa. 
Tipo objetivo: Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público para determina-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. 
Oferecer e prometer pode ser verbalmente, por escrita, por gesto. Tem que ficar evidente o oferecimento de vantagem, mas pode se dar de qualquer forma.
A vantagem tem que ser indevida e dada para que pratique ou deixe de praticar um ato de ofício, um ato de sua competência. Esse ato pode ser lícito ou ilícito. 
Ainda que seja lícito haverá corrupção. A única coisa que tem que ficar evidenciada é que o particular oferece ou promete para determinar que o funcionário faça algo ou deixe de fazer. 
Se não há nexo causal com a função pública, não há corrupção.
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA: art. 339.
Tipo objetivo: dar início à algum tipo de procedimento, judicial, policial, contra alguém que sabe ser inocente. Consiste em imputar um fato à alguém + procedimento. 
Pode ser feita direta ou indiretamente.
A pessoa contra quem se pratica tem que ser determinada ou identificável de imediato.
Tipo subjetivo: é o dolo direto de acusar pessoa que sabe ser inocente.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, chamada de denunciante.
Sujeito passivo: é o Estado e secundariamente a pessoa prejudicada pelo falso. 
Consumação: se dá com o início do procedimento, que pode ser ate mesmo um atoinvestigatório que anteceda a instauração de um inquérito.
Ação penal: é crime de ação pública incondicionada.
Pena de reclusão de dois a oito anos. Segue o rito ordinário.
Calúnia e denunciação caluniosa: art. 138 é calúnia. 
A diferença tá na vontade do agente em dar causa a procedimento. Se não existe, é calúnia. Se existe, é denunciação caluniosa.
COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME: art. 340.
O crime nunca existiu.
Objetividade jurídica: o objetivo é resguardar a administração da justiça.
Sujeito ativo: é qualquer pessoa, inclusive autoridade. 
Sujeito passivo: é o Estado.
Tipo objetivo: a conduta principal é provocar, dar causa, originar ação de autoridade.
Qualquer ação de qualquer autoridade. Pode ser polícia, promotor, juiz. 
Basta o deslocamento de uma viatura. 
É muito comum por trote.
Pode ser pessoalmente, por telefone, por escrito.
Tem que gerar uma ação da autoridade. 
Tipo subjetivo: a lei exige o dolo direto. O agente tem que falar sobre crime que sabe não se ter verificado. 
Consumação: o crime se consuma quando a autoridade realiza algum ato, como lavrar boletim de ocorrência, instaurar um inquérito, etc. 
Tentativa: é possível a tentativa quando se comunica o crime, mas não gera ação da autoridade. 
Se houver ação, porem, se consuma o crime. 
A pessoa pode comunicar um crime para acobertar outro, havendo concurso material.
Pode ainda comunicar como meio para um crime mais grave, caso em que há absorção. 
Crime de menor potencial ofensivo. Pena máxima de seis meses.
AUTO-ACUSAÇÃO FALSA: art. 341.
Tipo objetivo: a conduta aqui é de acusar-se perante autoridade, de crime inexistente ou que foi praticado por outra pessoa. Pode se dar por qualquer meio, oral, escrito, etc. Não se exige que o autor tenha procurado espontaneamente a autoridade para se autoacusar.
A autoridade pode ser qualquer uma, seja administrativa, seja o delegado, seja o juiz, etc.
Hipóteses de atipicidade: importante observar que obviamente o fato é atípico se a pessoa confessa a prática do crime por conta de sofrer coação ou tortura. O fato também será atípico se a auto-acusação for sobre contravenção, por falta de previsão legal, já que o art. 341 fala expressamente em crime.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa; menos o autor, o coautor ou o partícipe do crime. 
Admite coautoria na hipótese de duas pessoas se acusarem de um crime que foi praticado ou por outras pessoas, ou que seja inexistente.
Sujeito passivo: é o Estado.
Consumação: o crime de consuma no momento em que a auto-acusação chega a conhecimento da autoridade. 
Retratação: não há previsão legal sobre efeito que a retratação venha a gerar.
Concurso formal com denunciação caluniosa: o agente que, além de se acusar falsamente, atribuir responsabilidade do crime a um terceiro que ele sabe ser inocente, responde tanto pela auto-acusação quanto pela denunciação caluniosa, constituindo hipótese de concurso formal.
FALSO TESTEMUNHO: art. 342.
Tipo objetivo: as condutas são de fazer afirmação falsa, negar a verdade e calar a verdade (se silenciar). A falsidade deve ter relevância jurídica, estar relacionada ao assunto discutido nos autos. 
 A testemunha que mente em situação de ameaça ou coação não responde por falso testemunho.
A mentira quanto à qualificação pessoal não caracteriza falso testemunho.
O falso testemunho deve ser cometido em processo judicial, inquérito policial, processo administrativo, em juízo arbitral ou inquérito parlamentar. 
Se o processo em quem foi prestado o falso testemunho for reconhecido posteriormente como nulo ou sendo o próprio falso assim considerado, não se configura o crime.
Tipo subjetivo: é um crime doloso. A pessoa tem se ter a vontade de mentir e plena consciência de estar faltando com a verdade.
Sujeito ativo: é crime próprio, só podendo ser cometido por testemunha, perito, tradutor ou intérprete. 
A vítima e as partes não cometem falso testemunho por não serem consideradas testemunhas.
As pessoas proibidas de depor podem ser descompromissadas do sigilo pela parte interessada. A princípio são proibidas, no entanto, se a parte interessada desobrigar essa testemunha, dizendo queria pode revelar segredo, aí a testemunha pode depor. Se mentir, pratica falso testemunho. 
Concurso de agentes no falso testemunho: não admite coautoria, mas há discussão sobre a participação. A doutrina majoritária entende que não. Há forma de participação no art. 343, mas é um crime autônomo, de subornar testemunha. 
O minoritário diz que aquele que de alguma forma induz a testemunha a mentir participa.
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa atingida pelo falso.
Consumação: o crime se consuma quando se encerra o depoimento, independendo de se ter enganado o juízo, sendo crime formal.
A falsa perícia se consuma quando o laudo é entregue.
Retratação: aqui a retratação age como causa extintiva da punibilidade. É necessário que ocorra antes da sentença de 1ª instância.
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES: art. 345.
Tipo objetivo: a conduta é fazer justiça com as próprias mãos para satisfazer pretensão que a lei não permite.
Essa pretensão deve ser legítima ou, sendo ilegítima, o autor deve supor que seja legítima, porque se ele souber ser ilegítima de fato, não se caracteriza esse crime.
Sujeito ativo: só o particular pode cometer.
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa prejudicada.
Consumação: o crime é formal, se consumando quando a pessoa emprega o meio executório, ainda que não satisfaça sua pretensão.
Concurso de crimes: se houver emprego de violência, resultando lesão ou morte a outrem, as penas são somadas e o agente responde pelos dois crimes.
Ação penal: depende. Se houve emprego de violência, será pública incondicionada. Se não houve, será privada, processando-se mediante queixa.
FAVORECIMENTO PESSOAL: art. 348.
Tipo objetivo: a conduta aqui é auxiliar um criminoso a “escapar” e ação de autoridade. Pode ser despistar, esconder a pessoa, ajudar na fuga, etc. O crime pressupõe, porém, uma ação direta.
É um crime acessório porque pressupõe a existência de outro. Se em relação a esse crime houver causa excludente de ilicitude, já estiver extinta a punibilidade ou houver escusa absolutória, não se fala em favorecimento pessoal porque o agente não estava sujeito à ação por parte da autoridade.
Também, se o agente do crime antecedente for absolvido, não se pode condenar quem o auxiliou porque aquele não seria autor do crime, como exige o tipo penal.
Sujeito ativo: qualquer um que não seja o autor, coautor ou participe do crime antecedente. O auxílio deve ser prestado após a execução do crime. 
A própria vítima pode praticar favorecimento pessoal.
Sujeito passivo: o Estado.
Consumação: quando o beneficiado consegue subtrair-se da ação da autoridade.
Tentativa: ocorre quando o auxílio é prestado, mas o beneficiado não se livra da ação da autoridade.
Escusa absolutória: se o auxílio for prestado por ascendente, descendente, cônjuge ou irmão, fica isento da pena. 
FAVORECIMENTO REAL: art. 349.
Tipo objetivo: aqui, se presta um auxílio a um criminoso visando tornar seguro o proveito do crime. 
Proveito é o que se advém da pratica do delito.
É um crime acessório. 
Não há previsão de escusa absolutória para o favorecimento real. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que não seja autor, coautor ou participe do crime antecedente. 
Sujeito passivo: o Estado e o proprietário do objeto material do crime antecedente.
Consumação: se consuma no momento em que o agente presta o auxílio, independentemente de ter tornado seguro de fato o proveito ou não, sendo crime formal. 
Distinção para favorecimento pessoal: no favorecimento pessoal o agente visa tornar seguro o autor do crime antecedente para que não seja localizado pelas autoridades e no favorecimento real o agente visa tornar seguro o proveito do crime, o que dele se obteve.

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