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1) Jenniffer Rodrigues 2) Ketellen Barbosa 3) Lucas Viel 4) Naiara Camicia TRAUMA RAQUIMEDULAR O trauma raquimedular é qualquer trauma da coluna vertebral que causa uma lesão ou rompimento de forma completa ou incompleta da medula espinhal, os danos desses traumas podem acarretar sequelas gravíssimas desde parestesia até tetraplegia. A lesão da medula espinhal também em sua minoria cerca de 20% dos casos pode decorrer de processos degenerativos, patológicos tais como tumores, malformação e diabetes. Os locais mais comuns de lesão medular são as áreas das vértebras C5, C6, C7, além da junção das vértebras torácicas e lombares T12 e L1. Visto que a energia mecânica tende a ser o agente mais comum há três mecanismos básicos da lesão por movimento: a desaceleração frontal rápida, a desaceleração vertical rápida e a penetração por projétil. A medula espinhal está dividida em segmentos e as raízes nervosas que emergem da medula no nível de cada segmento são designadas por algarismos que se referem ao nível de sua saída. Trinta e um pares de nervos espinhais originam-se da medula espinhal (08 cervicais, 12 torácicos, 05 lombares, 05 sacrais e 01 coccígeo). O primeiro par de nervo espinhal emerge entre o occipital e o atlas (C1), de modo que, na coluna cervical, o nervo emerge, cranialmente, junto a sua vértebra correspondente. Somente a partir do primeiro segmento torácico, o nervo espinhal emerge caudal à sua vértebra correspondente. Cada raiz nervosa recebe informações sensitivas de áreas da pele denominadas de dermátomos e, similarmente, cada raiz nervosa inerva um grupo de músculos denominados de miótomos. A medula espinhal é um grande condutor de impulsos nervosos sensitivos e motores entre o cérebro e as demais regiões do corpo, qualquer interrupção entre essa ligação trará graves complicações. Principais Causas As principais causas desse tipo de trauma se dividem em: 45% acidentes automobilísticos, 20% queda de altura/mergulho, 15% acidentes esportivos, 15% atos de violência e 5% outros, dados do ano de 2015. A localização anatômica da lesão está diretamente relacionada ao mecanismo de trauma e cerca de 2/3 das lesões medulares estão localizadas no segmento cervical. Lesões da medula na região torácica ocorrem em 10% das fraturas desse segmento e em 4% das fraturas da coluna toracolombar. A separação física dos tratos da medula espinhal, geralmente, não ocorre nos traumatismos não penetrantes da medula espinhal, tendo sido observada separação física dos axônios somente em alguns casos de ferimento por arma de fogo. A separação dos axônios é um processo gradual, que ocorre no local da lesão, após alguns dias do traumatismo, sendo o resultado de uma série de eventos patológicos, relacionados à lesão da membrana celular e suas proteínas, e não da separação física imediata do axônio. A interrupção da condução do estímulo nervoso imediatamente após o trauma, provocado pela energia cinética da lesão, pode ser devida a uma despolarização imediata da membrana do axônio, associada à falha de sua repolarização, que ocasiona perda de potássio pelo axônio. Mecanismos de lesão • choque medular: é perda de todas as funções neurológicas abaixo do nível da lesão medular, que apresenta interrupção fisiológica e não autonômica da medula espinhal. Caracteriza-se por paraplegia e ausência de atividade reflexa, cuja duração não costuma ser superior a 48h, mas pode, algumas vezes, persistir por várias semanas. • lesão medular completa: as funções motora e sensitiva estão ausentes abaixo do nível da lesão. É fundamental que sejam pesquisadas atividades medulares mais distais, como a contração de esfíncter anal e a sensibilidade perineal, a fim de diagnosticar essa lesão. • lesão medular incompleta: há alguma função motora ou sensitiva abaixo do nível da lesão; • síndrome medular anterior: é caracterizada pela perda dos movimentos voluntários e da sensibilidade dolorosa, com preservação da sensibilidade táctil e vibratória; • síndrome medular posterior: esse tipo de lesão não é muito comum, sendo particularizada pela perda da sensibilidade táctil e vibratória; • síndrome central da medula: costuma surgir na medula cervical, Caracteriza-se por tetraparesia, com predomínio nos membros superiores e tórax. • síndrome de Brown-Séquard: é a hemissecção da medula, que tem como principal etiologia os ferimentos penetrantes. Caracteriza-se por alterações da motricidade e sensibilidade profunda no mesmo lado da lesão e da sensibilidade perineal, com perda de controle dos esfíncteres e alteração motora distal dos membros inferiores. Manifestações clínicas Chamamos de lesão medular toda injúria às estruturas contidas no canal medular (medula, cone medular e cauda equina), podendo levar a alterações motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas. Estas alterações se manifestarão principalmente como paralisia ou paresia dos membros, alteração de tônus muscular, alteração dos reflexos superficiais e profundos, alteração ou perda das diferentes sensibilidades (tátil, dolorosa, de pressão, vibratória e proprioceptiva), perda de controle esfincteriano, disfunção sexual e alterações autonômicas como vasoplegia, alteração de sudorese, controle de temperatura corporal entre outras. Diagnóstico Para o diagnóstico de TRM deve-se examinar a coluna vertebral cuidadosamente, com a vítima em posição neutra e, em hipótese alguma fletir qualquer segmento da coluna, verificando deformidades, dor, limitação de movimentos e queixa de amortecimento de extremidades ou impossibilidade de movimentação. Para determinar o nível ósseo de lesão, iniciamos a investigação com radiografia anteroposterior e perfil da coluna. Sempre que possível o paciente deve ser submeti do à tomografia computadorizada para melhor avaliar e classificar a lesão óssea. Tal exame é fundamental nas fraturas cervicais altas e nas fraturas da transição cervico-torácica que geralmente não são bem avaliadas pelas radiografias simples. Tratamento O tratamento dos TRM deve ter início no momento do atendimento inicial, ainda fora do ambiente hospitalar, durante o resgate e transporte dos pacientes, com o objetivo de evitar lesões adicionais ou ampliação das lesões já existentes. A imobilização da coluna cervical deve ser realizada em todos os pacientes politraumatizados e retirada somente após a confirmação da ausência de lesão. Cuidados especiais devem ser tomados durante o transporte dos pacientes e durante a retirada de capacetes de ciclistas ou motociclistas vítimas de acidente. O tratamento na emergência tem como principal objetivo a manutenção e o restabelecimento das funções vitais do paciente (ABC – vias aéreas, respiração e circulação), de modo que o tratamento específico da lesão do segmento vertebral com lesão medular é realizada somente após a resolução dessa fase. O tratamento definitivo da lesão, no segmento vertebral fraturado, tem, como principais objetivos, a preservação da anatomia e função da medula espinhal, restauração do alinhamento da coluna vertebral, estabilização do segmento vertebral lesado, prevenção de complicações gerais e locais, e o restabelecimento precoce das atividades dos pacientes, devendo ser realizado o mais precocemente possível, desde que as condições gerais do paciente permitam. Na impossibilidade de o tratamento definitivo ser realizado, a redução da fratura e realinhamento do canal vertebral deve ser realizado por meio de tração. Não existe até o momento nenhum tratamento cirúrgico capaz de restaurar as funçõesda medula espinhal lesada e o objetivo do tratamento cirúrgico é apenas a redução e o realinhamento do segmento vertebral lesado, restauração da estabilidade do segmento lesado, de modo a evitar lesões adicionais da medula espinhal e favorecer a sua recuperação. Conclusão Ao analisar as principais causas de TRM, é possível detectar que esse tipo de lesão é passível de prevenção, através de campanhas e tentativas de esclarecimento junto à população. A incidência mundial para este é aproximadamente quinze a quarenta casos por milhões de habitantes, sabendo da gravidade desta lesão, a localização anatômica esta diretamente relacionada ao mecanismo do trauma, como por exemplo, compressões, esmagamentos, movimentos de torção, distensão, ruptura e etc. Após o evento lesivo é de extrema importância o manejo precoce da equipe de saúde envolvida no processo. A avaliação é minuciosa, possui aspecto relevante e tem direta influência no resultado do tratamento para esse paciente.