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Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins 
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 
 
 
1º BLOCO ........................................................................................................................................................................................... 2 
I. Funções da Linguagem .......................................................................................................................................................... 2 
2º BLOCO ........................................................................................................................................................................................... 3 
I. Figuras de Linguagem ............................................................................................................................................................ 3 
3º BLOCO ........................................................................................................................................................................................... 5 
I. Tipologia Textual .................................................................................................................................................................... 5 
• A Narração ......................................................................................................................................................................... 5 
• A Descrição........................................................................................................................................................................ 6 
• A Dissertação..................................................................................................................................................................... 7 
4º BLOCO ........................................................................................................................................................................................... 8 
I. Problemas de Ambiguidade ................................................................................................................................................... 8 
II. Grafia do Porquê .................................................................................................................................................................... 8 
5º BLOCO ......................................................................................................................................................................................... 10 
I. Exercícios Relativos ao Encontro ......................................................................................................................................... 10 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins 
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 
 
 
 
I. FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
Um assunto que tem se tornado comum nos editais de concurso público é relacionado às Funções da Linguagem. 
Trata-se de um tema que não é novo, porém é praticamente “desconhecido” por alguns concursandos. Para que 
possamos entender o conceito de Funções da Linguagem, será necessário nos reportarmos ao surgimento desse 
conceito. 
Em um livro chamado Linguística e comunicação, o linguista Roman Jakobson, pensando sobre o ato 
comunicativo e seus elementos, identifica seis funções da linguagem. Vamos tentar agora traçar o mesmo percurso 
de Jakobson, todavia de uma outra maneira. Prefiro chamar de “teoria da fofoca”. 
Para uma boa fofoca, você precisa de: 
 
Nesse esquema, identificamos: 
I. Emissor: quem enuncia a fofoca; 
II. Mensagem: aquilo que é transmitido pelo emissor, o conteúdo da fofoca; 
III. Receptor: quem recebe a mensagem; 
IV. Código: o sistema em que a mensagem é codificada. O código deve ser comum aos polos da comunicação; 
V. Canal: meio físico por que ocorre a comunicação. 
Pensando sobre esses elementos, Jakobson percebeu que cada função da linguagem está centrada em um 
elemento específico do ato comunicativo. É o que veremos agora. 
As Funções da Linguagem são: 
 Referencial: centrada na mensagem, ou seja, na transmissão do conteúdo. Como possui esse caráter, a 
objetividade é uma constante para a função referencial. É comum que se busque a imparcialidade quando dela 
se faz uso. É também conhecida como função denotativa. Como a terceira pessoa do singular é predominante, 
podem-se encontrar exemplos de tal função em textos científicos, livros didáticos, textos de cunho apenas 
informativo etc. 
 Emotiva: centrada no emissor, ou seja, em quem enuncia a mensagem. Basicamente a primeira pessoa 
predomina quando o texto se apoia sobre a função emotiva. É muito comum a observarmos em depoimentos, 
discursos, em textos sentimentais, e mesmo em textos líricos. 
 Apelativa: centrada no receptor, ou seja, em quem recebe a mensagem. As características comuns a 
manifestações dessa função da linguagem são os verbos no modo imperativo, a tentativa de persuadir o 
receptor, a utilização dos pronomes de tratamento que tangenciem o interlocutor. É comum observar a função 
apelativa em propaganda, em discursos motivacionais etc. 
 Poética: centrada na transformação da mensagem, ou seja, em como modificar o conteúdo da mensagem a fim 
de torná-lo mais expressivo. As figuras de linguagem são abundantes nessa função e, por sua presença, 
convencionou-se chamar, também, função poética de função conotativa. Textos literários, poemas e brincadeiras 
com a mensagem são fontes em que se pode verificar a presença da função poética da linguagem. 
 Fática: centrada no canal comunicativo. Basicamente, busca testar o canal para saber se a comunicação está 
ocorrendo. Expressões como “olá”, “psiu” e “alô você” são exemplos dessa função. 
 Metalinguística: centrada no código. Quando o emissor se vale do código para explicar o próprio código, ou 
seja, num tipo de comunicação autorreferente. Como exemplo podemos citar um livro de gramática, que se vale 
da língua para explicar a própria língua; uma aula de didática (sobre como dar aula); ou mesmo um poema que 
se refere ao processo de escrita de um poema. 
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comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 
 
 
 
I. FIGURAS DE LINGUAGEM 
Retomando alguns conceitos: ao falar de figuras de linguagem, estamos, também, falando de FUNÇÕES DA 
LINGUAGEM e de SEMÂNTICA. 
As figuras de linguagem / pensamento, são construções que se relacionam com a função poética da linguagem, 
ou seja, estão articuladas em razão de modificar o código linguístico para dar ênfase no sentido. 
Conotação X Denotação: 
Sentido CONOTATIVO: figurado, ou abstrato. Relaciona-se com as figuras de linguagem. 
 Adalberto entregou sua alma a Deus. 
Sentido DENOTATIVO: literal, ou do dicionário. Relaciona-se com a função referencial da linguagem. 
 Adalberto morreu. 
São algumas das principais figuras de linguagem: 
 Metáfora: uma figura de linguagem, que consiste na comparação de dois termos sem o uso de um conectivo. 
 Rosa é uma flor. 
 Seus olhos são dois oceanos. 
 João é fera. 
 Metonímia: figura de linguagem que consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança 
ou a possibilidade de associação entre eles. 
Tipos de metonímia 
Efeito pela causa: 
 Sócrates tomou as mortes. (O efeito é a morte, a causa é o veneno). 
Causa pelo efeito: 
 Não fume aqui dentro: sou alérgico ao cigarro. (O cigarro é a causa: a fumaça, o efeito) 
Marca peloproduto: 
 Vá ao mercado e traga um Q’boa. (água sanitária) 
Autor pela obra: 
 Lemos Machado de Assis por interesse. (Ninguém, na verdade, lê o autor, mas as obras em geral). 
Continente pelo conteúdo: 
 Bebeu duas garrafas de cerveja. (Ninguém bebe a garrafa, mas sim o líquido.) 
Parte pelo todo: 
 Peço sua mão em casamento. (Pede-se, na verdade, o corpo todo). 
 Antítese: figura de linguagem que consiste na exposição de ideias opostas. 
 Nasce o Sol e não dura mais que um dia 
 Depois da Luz se segue à noite escura 
 Em tristes sombras morre a formosura, 
 Em contínuas tristezas e alegrias. 
 Paradoxo: expressão que contraria o senso comum. Ilógica. 
 Amor é fogo que arde sem se ver; 
 É ferida que dói e não se sente; 
 É um contentamento descontente; 
 É dor que desatina sem doer. 
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comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 
 
 
 Pleonasmo: consiste na repetição de ideias. 
 Subir para cima; 
 Descer para baixo; 
 Entrar para dentro; 
 Cardume de peixes; 
 Enxame de abelhas; 
 Elo de ligação; 
 Fato real. 
 Perífrase: expressão que tem por função substituir semanticamente um termo: 
 A última flor do Lácio anda muito judiada. (Português) 
 O país do futebol é uma grande nação. (Brasil) 
 O Bruxo do Cosme Velho foi um grande escritor. (Machado de Assis) 
 O anjo de pernas tortas foi o melhor jogador do mundo. (Garrincha) 
 Eufemismo: figura que consiste em atenuar uma expressão desagradável: 
 José pegou emprestado sem avisar; (roubou). 
 Maurício entregou a alma a Deus; (morreu). 
 Coitado, só porque é desprovido de beleza. (feio pra kct) 
 Disfemismo: contrário ao Eufemismo, é a figura de linguagem que consiste em tornar uma expressão 
desagradável em algo ainda pior. 
 O homem abotoou o paletó de madeira. (morreu) 
 Está chupando cana pela raiz. (morreu) 
 Sentou no colo do capeta. (morreu) 
 Prosopopeia: atribuição de características animadas a seres inanimados. 
 O vento sussurrou em meus ouvidos. 
 Parecia que a agulha odiava o homem. 
 Hipérbole: exagero proposital de alguma característica. 
 Estou morrendo de rir. 
 Chorou rios de lágrimas. 
 Hipérbato: inversão sintática de efeito expressivo. 
 "Aquela triste e leda madrugada" (aquela madrugada leda e triste) 
 Das minhas coisas cuido eu! (eu cuido das minhas coisas) 
 Ouviram do Ipiranga as margens plácidas 
 De um povo heroico o brado e retumbante 
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I. TIPOLOGIA TEXTUAL 
O conteúdo relativo à tipologia textual é, deveras, fácil. Precisamos, apenas, destacar alguns elementos 
estruturantes a cada tipo de texto, dessa forma, você conseguirá responder quaisquer questões relacionadas a essa 
temática. 
O primeiro item que se deve ter em mente na hora de analisar um texto segundo sua tipologia é o caráter da 
predominância. Isso quer dizer que um mesmo agrupamento textual pode possuir características de diversas 
tipologias distintas, porém as questões costumam focalizar qual é o “tipo” predominante, o que mais está evidente no 
texto. Um pouco de bom-senso e uma pequena dose de conhecimento relativo ao assunto são necessários para 
obter sucesso nesse conteúdo. 
Trabalharemos com três tipologias básicas: NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO e DISSERTAÇÃO. Vamos ao trabalho: 
• A NARRAÇÃO 
Facilmente identificável, a tipologia narrativa guarda uma característica básica: contar algo, transmitir a ocorrência 
de fatos e/ou ações que possuam um registro espacial e temporal. Quer dizer, a narração necessita, também, de um 
espaço bem marcado e de um tempo em que as ações narradas ocorram. Discorramos sobre cada aspecto 
separadamente. 
São elementos de uma NARRAÇÃO: 
 Personagem(s): quem prática a ação dentro da narrativa, é claro. Deve-se observar que os personagens 
podem possuir características físicas (altura, aparência, cor do cabelo etc.) e psicológicas (temperamento, 
sentimentos, emoções etc.) que podem ser descritas ao longo do texto. 
 Espaço: trata-se do local em que a ação narrativa ocorre. 
 Tempo: é o lapso temporal em que a ação é descrita. Não se engane, o tempo pode ser enunciado por um 
simples “era uma vez”. 
 Ação: não existe narração sem ação! Ou seja, os personagens precisam fazer algo, ou sofrer algo para que 
haja ação narrativa. 
 Narrador: afinal, como será contada uma estória sem uma voz que a narre? Portanto, esse é outro elemento 
estruturante da tipologia narrativa. O narrador pode estar inserido na narrativa ou apenas “observar” e narrar 
os acontecimentos. 
Obs.: note-se que, na tipologia narrativa, os verbos flexionados no pretérito são mais evidentes. 
Eis um exemplo de narração, tente observar os elementos descritos acima, no texto abaixo: 
UM APÓLOGO 
Machado de Assis 
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: 
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo? 
— Deixe-me, senhora. 
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei 
sempre que me der na cabeça. 
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? 
Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. 
— Mas você é orgulhosa. 
— Decerto que sou. 
— Mas por quê? 
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? 
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu? 
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados... 
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que 
eu faço e mando... 
— Também os batedores vão adiante do imperador. 
— Você é imperador? 
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— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai 
fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto... 
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de 
uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, 
pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, 
pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para 
dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: 
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa 
comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima... 
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como 
quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se 
também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha 
no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que 
no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. 
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira,que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no 
corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou 
outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe: 
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? 
Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir 
para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. 
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à 
pobre agulha: 
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na 
caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. 
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: 
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária! 
• A DESCRIÇÃO 
Em um texto descritivo, faz-se um tipo de retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. 
Os adjetivos são abundantes nessa tipologia, uma vez que a sua função de caracterizar os substantivos é 
extremamente exigida nesse contexto. É possível existir um texto descritivo que enuncie características de 
sensações ou sentimentos, porém não é muito comum em provas de concurso público. Não há relação temporal na 
descrição. Os verbos relacionais são mais presentes, para poder evidências aspectos e características. Significa 
"criar" com palavras uma imagem. 
Vejamos um exemplo de texto descritivo: 
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Texto extraído da prova do BRB (2010) – Banca CESPE/UnB 
 
Nome científico: Ginkgo biloba L. 
Nome popular: nogueira-do-japão 
Origem: Extremo Oriente 
Aspecto: as folhas dispõem-se em leque e são semelhantes ao trevo; a altura da árvore pode chegar a 40 metros; o 
fruto lembra uma ameixa, e contém uma noz que pode ser assada e comida. 
• A DISSERTAÇÃO 
O texto dissertativo, também é chamado por alguns de informativo, possui a finalidade de discorrer sobre 
determinado assunto, apresentando fatos, opiniões de especialista, dados quantitativos ou mesmo informações sobre 
o assunto da dissertação. É preciso entender que nem sempre a dissertação busca persuadir o seu interlocutor, ela 
pode simplesmente transmitir informações pertinentes ao assunto dissertado. Quando a persuasão é objetivada, o 
texto passa a ter também características argumentativas. A rigor, as questões de concurso público focalizam a 
tipologia, não seus interstícios, portanto, não precisa ficar desesperado com o fato de haver diferença entre texto 
dissertativo-expositivo e texto dissertativo-argumentativo. Importa saber que ele é dissertativo. 
Toda boa dissertação possui a INTRODUÇÃO do tema, o DESENVOLVIMENTO coeso e coerente, que está 
vinculado ao que se diz na introdução e uma CONCLUSÃO lógica do texto, evidenciando o que se permite 
compreender por meio da exposição dos parágrafos de desenvolvimento. 
A tipologia dissertativa pode ser facilmente encontrada em editoriais, textos de divulgação acadêmica, ou seja, 
com caráter científico, ensaios, resenhas, artigos científicos e textos pedagógicos. 
Veja um exemplo de dissertação: 
JAPÃO FOI AVISADO SOBRE PROBLEMAS EM USINAS DOIS ANOS ANTES, DIZ WIKILEAKS 
O Wikileaks, site de divulgação de informações consideradas sigilosas, vazou um documento que denuncia que o 
governo japonês já havia sido avisado pela vigilância nuclear internacional que suas usinas poderiam não ser 
capazes de resistir a terremotos. O relatório, assinado pelo embaixador Thomas Schieffer obtido pelo WikiLeaks foi 
publicado hoje pelo jornal britânico, The Guardian. 
O documento revela uma conversa de dezembro de 2008 entre o então deputado japonês, Taro Kono, e um grupo 
diplomático norte-americano teria durante um jantar. Segundo o relatório, um membro da Agência Internacional de 
Energia Atômica (AIEA) disse que as normas de segurança estavam obsoletas para aguentar os fortes terremotos, o 
que significaria "um problema grave para as centrais nucleares". O texto diz ainda que o governo do Japão encobria 
custos e problemas associados a esse ramo da indústria. 
Diante da recomendação da AIEA, o Japão criou um centro de resposta de emergência em Fukushima, capaz de 
suportar, apenas, tremores até magnitude 7,0. 
Fonte: Correio Braziliense 
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I. PROBLEMAS DE AMBIGUIDADE 
Na língua portuguesa, a ocorrência da ambiguidade se dá mais comumente nos seguintes casos: 
 Uso de sujeito posposto a verbo que seja transitivo direto: 
 Venceu o Brasil a Argentina - Quem foi o vencedor: o Brasil ou a Argentina? 
Modificando-se a posição dos termos, evita-se a ambiguidade: 
 O Brasil venceu a Argentina (é o mais lógico a se dizer). 
 Uso de pronome possessivo na terceira pessoa - "seu", "seus", "sua", "suas" - (é um uso que, se o escritor não 
estiver atento, frequentemente produz ambiguidade): 
 Meu pai foi à casa de meu tio em seu carro - No carro de quem, do tio ou do pai? 
Novamente, devem-se modificar as posições das palavras, ou mesmo alguns termos: 
 Meu pai, em seu carro, foi à casa de meu tio. 
 Uso de certas comparações: 
 Na década de 70, os jogadores do Palmeiras não levavam os treinos a sério, como acontecia no São 
Paulo. (Quem não levava a sério?) 
Deve-se reconstruir a sentença, nesse caso: 
 Na década de 70, os jogadores do Palmeiras não levavam os treinos a sério, o que não ocorria no São 
Paulo. 
 Uso da preposição "de" em certos casos entre dois substantivos - as preposições também são frequentemente 
fonte de ambiguidade: 
 Onde está a cadela da sua irmã? (animal ou xingamento?) 
Deve-se reconstruir: 
 Onde está a cadela que pertence à sua irmã? 
 Uso do verbo deixar: 
 João deixou as pessoas felizes. (João alegra as pessoas ou abandonou as pessoas felizes?) 
Deve-se reconstruir: 
 João deixou as pessoas que estavam felizes. 
 Em construções com a referência deficiente 
 O Timão pega o Palmeiras sem cinco titulares. (Quem estava desfalcado?) 
Deve-se reconstruir: 
 O Timão, sem cinco titulares, pega o Palmeiras. 
II. GRAFIA DO PORQUÊ 
Há quatro maneiras de se escrever o termo porquê: 
 Porquê; 
 Por quê; 
 Por que; 
 Porque. 
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Fique ligado para aprender: 
 Porquê: 
É um substantivo, por isso somente poderá ser utilizado, quando for precedido de artigo (o, os), pronome adjetivo 
(meu(s), este(s), esse(s), aquele(s), quantos(s)...) ou numeral (um, dois, três, quatro). Ou seja, quando ele aparecer 
determinado por alguma coisa. 
 Ninguém entende o porquê de estudar Língua Portuguesa. 
 Este porquê é um substantivo. 
 Quantos porquês existem na Língua Portuguesa? 
 Existem quatro porquês. 
 Por quê: 
Trata-se de uma preposição somada a um substantivo. Sempre que a palavra “quê” estiver em final de frase, 
deverá receber acento, não importando qual seja o elemento que surja antes dela. 
 Ela fugiu e nem disse por quê. 
 Você está rindo de quê? 
 Você veio aqui para quê? 
 Por que: 
Usa-se por que, quando houver a união da preposição por com o pronome interrogativo que ou com o pronomerelativo que. Para facilitar, você pode tentar substituí-lo por: por qual razão, pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas 
quais, por qual. 
 Por que você não está estudando? = por qual razão 
 Gostaria de saber por que você gosta de Português. = por qual razão 
 As razões por que luto são justas. = pelas quais 
 Português é a matéria por que vivo. = pela qual 
 Porque: 
Pode ser uma conjunção subordinativa causal, conjunção subordinativa final ou conjunção coordenativa 
explicativa. Portanto, estará ligando duas orações, indicando causa, explicação ou finalidade. Para facilitar, dizemos 
que se pode substituí-lo por já que (quando causal), pois (quando explicativa) ou a fim de que (quando final). 
 É uma conjunção, porque liga duas orações. = pois 
 Não saí de casa, porque estava doente. = já que 
 Estudem, porque aprendam. = a fim de que 
TABELA DOS PORQUÊS 
 
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I. EXERCÍCIOS RELATIVOS AO ENCONTRO 
EXITUS LETALIS 
A bula, da mesma forma que a poesia, tem as suas metáforas, os seus eufemismos, os seus mistérios, e as 
partes melhores são sempre as que vêm sob os títulos "precauções e/ou advertências" e "reações adversas". Essa 
parte da bula é certamente produzida por uma equipe da qual fazem parte cientistas, gramáticos, advogados 
especialistas em ações indenizatórias, poetas, criptógrafos, advogados criminalistas, marqueteiros, financistas e 
planejadores gráficos. Você tem que alertar o usuário dos riscos que ele corre (e, não se iluda, todo remédio tem um 
potencial de risco), ainda que eufemicamente, pois se o doente sofrer uma reação grave ao ingerir o remédio, o 
laboratório, por intermédio dos seus advogados, se defenderá dizendo que o doente e o seu médico conheciam 
esses riscos, devidamente explicitados na bula. 
Vejam esta maravilha de eufemismo, de figura de retórica usada para amenizar, maquiar ou camuflar expressões 
desagradáveis empregando outras mais amenas e incompreensíveis. Trecho da bula de determinado remédio: "Uma 
proporção maior ou mesmo menor do que 10% de..." (não cito o nome do remédio, aconselhado pelo meu advogado) 
“pode evoluir para 'exitus letalis’” (o itálico é da bula). 
Qual o poeta, mesmo entre os modernos, os herméticos e os concretistas, capaz de eufemizar, camuflando de 
maneira tão rica, o risco de morte - "evoluir para exitus letalis"? 
Rubem Fonseca, O romance morreu, 2007. 
1. De acordo com o texto, na bula, o uso de metáforas, eufemismos e a presença de mistérios tem por objetivo: 
a) fornecer explicações devidas; 
b) prestar informações precisas; 
c) explicitar a composição do medicamento; 
d) emprestar qualidade estética ao texto; 
e) manipular informações em detrimento da clareza. 
2. A expressão “evoluir para exitus letalis” é um exemplo de eufemismo. Dentre as frases abaixo, a que não 
apresenta expressão eufemística é: 
a) Ele candidamente entregou a alma ao Criador. 
b) Ao dar o último suspiro, ela arrependeu-se de atos pretéritos. 
c) Ele disse adeus ao mundo sem remorsos. 
d) Deus não permitirá que eu morra longe dos meus. 
e) Deus proverá para que sua luz se apague mansamente. 
PROPAGANDA, PUBLICIDADE E CONSUMISMO 
(L.1) Hoje disseminado em praticamente todo o mundo, o fenômeno do consumismo não teria sido possível sem 
que o bombardeio incessante da publicidade tente nos convencer a comprar uma nova marca de sabão em pó, um 
novo modelo de eletrodoméstico, computador, automóvel etc. 
(L.4) A publicidade nos persegue em toda parte, e muitas vezes não nos damos conta disso. Está nas ruas, nas 
fachadas dos prédios, nos ônibus e nas vitrines. Também chama a nossa atenção em bancos, escritórios, hospitais, 
restaurantes, cinema e outros lugares públicos. Em casa, basta abrir o jornal, ligar o rádio ou a (L.7) televisão. Muitas 
vezes, ela vem pelo correio: são as ofertas que nos enviam os supermercados e as empresas, recomendando seus 
produtos e serviços. 
Mas existe um tipo de publicidade que nos atinge, fazendo de nós mesmos os veículos de divulgação da (L.10) 
marca. Sem perceber, fazemos publicidade gratuitamente ao usar roupas, sapatos, bolsas e outros objetos com 
etiquetas visíveis. É realmente muito difícil não ser afetado por essa publicidade massiva, que se incorporou a todos 
os aspectos de nossa vida e nos emite mensagens o tempo todo, de forma direta ou velada. 
(L.13) É preciso esclarecer que propaganda e publicidade são dois termos que geralmente se confundem. A 
primeira diz respeito à divulgação de ideias, e pode ter conteúdo político, religioso ou social. Em geral visa a orientar 
os cidadãos a respeito de questões de interesse público, como campanhas de saúde, trânsito, higiene e (L.16) até 
programas políticos. Já a segunda é uma mensagem de interesse comercial - visa a apresentar vantagens de um 
determinado produto de forma a convencer o público da necessidade de adquiri-lo. 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins 
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 
 
 
A publicidade é um meio eficiente para tornar o produto conhecido e prestar informações para ajudar o (L.19) 
consumidor a fazer uma escolha e até a aprender a consumir melhor. O problema é que, em vez de fornecer 
informações para um consumo racional e consciente, as mensagens publicitárias exploram pontos vulneráveis do 
público para convencê-lo de que o produto é realmente necessário. Assim, ela apela para os desejos, gostos, (L.22) 
ideias, necessidades, vaidades e outros aspectos da nossa personalidade. 
(HTT://idec.org.br/biblioteca/mcs/publicidade.pdf) 
3. As palavras de uma língua podem ser usadas com sentido próprio ou figurado, dependendo do contexto de que 
fazem parte. Tem-se uma palavra usada em sentido figurado no fragmento: 
a) “Sem perceber, fazemos publicidade gratuitamente ao usar roupas, sapatos, bolsas e outros objetos com 
etiquetas visíveis.” (L.10/11) 
b) “É preciso esclarecer que propaganda e publicidade são dois termos que geralmente se confundem.” (L.13) 
c) “Também chama a nossa atenção em bancos, escritórios, hospitais, restaurantes, cinema e outros lugares 
públicos.” (L.5/6) 
d) “..não teria sido possível sem que o bombardeio incessante da publicidade tente nos convencer...” (L.1/2) 
O QUE VOCÊ DEVE FAZER 
(Se for bom leitor de jornais e revistas, fiel ouvinte de rádio, obediente telespectador ou simples passageiro de 
bonde.) 
Consuma aveia, como experiência, durante 30 anos. 
Emagreça um quilo por semana sem regime e sem dieta. 
Livre-se do complexo de magreza, usando Koxkoax hoje mesmo. 
Procure nosso revendedor autorizado. 
Economize servindo a garrafa monstro de Lero-Lero. 
Ganhe a miniatura da garrafa de Lisolete. 
Tenha sempre à mão um comprimido de leite de magnólia. 
Resolva de uma vez o problema de seu assoalho, aplicando-lhe Sintaxe. 
Use somente peças originais, para o funcionamento ideal do seu W.Y.Z. 
Tenha sempre à mão uma caixa de adesivos plásticos. 
Faça o curso de madureza por correspondência. 
Aprenda em casa, nas horas vagas, a fascinante profissão de relojoeiro. [...] 
Carlos Drummond de Andrade ("A bolsa & a vida". 
In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1973. p.1032.) 
4. Sempre que há comunicação há uma intenção, o que determina que a linguagem varie, assumindo funções. A 
função da linguagem predominante no texto com a respectiva característica está expressa em: 
a) referencial – presença de termos científicos e técnicos 
b) expressiva – predominância da 1ª pessoa do singular 
c) fática – uso de cumprimentos e saudações 
d) apelativa – emprego de verbos flexionados no imperativo 
CORRENDO COMO ANIMAIS 
(L.1)O ser humano não trepa mais em árvores porque não precisa mais fazê-lo para sobreviver. No entanto, 
também não precisamos mais correr e (L.4) continuamos correndo. Por quê? Conheça a teoria que diz que corremos 
porque ainda somos meio selvagens. De quebra, aprenda os truques dos (L.7) melhores corredores do mundo 
animal. 
Quem costuma sair de casa bem cedo já deve ter notado a multidão de pessoas vestindo roupas (L.10) 
esportivas, correndo pelas ruas para todos os lados. O hábito é tão disseminado que provavelmente você nem repare 
mais. Mas não deixa de ser estranho. Por que (L.13) toda essa gente corre? De onde vem a satisfação de correr 
simplesmente por correr? E, afinal, por que a corrida é o esporte mais popular do mundo, com (L.16) centenas de 
milhões de adeptos? 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins 
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 
 
 
A resposta, segundo o corredor e biólogo Bernd Heinrich, está na natureza. Correr pode parecer (L.19) supérfluo 
para a humanidade hoje, depois que domesticamos o cavalo e inventamos a bicicleta e o motor a explosão. Mas 
durante muito tempo a corrida foi (L.22) fundamental para a sobrevivência humana, e essa habilidade continua 
inscrita em nosso código genético. "Somos todos corredores naturais, apesar de boa parte (L.25) de nós ter se 
esquecido desse fato", diz Heinrich (...). 
Segundo Heinrich, nossa obsessão por correr é inata. E isso seria fácil de observar. Afinal, não é preciso (L.28) 
haver um prêmio para que crianças de qualquer idade se disponham a se alinhar e disputar uma corrida. "É pelo 
prazer de correr", diz ele. Essa disposição, (L.31) segundo o professor, vem de nosso antepassado caçador. Ou seja, 
sempre que corremos, para ganhar uma corrida ou simplesmente para fazer exercício, (L.34) estamos virtualmente 
de volta às savanas africanas onde nosso código genético foi forjado. "Toda corrida é como uma caçada. Terminar 
uma maratona, bater (L.37) um recorde, fazer uma descoberta científica, criar uma grande obra de arte, todas essas 
tarefas são substitutas da necessidade de exibirmos as ferramentas (L.40) psicológicas do predador de distância que 
somos." (...). 
PAIVA, Uilson. In: Superinteressante, abr. 2003. 
5. Indique a passagem do texto que traz um exemplo de linguagem informal. 
a) “De quebra,” (L.6) 
b) “...mundo animal.” (L.7) 
c) “...toda essa gente...” (L.13) 
d) “...por correr?” (L.14) 
e) “bater um recorde,” (L.36/37) 
(L.1) Sr. Leitor 
Não fui, e não sou, um escrevedor de cartas. Acredito que, no momento em que você estiver lendo esta 
mensagem, (L.4) meus sentimentos a respeito dela e, muitas vezes, em relação a você podem ter mudado e isto me 
obrigaria a escrever outra mensagem para explicar a mudança e assim sucessivamente, (L.7) em uma troca de 
correspondência absurda. 
Com o telefone, a comunicação ficou mais fácil, mais direta. Não gosto de falar ao telefone, mas, em minha (L.10) 
juventude, contaminado por uma timidez excessiva que me impedia as investidas ao vivo, confesso um pouco 
envergonhado, já o utilizei para conquistas, cantadas, (L.13) declarações de amor. 
O tempo passou e, agora me dou conta, passo dias sem pegar no telefone e, na maioria das vezes, nem o atendo 
(L.16) quando toca. Ele é coisa do passado. Em compensação surgiu o e-mail, isto é, a volta às cartas. São cartas 
virtuais, mas, como nas de antigamente, sempre podemos escrever um parágrafo, (L.19) parar, tomar um café, 
recordar um fato, uma conversa, uma declaração de amor. Tudo isto com a vantagem de deixar o texto descansando 
até que a emoção acabe, ou diminua; e (L.22) podemos corrigir os erros de português e de ansiedades. Estará 
voltando a epistolografia? 
O maior epistológrafo (que palavra horrível!) de todos (L.25) os tempos foi, sem dúvida, São Paulo. Há quem diga 
que suas epístolas deram origem à Educação a Distância, já que ele difundia o cristianismo por meio de cartas para 
seus discípulos (L.28) que moravam em cidades distantes como Éfeso, Corinto, Roma etc. 
No passado, a carta era tema de obras literárias, (L.31) músicas etc., etc. Temos vários e belos contos e 
romances que são epistolares. Dostoievski e Goethe usaram este método que já foi dado como acabado e agora 
volta com força total — via (L.34) Internet. E aqui abro um parêntese para dizer que é epistolar um dos mais belos, 
vigorosos e cruéis romances que li ultimamente, A Caixa Preta, do escritor israelense Amoz Oz. 
(L.37) Na música, em minha adolescência, me comovia com a voz de Dalva de Oliveira cantando ''Quando o 
carteiro chegou/e meu nome gritou/com uma carta na mão/ante surpresa (L.40) tão rude/não sei como pude/chegar 
ao portão...". 
Braz Chediak. Internet: <www.conexaomaringa.com> (com adaptações). 
6. Deve-se a Roman Jakobson a discriminação das seis funções da linguagem na expressão e na comunicação 
humanas, conforme o realce particular que cada um dos componentes do processo de comunicação recebe no 
enunciado. Por isso mesmo, é raro encontrar em uma única mensagem apenas uma dessas funções, ou todas 
reunidas em um mesmo texto. O mais frequente é elas se sobreporem, apresentando-se uma ou outra como 
predominante. No que se refere à presença das funções da linguagem no texto acima apresentado, julgue o item 
a seguir. 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins 
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 
 
 
A função fática se manifesta, no texto, nos versos transcritos nas linhas de 38 a 40, nos quais se evidencia um 
trabalho de construção da linguagem para produzir sonoridades, ritmo, rimas, recursos característicos da produção 
de letras de composições musicais. 
(L.1) As revoluções industriais do século XIX deram corpo à ideia de "progresso infinito". A fé no progresso linear e 
contínuo rimou com a fé indefectível na ciência e na (L.4) tecnologia. O século XX, por sua vez, concluiu-se em 
prantos sem precedentes tanto por uma como pela outra. As técnicas engendradas pelo aumento dos conhecimentos 
criam, com (L.7) efeito, não apenas novas potencialidades, como também riscos novos para a humanidade. Os 
desafios suscitados pelas tecnologias da informação e da comunicação não são (L.10) pequenos. Durante as duas 
últimas décadas do século XX, essas tecnologias foram realmente alçadas à posição de instrumento de reordenação 
do mundo. Elas encarnam a (L.13) promessa de saída de uma crise estrutural, econômica e política, diagnosticada 
como "de civilização". O universo de redes tornou-se o emblema de uma nova sociedade cosmopolita (L.16) e de 
uma economia chamada de conhecimento. A nova sociedade de redes favorecerá o advento de um mundo menos 
marcado pelos desequilíbrios sociais ou reforçará as (L.19) desigualdades planetárias, criando excluídos da 
modernidade digital? É fundamental instituir políticas públicas que permitam ao cidadão construir e reconstruir, em 
torno desses novos (L.22) instrumentos de comunicação, em combinação com os antigos, estoques de conhecimento 
que correspondam a suas necessidades e estejam em harmonia com suas culturas. (L.25) A apropriação de novas 
técnicas informativas pressupõe absolutamente um diálogo entre as culturas. 
A. Mattelart. Diversidade cultural e mundialização. Trad. Marcos Marcionilo. 
São Paulo: Parábola, 2005, p. 9-10 (com adaptações). 
Com relação às ideias e estruturas linguísticas do texto anterior, julgue o item seguinte. 
7. O uso de metáforas, tais como “rimou com a fé” (L.3), “concluiu-se em prantos” (L.4) e “encarnam a promessa” 
(L.12/13), cria a possibilidade de significações imprecisas, tornando vagas e pouco objetivas as argumentações 
apresentadas no texto, cuja natureza é institucional.O DILEMA PEDAGÓGICO 
(L.1) Resgatar as origens e motivações das escolas democráticas implica compreender o cenário de mudanças 
que começa a se desenhar no campo da educação ainda no século 19. Desponta um (L.4) sentimento de desilusão 
com a pedagogia tradicional, erigida a partir dos sistemas nacionais de ensino, criados sob inspiração do ideário 
iluminista e os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade da (L.7) Revolução Francesa. Para transformar 
servos em cidadãos livres, a escola postulava o domínio de saberes legitimados pela ciência, em que a figura do 
professor é a autoridade máxima, que detém e (L.10) transmite esses saberes. "Nessa perspectiva, os sistemas 
nacionais de instrução foram concebidos como imensas máquinas de transmissão do saber constituído", observa 
Ghanem. 
(L.13) As reações se multiplicam e, em meio às criticas à chamada escola tradicional, diferentes teorias sobre a 
prática pedagógica começam a aparecer, em várias partes do mundo. 
(L.16) As críticas à pedagogia tradicional terminam por impulsionar um amplo movimento reformista. No Brasil, 
sob a expressão do "escolanovismo", assume sua representação máxima. 
(L.19) "Ensinamos crianças, não matérias", difundia o da Escola Nova, para quem a pedagogia tradicional, 
"verbalista e enciclopédica", reduzia o processo educativo exclusivamente à dimensão do saber. Se (L.22) até então 
o professor era a figura central, com a responsabilidade de iluminar o caminho de seus discípulos e transformar 
súditos em cidadãos, agora se reivindica uma escola capaz de extrapolar a mera (L.25) transmissão de conteúdos 
para valorizar os processos de aprendizagem. 
Desloca-se o eixo - do ensinar para o aprender. E ao deslocar o (L.28) eixo de uma pedagogia centrada na 
ciência da lógica para uma pedagogia de inspiração filosófica, com contribuições crescentes da biologia e da 
psicologia, a educação começa a viver mudanças profundas. 
http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12702 (com adaptações). 
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8. Ocorre linguagem figurada no seguinte fragmento de texto: 
a) “a escola postulava o domínio de saberes legitimados pela ciência” (linhas 7/8). 
b) “No Brasil, sob a expressão do ‘escolanovismo’, assume sua representação máxima” (linhas 16/17). 
c) “diferentes teorias sobre a prática pedagógica começam a aparecer, em várias partes do mundo” (linhas 13/14). 
d) “os sistemas nacionais de instrução foram concebidos como imensas máquinas de transmissão do saber 
constituído” (linhas 9/11). 
9. Há um exemplo de prosopopeia em: 
a) “Como eu invejo os que não esqueceram a cor das primeiras calças que vestiram!” 
b) “E antes seja olvido que confusão; explico-me.” 
c) “Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas.” 
d) “Não, não, a minha memória não é boa.” 
e) “... e os clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.” 
EM DEFESA DO PADRÃO NACIONAL 
(L.1) Não entendo nada de mulher, claro. Aliás, ninguém entende, nem mesmo Freud, que, num momento de 
aparente exasperação, perguntou o que as mulheres querem e morreu sem saber. 
Sou provocado a aventurar-me em terreno tão resvaladiço por causa das notícias, cada vez mais frequentes, de 
(L.4) moças que, na busca de atingir o padrão de beleza vigente, caem vitimas de anorexia nervosa e morrem. 
Ninguém gosta de saber desses acontecimentos tristes, motivados pela ânsia de identificação com o modelo 
hegemônico ou, mais patético ainda, pelo afã de ter sucesso numa carreira equivocadamente julgada fácil, mas 
dificílima e penosíssima, onde um número enorme (L.7) de jovens se perde todos os anos. Mas, claro, só aparecem 
as lindas e bem sucedidas, cuja vida para seus admiradores é um mar de rosas de festas e glamour. 
E que padrão de beleza é esse, será mesmo, digamos, “natural”, será de fato o preferido por homens e mulheres 
que (L.10) não estão comprometidos com o conhecido “Barbie look”? Quanto às mulheres, massacradas sem 
clemência por gostosas irretocáveis (na verdade retocadas pelo Photoshop), que não têm uma manchinha na pele, 
uma estriazinha escondida, uma celulitezinha e ostentam dotes de uma perfeição na verdade fictícia, não posso falar 
muito. Mas quanto aos homens posso, (L.13) porque ouço a opinião de muitos deles e não só saudosistas do modelo 
violão (em inglês "hour-glass look”, aparência de ampulheta), mas jovens também. 
Em primeiro lugar, devo afirmar enfaticamente, não por demagogia ou qualquer interesse subalterno, mas em 
função (L.16) de uma permanente pesquisa sociológica informal, existe vasto e devotado mercado para as gordinhas 
e até para as mais gordinhas do que as gordinhas. 
Mulher tem que ter cintura, violão ou ampulheta não interessa, mas é vital a formosa concavidade entre as 
costelas e (L.19) as ancas. Creio mesmo que, consultada a opinião pública, tanto de homens como de mulheres, 
mesmo as descinturadas por uma malhação perversa, a maioria concordaria em que mulher tem que ter cintura, faz 
parte da figura feminina, é clássico, e até constituinte do doce mistério das mulheres. E há muitas gordinhas, sim 
senhor, mantidas no modelo violão. Está bem, (L.22) violoncelo, mas com a cintura no lugar. E sei que as 
descinturadas, conscientemente ou não, também sabem disso, porque noto, entre as muito fotografadas, que elas 
procuram sempre posar curvando os quadris para um lado, fingindo ainda ter a cintura insensatamente perdida. 
(L.25) Agora, para alegria dos violonófilos e cinturistas, chega evidência cientifica de que o padrão esquelético ou 
Barbie nunca esteve com nada, não deverá estar com nada no futuro e só está com alguma coisa no presente devido 
a interesses de mercado circunstanciais. Diz aqui numa revista científica que o doutor indiano Devendra Sinhg, da 
Universidade do Texas, (L.28) chefiando uma equipe que analisou centena de milhares de textos literários ocidentais, 
onde eles refletiam as preferências estéticas de suas épocas, chegou à conclusão de que a cintura, notadamente a 
cintura fina, sempre foi elogiadíssima nas mulheres e tida como um elemento básico de sua beleza. E, mais ainda, 
não se trataria de algo arbitrário na evolução da (L.31) espécie, mas relacionado com a saúde. As que têm cintura - 
a-ha! - têm mais saúde. Isto sem dúvida abre horizontes quiçá radiosos para muitos de nós, homens ou mulheres, 
hoje escravizados pelo pensamento único imposto por estetas de meia-tigela. 
(L.34) Espero que o país se una em tomo do restabelecimento do legítimo padrão nacional e que a mulher 
brasileira, pioneira natural solertemente desviada por uma falsa modernidade colonizada, reassuma sua estatuesca e 
inimitável majestade de Vênus tropical, das cheinhas às magrinhas, todas com cintura e bunda, o Criador seja 
louvado. 
(O Estado de São Paulo, 14/01/2007). 
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10. Assinale o trecho em que há exemplo de conotação. 
a) “uma equipe que analisou centena de milhares de textos literários ocidentais” 
b) “reassuma sua estatuesca e inimitável majestade de Vênus tropical” 
c) “Ninguém gosta de saber desses acontecimentos tristes” 
d) “a maioria concordaria em que mulher tem que ter cintura” 
e) “elas procuram sempre posar curvando os quadris para um lado” 
A FÁBULA DA CIDADE 
Uma casa é muito pouco para um homem; sua verdadeira casa é a cidade. E os homens não amam as cidades 
que os humilham e sufocam, mas aquelas que parecem amoldadas às suas necessidades e desejos, humanizadas e 
oferecidas – uma cidade deve ter a medida do homem.É possível que, pouco a pouco, os lugares cordiais da cidade estejam desaparecendo, desfigurados pelo 
progresso e pela técnica, tornados monstruosos pela conspiração dos elementos que obrigam as criaturas a viver 
como se estivessem lutando, jungidas a um certo número de rituais que as impedem de parar no meio de uma 
calçada para ver uma criança ou as levam a atravessar uma rua como se estivessem fugindo da morte. 
Em cidades assim, a criatura humana pouco ou nada vale, porque não existe entre ela e a paisagem a harmonia 
necessária, que torna a vida uma coisa digna. E o habitante, escravizado pelo monstro, vai-se repetindo diariamente, 
correndo para as filas dos alimentos, dos transportes, do trabalho e das diversões, proibido de fazer algo que lhe dê a 
certeza da própria existência. 
Não será excessivo dizer que o Rio está correndo o perigo de incluir-se no número das cidades desumanizadas, 
devoradas pela noção da pressa e do combate, sem rostos que se iluminem em sorrisos e lugares que convidem à 
permanência. 
Mal os seus habitantes podem tomar cafezinho e conversar sentados; já não se pode passear nem sorrir nem 
sonhar, e as pessoas andam como se isso fosse um castigo, uma escravidão que as leva a imaginar o refúgio das 
casas onde as tardes de sábado e os domingos as insulam, num temor de visitas que escamoteiam o descanso e a 
intimidade familiar. E há mesmo gente que transfere os sonhos para a velhice, quando a aposentadoria, triunfante da 
morte, facultar dias inteiros numa casa de subúrbio, criando canários, decifrando palavras cruzadas, sonhando para 
jogar no bicho, num mistério que justifique a existência. E outras pessoas há que esperam o dia em que poderão fugir 
da cidade de arranha-céus inamistosos, de atmosferas sufocantes, de censuras e exigências, humilhações e 
ameaças, para regressar aos lugares de onde vieram, iludidas por esse mito mundial das grandes cidades. E ainda 
existem as que, durante anos e anos, compram terrenos a prestações ou juntam dinheiro à espera do dia em que se 
plantarão para sempre num lugar imaginário, sem base física, naquele sítio onde cada criatura é um Robinson atento 
às brisas e delícias de sua ilha, ou o síndico ciumento de um paraíso perdido. 
Para que se ame uma cidade, é preciso que ela se amolde à imagem e semelhança dos seus munícipes, possua 
a dimensão das criaturas humanas. Isso não quer dizer que as cidades devam ser pequenas; significa apenas que, 
nas mudanças e transfigurações, elas crescerão pensando naqueles que as habitam e completam, e as tornam vivas. 
Pois o homem é para a cidade como o sangue para o corpo – fora disso, dessa harmoniosa circulação, há apenas 
cadáveres e ruínas. 
O habitante deve sentir-se livre e solidário, e não um guerreiro sozinho, um terrorista em silêncio. Deve encontrar 
na paisagem os motivos que o entranham à vida e ao tempo. E ele não quer a paisagem dos turistas, onde se 
consegue a beleza infensa dos postais monumentalizados; reclama somente os lugares que lhe estimulem a fome de 
viver, sonegando-o aos cansaços e desencantos. Em termos de subúrbio, ele aspira ao bar debaixo de árvores, com 
cervejinha gelada e tira-gosto, à praça com “playground” para crianças, à retreta coroada de valsas. 
Suprimidas as relações entre o habitante e seu panorama, tornada incomunicável a paisagem, indiferente a 
cidade à fome de simpatia que faz alguém preferir uma rua à outra, um bonde a um ônibus, nada há mais que fazer 
senão alimentar-se a criatura de nostalgia e guardar no fundo do coração a imagem da cidade comunicante, o reino 
da comunhão humana onde se poderia dizer “bom dia” com a convicção de quem sabe o que isso significa. 
E esse risco está correndo o Rio, cidade viva e cordial. Um carioca dos velhos tempos ia andando pela avenida, 
esbarrou num cidadão que vinha em sentido contrário e pediu desculpas. O outro, que estava transbordante de 
pressa, indignou-se: O senhor não tem o que fazer? Esbarra na gente e ainda se vira para pedir desculpas? Era a 
fábula da cidade correndo para a desumanização. 
Ledo Ivo. Crônicas – Antologias Escolares Edijovem – 
organizada por Herbert Sale. Rio de Janeiro: EditoraTecnoprint SA, s/d. 
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11. Em “A Fábula da Cidade”, há predominância da linguagem conotativa. Considerando esta característica, pode-
se afirmar que o tema é apresentado de forma: 
a) elíptica, pois omite características fundamentais da cidade do Rio de Janeiro, visto que o leitor, conhecedor da 
vida carioca, infere acerca da ênfase dada. 
b) hiperbólica, pois o narrador descreve o Rio de Janeiro de forma exagerada para ressaltar o aspecto da 
desumanização. 
c) comparativa, porque são apresentadas as características dos cariocas para justificar a diferença de cordialidade 
e humanismo. 
d) metafórica, pois apresenta enfoques específicos para representar o todo: a desumanização do Rio de Janeiro. 
e) pleonástica, porque repete de forma redundante as ideias, sem que sejam acrescentadas perspectivas 
distintivas. 
O CAJUEIRO 
O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância, belo, 
imenso, no alto do morro, atrás de casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu. 
Eu me lembro de outro cajueiro que era menor e morreu há muito mais tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, 
do cajá-manga, da pequena touceira de espadas-de-são-jorge e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça 
de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da 
tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos 
canteiros de flores humildes, beijos, violetas. Tudo sumira, mas o grande pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso 
cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo 
o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o 
telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde. 
No último verão ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos amarelos, trêmulo de sanhaços. Chovera; 
mas assim mesmo fiz questão de que Caribé subisse o morro para vê-lo de perto, como quem apresenta a um amigo 
de outras terras um parente muito querido. 
A carta de minha irmã mais moça diz que ele caiu numa tarde de ventania, num fragor tremendo pela ribanceira 
abaixo, e caiu meio de lado, como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa. Diz que passou o dia 
abatida, pensando em nossa mãe, em nosso pai, em nossos irmãos que já morreram. Diz que seus filhos pequenos 
se assustaram; mas depois foram brincar nos galhos tombados. Foi agora, em setembro. Estava carregado de flores. 
(Rubem Braga, Cem crônicas escolhidas, Rio, José Olímpio, 1956, pp. 320-22) 
12. Há uma infinidade de metáforas constituídas por palavras que denotam ações, atitudes ou sentimentos próprios 
do homem, mas aplicadas a seres ou coisas inanimadas. Tal recurso ocorre no trecho a seguir: 
a) “O cajueiro já devia ser velho quando nasci.” 
b) “Eu me lembro de outro cajueiro que era menor” 
c) “Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco” 
d) “estava como sempre carregado de frutos amarelos” 
e) “como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa.” 
13. No trecho “a menina estava pronta para entregar sua mão em casamento” observa-se a figura de linguagem: 
a) hipérbole; 
b) metonímia; 
c) metáfora; 
d) eufemismo; 
e) hipérbato. 
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comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação,inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 
 
 
Os garotos da Rua Noel Rosa 
onde um talo de samba viça no calçamento, 
viram o pombo-correio cansado 
confuso 
aproximar-se em voo baixo. 
Tão baixo voava: mais raso 
que os sonhos municipais de cada um. 
Seria o Exército em manobras 
ou simplesmente 
trazia recados de ai! amor 
à namorada do tenente em Aldeia Campista? 
E voando e baixando entrançou-se 
entre folhas e galhos de ficus: 
era um papagaio de papel, 
estrelinha presa, suspiro 
metade ainda no peito, outra metade 
no ar. 
Antes que o ferissem, 
pois o carinho dos pequenos ainda é mais desastrado 
que o dos homens 
e o dos homens costuma ser mortal 
uma senhora o salva 
tomando-o no berço das mãos 
e brandamente alisa-lhe 
a medrosa plumagem azulcinza 
cinza de fundos neutros de Mondrian 
azul de abril pensando maio. 
283235-58-Brasil 
dizia o anel na perninha direita. 
Mensagem não havia nenhuma 
ou a perdera o mensageiro 
como se perdem os maiores segredos de Estado 
que graças a isto se tornam invioláveis, 
ou o grito de paixão abafado 
pela buzina dos ônibus. 
Como o correio (às vezes) esquece cartas 
teria o pombo esquecido 
a razão de seu voo? 
Ou sua razão seria apenas voar 
baixinho sem mensagem como a gente 
vai todos os dias à cidade 
e somente algum minuto em cada vida 
se sente repleto de eternidade, ansioso 
por transmitir a outros sua fortuna? 
Era um pombo assustado 
perdido 
e há perguntas na Rua Noel Rosa 
e em toda parte sem resposta. 
Pelo quê a senhora o confiou 
ao senhor Manuel Duarte, que passava 
para ser devolvido com urgência 
ao destino dos pombos militares 
que não é um destino. 
Carlos Drummond de Andrade, Pombo-correio. In: Carlos Drummond de Andrade: obra completa. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p.483, internet: <www.releituras.com>. 
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No que concerne às ideias do texto e a sua tipologia, julgue o item que segue. 
14. O texto pode ser considerado, simultaneamente, poético e narrativo. 
GABARITO 
1 - E 
2 - D 
3 - D 
4 - D 
5 - A 
6 - ERRADO 
7 - ERRADO 
8 - D 
9 - E 
10 - B 
11 - D 
12 - E 
13 - B 
14 - CORRETO 
	1º BLOCO
	I. Funções da Linguagem
	2º BLOCO
	I. Figuras de Linguagem
	3º BLOCO
	I. Tipologia Textual
	 A Narração
	 A Descrição
	 A Dissertação
	4º BLOCO
	I. Problemas de Ambiguidade
	II. Grafia do Porquê
	5º BLOCO
	I. Exercícios Relativos ao Encontro

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