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Isabella Ferraz – MED 95 1 Farmacologia – Gabriel Anti-Histamínicos Histamina É uma amina biogênica mediadora da inflamação, da anafilaxia e da secreção ácida do estômago Tem papel principalmente na resposta inflamatória do tipo alérgica (tipo IgE mediada) e na secreção ácida gástrica (após ligação com a célula parietal gástrica) Papel de neurotransmissão Sendo assim, os Anti-histamínicos são usados como antialérgicos, antiácidos e sedativos No papel inflamatório-alérgico inibem a liberação da histamina e a ligação da histamina com seu receptor, inibindo a resposta alérgica da histamina No papel de antiácido Bloqueio da ligação da histamina com seu receptor na célula parietal gástrica, inibindo a secreção ácida gástrica No papel de sedação Inibição da neurotransmissão histamínica, promovendo o sono Efeitos da Histamina Aumento da coagulação sanguínea favorece a ocorrência de processos trombóticos Aumenta a secreção ácido gástrica Importante vasodilatador Promove broncoconstrição Aumenta a permeabilidade capilar por isso a reação alérgica normalmente é acompanhada de edema Liberação de adrenalina Aumenta a sudorese e o processo inflamatório Aumenta a frequência cardíaca Liberação de Histamina Interação de antígenos com IgE Os linfócitos B entram em contato com um alergênico, são ativados e passam a liberar IgE. Essa IgE estimula mastócitos e basófilos a liberarem grânulos com grande quantidade de histamina. Obs: O objetivo dos anti-histamínicos, então, é bloquear a ligação da histamina com seus receptores para minimizar esses efeitos sistêmicos Obs: Os corticoides atuam inibindo a liberação de imunoglobulina dos linfócitos. Normalmente, em casos de resposta alérgica grave, há combinação de anti-histamínico com glicocorticoides, de modo a inibir a resposta alérgica em dois pontos. Isabella Ferraz – MED 95 2 A histamina age em 3 receptores H1, H2 e H3 H1 Receptor da neurotransmissão e da reação alérgica Promove broncoconstrição, aumento da frequência cardíaca, vasodilatação, aumento da permeabilidade capilar, etc. Anti-histamínicos H1 Loratadina, Desloratadina, Dexclorfeniramina, Prometazina, dentre outros. H2 Responsável por mediar a secreção ácida gástrica Anti-histamínicos H2 Ranitidina e Cimetidina H3 Não tem efeito farmacológico Mecanismo de ação dos anti-histamínicos Eles são agonistas inversos do receptor da histamina se ligam ao receptor e mudam o formato deste. É como se eles ativassem o receptor, mas sem gerar a resposta daquele receptor. Antagonistas dos Receptor H1 São agonistas inversos ligam-se ao receptor H1, competem com a histamina e levam a uma conformação inativa deste. É uma ligação reversível Efeitos dos antagonista H1 Músculo liso Inibem a contração da musculatura lisa brônquica Inibem a dilatação da musculatura lisa vascular Bloqueiam o aumento da permeabilidade vascular Inibem as secreções salivares, lacrimais e outras secreções exócrinas Supressão do edema e do prurido Sedação Os anti-histamínicos de 1ª geração atravessam a barreira hematoencefálica, gerando muito efeito de sedação, enquanto que os de 2ª geração têm muito mais efeito antialérgico, sem tanta sedação Exemplos de anti-histamínicos de 1ª geração Prometazina – Fenergan (maior efeito sedativo) Isabella Ferraz – MED 95 3 Exemplos de anti-histamínicos de 2ª geração Dexclorfeniramina – Decongex; Ebastina – Ebastel; Fexofenadina – Allegra; Dimenidrinato - Dramin Anti-psicótico Por inibição da neurotransmissão Fenergan Prevenção da Cinetose Também por inibição da neurotransmissão Combinação de anti-histamínicos com corticoides Ex: Koide D Combinação de anti-histamínicos com agonistas alfa-1 (drogas que fazem vasoconstrição) Drogas descongestionantes Loratadina + Pseudoefedrina Claritin D Dexclorfeniramina + Fenilefrina Decongex Plus Fexofenadina + Pseudoefedrina Allegra Indicações Terapêuticas Doenças alérgicas Rinite, Urticária, Conjuntivite Dermatoses alérgicas Asma Pouca eficácia Não é uma droga primariamente vasodilatadora, o anti-histamínico apenas inibe a broncoconstrição A reação alérgica da asma é mediada por leucotrieno, então não há resposta efetiva do anti-histamínico Se além da asma, o paciente apresentar outros sinais e sintomas alérgicos sistêmicos, pode- se fazer a combinação de anti-histamínicos com beta-2, corticoides, inibidor de leucotrienos, etc. Anafilaxia sistêmica Papel secundário Os pacientes com choque anafilático fazem vasodilatação, então eu preciso de uma droga que faça vasoconstrição. Sendo assim, nessa situação, a droga principal é a epinefrina. No angioedema, onde houve vasodilatação e extravasamento de líquido do espaço vascular, o papel dos anti-histamínicos também é secundário e normalmente são administrados associados aos corticoides. Pacientes com choque, hipotensão, edema de via aérea alta Associar à agonista adrenérgico sistêmico (adrenalina subcutânea) Resfriado comum Na Influenza (infecção viral), os anti-histamínicos não possuem muito efeito Em viroses por adenovírus e rinovírus, os anti-histamínicos possuem uma boa resposta Normalmente associado a um agonista alfa (descongestionantes) Cinetose, vertigem e sedação Cinetose Dramin e outros anti-histamínicos de 1ª geração Vertigem medicamentos terminados com “rizina” – Flunarizina (1ª geração), Cinarizina (2ª geração) Sedação Fenergan e outros anti-histamínicos de 1ª geração Efeitos Adversos Sedação Ingestão simultânea com álcool e outros depressores do SNC Isabella Ferraz – MED 95 4 Potencialização da droga quando há associação dos anti-histamínicos com outras drogas depressoras do SNC Comprometimento motor (comprometimento extra-piramidal) O paciente perde um pouco a coordenação, fica meio tonto, não consegue andar em linha reta, pode apresentar um tremor fino de extremidades, etc. Tonteira, fadiga, alterações visuais, tremores Drogas Antagonistas do Receptor H2 O receptor H2 da histamina está acoplado à proteína G. Quando a histamina se liga à ele, há aumento do AMPcíclico e consequente há aumento da secreção ácida gástrica. Podem ser drogas utilizadas, então, como antiácidos Não são as drogas principais. Existem drogas muito mais potentes que atuam inibindo não só a ligação da histamina, como a ligação de outras substâncias com os seus receptores (adenilciclase, somatostatina, acetilcolina e gastrina) promovendo a diminuição da secreção ácida gástrica de uma forma mais eficaz. Dramin Polaramine e Decongex Isabella Ferraz – MED 95 5 Drogas que agem direto na bomba de prótons (bomba que troca o hidrogênio por potássio) Bloqueadores da bomba de prótons (Omeprazol, Pantoprazol, etc) Apenas o Omeprazol deve ser administrado em jejum, por sofrer interferência alimentar. Essa característica não se aplica às demais drogas. Inibem a secreção ácida gástrica num ponto mais distal do sistema, ou seja, inibem a secreção ácida independente de como ela tiver sido estimulada (seja através da histamina ou das substâncias acima citadas). A secreção ácida mediada por histamina é muito mais a secreção basal(secreção contínua basal de HCL). Já a secreção prandial, ou seja, o aumento da secreção mediada/induzida pela alimentação não depende tanto de histamina e passa a depender mais de acetilcolina, somatostatina e de outras substâncias. No tratamento de doenças ulcerosas ácido pépticas: De dia bloqueadores da bomba de prótons De noite anti-histamínicos (para diminuir a secreção basal de ácido gástrico) Bloqueio seletivo dos receptores H2 foi um marco no tratamento da doença ulcerosa ácido péptica Cada vez mais substituída pelos bloqueadores da bomba de prótons Competem de modo reversível com a histamina pela ligação ao receptor H2 Inibem predominantemente a secreção de ácido basal (noturna) Drogas Cimetidina, Famotidina, Nizatidina e Ranitidina Pode ser usado na profilaxia da úlcera paciente não tem doença ulcerosa péptica, mas está internado em dieta zero. Administra-se Ranitidina venosa 1 ou 2x/dia, para poder inibir a secreção ácida e fazer a profilaxia. Mecanismo de ação Impedem que a histamina se liguem ao receptor H2, reduzindo o AMPcíclico e reduzindo a secreção ácida gástrica Efeitos Adversos São bem tolerados Diarreia, cefaleia, sonolência, constipação, dor muscular Efeitos no SNC raros Cimetidina à longo prazo diminuição da ligação da testosterona ao seu receptor (causa ginecomastia nos homens)