O Psicodiagnóstico interventivo sob o enfoque da narrativa

Prévia do material em texto

REFERÊNCIA: BILBAO, G. G. L. O Psicodiagnóstico interventivo sob o enfoque da narrativa in ANCONA-LOPEZ, S., Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. Cap. III. p. 65-76
	 
	A autora inicia seu artigo nos falando que irá tratar nas páginas seguintes sobre o psicodiagnóstico interventivo com foco na narrativa que os sujeitos participantes desse processo expressam. Os discursos que ouvimos durante o psicodiagnóstico estão presentes neles a história de vida daqueles que atendemos, suas experiências, seu modo de ver a realidade em que vivem e como eles dão significados a isso.
	Benjamin é citado por se tratar de um autor que discorreu em suas obras sobre uma das formas possíveis de se fazer um discurso, que é a narrativa, onde segundo ele é uma forma de se comunicar e se expressar. As narrativas não se preocupavam em transmitir informações, preferiam relatar as experiências vividas. Apesar de que ao longo da história começamos a utilizar de outra forma de comunicação que é a informação, mas a narrativa ainda permanece sendo uma forma de comunicação aberta e com caráter libertador a aquele que a utiliza, podendo dar sua interpretação e não se preocupar com a veracidade. O autor ainda faz uma crítica a sociedade moderna que tem carência comunicativa por conta de uma carência da própria experiência humana, e assim a narrativa acaba não sendo utilizada pela sociedade.
	O pensamento que surge após ler as colocações de Benjamin é de que no psicodiagnóstico interventivo, quando os pais relatam a história de suas vidas e de seu filho, estão utilizando da narrativa para falar de suas experiências, sejam suas próprias ou relatada por outros. A narrativa então nos mostra como esses pais dão significados aos fatos relatados, como se sentem diante disso. 
	Outro autor citado é o Husserl, um dos principais pensadores da fenomenologia, ele e Benjamin apesar de tratarem de assuntos diferentes acabam abordando um aspecto em comum, o resgate da experiência humana. Husserl trata isso falando que a filosofia e a ciência precisam retornar à experiência e às coisas mesmas, enquanto Benjamin fala de a narrativa ser importante na hora de significar a experiência humana.
	A narrativa que ouvimos no psicodiagnóstico interventivo deve evitar de entender como uma verdade no sentido objetivo, já que ela faz parte de uma consciência que atribui significações, porém aquilo que os pais e a criança vivem e nos contam é a verdade deles. Num segundo momento podemos pensar que a história contada através da narrativa está aberta a ressignificar ao longo do processo, já que possui caráter mutável e está em constante movimento.
	Como psicólogos devemos acompanhar os pais nessa nova experiência, colocando-se a disposição do outro, buscando compreender as significações da narrativa ouvida. Para os pais essa experiência tende a ser muito rica, pois ao ouvirem o que dizem eles acabam por senti-las diferente, onde novos aspectos podem surgir, outros podem sumir e assim novos significados surgem e se transformam, produzindo compreensões novas. O psicodiagnóstico interventivo pode ser um momento reflexivo único para os pais e para as crianças, onde eles poderão trabalhar com as inquietações que os aflige.
	O texto é finalizado com a autora nos falando da devolutiva que ocorre com a criança no final do psicodiagnóstico interventivo. O livro que iremos elaborar utilizará do meio de comunicação que discorremos nesse texto, a narrativa. As falas, os personagens, o ambiente, as imagens, recortes, serão utilizados de acordo com a história de vida da criança e de suas preferências. Ao entregar o livro a criança, essa pode se apropriar da história ou não, esse jogo simbólico entre nós e a criança pode auxiliar no aproximação e apropriação de si. 
	Por fim, o processo de psicodiagnóstico interventivo possibilita a recriação de ser dos indivíduos envolvidos, ele tem mais do que um caráter investigativo, ele auxilia aqueles que estão envolvidos a quebrarem o silêncio e iniciarem um trabalho que os empodere.