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APROVA – HISTÓRIA PARA VESTIBULANDOS. 
 
 
 
 
APROVA 
 
A Crise Liberal e a Emergência de 
Regimes Totalitários 
 
O período do entreguerras (1919-1939) foi a época da crise da sociedade liberal, tanto no 
plano econômico como no plano político. Na segunda metade do século XIX, o mundo 
desfrutava dos progressos da segunda fase da Revolução Industrial cujo auge se situa 
entre 1870 e 1914, época em que se viveu a “belle époque”. O imperialismo e 
colonialismo europeus deram aos principais países desse continente a hegemonia do 
mundo. 
 
No entanto, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as tradicionais potências 
europeias viram-se enfraquecidas. Na América, os Estados Unidos, livres da destruição 
da guerra, tornaram-se os grandes credores do mundo. O Japão que se industrializara 
pós-revolução Meiji (1868) se tornou imperialista e se valeu do conflito mundial para 
estender seu poderio na Ásia. É nesse cenário que em muitos países europeus 
emergiram concepções totalitárias: governos militarizados, que apoiam seu poder na força 
das armas e na propaganda política. Para várias correntes historiográficas, tais modelos 
políticos representam uma reação nacionalista extremada para as perdas impostas aos 
países ao final da primeira guerra mundial. 
 
A crise econômica que se abateu sobre o continente europeu por toda a década de 1920, 
gerou uma insegurança acentuada: desemprego, elevação do custo de vida, inflação, 
pobreza e as dificuldades enfrentadas pelo Estado em solucionar essas questões, criaram 
uma descrença no modelo liberal e nos valores democráticos. 
 
Chamava a atenção, por outro lado, o exemplo da Rússia, que parecia manter-se 
protegida da crise que abalava a Europa. A Revolução Russa (1917) parecia indicar o 
sucesso do regime socialista. Para muitos integrantes da massa, a ideologia marxista 
mostrava-se como o melhor caminho. 
 
A crise econômica sem perspectiva de soluções combinada com o desgaste dos regimes 
democráticos, aliada à expansão do Socialismo, assustou setores capitalistas ligados à 
burguesia, que acabou buscando nos modelos políticos de extrema direita a garantia da 
preservação da propriedade privada e a força para reprimir o “perigo vermelho”. 
 
Os dois regimes totalitários de maior expressão foram estabelecidos na Alemanha e na 
Itália. Embora se saiba que em Portugal e na Espanha tais concepções de poder também 
mereçam relevância. Por conta das incertezas vividas pela população, as lideranças nazi-
fascistas, habilmente, prometiam um futuro de grandeza e de prosperidade. O estado 
nazista se pautava na construção do III Reich; o fascismo italiano pressupunha remontar 
a glória do antigo Império Romano. 
 
 
 
 
 
“O objetivo da nossa luta deve ser o da garantia da existência e da multiplicação de nossa raça e do 
nosso povo, da subsistência de seus filhos e da pureza do sangue, da liberdade e independência da 
Pátria, a fim de que o povo germânico possa amadurecer para realizar a missão que o criador do 
universo a ele destinou.” 
 
(Mein Kampf [Minha Luta], Primeira Parte, Capítulo VIII, Começo de minha atividade política.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foi nos anos entreguerras que a ideologia fascista - palavra de origem italiana e derivada 
de “fascio” — o feixe de varas, distintivo próprio dos cônsules da Roma antiga - ganhou 
impulso. 
 
O caso alemão encontrou nas humilhantes imposições do Tratado de Versalhes um fator 
propulsor, pois, além das sanções de natureza geopolítica, seus artigos representavam 
forte obstáculo à condição de reerguimento econômico. Suas cláusulas foram exploradas 
por políticos alemães habilidosos que defendiam a necessidade de um governo 
autoritário, centralizador e forte, para resolver os problemas sociais e econômicos, 
sobretudo o desemprego. No caso da Itália, foram o desemprego e a estagnação 
econômica; a instabilidade política que motivaram na população a impressão de que 
apenas um governo de característica fascista pudesse superar os problemas no país. 
Além da garantia de prosperidade dada pela ideologia fascista, havia uma intensa 
propaganda política com fortes demonstrações do poderio militar e de mistificação do 
líder. Na Alemanha Joseph Goebbels foi o grande articulador intelectual e porta-voz do 
nazismo – valia-se do rádio, do cinema, do teatro e da literatura para divulgar a 
concepção totalitária e a fidelidade a Hitler. 
 
Enfim, o cenário histórico foi favorável ao avanço do totalitarismo de extrema-direita. 
 
O Movimento Fascista Italiano encontrou em Benito Mussolini sua liderança e recebeu 
apoio de setores da burguesia como industriais, comerciantes e latifundiários. 
 Em outubro de 1922, Mussolini liderou a “Marcha sobre Roma” e o rei Vítor Emanuel III 
convidou Mussolini a organizar um novo ministério. Mantinha-se a aparência de uma 
monarquia parlamentar embora Mussolini criasse cada vez mais mecanismos para que a 
ordem totalitária se instituísse – eleições fraudulentas para composição do parlamento 
cada vez mais vinculado ao regime, por exemplo. A eliminação de opositores também se 
tornou comum. 
 
Já em 1925, Mussolini tinha definida a base do regime totalitário de governo com a 
reforma da Constituição e o desaparecimento do Senado e da Câmara, que foram 
substituídos pelo Grande Conselho Fascista. Assim Mussolini tornou-se o Duce italiano. O 
regime do Duce só seria desmantelado ao final da Segunda Grande Guerra. 
 
O Estado totalitário português foi estabelecido em torno de Antônio de Oliveira Salazar, 
que chegou ao poder como presidente do Conselho de Ministros, em 1932 – o que 
equivalia à chefia do governo. A Constituição aprovada no ano seguinte deu suporte ao 
regime que se iniciava. Salazar encontrou apoio na Igreja, no exército, nos latifundiários e 
nos capitalistas ligados aos setores industriais. Ao assumir a chefia do governo tomou 
“O Fascismo é em primeiro lugar um nacionalismo exacerbado. A nação, sagrada, é o bem 
supremo. O seu interesse exige uma tripla coesão interna, política, social e étnica, e exige 
também a supressão de qualquer dos antagonismos que a dividem e enfraquecem. 
Para que a nação tenha a certeza de poder viver e prosperar, o Estado deve ser forte. A 
centralização suprimirá os particularismos regionais; o Estado fará prevalecer o interesse coletivo 
sobre os dos indivíduos, dos grupos profissionais ou das classes sociais. (...) O Estado será 
policial e a Justiça estará às suas ordens. O Estado forte encarna-se num chefe, providencial, 
guia e salvador da nação, erguido da massa pelo impulso da sua personalidade; a sua palavra é 
a lei e é também a verdade.” 
 
 (MICHEL, Henri. Os Fascismos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1977. pp. 13-20.) 
 
 
 
 
 
 
 
posturas legislativas na direção de proibir greves, eleições livres, formação de partidos 
políticos e sindicatos. O Salazarismo estabeleceu um regime de partido único e usava a 
polícia política (PIDE) para perseguir e punir os opositores do governo. 
 
A ditadura instituída por Salazar sobreviveu à sua morte, em 1970. A Revolução dos 
Cravos, ocorrida em 1974, com a participação de vários segmentos da sociedade 
portuguesa, derrubou o governo totalitário e restabeleceu um governo democrático. 
 
Na Alemanha, as determinações impostas pelo Tratado de Versalhes lançaram o país em 
uma crise sem comparação na época. Com o fim da guerra estabeleceu-se a criação da 
República de Weimar (1918-1933), sob orientação social-democrata. Muitas divisas 
saíam da Alemanha por causa das imposições de Versalhes. Daí decorreram greves e 
várias manifestações de cunho social. A inflação alcançou números alarmantes. Miséria e 
pobreza desestabilizavam a República e provocavam descrédito do governo. 
 
É nesse contexto
que, em 1919 surge o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores 
Alemães (NAZISTA), que se assemelhava ao Partido Fascista italiano. 
 
Já em 1923 o partido Nazista tenta um golpe contra a República de Weimar – o “Putsch 
de Munique” - malogrado. Assim como em outros países, a situação econômica 
estimulou as ideias socialistas e provocou reação dos setores burgueses. A SA nazista 
atuava como uma força paramilitar de oposição ao avanço da esquerda. No início dos 
anos de 1930, o Partido Nazista e seu líder, ganham prestígio entre as elites. 
Em 1933, Hitler foi nomeado Chanceler, que, na prática, corresponderia à chefia do 
Estado. Chanceler, Hitler empreendeu golpes a fim de responsabilizar os comunistas: o 
incêndio do Parlamento (Reischtag) foi uma das mais notáveis de suas ações. A partir de 
1933 os nazistas estruturam uma ditadura totalitária sustentada na força das armas; 
apoiada em órgãos como as SA (seções de assalto), as SS (seções de segurança) e a 
Gestapo (Polícia Política) e na eficiência da propaganda. Em 1935, o chefe dos nazistas 
adotou o titulo de Führer e fundou o III Reich que só se desmantelaria ao final da 
Segunda Guerra Mundial. 
 
Na Espanha, a emergência totalitária se deu em meio aos resultados da Guerra Civil 
Espanhola (1936-1939). As eleições de 1936 foram vencidas por Manuel Azãna da Frente 
Popular, formada por anarquistas, sindicalistas, democratas e comunistas. A política de 
Azãna, inclinada à ideologia socialista provocou a oposição de segmentos reacionários 
que culminou na formação de uma coligação política denominada de Partido da Falange. 
A Falange era constituída por membros da elite agrária, do alto clero e do exército. Sua 
inclinação ao fascismo foi dirigida pelo General Francisco Franco. 
 
Republicanos e fascistas se rivalizariam na Guerra por três longos anos. Embora as 
forças da Frente Popular reunissem grupos numerosos nacionais e externos, o apoio 
militar da Itália e, especialmente, da Alemanha, dado aos falangistas impediu a 
continuidade do governo Azãna. As forças republicanas foram derrotadas e Franco impôs 
aos espanhóis um governo totalitário durou até 1976.

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