Buscar

DA+DECADA+PERDIDA+ +aprova (1)

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

APROVA – HISTÓRIA PARA VESTIBULANDOS. 
 
 
 
 
APROVA 
 
 
dA Década perdida ao plano real 
 
Os anos de 1980 entraram para a história recente do Brasil como “a década perdida”, em 
alusão à crise econômica que foi um entrave ao desenvolvimento do país na época. 
Políticas recessivas, arrochos salariais, desemprego e o fantasma da inflação eram 
fatores que reduziam o poder de compra do brasileiro e contribuíam para acelerar o 
processo de concentração de renda. Mas a década conhecida por esses desafios é pouco 
lembrada como aquela em que a revitalização política contribuiu definitivamente para a 
transição e consolidação do regime democrático. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O episódio da crise da dívida brasileira tem início em outra crise, a do petróleo, de 1973. 
Repentinamente, os preços do produto disparam, e os que mais lucraram com isso foram 
os produtores de petróleo, em sua maioria, países árabes. Estes, logicamente, 
depositaram seus dividendos nos bancos ocidentais, os mesmos grandes bancos fontes 
de empréstimos para os países em desenvolvimento que costumavam se utilizar de 
empréstimo para colocar em prática suas políticas de desenvolvimento, e entre tais 
países, na época, estava o Brasil. 
 
Os grandes bancos, prevendo ganhos astronômicos, mais que depressa emprestaram 
dinheiro ao Brasil, entre tantos outros países, sem obter garantias reais de como se faria 
a devolução do dinheiro. O Brasil de então, no auge da ditadura militar, com um governo 
que fazia praticamente o que queria, sem prestar contas de seus desmandos, 
desperdiçou por completo o dinheiro vindo do estrangeiro. 
 
A crise da dívida tornou-se notória quando o México anunciou moratória em 1982, 
recusando-se a pagar a sua dívida astronômica. Já na entrada da década, o Brasil estava 
virtualmente quebrado, sendo um dos fatores que levaram ao desmantelamento do 
regime militar. 
 
A solução para a crise da dívida não foi rápida, sendo que em 1983 o Brasil assinara um 
acordo com o FMI, permitindo a rolagem da dívida com os bancos credores. Com a 
reestruturação e liberalização de sua economia, e por meio dos cumprimentos do acordo 
com o FMI, o Brasil lentamente resolve o problema, que iria persistir até o final da década 
de 1980. 
 
SARNEY 
 
Alguns estudiosos do período argumentam que durante o mandato presidencial de José 
Sarney, os militares exerceram algum tipo de tutela sobre o governo. 
“A década de 1980 não foi perdida porque nela ocorreram lutas políticas fundamentais para a 
conquista de liberdades e direitos. Ela abrange os últimos anos da ditadura militar, com o general 
presidente João Figueiredo; a transição conservadora com a eleição indireta de Tancredo Neves, que 
morreu antes de assumir; e, logo em seguida, a posse de José Sarney. A década fecha com a 
primeira eleição direta de um presidente após a abertura política, Fernando Collor, em 1989.” 
 
Gelsom Rozentino de Almeida 
 
 
 
 
 
 
Porém, inúmeras medidas governamentais visaram o fortalecimento das forças 
democráticas. Por exemplo, em maio de 1985, uma Emenda Constitucional restabeleceu 
as eleições diretas para as prefeituras das cidades consideradas como áreas de 
segurança nacional. 
 
A emenda também abrandandou as exigências para registro de novos partidos. Desse 
modo, partidos políticos defensores de ideologias de esquerda, que atuavam na 
clandestinidade puderam se legalizar, tais como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o 
Partido Comunista do Brasil (PC do B), entre outros. Mas talvez o item mais importante da 
Emenda Constitucional foi a convocação de uma nova constituinte para elaboração de 
uma nova Carta-Magna. 
 
No governo Sarney, a economia brasileira atravessou uma grave crise sem precedentes 
na história republicana do país. Foram lançados diversos planos de estabilização 
inflacionária. Porém, nenhum deles obteve êxito pleno. Em março de 1986, o ministro da 
Fazenda, Dílson Funaro, lançou o Plano Cruzado. 
 
O aspecto mais importante do Plano Cruzado foi o congelamento dos preços e também 
dos salários, por um período de um ano. O plano teve um efeito imediato no que se refere 
ao controle da inflação e aumento do poder aquisitivo da população, mas depois de muita 
euforia (pois a população de modo geral começou a vigiar os preços e denunciar 
remarcações), a inflação voltou a crescer. 
 
Seguiram-se os planos Cruzado II, de novembro de 1986; o Bresser, de abril de 1987; o 
Verão, em janeiro 1989. Todos esses planos econômicos fracassaram e a crise 
econômica agravou-se no final do governo de José Sarney, com uma escalada da 
inflação que chegou a patamares estratosféricos. 
 
COLLOR 
 
Em 1989 ocorreu a primeira eleição direta para presidente da República no Brasil. Depois 
de quase três décadas de interrupção do processo eleitoral democrático, os brasileiros 
voltaram às urnas para escolher o sucessor de José Sarney. 
 
Concorreram ao pleito candidatos de vários partidos políticos, a maioria eram líderes 
políticos influentes como Mário Covas, do PSDB; Paulo Maluf, do PDS; Ulisses 
Guimarães, do PMDB; Leonel Brizola, do PDT; Luiz Inácio Lula da Silva, do PT; outros 
eram menos conhecidos da população, tais como Roberto Freire, do PCB; e Fernando 
Collor de Mello, do PRN. 
 
As eleições presidenciais foram realizadas em dois turnos. Os candidatos que 
conseguiram chegar ao segundo turno foram Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor 
de Mello. Lula que era representante das forças políticas de esquerda, recebeu apoio dos 
movimentos populares e sindicais. 
 
O Ministério da Fazenda foi ocupado por Zélia Cardoso de Mello, que colocou em prática 
o chamado Plano de Reconstrução Nacional, ou Plano Collor. Logo no início do governo, 
foram tomadas medidas econômicas drásticas e de grande impacto a fim de solucionar a 
grave crise da hiperinflação. 
 
 
 
 
 
 
Os salários e os preços foram congelados, os depósitos bancários foram confiscados por 
um período de 18 meses. Apenas por um breve período de tempo, a inflação ficou sob 
controle. A recessão e o agravamento da crise econômica afetaram a popularidade do 
presidente Collor de Mello. No Congresso Nacional, Collor foi perdendo apoio parlamentar 
com o consequente enfraquecimento político de seu governo. 
 
Além da queda de popularidade do presidente e a erosão acentuada da base parlamentar 
de apoio político, o governo Collor de Mello começou a ser alvo de denúncias de 
corrupção. Vários dos ministros e assessores do presidente, além de sua própria esposa, 
a primeira-dama Rosane Collor, foram acusados de desvio de verbas públicas. 
 
Em maio de 1992, porém, um desentendimento familiar levou o irmão do presidente, 
Pedro Collor, a denunciar um extenso esquema de corrupção existente no governo, 
comandado pelo então tesoureiro da campanha presidencial, e empresário Paulo César 
Farias. O Congresso Nacional foi pressionado a instalar uma Comissão Parlamentar de 
Inquérito (CPI) a fim de investigar as denúncias. O relatório final da CPI apontou vínculos 
entre o presidente e empresário Paulo César Farias. Em seguida, foi aberto o processo de 
impeachment (que significa impedimento) do presidente da República. 
 
A CPI e o processo de impeachment paralisaram o país por meses. Nas ruas, setores 
mais organizados da sociedade começaram a se manifestar em favor do afastamento de 
Collor da presidência. As maiores manifestações foram promovidas pelos estudantes 
(universitários e secundaristas) que ficaram conhecidos como os "caras-pintadas", por 
pintarem listras verdes e amarelas no rosto. Enfrentando a oposição de parlamentares do 
Congresso e manifestações de rua cada vez mais expressivas, o governo Collor ficou 
completamente isolado política e socialmente. Numa sessão histórica, em 29 de setembro 
de 1992, o
Congresso Nacional decidiu pela aprovação do impeachment do presidente 
Collor de Mello. 
 
Para evitá-lo, o presidente renunciou em 30 de dezembro. Foi a primeira vez na história 
republicana do Brasil que um presidente eleito pelo voto direto era afastado por vias 
democráticas, sem recurso aos golpes e outros meios ilegais. 
 
 
ITAMAR FRANCO 
 
Mediante a crise que se instaurava com as denúncias de corrupção contra Collor, a figura 
pacata e discreta do vice-presidente Itamar Franco estabeleceu uma espécie de 
contrapeso. Executado o processo de impeachment, ele se tornou o novo presidente do 
país e teve o respaldo de uma ampla coalizão de partidos. Fundamentalmente, sua 
missão seria promover uma transição segura e tranquila até que um novo processo 
eleitoral determinasse a escolha de outro presidente. 
 
Empossado em dezembro de 1992, o novo presidente do Brasil teve como primeira 
missão realizar um plebiscito previsto pela Constituição de 1988. Na votação, a população 
iria decidir qual forma de governo deveria ser adotada no país. Ao fim da contagem, a 
República presidencialista acabou sendo preservada com mais da metade dos votos 
válidos. Enquanto isso, as questões econômicas continuavam a alarmar a população 
como um todo. 
 
 
 
 
 
 
No final de 1993, uma nova equipe econômica foi formada sob a liderança de Fernando 
Henrique Cardoso, sociólogo que então assumia o Ministério da Fazenda. No dia 28 de 
fevereiro de 1994, o governo anunciou o Plano Real, posto como mais uma tentativa 
realizada em prol da recuperação da economia e do combate imediato das taxas 
inflacionárias. Pelo novo plano, uma nova moeda, o Real, iria promover a estabilidade 
econômica através da paridade da moeda com as reservas cambiais disponíveis. 
 
Para que essas taxas cambiais assegurassem a estabilidade da moeda, o governo 
interveio na economia estabelecendo uma política de juros elevada. Com isso, a 
economia brasileira ganhava a capacidade de atrair capitais estrangeiros sem maiores 
dificuldades. Apesar de arriscado, esse modelo de desenvolvimento da economia 
conseguiu captar recursos e combater a inflação em um curto prazo de tempo. Uma nova 
esperança era injetada nas mais variadas camadas da população. 
 
Ao fim de seu breve mandato, Itamar Franco experimentou o auge de sua popularidade. 
Nas eleições de 1994, o ministro Fernando Henrique Cardoso aproveitou do bom 
momento para lançar a sua candidatura à presidência do país, pelo PSDB. Valendo-se 
como autor e mantenedor do Plano Real, ele conseguiu vencer as eleições sem maiores 
dificuldades.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando