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TRAÇOS GERAIS DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA, SOCIAL, ECONÔMICA E FINANCEIRA DA COLÔNIA

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FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder: Formação do Patronato Político Brasileiro. 5 ed.São Paul: Globo, 2012 .(CAP 6)
TRAÇOS GERAIS DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA, SOCIAL, ECONÔMICA E FINANCEIRA DA COLÔNIA
No século XVI as funções dos reis são: Fazendas, guerra e justiça, funções que expandem e enleiam no controle e aproveitamento da vida econômica.
O valido da corte se transmuta em funcionário, em soldado, num processo de nobilitação que abrange o letrado e o homem de armas.
O funcionário é o outro eu do rei ,um outro eu muitas vezes extraviado da fonte do seu poder( pág.197).
O funcionário recebe retribuição monetária e desfruta de vantagens indiretas com títulos e patentes que compensam a gratuidade formal.
Os ordenados dos funcionários pouco crescem no curso dos anos em uma despesa global fixa, apesar do numero crescente de pessoal, com os aumentos dos juros nas despesas públicas, o que sugere a expansão da nobreza, do rei e de sua aristocracia 
Os vícios que a colônia revela nos funcionários portugueses se escondem na contradição entre os regimentos, leis e provisões, bem como a conduta jurídica com os torcimentos e as evasivas do texto em favor do apetite e da avareza. ( pág. 199)
O golpe contra a burocracia, ao tempo que fere a corrupção, vibra a corda nacionalista do embrionário nacionalismo do Brasil. O protesto terá fundamento na repulsa da burguesia comercial, a qual o Padre Antonio Vieira estava ligado, e nos interesses brasileiros já cansados da exploração metropolitana. ( pág.200)
O burocrata, já desenvolvido do embrião estamental do cortesão, furta e drena o suor do povo, porque ao seu cargo estão presos os interesses materiais da colônia e do reino. O súdito não é apenas o contribuinte, mas a vítima do empresário que arrenda os tributos á vitima do monopólio e das atividades da metrópole. ( pág.201)
O exercício do comércio prende se a termos gerais, a um contrato público que gera aos contratadores, por sua vez, as desdobradas em subcontratadores, sempre sob o braço cobiçoso da administração pública.
As categorias dos soldados e burocratas, com as tensões e os encontros de interesses marcaram a cúpula social com muitas faces ambivalentes e contraditórias.
A função pública burguesa reúne e domina a economia. “ela é o instrumento regalista da classe dominante”, e moldando o complexo metropolitano e se homogeneizando no mundo americano.
A independência, o império e a republica, sentirão, a cada passo e em todos os episódios, o latente ou aberto contraste de duas pontas do dilema.
A unidade do governo, traduzida e realizada sob uma camada social , será a mancha sobre a qual se erguerá a unidade nacional, em luta contra a vocação regional e atomista das forças locais.
O cargo público em sentido amplo, a comissão do rei, transforma o titulo em portador de autoridade. Confere-lhe a marca de nobreza em fenômeno de interpretação inversa de valores. Como emprego público era, ainda no século XVI, atribuído ao nobre de sangue, do cortesão criado nas dobras do mastro real, o exercício do cargo infunde o acatamento aristocrático aos súditos.
Para investimento em função pública era condição essencial que o candidato fosse homem fidalgo, de limpo sangue. Nas câmaras se exigia igual qualificação, para os vereadores nobres de linhagens, os senhores de terra, a burocracia civil com a contínua agregação de burgueses comerciantes. (pág. 202)
A burguesia nesse sistema, não subjuga ou aniquila, senão que a esta se incorpora advinda a sua condições sociais. (pág.203)
O esquema vertical da administração publica colonial pode ser traçado na ordem descendente: o Rei, o Governador Geral(vice rei), os Capitães (capitanias) e as autoridades municipais. 
A dispersão em todos os graus se agrava com o vinculo frouxamente hierárquico: todos se dirigem ao rei e a seu circulo de dependentes, atropelando os graus intermediários de comando. 
Os juristas e burocratas portugueses, pobres de inspiração criadora, ao contrario dos escolásticas espanhóis, enredados na sutileza de especulações pouco praticas e dos colonizadores ingleses, desvinculados da teoria rígida- transplantam mais que adaptam, exportam mais que constroem. 
O adultério, a desobediência, a rebeldia das autoridades coloniais, ao lado da violência, terão o papel criador. (pág. 204)
CÚPULA ADMINISTRATIVA E POLÍTICA
O profundo sentido da sociedade portuguesa se distingue entre conselho e execução, dependente de outras autoridades , subordinado a autoridade regia, advertindo que os consulentes chegam a executar alvitres deliberados. (pág. 206) 
A colegialidade que estrutura e expande nos séculos XVI e XVII, revela um passo do ajustamento da doutrina saída da Revolução de Avís com o incremento do império ultramarino, na retomada e fixação dos caracteres estamentais (pág.207)
As atribuições do colegiado abrangem, salvo exceções explicitas, legais, todas as matérias e negócios, de qualquer qualidade que forem do ultramar, com administração fazendária, carga de navios, aparelhamento militares e patentes e despacho do vice rei, governadores e capitães, bem como os requerimentos de quem presta serviços nas colônias. (pag. 210) 
A imensa autoridade do governador geral não subordina hierarquicamente os capitães generais e governadores das capitanias sede (Bahia) com os encargos de supervisão geral, no comando de coordenador e centralizador da colônia. (pág. 2011)
Os privilégios inerentes ao cargo publico no sistema patrimonial estamental, sem o racionalismo da estrutura burocrática, impedem o controle de revisão e substituição da autoridade em graus.(pág.212)
O terceiro elo da administração colonial depois do vice rei e do capitão general e governadores, se torna em torno do município. Seria a vila a base da pirâmide de poder. Sendo que o colégio eleitoral se compõe de homens bons e povo, chamado conselho, o que supõe corpo restrito de eleitores, na verdade, reduzido aos homens bons. (pág. 213)
As fortalezas
Os engenhos de açúcar teriam cada um sua própria torre na terra ou na casa forte de feição e grandura para segurança do engenho. A estrutura estava lançada por três séculos: fortalezas guarnecidas de soldados profissionais, e as tropas territoriais, as companhias de ordenança, mais tarde confundidas e discriminadas das milícias (pág.221)
O regimento do Governador Geral distinguia a ordenança das milícias, com a diferença dos postos entre uma e outra categoria, ambos não retribuídos, salvo os sargentos mores e ajudantes. (pág. 222)
Os milicianos moldaram a sociedade do interior, assegurando-lhes o seu vinculo ao rei, a disciplina, a obediência e o respeito a hierarquia. Alem de revigorar as tropas de linha com possível transferência para este corpo.
O papel de integração empreendido pelas milícias, a ordem publica e a turbulência social, merecem compensação dos estadistas coloniais. A nobilitação das milícias dava lugar a zombarias dos fidalgos e dos letrados incorporados a aristocracia ( pág. 225)
Os negros, crioulos e mulatos conquistaram os postos com indignada critica do branco. De toda parte a elite colonial percebe o efeito nocivo de incorporar toda população nos regimentos auxiliares ou de linha, engajamento que arrebata os valores sociais para outra esfera: a falsa, mas operante aristocracia colonial. 
A sociedade colonial não esgota suas características com o quadro administrativo e o estado maior de domínio, o estamento. (pág.226)
O patrimonialismo de onde brota a ordem estamental e burocrata, procura o serviço de uma especial contextura econômica, definida na expansão marítima comercial de Portugal. (pág.236)
A tradicional visão da colônia dos dois primeiros séculos reduz as classes a duas: O proprietário rural, com engenhos e fazendas, contrapondo a massa de trabalhadores do campo, escravos e semi livres. O senhor de engenho é titulo que muitos desejam, porque traz consigo servidão, obediênciae respeito de muitos. (pág.238)
Na base da pirâmide, os escravos negros, sem nenhuma oportunidade de elevação social. O negro para se qualificar não bastaria a liberdade, senão a posse de outro escravo. (pág. 255).

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