Buscar

FICHAMENTO DE BRAISL 1 MULHERES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS Nome: Daniela Tonietto Atividade: Brasil I Professora: Eliane Fleck Data: 02/05/2019
Fichamento do Texto: A arte da sedução.
 
ARAÚJO, Emanuel. A arte da sedução: sexualidade feminina na colônia. In: DEL PRIORE, Mary. História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997, p.45-77.
Sobre o autor: 
O autor Emanuel de Oliveira Araújo, tem trabalho de edição, história e tradução. Foi docente e trabalhou com pesquisa, no departamento de História de Universidade de Brasília (UNB), atuando nas áreas de história antiga e medieval. Uma obra a ser destacada de seu currículo, é o capitulo: A Arte da Sedução: Sexualidade feminina na colônia, que compões o livro organizado por Mary Del Priore, História das mulheres no Brasil. Possui graduação em Teoria do Teatro pelo Universidade Federal da Bahia e mestrado e doutorado pela UNB.
Citações: 
Pag. 45 “Acompanhada dos pais, cercada de irmãos e criadas, nada podia que tomasse a inciativa da corte e se comportasse de acordo com as regras moral e dos bons costumes, sob o indispensável consentimento paterno e aos olhos atentos de uma tia ou de uma criada de confiança (de seu pai, naturalmente).”
Pag. 46 “Não era de admirar, por exemplo, que o primeiro contato de Eva com as forças do mal, personificado na serpente, inoculasse a própria natureza do feminino no algo como um estigma atávico que predispunha fatalmente à transgressão, e esta, em sua medida externa, revelava-se na prática das feiticeiras, detentoras de saberes e poderes ensinados e conferidos por Satanás.”
 Pag. 49 “Ela também carregava o peso do pecado original e por isso, sobretudo sua sexualidade, devia ser vigiada muito de perto. Repita-se como algo ideal, nos tempos coloniais, que havia apenas três ocasiões em que a mulher poderia sair do lar durante toda a sua vida: para se batizar, para casar e para der enterrada.”
Pag. 52 “Finalmente, com prazer ou sem prazer, com paixão ou sem paixão, a menina tornava-se mãe, e mãe honrada, criada na casa dos pais, casada na igreja. Na visão da sociedade misógina, a maternidade teria de ser o ápice da vida de uma mulher que pariu virgem o salvador do mundo.”
Pag. 54 “Ora, dentre as várias formas de ser notada, de chamar a atenção, de ser admirada, o vestuário, ou a falta dele, era a preferida pelo público feminino. Decerto havia diferenças de qualidade no tecido, na confecção, no estilo, nos adereços: uma coisa era a sinhá da família rica; outra, muito diferente, as mulheres muitas aliás que respondiam sozinhas pela subsistência de seu lar, para não falar das escravas. Neste último caso, abre-se exceção às escravas pertencentes à gente rica que, por ostentação, fazia questão de vesti-las bem. O tecido e a forma do vestido indicavam o mundo em que vivia a mulher: as abastadas exibiam sedas, veludos, serafinas, cassa, filós, debruados de ouro e pratas, musselinas; as pobres contentavam-se com taxa de algodão, baeta negra, picote, xales baratos e pouca coisa mais; as escravas estavam limitadas a uma saia de chita, riscando ou zuarte, uma camisa de cassa grossa ou vestido de linho, genga ou baeta.” 
Pag. 56 “Cruel, a senhora Graham, ao exigir as brasileiras uma sensibilidade, uma sensualidade e uma sexualidade idênticas às de suas amigas puritanas da Inglaterra. Mas a volúpia de exibir a carne era uma espécie de contraponto à volúpia de escondê-la, o que explica, de certo modo, a confecção de trajes feitos para chamar a atenção. Tal é o caso das roupas usadas pelas escravas que se prostituíam para sustentar seus senhores e que, portanto, tinham de fazer de tudo para atrais homens.”
Pag. 57 “No final do século XVIII, Deus parecia estar cansado para punir a vaidade feminina, visto que o luxo não só aumentou como se estendeu às escravas que acompanhavam suas senhoras portas a fora. De acordo com o testemunho de Luís dos Santos Vilhena, as mulheres exibiam-se”
Pag. 58 “Ao homens tinham vida mais solta, o que era até admitido pela Igreja e pelo Estado, mas o paradoxo é evidente, como ressalta um relatório holandês de 1638 que diz que no Brasil “os homens são muito ciosos de suas mulheres e as trazem sempre fechadas, reconhecendo assim que os de suas mulheres e as trazem sempre fechadas, reconhecendo assim que os de sua nação são inclinados a corromper as mulheres alheias”. Ora, se corrompiam as mulheres dos outros, como desconfias da própria mulher? Era um eterno sobressalto.”
Pag. 62 “Uma forma de lazer, a dança decerto propiciava não só a exibição lúbrica do corpo feminino como a ocasião de seduzir e ser seduzida. O batuque, bastante apreciado pelas camadas pobres e entre os escravos, era condenado pela Igreja, mas jamais deixou de ser praticado em toso o Brasil.”
Pag. 65 “Como vimos, pretendia-se controlar a sexualidade feminina de várias formas e em diversos níveis. As mulheres, então, ou se substituíam aos padrões misóginos impostos, ou reagiam com o exercício de sedução (também de várias formas em diversos níveis) e a transgressão. Uma das maneiras de violar, agredir e se defender estava justamente em refugiar-se no amor de outra mulher. O homossexualismo (ou sodomia, como se dia na época) era condenado com muita severidade na legislação civil: quem o “pecado de sodomia por qualquer maneira, cometer, seja queimado e peito fogo em pó, para quem nunca de seu corpo e sepultura possa haver memória, e todos os seus bens sejam confiscados para a coroa”. ”
Pag. 65 “Muitas mulheres, no entanto, pareciam não se amedrontar diante de tamanho rigor. Historiadores contam com o fundo documental da primeira visita do Santo Ofício da Inquisição no Brasil, na primeira metade da década de 1590, em que são assinaladas 29 mulheres que ou praticavam atos homossexuais esporádicos, ou assumiam a transgressão de modo permanentemente e sem escondê-la.” 
Pag. 67 “Na cultura misógina, homem era homem e mulher era mulher: o ato sexual só podia ser compreendido com a presença todo-poderosa do pênis, e, portanto, as mulheres só encenavam um simulacro do verdadeiro coito. Os inquisidores, por isso, consideravam um agravante, o uso de qualquer instrumento penetrante, como o que usava aquela mulher apelidada de “a do veludo”. Já que alguém tinha que ser homem nesse tipo de relação, uma das mulheres era rotulada de “macho”, como vemos no Cansioneiro geral do Resende, coleção de poemas publicada em 1516 por Garcia de Resende, onde elas são mencionadas desta forma: “sois macho”, “ser macho para Guiomar”, “podereis vos emprenhar/outra mulher como macho”, “se sois fêmea ou macho” etc”.
Pag. 68 “É bem provável que no Brasil aquelas mulheres se sentissem intimidadas na presença do inquisidor, mas é óbvio que não contaram tudo, que buscaram abrandar seus relatos simplesmente omitindo coisas que não deveriam ser ouvidas por homens hostis. Esperteza? Mais do que isso, a prudência levava-as a resguardarem do inquisidor sua forma de sexualidade, além do pudor, do medo e de uma certa solidariedade para que se mantivessem em segredo no refúgio de seu desejo proibido.”
Pag. 68 “O último lugar onde se poderia esperar a manifestação da sexualidade feminina seria as celas dos conventos, pois ali as mulheres deveriam recolher-se por espontânea vontade e, como “esposas de Cristo”, renunciar por completo aos prazeres sensuais. Nem sempre acontecia assim. Muitas “vocações” religiosas eram dedicadas pelo pai, ou por que ter filha em convento significava ostentar certa posição social, ou por que no convento a filha não herdaria o que se destinava ao filho varão, ou porque, finalmente, a filha recolhida como religiosa seria a proclamação pública da religiosidade da família. Enclausuradas, ainda meninas de dez anos, pensava-se que a vida conventual, com sua disciplina, seu ambiente, sua rotina, levaria as mulheres à piedade e ao recanto, próprios de sua condição. O problema era que, freiras à força, muitas jovens continuavam a se comportar como se estivessem em casa [...].”
Pag. 69 “Assim, a sexualidade reprimida em casa podia agora se extravasarde mil maneiras, algumas sutis, engenhosas, ardilosas mesmo, outras sem maior rebusco, sem cuidado, sem pudor algum.”
Resumo do texto:
O texto, vem nos mostrar de maneira simples e bem informativa, como se davam as relações da arte da sedução sobre a sexualidade feminina na colônia. O texto, é um capitulo do livro História das mulheres no Brasil, da historiadora brasileira, Mary Del Priore, sendo uma obra muito importante de nossa historiografia nacional. 
O texto, é dividido em 6 subcapítulos, que nos contam o papel da sensualidade e sexualidade feminina em diversos aspectos da sociedade colônias. 
O corpo, a individualidade, a inteligência e tudo mais que permeava o mundo da mulher era rigorosamente controlado pela Igreja, pela sociedade e é claro pelo homem, que estava sempre presente em sua vida, seja como pai, irmão, marido ou padre. A mulher necessitava de controle, por sua linhagem (a Eva expulsa do paraíso por ter persuadido Adão a comer a fruta proibida) ser um tanto, permissiva ao caos e a desordem. Tanto que a figura da mulher está sempre intimamente ligada a figura da bruxa, com ela as feitiçarias, que também sempre estavam envolvidas o sangue menstrual ou semem. 
Os estudos da mulher, também sempre eram voltados não para servir a ela mesma, mas para servir aos “seus homens” seja qual deles está fazendo parte de sua vida neste momento (pai, irmão, marido ou padre). 
Suas roupas e comportamentos, eram friamente montados e calculados para agradar, satisfazer e atrair os homens, afinal ter um bom marido (no sentido de bem visto pela sociedade e de posses) deveria ser o principal objetivo, que seria essencial para um outro tão grande quanto este, o se ser mãe. 
O corpo feminino deveria ser preservado, mas alguns momentos o mostrar fins de sedução, era essencial, então festivais como o entrudo, ou peças de teatros onde a exibição do corpo feminino era parte principal, eram promovidos na sociedade colonial.
Dentro, desta sociedade os homens possuem uma liberdade maior, tanto sexualmente como em outros aspectos. Essa liberdade sexual trás consigo um paradoxo, logo que as relações extras conjugais dos homens eram vistas com “bons olhos”, as das mulheres nem tanto, porém, as relações extra conjugais dos homens envolviam mulheres e bom, era difícil, complicado e de deixava os homens com muito medo o fato de não saber sobre a fidelidade de suas esposas.
A homossexualidade feminina também era recorrente, partindo do princípio de uma sociedade patriarcal, ou algumas mulheres davam o braço a torcer ou reagiam. A quebra do regime era o ato sexual entre as próprias mulheres, que tinham relações muito próximas umas das outras, isso se dava ao fato que realmente apenas terem curiosidade ou por de fato serem homossexuais. Tal alto era severamente punido pela sociedade e havia um agravante se algum objeto ou ato reproduzisse a penetração, que deveria ocorrer somente pelo pênis masculino. 
Além de tudo temos, os conventos como agentes nessa sociedade patriarcal, as meninas eram levadas ao convento, muitas vezes por decisão dos pais. O local não ficava de fora da transgressão sexual, tanto como as relações heterossexuais e o homossexualismo eram recorrentes nos conventos, afim de serem extravasadas já que, se tratava de um local onde os olhos dos pais não chegava e a sociedade não interferia de maneira tão forte. 
O texto traz a sexualidade feminina em diversos aspectos na colônia, sempre mostrando a forma como as mulheres achavam de romper com a misoginia imposta em suas vidas pela sociedade intensamente patriarcal. Assim as informações trazidas no texto, são capazes de nos colocar a pensar sobre como essa sociedade ainda vive entre nós, de uma maneira mais vendada, mas ainda sempre enraizada no presente da mulher brasileira. 
Palavras-chave:
Mulheres – sociedade – colônia - sexualidade – misoginia 
Analise crítica: 
No texto, podemos encontrar diversos fatos que trazem consigo a mulher na sociedade colonial, como ela era vista, tratada e o quão sujeita era a misoginia, característica da época. 
A sexualidade feminina até hoje de certo modo, é um tabu muito grande em nossa sociedade contemporânea, herança destes tempos onde a mulher é vista como um objeto, um ser que merece controle, uma propriedade e a causa de todo o mal que há na sociedade. 
A mulher, então é colocada em um papel de “serva”, nesta sociedade, sua função é basicamente, obedecer a um homem (o seu pai), conquistar um homem (o seu marido) e de preferência parir outro homem (o seu filho). Quando não era obrigada a se casar, por vezes era obrigada a ir para o convento, onde a vida não era muito diferente, pois a mesma também obedecia de certa forma um homem (o padre). Junto com esses papeis, de mãe, esposa, boa filha ou freira, temos outros papeis que compõe o “ladro negro” de uma mulher. Por ser a herdeira direta de Eva, a criatura a persuadir Adão a comer do fruto proibido, que levou a expulsão do paraíso, eram também associadas diretamente a feitiçaria. Ser uma mulher e não estar a supervisão de um homem, já era motivo o suficiente para se acreditar que ela era uma bruxa, trazendo o estereotipo de que toda a mulher deve ser controlada para não se corromper. 
Ou seja, apenas mais uma das milhares de desculpas que a sociedade, os homens e a igreja davam para manterem as mulheres sob controle, sem pensarem sobre sua condição ou questionarem a maneira como vivem.
O corpo da mulher, é algo muito bem explorado nas medidas certas por essa sociedade colonial. Ao mesmo tempo em que dizem que a mulher deve escondê-lo, produzem “eventos” nos quais a atração principal é o corpo da mulher a mostra, sendo usado como um atrativo. As mulheres, não tinham nenhum pudor em participar de tais eventos, pois eles geralmente as ajudavam a conseguir um bom casamento, com um homem respeitado perante a sociedade e de posses também. Estes casamentos, que se davam por interesse, raramente ou quase nunca por amor. Vemos isto muito presente nas mídias hoje em dia, onde o corpo da mulher ainda é colocado como um objeto que pode ser vendido ou servir como atrativo para os olhos masculinos. 
As roupas também eram utilizadas para chamar a atenção dos homens, adornos que chamassem atenção e demais peças eram sempre muito utilizadas. Ai também nasce, os fetiches com a transparência, roupas que cobrissem o corpo da mulher, mas com transparência o deixando a mostra de certa forma, trazendo assim a sensualidade feminina para o jogo. Tanto que até hoje existe uma relação direta das roupas femininas (por vezes intimas ou não) com transparência para fins de sensualidade, ainda colocando de certa forma o corpo feminino como um objeto a ser utilizados para agradar os homens. 
Certamente, havia também uma diferença entre as mulheres de classes altas e as de mais baixa, a forma como elas se vestiam eram gritantemente diferentes e davam a ideia de diferenças de classe muito forte. 
O adultério é um dos maiores reflexos desse pensamento patriarcal, onde os homens poderiam, sem serem julgados ou malvistos, manterem relações extraconjugais, pois era apenas mais uma demonstração de poder e de sua virilidade. Já, as mulheres desta sociedade, ao cometer estes mesmos atos, eram severamente malhadas e punidas por tal ato, que por vezes terminava em tragédia com a morte das mesmas. Demonstrando mais um pouco a repressão da sexualidade feminina, que não era “explorada” em sentido de dar prazer a mulher, enquanto ser que também sente isso e tem direito de sentir isso, era basicamente utilizada para reprodução. Mas, para que o adultério ocorresse geralmente havia uma mulher que era a amante e esse fator colocava em xeque a fidelidade feminina, que neste contexto é sempre questionada, muito mais do que a masculina.
As relações homossexuais, não eram tão incomuns, diante de um cenário tão complicado para as mulheres e seus desejos humanos e juntamente com o fato de conviverem muito entre si, as mulheres desenvolviam entre si algumas praticas sexuais,algumas por curiosidade outras por serem de fato homossexuais. Porém, não diferente de hoje em dia, as práticas sexuais homoafetivas eram condenadas e neste caso havia um agravante ainda maior, caso as mulheres em suas relações reproduzissem a penetração com algum outro objeto, já que apenas o pênis deveria ser o grande personagem desta prática. Fatos estes, dos quais eu tinha pouco conhecimento, mas quando analisados criticamente, é possível ver como o prazer e a vagina das mulheres são um tabu social que nos acompanha até hoje, onde pouco se é falado do prazer feminino, assim como a própria prática homossexual feminina que virou motivo de fetiche masculino e idealizando que o sexo entre mulheres não é sexo de verdade pelo fato de não haver um órgão como o pênis envolvido.
Locais de reclusão, como o convento, então neste contexto como um local de prestigio social, onde as mulheres (sem serem questionadas sobre sua escolha) eram simplesmente jogadas por seus pais, afim de trazer prestigio social a família, mostrando para toda a sociedade a sua temencia e relação com Deus e a Igreja. A mulher desta sociedade, quando não “servia” para casar, ou não era do desejo de sua família, mais uma vez, não que seja uma novidade, era utilizada como objeto inanimado e sem sentimentos, colocada contra a sua vontade em um convento para mais uma vez, agradar e fazer da família de seu pai (homem), mais honrada e agraciada. 
O que podemos notar desta sociedade colonial ainda presente na nossa? Me impressionei quando me fiz esta pergunta e vi que a resposta é que quase tudo. As mulheres ainda são vistas e tratadas como um objeto. Apesar de toda a desconstrução que já ocorreu, podemos ver claramente essas raízes impregnadas no nosso dia a dia. Onde tudo o que permeia a vida da mulher é em prol do agrado do homem. 
A ideia de que a mulher precisa de ajuda e de controle da sua vida o tempo todo, ainda é uma grande realidade e basta olharmos um pouco atentamente para a sociedade. 
Questões como a maternidade o matrimônio que ainda são latentes. Uma mulher que afirma não querer ter filhos, ainda é hostilizada ou tem o seu discurso banalizado, como se esse ainda fosse o único auge e a única coisa que deve satisfazer a sua existência enquanto mulher. 
Fatores como as nossas roupas, que ainda são desenhadas, produzidas, vendidas e feitas com o intuito de mostrar, delinear e acentuar partes do nosso corpo que podem chamam atenção dos olhares masculinos, como se este fosse o único objetivo da vida. 
Suas relações, amorosas e sexuais que só podem ser completas com a presença de um homem, a busca pelo príncipe encantado, pelo amor de sua vida. O tabu imenso que ainda temos envolta do ponto principal do texto que é a sexualidade feminina, ainda reprimida, ainda controlada, ainda regida pela sociedade, pelo homem e pela igreja. Notícias como a de mulheres mortas por seus maridos em função de ciúmes ainda são realidades, mulheres lésbicas que são fetiche masculinos e as suas relação que são colocadas como ilegítimas, com a busca incessante de que precisa haver um figura masculina na relação, que sempre vem acompanhada da pergunta “Qual delas é o homem?”, o fato de não se falar e nem incentivar a masturbação feminina ou a prática em si da mulher em busca do seu próprio prazer, enquanto no lado masculino vemos um incentivo recorrente na sociedade para que isso se desenvolva e seja pauta nas rodas de conversa, os momentos em que o homem é o “legal” por ter diversos relacionamentos e a mulher é tripudiada se mantem a mesma conduta. 
Nossa sociedade, apesar de toda a evolução, de toda a luta feminina para ser tratada com um pouco mais de humanidade ou simplesmente equidade, ainda vive com muita força a realidade sexual feminina da sociedade colonial. 
Para mim, enquanto mulher, historiadora e professora fica a obrigação de fazer algo com a minha formação em relação a isso, assim como de todas as pessoas no mundo, afim de se ter uma sociedade onde os gêneros sejam vistos com equidade.

Outros materiais