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FICHAMENTO O Diabo e a Terra de Santa Cruz Feitiçaria e religiosidade popular no Brasil Colonial Cap I

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FICHAMENTO: O Diabo e a Terra de Santa Cruz: Feitiçaria e religiosidade popular no Brasil Colonial. Cap I
SOUZA, Laura de Melo e. O Diabo e a Terra de Santa Cruz: Feitiçaria e religiosidade popular no Brasil Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. (pág. 33-117) 
O NOVO MUNDO ENTRE DEUS E O DIABO DAS VIAGENS IMAGINÁRIAS ÀS VIAGENS REAIS
A descoberta das Américas abria as portas para um novo tempo, diferente de todos os outros, dando ideia de totalidade ao que antes era considerada parte. (Bartolomé de Las Casas). Colombo buscava inquieto os traços os traços asiáticos que lhe assegurasse ter chegado a terra do grande Cã.( pag. 33).
Ouvir valia mais do que ver, os olhos enxergavam primeiro o que se ouvia dizer. O novo mundo tinha muito dos seus elementos advindos do imaginário europeu.A narrativa de viagens unia fantasia e realidade, tornando fluidas as fronteiras entre real e imaginário. Nele o pensamento medieval se somou ao aventureiro, intrépido de uma nova era- as grandes navegações.( Pág. 34).
As crenças dos homens do século XIV: acreditavam na existência do equador, dos trópicos, em cinco zonas climáticas, em três continentes, em três mares e em doze ventos.( pág. 38).
Ao norte ficava o país de Gog e Magog;
Ao centro, estendia o país de Prestes João, descendente dos reis magos e inimigo ferrenho dos mulçumanos.
Ao sul ficavam as Índias, onde as narrativas lendárias situavam a comunidade de São Tomás.
Para além do Índico ficava o país dos antípodas, mundo antinômico, por excelência, povoado de seres monstruosos. (pág. 39) .
Século XV, A Europa setentrional e o Atlântico se confundiam com o imaginário, o Atlântico passa a ocupar papel análogo no imaginário europeu quatrocentista - reduto derradeiro das humanidades monstruosas, do paraíso Terrestre e do Reino de Prestes João ( pág. 40).
Europa setentrional: hiperbóreos viviam nas trevas. 
Atlântico: possuía ilhas misteriosas.
África: Magreb e E gito, hipóteses sobre a fonte do Nilo.
Ásia: se encerrava o paraíso terrestre nas altas montanhas e com hordas de animais monstruosos.
Índico: antípodas, povoado por seres monstruoso como cinocéfalos, ciclopes, trogloditas, acéfalos e homens formiga.
Em 1487, quando deixaram Portugal, Afonso de Paiva e Pero de Covilha levavam instruções de D. João II para reconhecimento das terras de Prestes João. (pág. 41)
Ocorre uma migração geográfica do imaginário europeu causada pelo devassamento de terras desconhecidas. Sergio Buarque de Hollanda mostra o deslocamento do mito do paraíso terrestre para o universo atlântico, advindo dos confins da Ásia e da África. (pág. 41).
Mito do bom selvagem e as tendências indenizadoras. (Thevet e Léry)Thevet aponta o medo do mar oceano, dos sorvedouros (redemoinho no mar), dos Gigantes Adamastores.
As promessas tentadoras de Gandavo tiveram um reverso após relatos de naufrágios portugueses. Naus engolidas pelas ondas, as equipagens (tripulação) dizimadas pelas doenças, sofrimentos de mulheres, velhos e crianças.(pág 45)
PENSAMENTO RELIGIOSO
Descoberto, o Brasil ocupará no imaginário Europeu, posição ocupada anteriormente por terras longinquas. Frei Vicente do Salvador explica a designação do nome do Brasil, através da madeira avermelhada, gerando uma complicação religiosa. O Brasil nasce sob o signo do demo e das projeções do imaginário do homem ocidental.
O primeiro movimento de Pedro Álvares foi no sentido de céu, entretanto, as investidas de Lúcifer, colocou tudo a perder. O Brasil passava a ser o prolongamento da metrópole-lugar de concretização de um mito do paraíso terrestre (pág. 47).
Frei Vicente demonstra duas possibilidades: a colônia como domínio de Deus, ou como domínio do diabo. 
Jaboatão enxerga o Brasil como sobrenatural e miraculoso, pois Deus tinha mantido a existência oculta desta dilatada região.
Para Laura de Mello e Souza as formulações dos dois religiosos, fazem pensar nas persistências do universo mental, os quais são menos permeáveis às mudanças do que as estruturas econômicas e sociais.
NATUREZA: PREDOMINÂNCIA DO EDÊNICO
Clima mais temperado, doenças são mais raras, comodidade no morar e no vestir são menores. (Fernão Cardimo)
A América era muito mais filha da Europa do que jamais o foram a Ásia e a África.Houve perplexidade: quanto as nuvens de insetos, as cobras enormes, o calor intenso.Repúdio frente ao canibalismo, a Bifrontalidade: novas terras e novas ovelhas para a religião e para o papa (pág 48).
O principal motivo de povoar o Brasil era o de converter a gente de lá a santa fé católica. (D. João III)Cristianizar era parte integrante do programa colonizador dos portugueses diante do novo mundo.Papel missionário, segundo Vieira o português tem a obrigação de crer na fé e mais ainda de a propagar.
Descobrimento do Brasil como uma ação divina.( pág 51)
Deus escolhera os portugueses, produzindo riquezas materiais e resgatando almas para o patrimônio divino. Para se justificar a necessidade de cristianização, teria que se denegrir os homens autóctones e denegrindo-os estariam também justificando a escravização.
Frei Vicente do Salvador afirmou: “é o Brasil mais abastado de mantimentos que quantas terras há no mundo, porque nele se dão os mantimentos de todas as outras”.( pág 54).
Pero Vaz de Caminha declara “em tal maneira graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem”.Brandônio diz que aqui corriam rios de leite e mel. Diz que o feliz casamento entre a natureza e trabalho, iniciado pela colonização, tornava o Brasil superior à Europa, Ásia. .( pág 59).
Vertente Negativa Colombo inaugura o movimento duplo: Edenização da natureza e Desconsideração dos homens, bárbaros, animais, demônios. Conforme o novo continente começa a emergir na sua especificidade, a edenização ficou ameaçada. (Antonello Gerbi).(pág 61).
A América é sujeita a ventos mortíferos, os quais são perigosos e doentios. Os bichos venenosos eram tanto que seria uma história muito comprida se tivesse que nomear a todos. (Gandavo)(pág 64).
O clima acarreta a proliferação de seres repulsivos, peçonhentos como: alacrás (escorpiões), aranhas, lagartixas, baratas, traças, vespas, moscas, mosquitos, pulgas e piolhos. (padre Fernão Cardim ).
A rainha Isabel de Castela diz: “nesta terra onde as árvores não se enraízam, pouca verdade e menos constância haverá nos homens”.O Novo Mundo era escassamente povoado e a maior parte dos homens vivia como animais, “deixando a natureza bruta e negligenciando a terra”. (Buffon) (pág 70).
HUMANIDADE: PREDOMINÂNCIA DA DEMONIZAÇÃO
Habitantes da nova terra constituíam outra humanidade, fantástica, também monstruosa (pág 70).
Surgia a necessidade de nomear e encarar o desconhecido a fim de manter o medo nos limites suportável: monstros descritos pela religião, pelo bestiário, monstros humanos individuais e monstros que habitavam os confins da Terra, parecendo com Colombo falava a respeito de homens cujos costumes decaíram da natureza humana, selvagens e antropológicos.
Literatura escapista: Knivet- relatava a existência de monstro marinho.
Guadavo- homem marinho.( pag. 74).
Séc XVII, Lutero e Melanchton pregavam a existência de monstros, associando a heresia a esses. Os monstros não cedem lugar aos homens selvagens-homens bem feitos,de caráter ineludivelmente humano- mas acrescentaram-se a eles.(pág. 75-76).
Para Gagnon: 
A humanidade monstruosa exprimia marginalidade geográfica- representação concêntrica do mundo; 
O homem selvagem exprimia marginalidade sociológica, constituindo representação hierárquica do mundo. 
As duas representações coexistiram, sendo que o homem selvagem prevaleceu, sem, contudo abandonar sua carga monstruosa. (pág. 77)
Século XVII- o índio brasileiro seria instruído no universo mental do velho mundo.
Século XVIII- teorias de origem oriental dos indígenas.
Percepção dos índioscomo outra humanidade, animais ou demônios- três níveis possíveis que expressam considerações européias acerca dos homens americanos (pág. 79)
A humanidade anti humana se manifestava no canibalismo e no estado de pecado, que para o europeu católico, viviam os naturais da terra. A colônia é o lugar de excelência do pecado- incesto, poligamia e concubinatos, nudez, preguiça, cobiça, canibalismo- chegando alguns padres a descrer no poder regenerador da fé.( pág. 86).
Humanidade esquisita, anti-humana, meio monstruosa, diferente, pecadora... ”poderiam ser convertido e receber a palavra divina?”(pág.88).
Nóbrega se debateu com a animalidade do indígena brasileiro, para ele , seria necessário mais de um ano para converter um indígena, devido sua rudeza e bestialidade. (pág. 90).
Os índios eram tidos como demônios que comiam carne humana, matando todos aqueles que não são do seu rebanho. A excessiva crueldade do indígena repugna a condição humana (pág. 92).
Os índios são povos do diabo, assim afirmam os jesuítas: “Nem sei outra melhor traça do inferno que ver uma multidão deles...” dizia santo Inácio de Loyola. ( pág. 95).
Confirmada nas práticas da bruxaria e mágicas, a demonização do homem colonial expandiu-se da figura do índio para a do escravo, ganhando por fim os demais colonos . Para se esquivarem de castigos, os negros recorriam a “artes diabólicas” e os colonos, ao curandeirismo (pág. 99).
Fins do século XV, a travessia marítima para a colônia era vista como purgatório, tendo função purificadora e o degredo, como purificação -desdobramento vários de um rito de passagem (pág.104).
O novo mundo era inferno, sobretudo por sua humanidade diferente, animalesca, demoníaca, e era purgatório, sobretudo por sua condição colonial. Cabia à Europa resgatar os Americanos do mundo de perdição e pecado em que viviam, corrigindo-o. A catequese seria o veiculo salvacionista. (pág. 107).
Paraíso terrestre pela natureza, inferno pela humanidade peculiar que obrigava, o Brasil era purgatório pela sua relação com a metrópole. O céu do colono branco era o regresso a metrópole; do escravo negro, a salvação pela fé.( pág.116)
A colônia era o purgatório, pelo menos como era vista pelos homens do Velho Mundo durante os três primeiros séculos de colonização. (pág. 117)

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