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Resenha do filme XXY e do texto de intersexualidade

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Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Bacharelado Interdisciplinar em Saúde
Discentes: Karolina F. Ribeiro; Phaloma R. Araújo 
Docente: André Mendes Data: 29 de janeiro de 2017
Resenha do filme XXY e do artigo- A Clínica da Intersexualidade e Seus Desafios para os Profissionais de Saúde
SANTOS, Moara de Medeiros. A Clínica da Intersexualidade e Seus Desafios para os Profissionais de Saúde. 2003. 26-33 p. artigo (Mestre em Psicologia). 
Universidade de Brasília, Brasília, 2003. Disponível em: <http: /A%20Cl%C3%ADnica%20da%20Intersexualidade%20e%20Seus.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2018.
XXY. Direção: Lucia Puenzo. Espanha. Prod. Pyramide Films, 2007. 0 bobina cinematográfica.
Dirigido por Lucia Puenzo e lançado em 2007, XXY é um filme argentino que conta a história da personagem Alex, sua intersexualidade e as questões que circundam sua vida. Alex é uma adolescente nascida com uma alteração genética que faz com que apresente características dos dois sexos, e isso dificulta a determinação de sua orientação sexual, até então. Seus pais se mudam da Argentina para o Uruguai, buscando proteger e afastar a filha dos prováveis preconceitos que sofreria na escola e na vizinhança. 
Segundo (SANTOS 2003), pesquisas feitas no Brasil e no mundo demonstram a raridade da intersexualidade, com isso torna-se menos frequente discussões que envolva esta condição. Esta condição é repleta de preconceitos, e causa no indivíduo um sentimento muitas vezes de exclusão do mundo social, como pode ser observado no filme. A jovem teve que abrir mão da sua vida na Argentina para viver em um lugar isolado e sem muitos laços de amizade, a vergonha, o medo de que as pessoas descubram sobre sua intersexualidade, a baixa autoestima são coisas vividas pela personagem Alex.
Após o nascimento de Alex, os médicos informaram a seus pais sobre a anomalia do bebê, e perguntaram se consentiam com a realização de uma cirurgia, e que para isso teriam que “escolher com qual sexo a deixariam”. Os pais recusaram, e optaram por deixa-la crescer e decidir o que fazer com o próprio corpo, e apenas se preocupavam em preservá-la, protegendo-a das possíveis violências que poderia vir a sofrer, seja psíquica ou física. A trama mostra uma situação de violência física em que Alex é surpreendida três rapazes que abaixam sua calça a força, afim de humilhá-la e debochar de sua condição.
A mãe de Alex, preocupada com a filha e com a dependência dos medicamentos à base de estrogênio, convida contra a vontade do marido, um médico cirurgião plástico e sua família para passarem uns dias em sua casa, com a intenção de que o médico pudesse conhecer Alex, no ensejo de um futuro procedimento cirúrgico. Pois segundo (Santos, 2003 apud Diamond, 1996) “as decisões sobre a redesignação sexual não devem estar apoiadas predominantemente no prognóstico anatômico ou em um adequado funcionamento sexual (do ponto de vista anatômico/funcional), mas, sim, no desenvolvimento psicológico do sujeito”.
É durante essa estadia do cirurgião plástico e de sua família na casa da jovem, que a trama de desenvolve, a partir do drama de uma paixão adolescente entre Alex e Álvaro o filho do médico. Após Alex se ‘descobrir’ enquanto sua sexualidade, e criar coragem para expor isso para Álvaro que até então, não tinha conhecimento da intersexualidade de Alex, acreditava que a mesma fosse ‘mulher’ e por isso nunca o despertou atração, já que aparentemente não demostra sentir desejo por mulheres.
 Após os dois terem pela primeira vez relação sexual, a trama mostra que para ambos as coisas se esclareceram no que diz respeito as suas orientações sexuais. E isso só foi possível por que cada um conheceu seu próprio corpo, atrelado a isso suas vivencias pessoais. Contudo, o processo cirúrgico se feito em Alex ainda bebê, poderia contribuir futuramente para uma frustação, pois ela ainda não era capaz de ter dimensão de sua orientação sexual, uma vez que existem outros fatores que influenciam na construção da identidade de gênero “por isso, argumentam que, somente após a puberdade, o paciente é capaz de informar e consentir a respeito do que fazer com seu corpo”. (SANTOS, 2003).
Mesmo Alex, mantendo características fenotípicas femininas, ela se vestia de um jeito masculino com roupas largas e de bermudas, de um jeito ou de outro ela sentia como queria ser de verdade, como queria se comportar, o que lhe despertava interesse e desejo, porém o meio social é um importante fator determinante do modo de vida de cada indivíduo. A pressão familiar, os amigos, a escola, o que os outros vão pensar, a vergonha, o medo, todos estes são fatores desestimulantes que acabam contribuindo para o modo de vida de cada um. 
O filme e o texto apesar de serem pouco divulgados, e poucos terem conhecimento a respeito da intersexualidade, é um importante avanço a título de informação, e torna possível que o leitor compreenda mais a respeito de questões tão sérias e de certa forma polêmicas, permitindo despertar o anseio por artigos acadêmicos e discussões mais ricas em argumentos, eliminando preconceitos, rótulos e estigmas.

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