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Direito Ambiental Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental • O que é Meio Ambiente? • Classificação do Meio Ambiente • Conceito de Direito Ambiental • A Proteção Ambiental Universal • A Proteção ao Meio Ambiente no Brasil · Entender o que vem a ser o Meio Ambiente, e sua importância para garantia da vida no planeta. · Iremos conhecer seus principais conceitos e princípios, tornando o estudante apto a desenvolver um raciocínio sistêmico sobre este importante “Ramos do Direito”. · Veremos preceitos importantíssimos que com relação ao Meio Ambiente, sua forma de se apresentar, bem como a maneira pela qual o Meio Ambiente, objeto de discussão é proteção nacional e internacional, repercute como ramo da ciência do Direito. OBJETIVO DE APRENDIZADO O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental O que é Meio Ambiente? Durante décadas, as empresas exploraram os recursos naturais de forma desen- freada, por estarem voltadas ao seu desempenho econômico, diante do consumo em excesso. Devido essa ação, enfrentamos um dos maiores problemas da história do planeta, as mudanças climáticas e as consequências desta no Mundo. A mídia e as redes sociais repercutem a todo instante os problemas ambientais causados pelo aquecimento global do planeta, a ampliação da camada de ozónio, a destruição de rios e de florestas, dando a questão ambiental uma grande notoriedade e retratando que a questão não está afetando a um país em específico, mas a vida no planeta de modo geral em todas a suas formas. É muito comum associar o Meio Ambiente, tão somente, àquilo que está ligado a natureza ou aos recursos naturais. A definição precisa do que vem a ser Meio Ambiente surge com a entrada em vigor da Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que ao tratar da Política Nacional do Meio Ambiente, conceituou o termo em questão em se artigo 3º: Art. 3º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I – Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o termo “Meio Ambiente” passou a ter um alcance maior, adquirindo agora um status constitucional. Nesse sentido, José Afonso da Silva1, assim, se manifesta ao dizer que Meio Ambiente é: [...] a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente, compreensiva dos recursos naturais e culturais. Para Celso Fiorillo2, a atual constituição Federal ampliou o entendimento ju- rídico do que vem a ser Meio Ambiente, incluindo várias espécies de como este pode se apresentar, dando a ideia que Meio Ambiente é gênero, tendo como principais espécies: 1. meio ambiente natural; 2. meio ambiente do trabalho; 1 SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 3ª ed. São Paulo: Malheiros Editores. 2000, p.20. 2 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 9ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva. 2008, p. 21. 8 9 3. meio ambiente artificial; 4. meio ambiente cultural. Podemos incluir, diante do desenvolvimento tecnológico e cientifico, mais duas espécies, que são: o meio ambiente genético e o meio ambiente digital ou virtual. Classifi cação do Meio Ambiente Vamos então conhecer, um pouco melhor, como se desenvolve e o que se preten- de tutelar com as diversas classificações que se pode dar ao gênero Meio Ambiente. Meio Ambiente Natural O Meio Ambiente Físico, mais conhecido por Meio Ambiente Natural, tem como componentes os recursos naturais, como a flora, a fauna, os recursos hídricos, os recursos fluviais, o mar territorial, estando inseridos também o solo e o subsolo, e todo os elementos de origem natural que compõe a biosfera. A proteção constitucional ao Meio Ambiente Natural encontra abrigo no artigo 225, caput e em seu parágrafo § 1º, bem como nos incisos I e VII. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [...] § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas. [...] VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Meio Ambiente Artifi cial Para o doutrinador Celso Fiorillo3, procura definir está espécie como: O meio ambiente artificial, também denominado humano, se encontra delimitado no espaço urbano construído consistente no conjunto de edificações e congêneres, denominado dentro desta sistemática, de espaço urbano fechado, bem como pelos equipamentos públicos nomeados de espaço urbano aberto. 3 Op cit p. 79. 9 UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental Como se pode concluir, o Meio Ambiente Artificial procura dar ao processo de urbanização uma característica preponderante ao influenciar a vida e qualidade des- ta aos moradores de determinado núcleo populacional urbano, que denominados de cidades. A existência dessa espécie de Meio Ambiente, bem como de sua proteção, é destacada no artigo 182 da Constituição Federal, ao tutelar em um capítulo especifico medidas de proteção e planejamento ambiental: Art. 182. A políticade desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Meio Ambiente do Trabalho O denominado Meio Ambiente do Trabalho procura tutelar o local onde o trabalhador ou a trabalhadora exerce sua atividade laboral. Este local deve apresentar plenas condições de salubridade, com inexistência de riscos que possam afetar a saúde física ou mental dos trabalhadores. Dessa forma, a efetiva proteção ao Meio Ambiente do Trabalho promove de modo direito a salva guarda da saúde do trabalhador, a das comunidades externas ao local, onde se presta o trabalho que podem, de um modo ou outro, serem afetadas pelo conduta desrespeitosa ao Meio Ambiente, como por exemplo, a emissão de gases de uma determinada indústria que sem o tratamento previsto em normas ambientais específicas podem afetar tanto os trabalhadores desta como a população limítrofe à planta industrial. A proteção ao Meio Ambiente do Trabalho pode ser muito bem delimitada ao se verificar o que trata a Constituição Federal, em seu artigo 200, mais precisa- mente no inciso VIII, ao inserir junto ao Sistema único de Saúde - SUS, como atribuição a de colaborar com a proteção ao meio ambiente do trabalho proteção, da seguinte forma: Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: [...] VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 10 11 Meio Ambiente Cultural O chamado de Meio Ambiente Cultural tem como objetivo preservar as raízes ou origens de um determinado povo, ou seja, aquilo que por vezes se denomina de patrimônio cultural. Inseridos nessa classificação, encontramos o patrimônio artístico, arqueológico e histórico. Muito embora, esse patrimônio dependa para sua existência de uma ação direta do ser humano, existe diante da importância que a cultura tem como elemento di- fusor de valores históricos e sociais de um determinado povo, o patrimônio cultural busca proteção para preservação das presentes e futuras gerações. Como enfatizado, o Meio Ambiente Cultural possui como integrante fundamental o patrimônio cultural, cujo a Constituição Federal de 1988 atribuiu merecido destaque em seus artigos 215 e 216. Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. [...] Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destina- dos às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Meio Ambiente Genético Nossa Constituição Federal de 1988, inseriu o denominado patrimônio genético a categoria de um bem por ela protegido, de tal maneira que esse patrimônio genético engloba todas as informações genéticas oriundas de qualquer ser vivo, vegetal, animal, a vida microbiana e até a dos fungos. A proteção pretendida a essa espécie de Meio Ambiente visa dar proteção a bens de caráter não patrimonial existentes em qualquer ser. As informações de ordem genética são fundamentais para assegurar o equilíbrio ambiental, bem como a manutenção e ampliação da qualidade de vida da coletividade de modo geral. 11 UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental A tutela ambiental, aqui tratada, pode ser constatada no já mencionado artigo 225, parágrafo 1º, inciso II da Constituição Federal de 1988: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra- do, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...] II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; Conceito de Direito Ambiental Existem muitas formas de denominação do ramo da ciência do direito que pro- cura tutelar o Meio Ambiente, são empregadas diversas expressões, tais como: Direito Ambiental, Direito do Meio Ambiente, Direito do Ambiente, Direito Ecoló- gico, além de outras possíveis. A ideia de denominar um dos ramos especifico do Direito tem, sobretudo, o objetivo de direcionar o operador do Direito na pesquisa e na sua efetiva aplicação, quer no mundo das normas quer no mundo fático. A tendência atual é do uso da expressão Direito Ambiental. Para Paulo Affonso Leme Machado4, Direito Ambiental pode ser conceituado: O Direito Ambiental é um Direito sistematizador, que faz a articulação da legislação, da doutrina e da jurisprudência concernentes aos elementos que integram o ambiente. Procura evitar o isolamento dos temas ambien- tais e sua abordagem antagônica. Não se trata mais de construir um Di- reito das águas, um Direito da atmosfera, um Direito do solo, um Direito florestal, um Direito da fauna ou um Direito da biodiversidade. O Direito Ambiental não ignora o que cada matéria tem de específico, mas busca interligar estes temas com a argamassa da identidade dos instrumentos jurídicos de prevenção e de reparação, de informação, de monitoramento e de participação. Outro grande conceito pode ser retirado das palavras de Edis Milaré, que atribui ao Direito Ambiental como o conjunto: [...] princípios e normas que têm o objetivo de regular aquelas atividades humanas capazes de afetar direta ou indiretamente a qualidade do Meio Ambiente globalmente considerado, tendo em vista a sustentabilidade das presentes e futuras gerações. 4 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 17° ed, São Paulo: Malheiros, 2009, p.54-55. 12 13 Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. O Direito Ambiental possui uma ampla ligação com diversos outros ramos do Direito, como ocorre com o Direito Civil, por exemplo, ao tratar diretamente sobre a obrigação do titular do direito de propriedade de proteger o meio ambiente, no artigo 1228, parágrafo 1º do Código Civil: Embora as questões ambientais começaram a ter destaque no âmbito interna- cional, a contar da segunda metade do século XX, o grande debate que dá notorie- dade ao Direito Ambiental tem sem dúvida como referência a 1ª Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente na Suécia em 1972. Como conclusão do evento, foi redigidae aprovada a denominada “Declaração Universal do Meio Ambiente”, que resumidamente, tem por objeto a preservação para as presentes e futuras gerações dos denominados recursos naturais, tais como, a água, o ar, o solo, a flora e a fauna, devendo cada país signatário, estabelecer em seu sistema legislativo medidas que tutelem esses bens jurídicos indicados. Em nosso país, a notoriedade do Direito Ambiental, como ramo autônomo do Direito, passa a merecer destaque e atenção com a entrada em vigor da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que disciplina a denominada “Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA”. Sem dúvida, o principal interesse do Direito Ambiental é o de promover a defesa do Meio Ambiente, para tanto é objetivo desse ramo do direito, estabelecer normas jurídicas e a devida interpretação destas, a fim de regular as atividades humanas que causem ou tenham potencial de provocarem algum impacto desfavorável ao Meio Ambiente. Mas, uma coisa é evidente, a maior proposta do Direito Ambiental, ao proteger o Meio Ambiente, é assegurar, sobretudo, a defesa da vida no planeta diante dos danos a ela que podem, como é cientificamente comprovada, ocorrer com o desrespeito e degradação do Meio Ambiente. Pode-se dizer que um dos principais objetivos do Direito Ambiental é o chamado “desenvolvimento sustentável”, ou seja, permitir o desenvolvimento de determinada sociedade, assegurando a proteção e o aprimoramento do Meio Ambiente que ela ocupe ou que de algum modo se beneficie. Vale destacar que o Direito Ambiental não é contra o desenvolvimento, mas que este se dê de forma planejada, tendo por foco não prejudicar o Meio Ambiente como meio fundamental para a qualidade de vida, o qual deve ser preservado para as presentes e futuras gerações. 13 UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental A Proteção Ambiental Universal Durante séculos, a sociedade teve a visão que os recursos naturais eram inesgotá- veis, estando a qualquer época e momento à disposição do ser humano. Entretanto, diante do processo evolutivo, sobretudo com o crescimento da indústria, esta visão de disponibilidade permanente entra em choque, pois, as avalições cientificas sobre a questão demonstram um pensamento adverso ao afirmarem que os recursos natu- rais são na realidade esgotáveis e certas degradações são irreversíveis. Dessa forma, percebe-se, que apesar do reconhecimento preocupante com relação ao Meio Ambiente, as intervenções humanas nele ocorrem de maneira desordenada, carecendo de um posicionamento enérgico do Estado e até da comunidade internacional para sua proteção e aprimoramento. É nos chamados anos 60 do século passado, que a comunidade internacional passa a discutir a importância da edição de normas jurídicas ambientais, com o objetivo de preservar o Meio Ambiente, contendo assim, a degradação deste e assegurando sua disponibilidade efetiva para as gerações presentes e a sua entrega em melhores condições para as gerações futuras. Conferência de Estocolmo A primeira e relevante grande aglutinação mundial para tratar do tema da prote- ção ambiental foi sem dúvida na Suécia, precisamente na cidade de Estocolmo no ano de 1972, mais conhecida por “Conferência de Estocolmo”. Promovida pela Organização da Nações Unidas – ONU, contou com 113 países. A relevância dessa conferência está na ampliação do foco do que vem a ser Meio Ambiente, não se restringindo somente ao Meio Ambiente Natural e os recursos provenientes deste, mas também tratou de outras formas de apresentação do Meio Ambiente e sua enorme importância para a sociedade “planetária”. Os participantes da Conferência de Estocolmo entenderam que era necessário criar mecanismos institucionais e financeiros permanentes, capazes de coordenar, catalisar e estimular ações para a proteção e melhoria do Meio Ambiente Humano. Dessa forma, surgiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) a fim de reforçar as ações mundiais de proteção ao meio ambiente O PNUMA, foi instituído como um programa para incentivar e promover o desenvolvimento sustentável. Esse programa seria financiado e supervisionado por um Conselho Econômico e Social – o que reforça a proximidade entre Meio Ambiente e desenvolvimento socioeconômico. Um documento de relevância, fruto das discussões desta conferência, foi a denominada “Declaração de Estocolmo”, a qual apresenta vinte e seis proposições, as quais foram nominadas de “princípios”. 14 15 Diante do alcance que pretende a Declaração de Estocolmo, vale a pena fazer menção ao seu “Princípio I”, que assim nos dita: O homem tem direito fundamental à liberdade, igualdade e adequadas condições de vida, num meio ambiente cuja qualidade permite uma vida de dignidade e bem-estar, e tem a solene responsabilidade de pro- teger e melhorar o meio ambiente, para a presente e futuras gerações interligar estes temas com a argamassa da identidade dos instrumentos jurídicos de prevenção e de reparação, de informação, de monitora- mento e de participação. Mais um fato relevante pode ser atribuído à “Declaração de Estocolmo”, ou seja, a influência que repercutiu em diversas cartas constitucionais dos países signatário, como o Brasil, onde a proteção ao Meio Ambiente passa a ser tratado, tanto como um direito do indivíduo considerado de maneira isolada, como também da coletividade, além da proteção ambiental ser uma questão que transcende fronteiras, diante da maneira com que o Meio Ambiente repercute na qualidade de vida de todo o planeta. ECO-92 No ano de 1992, uma nova conferência foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, mais conhecida como ECO-92, onde o objetivo principal foi uma atualização e implementação da “Conferência de Estocolmo”. Na “ECO-92”, foi formulado um novo documento denominado a “Declaração do Rio”, a qual destaca o chamado “desenvolvimento sustentável”. Ainda, durante a “ECO-92”, foi aprovada a “Convenção sobre a Diversidade Biológica”, bem como a “Convenção sobre a Mudança Climática”, e pôr fim a denominada “Agenda 21”, a qual institui uma série de medidas programáticas a serem implementadas com o objetivo de garantir um desenvolvimento econômico e social associado a uma preservação ambiental, ou seja, que resumidamente procura transmitir a ideia do desenvolvimento sustentável. Protocolo de Kyoto Em 1997, na cidade de Kyoto, no Japão, foi realizada uma convenção, cujo fato gerador tem a ver com os problemas que a emissão de gases que causavam a degradação ambiental, sobretudo no filtro natural dos raios solares garantidos pela chamada “camada de ozônio”. Com a participação dos 84 países, teve como conclusão um documento oficial mais conhecido por Tratado de Kyoto, que definiu metas de redução de gases causadores do efeito estufa em aproximadamente 5,2% durante o período de 2008 e 2012. Oitenta e quatro países participantes aderiram ao protocolo e o assinaram, comprometendo-se com a implantação de medidas para diminuição dos efeitos da emissão de gases. 15 UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental As mencionadas metas descritas variavam de pais para pais, obedecendo o se- guinte critério: Os países que mais prejudicam o meio ambiente possuem metas maiores que os países menos poluidores, sendo certo que o Brasil, diante da sua baixa influência na emissão de gases, não recebeu metas de redução. Entretanto, em virtude das metas destinadas aos Estados Unidos, que na sua concepção eram desproporcionais e prejudicariam seu desenvolvimento econômi- co, o país desligou-se do mencionado “Protocolo de Kyoto”. Rio + 10 Dez anos após a ECO-92, foi realizada na cidade Johanesburgo, na África do Sul, a chamada Rio+10, neste evento foi discutido o aprimoramento das decisões adotadas na ECO-92. O evento contou coma participação de 189 países signatários que discutiram matérias sobre o crescimento sustentável e a preservação dos recursos naturais. Rio + 20 No ano de 2012, a cidade do Rio de Janeiro, novamente foi o local escolhido para discussões de medidas protetivas ao Meio Ambiente com o escopo de garantir um desenvolvimento sustentável, este evento que recebeu à denominação de Rio+20. O evento contou com a representação de 193 países, que ao final dos debates celebraram um documento chamado de “O futuro que queremos”, no qual se reafirmam os compromissos já celebrados e reconhecidos como fundamentais a garantir um desenvolvimento sustentável, dentro de um propósito de preservação do Meio Ambiente. A Proteção ao Meio Ambiente no Brasil A primeira grande norma de proteção ambiental no Brasil foi o Código Florestal Brasileiro, que passou a vigorar em 1934. Ainda nesse ano, o Decreto nº 24.645/34 preconiza medidas protetivas aos animais, ao tipificar uma contravenção penal para aqueles que provocassem “maus tratos aos animais”. No ano de 1964, com uma proposta inovadora para o uso da terra no Brasil, nasce pela Lei nº 4.504, o denominado “Estatuto da Terra”. 16 17 Um novo Código Florestal, entra em vigor no ano de 1965, ampliando as me- didas protetivas a denominadas “áreas de preservação prementes”. Medidas de proteção ambiental dirigidas ao controle das atividades industriais, com potencial poluidor, passam a vigorar com a vigência da Decreto-Lei 1.413/75. Mas, a legislação infraconstitucional de maior destaque até então foi a Lei nº 6.938/81, que introduz no Brasil uma política permanente de proteção ao meio ambiente, conhecida por “Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA”, criando diversos mecanismos legais de proteção ambiental, como a prevenção de danos, a responsabilidade de reparação dos danos causados ao meio ambiente, entre outras. A Lei da Ação Civil Pública, Lei nº 7.347/85, tem por objetivo, além de outros, a defesa do meio ambiente, considerando-o como direito difuso e coletivo. Seguindo as orientações, principalmente da “Carta de Estocolmo”, a Constituição Federal de 1988 inovou o direito constitucional brasileiro ao dedicar um capítulo exclusivo a proteção do Meio Ambiente, definindo-o como um bem de uso comum do povo, devendo ser preservado às presentes e futuras gerações. A Lei nº 8.171/91, conhecida como “Lei de Política Agrícola”, deu um destaque especial à causa ambiental ao prever que o proprietário rural que degradar área de proteção florestal em sua propriedade deverá recompô-la. Uma lei que estabeleceu medidas protetivas ao Meio Ambiente, englobando reponsabilidades penal, civil e administrativas, para as condutas lesivas ao Meio Ambiente, foi a Lei nº 9.605/98. No ano de 2.000, uma nova legislação federal (Lei nº 9.985/00) cria o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, instituindo medidas de proteção e defesa dos ecossistemas naturais, bem como ações para preservar os recursos naturais que nestas áreas estejam inserido. O chamado “Estatuto das Cidades”, instituído pela Lei nº 10.257/01, implanta como medida obrigatória aos municípios, de que o desenvolvimento da cidade deve respeitar o Meio Ambiente. No mês de maio do ano de 2012, é aprovada a Lei nº 12.651/12, que estabelece medidas de cunho obrigatório para a proteção da vegetação nas áreas de Preservação Permanente, bem como nas áreas de Reserva Legal, disciplinando a exploração florestal, a produção de matéria-prima de origem florestal. Ainda, a presente norma estabelece outras medidas, como o controle da origem dos produtos florestais, além de outras destinadas ao controle e prevenção dos incêndios florestais. 17 UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura O Meio Ambiente como o Bem de Uso Comum do Povo https://goo.gl/C5uWk9 Direito Ambiental Brasileiro: Surgimento, Conceito e Hermenêutica: https://goo.gl/pGw41i Constituição Federal de 1988 https://goo.gl/zaRrL O Objeto do Direito Ambiental https://goo.gl/4U9QUr Meio Ambiente e o Direito Ambiental https://goo.gl/aQ5Zvu 18 19 Referências BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 out. 1988. Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. BRASIL, Lei 6938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L6938.htm. BRASIL, Lei 6905, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm. FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 9ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva. 2008. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 17° ed, São Paulo: Malheiros, 2009. MILARÉ, Edis. Direito do ambiente. 3ªed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 3ª ed. São Paulo: Malheiros Editores. 2000, REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27ªed. São Paulo: Saraiva. 2002. SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. 19
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