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1 - Trichomonas

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Parasitologia Médica
Trichomonas
Família: Trichomonadidae
Subfamília: Trichomonadinae
Ordem: TrichomonadidaTipicamente em preparações fixadas, em organismos vivos são maiores.
Classe: Zoomastigophorea
Filo: Sarcomastigophora
Espécies: T. vaginalis
	 T. tenax
	 T. hominis 
	 T. fecalis
O Trichomonas vaginalis é uma célula polimorfa. As espécies vivas são elipsóides ou ovais e às vezes esféricas.
Não possui forma cística, somente TROFOZOITA. A forma é variável, e as condições físico-química (pH, temperatura, oxigênio) podem afetar as condições do aspecto dos tricomonas.
Possui 4 flagelos anteriores livres que se originam do complexo granular basal anterior. A extremidade anterior é recoberta por uma membrana ondulante. O axostólio é uma estrutura rígida e hialina que se projeta através do centro do organismo. O núcleo é elipsóide próximo à extremidade anterior, com uma dupla membrana nuclear e frequentemente apresenta um pequeno nucléolo.
Esse protozoário é desprovido de mitocôndrias. Sua multiplicação se da por divisão binária longitudinal contrariando o que acontece na maioria dos protozoários, não há formação de cistos. Utiliza como fonte de energia a glicose, frutose, maltose, glicogênio e amido, sendo um organismo anaeróbico facultativo. 
O T. vaginalis habita no trato geniturinário do homem e da mulher, onde produz infecção e não sobrevive fora deste ambiente. O protozoário é transmitido através da relação sexual e pode sobreviver por mais de uma semana no prepúcio do homem sadio. Atualmente admite-se que a transmissão não sexual é rara. A tricomíase neonatal em meninas é adquirida durante o parto.
O T. vaginalis tem se destacado como um dos principais patógenos do trato urogenital humano e está associado a sérias complicações de saúde. O que diz respeito aos problemas relacionados com gravidez: a tricomíase pode ter relação com a ruptura prematura de membrana, parto prematuro, baixo peso ao nascer, endometrite pós-parto e morte neonatal. Aos problemas relacionados com infertilidade: estima-se que o risco de infertilidade é quase duas vezes maior em mulheres com história de tricomíase comparado as que nunca tiveram tal infecção. A transmissão do HIV: devido à resposta imune ao local de infecção, o T. vaginalis causa pontos hemorrágicos no epitélio vaginal e uretra nos homens, ocasionando pontos hemorrágicos permitindo o acesso direto do vírus para a corrente sanguínea. 
O espectro clínico da tricomíase varia da forma assintomática ao estado agudo. O período de incubação varia de 3 a 20 dias. Na mulher a tricomíase provoca uma vaginite que se caracteriza por um corrimento vaginal fluido abundante e de cor amarelo-esverdeada bolhoso, de odor fétido, mais frequentemente no período pós-menstrual. O processo infeccioso é acompanhado de prurido ou irritação vulvovaginal. A mulher apresenta dor e dificuldade nas relações sexuais, desconforto nas gênitas externos, dor ao urinar e frequência miccional. A tricomíase é mais sintomática durante a gravidez ou em mulheres que tomam medicamento anticoncepcional oral. No homem é comumente assintomática ou apresenta-se como uma uretrite com fluido leitoso ou purulento e uma leve sensação de prurido na uretra. Pode ser observado um corrimento claro, viscoso e pouco abundante, com desconforto ao urinar pela manhã. Durante o dia, a secreção é escassa. O parasito se desenvolve melhor no trato urinário masculino, em que o glicogênio é mais abundante. As seguintes complicações são atribuídas a esse organismo: prostatite, balanopostite e cistite. Esse protozoário pode se localizar ainda na bexiga e vesícula seminal.
A frequência de anticorpos locais e sistêmicos é frequentemente revelada na espécie humana. As imunoglobulinas antitricomonas da classe IgG foram encontradas no soro de 90% das mulheres com vaginite. Através da imunofluorescência indireta, foi mostrada a existência de IgG antitricomonas na secreção vaginal de 70% das mulheres infectadas por esse flagelo, a IgA em 8% dos casos e a IgM em todas as doentes. Após tratamento, a IgG permanece estável, a IgA diminui e a IgM passa a ser encontrada em somente 20% das pacientes infectadas.
O diagnóstico de tricomoníase não pode ter como base somente apresentação clínica, pois a infecção poderia ser confundida com outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). 
A investigação laboratorial é necessária e essencial para o diagnóstico da tricomoníase, uma vez que leva ao tratamento apropriado e facilita o controle da propagação da infecção. A colheita da amostra em homens segue da seguinte forma: os homens deverão comparecer ao local da colheita pela manhã, sem terem urinado no dia e sem terem tomado nenhum medicamento tricomonicida há 15 dias. O microrganismo é mais facilmente encontrado no sêmen do que na urina ou em esfregaços uretrais. Uma amostra fresca poderá ser obtida pela masturbação em um recipiente limpo e estéril. Também deve ser examinado o sedimento centrifugado (600g por 5 min) dos primeiros 20ml da urina matinal. Na mulher: não deverão realizar a higienização durante o período de 18 a 24 horas anterior à colheita do material, e não deve ter feito uso de medicamentos tricomonicida, tanto vaginais (geleias e cremes) como orais, há 15 dias. A vagina é o local mais infectado e os tricomonas são mais abundantes durante os primeiros dias após a menstruação.
Epidemiologia
A tricomoníase é a DST não-viral mais comum no mundo. A incidência da infecção depende de vários fatores incluindo, idade, atividade sexual, número de parceiros sexuais, outras DSTs, fase do ciclo menstrual e condições socioeconômicas. A prevalência é alta entre os grupos de nível socioeconômico baixo, entre as pacientes de clínicas ginecológicas, pré-natais e em serviços de doenças sexualmente transmitidas. A perpetuação do protozoário parasito depende da sobrevivência no hospedeiro humano. O T. vaginalis pode viver durante três horas na urina coletada e seis horas no sêmen ejaculado. 
No recém-nascido, a tricomoníase pode ocorrer durante a passagem pelo canal vaginal, em consequência da infecção materna. Aproximadamente 5% dos neonatos podem adquirir a tricomoníase de suas mães infectadas.
A tricomoníase é incomum na infância (de 1 a 10 anos de idade), já que as condições vaginais (pH baixo) não favorecem o desenvolvimento da parasitose. Portanto, quando encontrada em uma criança, deve ser cuidadosamente pesquisada, averiguando-se as possibilidades tanto de abuso sexual quanto de outras fontes de infecção.
A taxa e prevalência da infecção em homens é pouco conhecida, mas provavelmente é 50% a 60% menor que em mulheres. 
Profilaxia
Incontestavelmente, o mecanismo de contágio da tricomoníase é a relação sexual. Na abordagem dos pacientes com DST são essenciais dados sobre a data do último contato sexual, número de parceiros, hábitos e preferências sexuais, uso recente de antibióticos, métodos anticoncepcionais e história pregressa desse tipo de doença. Preconizam-se estratégias de prevenção às DSTs, como:
Prática do sexo seguro
Uso de preservativos
Abstinências de contato sexual com pessoas infectadas
Limitação das complicações patológicas mediante a administração de um tratamento imediato e eficaz, tanto para casos sintomáticos e assintomáticos.
 Os fármacos usados contra a infecção são o metronidazol (Flagyl), tinazol (Fasigyn), ornidazol (Tiberal), nimorazol (Nagoxin), carnidazol e secnidazol. 
 
Érica Assunção
Medicina - UFAM

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