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J. J, Bueno, J. L. P. Lima, L. E. Tomal 1 Extração de Lapachol a partir de serragem de Tabebuia avellanedae Jaqueline Josviak Bueno1, Jean Lucas Pereira de Lima2, Luiz Eduardo Tomal3 Melissa Schwartz BUENO, Jaqueline J. 1 Graduando em Farmácia – Uniguaçu LIMA, Jean L. P.2 Graduando em Farmácia – Uniguaçu TOMAL, L. E.3 Graduando em Farmácia – Uniguaçu RESUMO O Tabebuia avellanedae também chamado de ipê-roxo ou pau d’arco é uma planta de grande uso, seja pela sua madeira de grande durabilidade ou pela casca com potencial medicinal, contendo grandes quantidades de lapachol e outras substancias químicas. Na medicina casual, é muito utilizada contra inflamações, alergias e cicatrizantes (Simões, 1999). A planta possui flores com vasta beleza, onde as copas floridas ganham a coloração lilás. Sua altura pode atingir até 20 metros. Encontrada nas matas tropicais do Brasil, o vegetal é de fácil adaptação em diversas condições climáticas, sendo muito resistente e não exigindo muitos cuidados para o seu cultivo (Florien). Sua casca interna é rica em compostos naturais, como por exemplo: flavonoides, saponinas, derivados benzênicos, ácidos orgânicos, quinonas, naftoquinonas e antraquinonas, proteínas, lipídeos, vitaminas e sais minerais (Anvisa,2004) . O Lapachol, produto fenólico natural extraído da arvore, é reconhecido por sua ação anti-inflamatória, analgésica, antiviral, antifúngica, antioxidante, antibiótica e antineoplásica. Sendo uma substancia acida, pode reagir com uma base, formando um sal, agua e dióxido de carbono (Barnes, 2012). Palavras-chave: Ipê-roxo, Tabebuia avellanedae, Lapachol. ABSTRACT The Tabebuia avellanedae also called ipê-purple or pau d'arco is a plant of great use, either for its wood of great durability or the bark with medicinal potential, containing large amounts of lapachol and other chemical substances. In casual medicine, it is widely used against inflammation, allergies and scarring. The plant has flowers with vast beauty, where the flowering canopies become lilac colored. Its height can reach up to 20 meters. Found in the tropical forests of Brazil, the plant is easy to adapt in various climatic conditions, being very resistant and not requiring much care for its cultivation. Its inner shell is rich in natural compounds such as flavonoids, saponins, benzene derivatives, organic acids, quinones, naphthoquinones and anthraquinones, proteins, lipids, vitamins and minerals. Lapachol, a natural phenolic product extracted from the tree, is recognized for its anti-inflammatory, analgesic, antiviral, antifungal, antioxidant, antibiotic and antineoplastic action. Being an acidic substance, it can react with a base, forming a salt, water and carbon dioxide. Keywords: Purple ipe, Tabebuia avellanedae, Lapachol. INTRODUÇÃO Tabebuia avellanedae, conhecido como pau d’arco nos Estados Unidos e Lapacho no Canadá, é uma planta conhecida há anos, já relatada por antigos povos incas e astecas pelo seu efeito terapêutico. As espécies de ipês contém grande quantidade de naftoquinonas, substâncias que ofertam J. J, Bueno, J. L. P. Lima, L. E. Tomal 2 um alto poder farmacológico, por isso, ao longo das décadas tem despertado o interesse da comunidade científica em encontrar uma real terapêutica para os seres humanos. Existem diversos tipos de naftoquinonas, mas dentre as de maior interesse podemos citar o Lapachol, a β- Lapachona e α Lapachol13 (Simões, 1999). A casca da planta possui grande importância na medicina popular, sendo utilizada em tratamento de adenocarcinomas, câncer (sem estudo comprovado), lúpus, doença de Hodgki (Florien). A partir da extração da mesma, obtêm-se o Lapachol (seu principal princípio ativo), o qual foi muito estudado na década de 60, onde foi observada sua grande atividade em tumores de camundongos. O Instituto Nacional do Câncer Norte-americano (NCI) divulgou que possuía, em estágio de teste clínico, fase–I, pacientes que fizeram uso do Lapachol como tratamento, porém este apresentou expressivos efeitos colaterais e a sua pesquisa como um possível quimioterápico no combate ao câncer foi abandonada (Costa, 2010). Acredita-se que o lapachol interage com os ácidos nucleicos ou na dupla hélice do DNA, impedindo a duplicação e posteriormente a transcrição, além de inibir o citocromo P-450, de forma desconhecida. Estudos realizados em pacientes portadores de adenocarcinomas apontaram uma redução temporária das lesões e a diminuição das dores, devendo então ser administrada uma alta dosagem da droga, o que a tornava bastante tóxica. Estudos atividade antimicrobiana contra bactérias foram realizados, como Bacillus subtilis, Micrococcus pyogenese, etc. Recentemente, uma pesquisa comprovou sua atividade antioxidante, realizada in vitro, de determinação de efeitos captadores de radicais livres, poder redutor e inibidor da peroxidase lipídica em homogeneizados cerebrais (Pires, 2014). Há relatos de que o uso do Lapachol em grandes quantidades gerar problemas gastrointestinais, como náuseas e vômitos. Devido a sua propriedade anticoagulante, o Ipê Roxo não deve ser administrado concomitantemente com medicamentos que apresentam a mesma atividade farmacológica, devido ao poder aditivo . . É contraindicado o uso durante a gravidez, por ser popularmente abortivo (Januário e Lopes, 2014). O lapachol é solúvel em água, o que permite sua separação pela técnica de filtração simples. Sua regeneração pode ser feita a partir de seu sal de sódio pela reação com HCl em solução aquosa de concentração 6 mol/L, havendo a precipitação do sólido de cor amarela, insolúvel em água. Sua purificação pode ser feita pela cristalização em banho maria (com acetona ou etanol), onde irá produzir cristais amarelos brilhantes, de elevado grau de pureza (Simões,1999). A busca por cascas dessa planta aumenta com o passar dos dias. O preço médio da comercialização do produto em serragem encontra-se em torno de R$5,00/100g. Em sabonetes de 50g o preço fica entre R$3,00 e R$6,00. Além disso, seu uso tem sido ramificado à manipulação de capsulas (Revilla). Com grande interesse terapêutico, seu uso vai desde chás à capsulas, com a intenção de combater diabetes, leucemia, câncer, anemia, artrite, malária e alergias. Um estudo afirma seu poder no tratamento do câncer, auxiliando na amplificação de glóbulos vermelhos do sangue e na melhor oxigenação do corpo. Procurada também na construção civil para fabricação de pisos de madeiras e tábuas (Januário e Lopes, 2014). METODOLOGIA Preparo do material vegetal O extrato vegetal foi preparado a partir da serragem da planta T. impetiginosa, por método extrativo ácido- base, com agitação após adição dos reagentes. Durante o preparo do excerto, o pH foi verificado para que não fosse ultrapassado o valor recomendado. Em seguida, foram realizadas filtrações para obtenção da fase aquosa da amostra. J. J, Bueno, J. L. P. Lima, L. E. Tomal 3 Determinação do teor de cinzas totais Utilizou-se o método de incineração em bico de Bunsen (onde há total incineração da amostra) para obtenção do resíduo inorgânico, seguido de aquecimento em mufla. Após, o material foi submetido à pesagem para verificação e comparação de resultados orgânicos obtidos. Determinação de umidade O método de teor de umidade utilizado encontra-se descrito na Farmacopéia Brasileira, na qual determina a perda por dessecação, apontando a quantidade de substâncias voláteis de qualquer natureza presentes na amostra. Anteriormente, a amostra foi pesada em vidro de relógio (a mesma não necessitou trituração), sendo levadaem seguida para a estufa em tempo e temperatura pré-determinadas. Após esse processo, foram submetidas a nova pesagem até a obtenção do peso do material sem a alteração da umidade. Avaliação da atividade antimicrobiana A metodologia aplicada para a verificação da atividade antimicrobiana do Lapachol foi realizada com cepas de E. coli, C. albicans e S. aureus, por meio de semeadura em caldo Mueller-Hinton, com adição de disco-difusão contendo o material extraído. Os microorganismos foram incubados em seguida à 37ºC/24h, para observar formação de halos de inibição ao redor dos discos adicionados. Determinação de material estranho A Farmacopeia brasileira descreve a realização da determinação de materiais diferentes do que deveriam estar na amostra, onde a mesma deve se espalhada em uma superfície plana, visualizada a olho nu e lente de aumento se necessário, procedendo para a pesagem e determinação da porcentagem. Verificação de embalagem Proceder com análise de embalagem, verificando a presença/ausência dos pontos delimitados pela Farmacopéia Brasileira. RESULTADOS E DISCUSSAO O valor máximo estipulado pela Farmacopeia Brasileira para sujidades é de no máximo 2%. Na amostra do estudo não foi verificado nenhum material estranho, portanto está dentro dos padrões adequados de qualidade nesse quesito. O teor de cinzas tem um valor preconizado pela legislação de no máximo 8%. Na amostra foi encontrado um valor de 12% de cinzas, portanto está acima do valor máximo permitido. Na determinação do teor de umidade presente na amostra, o valor obtido foi de 0,35g o que representa 7%, estando dentro do limite previsto pela legislação, que é de no máximo 10%. O teste de atividade antimicrobiana teve um resultado negativo, revelando que o composto não tem uma eficácia relevante contra as bactérias estudadas. De acordo com a RDC 12/2001, a embalagem deve ser íntegra, bem conservada, possuir nome da planta, nome cientifico, validade, dosagem, informações nutricionais, modo de uso. Analisando a mesma, as únicas informações contidas eram peso, validade e nome da planta, descumprido as exigências das normas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, as propriedades medicinais do Ipê roxo foram constatadas de maneira doutrinária. Essa planta é utilizada de maneira medicinal na cultura popular, podendo ser assim utilizada em chás ou até em cápsulas. A pesquisa prática realizada seguiu os padrões da Farmacopéia Brasileira, sendo assim, J. J, Bueno, J. L. P. Lima, L. E. Tomal 4 foram analisados os itens: preparo do material vegetal, determinação do teor de cinzas, determinação da umidade, avaliação da atividade microbiana, determinação de material estanho e a verificação de embalagem. Os resultados obtidos foram esclarecedores de maneira que, em nossa amostra comprovamos a ausência de atividade microbiana, portanto colocando em cheque a eficácia em potencial do Ipê Roxo, além da embalagem não conter todas as informações necessárias para estarem de acordo com as normas vigentes neste território. Contudo foram encontradas a umidade e materiais estanhos de maneira coerente com os padrões estabelecidos. Dessa maneira ficou provado que a teoria diferiu da prática na presente análise da amostra de Ipê Roxo. ANEXOS Figura 1 – Determinação de materiais estranhos. Fonte: A autora Figura 2 – Verificação de embalagem. Fonte: A autora Figura 3 – Amostras de cultura de C. albicans. Fonte: A autora Figura 4 – Amostras de cultura de E.coli. Fonte: A autora Figura 5 – Amostras de cultura de C. albicans e S. aureus. Fonte: A autora Figura 6 – Concentrações utilizadas. Fonte: A autora J. J, Bueno, J. L. P. Lima, L. E. Tomal 5 Figura 7 – Filtração com soluto básico e amostra. Fonte: A autora Figura 8 – Verificação de pH. Fonte: A autora Figura 8 – Solução a ser filtrada. Fonte: A autora Figura 9 – Produto filtrado. Fonte: A autora REFERÊNCIAS [1] ANVISA. Instrução Normativa Nº 02 de 13 de maio de 2014: Lista de Medicamentos Fitoterápicos de Registro Simplificado. Brasília, DF: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2014. [2] SIMÕES, C. M. O. Farmacognosia da Planta ao Medicamento. 1999. [3] Ipê Roxo. http://florien.com.br/wp- content/uploads/2016/06/IP%C3%8A- ROXO.pdf>Acesso em 28 de março de 2018. [4] REVILLA, M.M. et al. Ipê–roxo. Disponível em:<http://www.cifor.org/publications/pdf _files/books/bshanley1001/099_108.pdf> Acesso em 28 de março de 2018. [5] JANUÁRIO, S.R., LOPES, S.S. O Poder Terapêutico do Ipê Roxo e seu Uso na Terapia Complementar ao Tratamento de Neoplasias. Acesso em:<http://www.omnipax.com.br/RBTS/a J. J, Bueno, J. L. P. Lima, L. E. Tomal 6 rtigos/v5n1/RBTS-5-1-2.pdf> Acesso em 29 de março de 2018. [6] BARNES, Joanne. Fitoterápicos. 3ed. Porto Alegre, Artmed, 2012 [7] Costa, W.F.Avaliação da Atividade Genotóxica do Lapachol e lapachona e Anticarcinogênese do Lapachol em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Tese de Doutorado em Genética e Bioquímica, Departamento de Genética, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, 2012. . Acesso em: <https://repositorio.ufu.br/bitstream/1234 56789/15712/1/Tesse%20Wender.pdf> Acesso em 01 de abril de 2018. [8] PIRES, T. C. Comparação da bioatividade do entrecasco e diferentes formulações de pau d'arco. Tese de Mestrado em Farmácia e Química de Produtos Naturais. Bragança, 2014. Disponível em:< https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10 198/10946/1/T%C3%A2nia%20Pires.pdf > Acesso em 01 de abril de 2018. [9] Farmacopéia Brasileira. Disponível em:<http://portal.anvisa.gov.br/document s/33832/260232/4_edicao_part1.pdf/26b b8af0-4c69-4a4f-ae2b-2a40fdc6ffe7> Acesso em 01 de abril de 2018.
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