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Alterações lei de Drogas 2014

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ATUALIZAÇÃO LEGISLATIVA - Lei n. 12.961/14 
 
 
Livro: Legislação Criminal Comentada 
Edição: 2ª 
Autor: Renato Brasileiro de Lima 
Editora: Juspodivm 
 
 
Alteração da Lei de Drogas pela Lei n. 12.961/14 
 
Antiga redação da Lei de Drogas Lei de Drogas com redação determinada 
pela Lei n. 12.961/14 
Art. 32. As plantações ilícitas serão 
imediatamente destruídas pelas 
autoridades de polícia judiciária, que 
recolherão quantidade suficiente para 
exame pericial, de tudo lavrando auto de 
levantamento das condições 
encontradas, com a delimitação do local, 
asseguradas as medidas necessárias para 
a preservação da prova. 
§1º A destruição de drogas far-se-á por 
incineração, no prazo máximo de 30 
(trinta) dias, guardando-se as amostras 
necessárias à preservação da prova. 
§2º A incineração prevista no § 1o deste 
artigo será precedida de autorização 
judicial, ouvido o Ministério Público, e 
executada pela autoridade de polícia 
judiciária competente, na presença de 
representante do Ministério Público e da 
autoridade sanitária competente, 
mediante auto circunstanciado e após a 
perícia realizada no local da incineração. 
§3º Em caso de ser utilizada a queimada 
para destruir a plantação, observar-se-á, 
além das cautelas necessárias à proteção 
ao meio ambiente, o disposto no Decreto 
n. 2.661, de 8 de julho de 1998, no que 
couber, dispensada a autorização prévia 
do órgão próprio do Sistema Nacional 
do Meio Ambiente - Sisnama. 
§4º As glebas cultivadas com plantações 
ilícitas serão expropriadas, conforme o 
disposto no art. 243 da Constituição 
Federal, de acordo com a legislação em 
vigor. 
 
Art. 32. As plantações ilícitas serão 
imediatamente destruídas pelo delegado de 
polícia na forma do art. 50-A, que 
recolherá quantidade suficiente para 
exame pericial, de tudo lavrando auto de 
levantamento das condições encontradas, 
com a delimitação do local, asseguradas as 
medidas necessárias para a preservação da 
prova. 
§1º Revogado pela Lei n. 12.961/14. 
 
 
 
§2º Revogado pela Lei n. 12.961/14. 
 
 
 
 
 
 
 
 
§3º Em caso de ser utilizada a queimada 
para destruir a plantação, observar-se-á, 
além das cautelas necessárias à proteção 
ao meio ambiente, o disposto no Decreto 
n. 2.661, de 8 de julho de 1998, no que 
couber, dispensada a autorização prévia do 
órgão próprio do Sistema Nacional do 
Meio Ambiente - Sisnama. 
§4º As glebas cultivadas com plantações 
ilícitas serão expropriadas, conforme o 
disposto no art. 243 da Constituição 
Federal, de acordo com a legislação em 
vigor. 
 
Antiga redação da Lei de Drogas Lei de Drogas com redação determinada 
pela Lei n. 12.961/14 
Art. 50. Ocorrendo prisão em 
flagrante, a autoridade de polícia 
judiciária fará, imediatamente, 
comunicação ao juiz competente, 
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do 
qual será dada vista ao órgão do 
Ministério Público, em 24 (vinte e 
quatro) horas. 
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de 
prisão em flagrante e estabelecimento 
da materialidade do delito, é suficiente 
o laudo de constatação da natureza e 
quantidade da droga, firmado por perito 
oficial ou, na falta deste, por pessoa 
idônea. 
§ 2º O perito que subscrever o laudo a 
que se refere o § 1o deste artigo não 
ficará impedido de participar da 
elaboração do laudo definitivo. 
 
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a 
autoridade de polícia judiciária fará, 
imediatamente, comunicação ao juiz 
competente, remetendo-lhe cópia do auto 
lavrado, do qual será dada vista ao órgão 
do Ministério Público, em 24 (vinte e 
quatro) horas. 
 
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de 
prisão em flagrante e estabelecimento da 
materialidade do delito, é suficiente o 
laudo de constatação da natureza e 
quantidade da droga, firmado por perito 
oficial ou, na falta deste, por pessoa 
idônea. 
§2º O perito que subscrever o laudo a que 
se refere o § 1o deste artigo não ficará 
impedido de participar da elaboração do 
laudo definitivo. 
§3º Recebida cópia do auto de prisão em 
flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, 
certificará a regularidade formal do laudo 
de constatação e determinará a destruição 
das drogas apreendidas, guardando-se 
amostra necessária à realização do laudo 
definitivo. 
§4º A destruição das drogas será executada 
pelo delegado de polícia competente no 
prazo de 15 (quinze) dias na presença do 
Ministério Público e da autoridade 
sanitária. 
§5º O local será vistoriado antes e depois 
de efetivada a destruição das drogas 
referida no § 3o, sendo lavrado auto 
circunstanciado pelo delegado de polícia, 
certificando-se neste a destruição total 
delas.” (NR) 
 
Antiga redação da Lei de Drogas Lei de Drogas com redação determinada 
pela Lei n. 12.961/14 
Sem correspondente. Art. 50-A. A destruição de drogas 
apreendidas sem a ocorrência de prisão em 
flagrante será feita por incineração, no 
prazo máximo de 30 (trinta) dias contado 
da data da apreensão, guardando-se 
amostra necessária à realização do laudo 
definitivo, aplicando-se, no que couber, o 
procedimento dos §§ 3o a 5o do art. 50. 
 
Antiga redação da Lei de Drogas Lei de Drogas com redação determinada 
pela Lei n. 12.961/14 
Art. 58. Encerrados os debates, 
proferirá o juiz sentença de imediato, ou 
o fará em 10 (dez) dias, ordenando que 
os autos para isso lhe sejam conclusos. 
§1º Ao proferir sentença, o juiz, não 
tendo havido controvérsia, no curso do 
processo, sobre a natureza ou 
quantidade da substância ou do produto, 
ou sobre a regularidade do respectivo 
laudo, determinará que se proceda na 
forma do art. 32, § 1o, desta Lei, 
preservando-se, para eventual 
contraprova, a fração que fixar. 
§2º Igual procedimento poderá adotar o 
juiz, em decisão motivada e, ouvido o 
Ministério Público, quando a 
quantidade ou valor da substância ou do 
produto o indicar, precedendo a medida 
a elaboração e juntada aos autos do 
laudo toxicológico. 
 
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o 
juiz sentença de imediato, ou o fará em 10 
(dez) dias, ordenando que os autos para isso 
lhe sejam conclusos. 
§1º Revogado pela Lei n. 12.961/14. 
 
 
 
 
 
 
 
 
§2º Revogado pela Lei n. 12.961/14. 
 
 
Antiga redação da Lei de Drogas Lei de Drogas com redação determinada 
pela Lei n. 12.961/14 
Art. 72. Sempre que conveniente ou 
necessário, o juiz, de ofício, mediante 
representação da autoridade de polícia 
judiciária, ou a requerimento do 
Ministério Público, determinará que se 
proceda, nos limites de sua jurisdição e 
na forma prevista no § 1o do art. 32 
desta Lei, à destruição de drogas em 
processos já encerrados. 
Art. 72. Encerrado o processo penal ou 
arquivado o inquérito policial, o juiz, de 
ofício, mediante representação do delegado 
de polícia ou a requerimento do Ministério 
Público, determinará a destruição das 
amostras guardadas para contraprova, 
certificando isso nos autos. 
 
Nova disciplina para a destruição de drogas apreendidas. 
 
Como é sabido, quando a droga é apreendida, após o dimensionamento da 
quantidade, importante para fins de aplicação da pena e até mesmo para a distinção 
entre o tráfico de drogas e o crime de porte de drogas para consumo pessoal, é 
indispensável a realização de dois exames periciais distintos: primeiro, é elaborado o 
laudo de constatação, indispensável para a lavratura do auto de prisão em flagrante e 
verdadeira condição de procedibilidade parao oferecimento da peça acusatória; o 
segundo exame é o toxicológico, necessário para comprovar a materialidade do crime e 
para permitir a prolação de uma sentença condenatória. Os dois exames são realizados 
com base em pequenas amostras da droga, permitindo que os peritos possam chegar à 
conclusão acerca da natureza da substância apreendida. 
 Diante da possibilidade de a defesa vir a questionar a idoneidade desses exames, 
pequenas amostras da substância apreendida devem ser preservadas, permitindo-se, 
assim, a realização de eventual contraprova. O raciocínio é bem semelhante àquele 
previsto no próprio CPP: com a reforma processual de 2008, o estatuto processual penal 
passou a admitir a indicação de assistentes técnicos durante o curso do processo para a 
elaboração de pareceres acerca dos exames feitos pelos peritos. Para tanto, o art. 159, 
§6º, do CPP, dispõe que, havendo requerimento das partes, o material probatório que 
serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá 
sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo 
se for impossível a sua conservação. 
 Se, para o processo penal, é necessária a preservação tão somente de pequenas 
porções da droga apreendida, quer para a realização do exame preliminar e do exame 
toxicológico, quer para eventual contraprova pleiteada pela defesa, é fácil deduzir que a 
destinação do restante do material apreendido não mais interessa ao processo penal, 
funcionando, pois, como medida de caráter administrativo, cuja finalidade precípua é o 
resguardo da incolumidade, da ordem e da segurança.
1
 
 Considerando a precariedade do armazenamento da droga, o restante da 
substância apreendida deve ser destruído o quanto antes possível, evitando-se, assim, 
sua subtração e redistribuição para outros traficantes. Infelizmente, não são raros os 
episódios em que grande quantidade de droga apreendida simplesmente desaparece de 
delegacias de polícia, institutos de perícia, promotorias e fóruns criminais. A título de 
exemplo, em operação realizada pela Polícia Federal no interior de São Paulo em 
fevereiro de 2013, dois investigadores do Denarc (Departamento Estadual de 
Investigações Sobre Narcóticos) foram presos com mais de 100 kg de cocaína na 
rodovia Presidente Castello Branco, sendo que a suspeita é a de que eles desviavam 
drogas apreendidas em operações de combate ao tráfico nacional e internacional. Após 
as prisões, os policiais federais descobriram que havia mais droga na casa de um 
policial em São Paulo. Ao chegarem ao local, foram apreendidos mais 170 kg de 
cocaína, além de dólares e euros escondidos dentro de uma mala.
2
 
 Com o objetivo de pôr fim a episódios como este, a Lei n. 12.961/14 trouxe nova 
disciplina para a custódia da droga apreendida ao promover importantes mudanças na 
Lei n. 11.343/06. Grosso modo, podemos apontar as seguintes novidades introduzidas 
pela Lei n. 12.961/14, com vigência em data de 07 de abril de 2014: 
 1) Destruição das plantações ilícitas e (des) necessidade de prévia 
autorização judicial: estranhamente, em sua redação original, o art. 32, e seus 
parágrafos, da Lei de Drogas, versavam sobre três temas distintos, o que acabava por 
causar certa controvérsia. O art. 32, caput, e seu §3º, cuidavam da destruição imediata 
de plantações ilícitas; os §§1º e 2º do art. 32 versavam sobre a destruição das drogas 
apreendidas; por fim, o §4º do art. 32 tratava da expropriação das glebas cultivadas 
com plantações ilícitas. Com o objetivo de apartar o procedimento referente à destruição 
das plantações ilícitas daquele atinente à incineração das drogas apreendidas, o art. 6º da 
Lei n. 12.961/14 revogou expressamente os §§1º e 2º do art. 32 da Lei n. 11.343/06. 
Com isso, a destruição das plantações ilícitas permanece regulada exclusivamente pelo 
art. 32, caput, e §3º; a destruição das drogas apreendidas será disciplinada, doravante, 
apenas pelos §§3º, 4º e 5º do art. 50, e pelo art. 50-A, ambos da Lei de Drogas, com 
 
1
 Nesse contexto: MENDONÇA, Andrey Borges de; CARVALHO, Paulo Roberto Galvão de. Lei de 
drogas: Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006 – comentada artigo por artigo. 3ª ed. São Paulo: Editora 
Método, 2012, p. 313. 
2
 Policiais do Denarc são presos com mais de 100 kg de cocaína em SP. Disponível em: 
http://noticias.r7.com/sao-paulo/policiais-do-denarc-sao-presos-com-mais-de-100-kg-de-cocaina-em-sp-
16022013. Acesso em: 17 de março de 2013. 
redação determinada pela Lei n. 12.961/14; subsiste a previsão legal expressa de 
expropriação das glebas cultivadas com plantações ilícitas no art. 32, §4º, da Lei n. 
11.343/06. 
Em sua redação original, nada dizia a Lei de Drogas – pelo menos 
expressamente – acerca da necessidade de prévia autorização judicial para a destruição 
das plantações ilícitas. De fato, a antiga redação do art. 32, caput, da Lei n. 11.343/06, 
fazia menção apenas à destruição imediata das plantações ilícitas pelas autoridades de 
polícia judiciária, sem fazer qualquer referência à necessidade de prévia determinação 
judicial. Por isso, de um lado, parte da doutrina sustentava que a destruição das 
plantações ilícitas poderia ser levada adiante pelo Delegado de Polícia 
independentemente de prévia autorização judicial.
3
 Outros, no entanto, advogavam que 
a prévia autorização judicial era condição sine qua non para a destruição das plantações 
ilícitas.
4
 
Com o advento da Lei n. 12.961/14, parece não haver mais controvérsias acerca 
do assunto. Doravante, a imediata destruição das plantações ilícitas passa a depender de 
prévia autorização judicial. Conquanto a Lei n. 12.961/14 não tenha disposto 
explicitamente acerca da matéria, alterando, por exemplo, o caput do art. 32 da Lei de 
Drogas, para fazer menção expressa à necessidade de prévia autorização judicial, 
interpretação sistemática das mudanças produzidas pelo advento da referida Lei autoriza 
a conclusão nesse sentido. 
Inicialmente, é importante perceber que a nova redação conferida ao caput do 
art. 32 da Lei de Drogas prevê expressamente que a destruição imediata das plantações 
ilícitas deve ser executada pelo Delegado de Polícia na forma do art. 50-A. Este, por sua 
vez, dispõe que a destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em 
flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da 
datada apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo, 
aplicando-se, no que couber, o procedimento dos §§3º a 5º do art. 50. E é exatamente o 
art. 50, §3º, da Lei de Drogas, que dispõe que a destruição das drogas apreendidas deve 
ser determinada pela autoridade judiciária competente. Logo, sujeita que está a 
destruição das plantações ilícitas ao quanto disposto no art. 50-A e, consequentemente, 
ao procedimento dos §§3º a 5º do art. 50, não restam dúvidas quanto à necessidade de 
prévia determinação judicial. 
Por mais que se queira objetar que a Polícia Judiciária não dispõe de aparato 
humano e material para a preservação do local, quase sempre em locais inóspitos, de 
difícil acesso e de oneroso deslocamento, daí não se pode permitir que uma autoridade 
administrativa leve adiante a destruição da propriedade de alguém – ainda que ilícita – 
sem prévia autorização judicial, notadamente se considerarmos que, em hipóteses 
raríssimas (arts. 2º e 31), a própria Lei de Drogas dispõe quanto à possibilidade de haver 
autorização para o cultivo de plantas destinadas à produção de substâncias 
entorpecentes. De se concluir, portanto, que essa exigência de determinação judicial 
prévia para fins de destruição das plantações ilícitas vemao encontro do devido 
processo legal (CF, art. 5º, LIV), evitando que alguém seja privado de seus bens sem a 
observância do devido processo legal. 
 
3
 Era nesse sentido a lição de Renato Marcão: Lei 11.343, de 23 de novembro de 2006: nova Lei de 
Drogas. 6ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009, p. 128. Também nos posicionamos nesse sentido na 2ª 
edição da obra Legislação Criminal Especial Comentada (Salvador: Ed. Juspodivm, 2014, p. 718). 
4
 Mesmo antes da vigência da Lei n. 12.961/14, Luiz Flávio Gomes (Lei de Drogas comentada: artigo 
por artigo. 5ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013, p. 160) já sustentava que a destruição 
das plantações ilícitas deveria ser precedida de prévia autorização judicial, ouvindo-se não apenas o 
Ministério Público, mas também a defesa, em fiel observância ao contraditório e à ampla defesa. 
Uma vez obtida a autorização judicial, o Delegado de Polícia (Civil ou Federal) 
deve adotar precauções de modo a comprovar a materialidade dos crimes. Por isso, 
antes da destruição das plantações ilícitas, há de ser recolhida quantidade suficiente para 
exame pericial (laudo de constatação e exame químico-toxicológico), que irá atestar a 
toxicidade da substância apreendida (materialidade delitiva), sendo lavrado, ademais, 
um auto de levantamento das condições encontradas com a delimitação do local, 
diligência de fundamental relevância para auxiliar o Ministério Público e o Juiz para 
fins de distinguir um simples plantio doméstico para consumo pessoal daquele exercido 
com fins de mercancia. 
 2) Prazo determinado para a destruição da droga apreendida: até o advento 
da Lei n. 12.961/14, não havia previsão legal expressa de prazo preestabelecido para a 
destruição das drogas apreendidas. Com o acréscimo dos §§3º, 4º e 5º ao art. 50 e do art. 
50-A à Lei de Drogas, a droga deverá ser destruída nos seguintes prazos, preservada, 
evidentemente, amostra necessária à realização do laudo definitivo e para fins de 
eventual contraprova: 
2.1) Hipótese de prisão em flagrante: nesse caso, o juiz terá o prazo de 10 
(dez) dias para certificar a regularidade formal do laudo de constatação, determinando, 
de maneira subsequente, a destruição das drogas apreendidas, que deverá ser executada, 
então, pelo Delegado de Polícia, no prazo de 15 (quinze) dias, na presença do Ministério 
Público e da autoridade sanitária (Lei n. 11.343/06, art. 50, §§3º e 4º, com redação dada 
pela Lei n. 12.961/14); 
2.2) Apreensão da droga sem a ocorrência de prisão em flagrante: em se 
tratando de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante, a incineração 
da substância entorpecente deverá ocorrer no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado 
da data da apreensão (Lei n. 11.343/06, art. 50-A, incluído pela Lei n. 12.961/14); 
3) Destruição das amostras guardadas para contraprova: interpretação 
equivocada da redação original do art. 58, §§1º e 2º, da Lei n. 11.343/06, poderia levar o 
operador a concluir que a destruição das drogas apreendidas ocorreria apenas por 
ocasião da prolação da sentença definitiva pelo magistrado, ou seja, a droga apreendida 
teria que permanecer custodiada em delegacias de polícia, promotorias e fóruns 
criminais até o encerramento do feito.
5
 Afinal, os §§1º e 2º, que dispunham sobre a 
destruição das drogas apreendidas, estavam inseridos no art. 58 da Lei de Drogas, que 
versava sobre a sentença proferida pelo juiz ao final da audiência de instrução e 
julgamento. Com o objetivo de afastar tal exegese, tida por equivocada mesmo antes do 
advento da Lei n. 12.961/14, o novel diploma legal não só revogou os §§1º e 2º do art. 
58, como também conferiu nova redação ao art. 72, ambos da Lei de Drogas. Com as 
mudanças, fica evidente que não há mais razão para manter a droga custodiada até o 
encerramento do feito. Em síntese, a substância entorpecente apreendida deverá ser 
destruída nos prazos acima referidos (Lei n. 11.343/06, art. 50, §§3º a 5º, e art. 50-A), 
restando, para o encerramento do processo penal – ou na hipótese de arquivamento do 
inquérito policial –, tão somente a destruição das amostras guardadas para contraprova. 
 Em conclusão, convém ressaltar que todas essas medidas de destruição imediata 
de plantações ilícitas, de incineração das drogas apreendidas e de destruição das 
amostras guardadas para contraprova têm natureza administrativa, visando à tutela da 
incolumidade, da ordem e da segurança. Logo, sobre elas a Defesa não tem qualquer 
ingerência. Na verdade, sua execução é levada a efeito pelo poder público, notadamente 
pelo Poder Judiciário, pelo Ministério Público, pelas autoridades de polícia e pelas 
autoridades sanitárias. Por consequência, eventuais irregularidades nesses 
 
5
 Parece ser nesse sentido a conclusão de Gilberto Thums e Vilmar Pacheco: Nova Lei de Drogas: crimes, 
investigação e processo. 2ª ed. Porto Alegre: Editora Verbo Jurídico, 2008. p. 331. 
procedimentos não têm o condão de macular o processo penal, que só será contaminado 
por alguma nulidade se houver algum vício em relação ao laudo preliminar, ao laudo 
toxicológico, ou se não forem preservadas pequenas amostras para eventual contraprova 
pretendida pela defesa.

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