Buscar

CRISTINA TCC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MONITORAMENTO ELETRÔNICO NA EXECUÇÃO PENAL COMO MEDIDA CAURTELAR DIVERSA DA PRISÃO.
 Maria Cistina Gonçalves de Sousa
RESUMO
Palavras-chave
1. INTRODUÇÃO
2. SITUAÇÃO CARCERÁRIA BRASILEIRA
O trabalho precursor no que diz respeito às instituições prisionais adveio de Michel Foulcault em 1975 com o trabalho Punir e Vigiar, o teórico estudou o nascimento da prisão como parte das transformações sociais que resultaram ao surgimento da sociedade disciplinar no século XIX. De acordo com Perrot (1988), o sistema penitenciário pode ter se distanciado de seus objetivos iniciais, uma vez que não reintegra, tal sistema expulsa, evacua e suprime os indivíduos que são vistos como irrecuperáveis. Perrot (1988) ainda pontua que a verdadeira e oculta finalidade configura-se em defender a sociedade burguesa a qual é alicerçada na propriedade e no trabalho, pode-se dizer que a prisão é ilusória, visto “como uma válvula de segurança da sociedade” (PERROT, 1988, p.256).
Segundo Perrot (1988), por meio de documentação tem como observar o delito, a instituição penitenciária e até mesmo os prisioneiros, os processos crimes e os autos crimes são necessários para que seja possível a retratação dos aprisionados por meio dos depoimentos e testemunhos, especialmente nos casos dos autos crimes (inquéritos), os quais não tem intervenção direta do escrivão ou da autoridade policial encarregada (WISSENBACH, 1998).
De acordo com Braga (2008), o surgimento da instituição prisional como pena por excelência não pode ser desatrelada do capitalismo. Pode-se afirmar que a pena quantificada em tempo de privação de liberdade se deu em virtude da transformação do tempo em tempo de trabalho. Cabe ressaltar que a prisão moderna se origina para explorar a força de trabalho dos trabalhos como também para reinseri-los na moral e no meio da produção capitalista.
Já, no que diz respeito à prisionização, Braga (2008) afirma que esta afeta de formas diversas cada preso, de alguma maneira todos são afetados pela cultura prisional, haja vista que por meio da experiência do encarceramento, os presos passam a compartilhar as agruras da vida encarcerada como também o desejo de voltar a ser livre, pode-se afirmar que a perda de antigas referências e o conhecimento de novas correspondem elementos constituintes da prisionização.
Há muito tempo que os países tentam resolver os problemas da execução penal, no entanto, são tantas as deficiências que não é possível encontrar uma maneira uniforme de solucionar o problema, de acordo com Oliveira (2012, p.15) “Chegamos ao século XXI sem que nenhum país possa mostrar, com clareza, que conseguiu resolver as agruras da execução penal, com a prisão ou sem a prisão”. Este autor ainda ressalta que
“É verdade que, aqui ou ali, pode-se encontrar uma ou outra experiência bem-sucedida. Contudo, no conjunto mundial, o panorama geral é ruim, daí se concluir que qualquer estabelecimento penal, de bom nível, representa apenas uma ilha de graça num mar de desgraça” (OLIVEIRA, 2012).
A crise carcerária é uma realidade de conhecimento público, especialmente dos órgãos de segurança pública, e todos os demais atores envolvidos no sistema. Contudo, sabe-se que não é um problema de fácil solução e que requer um esforço conjunto do Estado e da sociedade como um todo, com o objetivo de encontrar um caminho para que se possa ao menos reduzir a níveis toleráveis tamanhas distorções existentes no sistema carcerário Brasileiro. 
É nesse cenário que se encontra o sistema carcerário Brasileiro, que vem demonstrando cada vez mais sua ineficácia. A crise carcerária atinge, indistintamente, todos os Estados da Federação, todavia o problema só é percebido e só adquire a atenção do Estado e da sociedade quando os veículos de comunicação passam a noticiar as fugas e rebeliões a exemplo das deflagradas no início do ano de 2017, que atingiram vários Estados Brasileiros, quais sejam, Manaus (AM), cujo número de mortes ficou em torno de 67, Boa vista (RR) 33 mortes e Rio Grande do Norte com cerca de 26 vidas ceifadas.
Somente em meio a esse cenário de rebeliões é que reuniões são realizadas e providências são imediatamente tomadas pelos Poderes Executivos e pelas Secretarias de Segurança Pública dos Estados, a fim de garantir a ordem e evitar que as rebeliões tomem proporções maiores, ou que sejam deflagradas em outros Estados, a ponto de gerar um colapso sem precedentes no sistema carcerário Brasileiro, posto que motivos não faltam em nenhum dos Estado Brasileiros. 
A despeito das medidas paliativas que normalmente são tomadas quando da deflagração de rebeliões ou até mesmo no caso de fugas de presos, nenhuma mudança significativa são efetivamente implementadas com o objetivo de melhorar a situação, uma vez que passada a crise ou o momento de instabilidade as soluções concretas não são efetivadas, e os problemas persistem, e por muitas vezes se acentuam, sem que nenhuma melhora seja acrescentada na vida do preso. 
É Importante ressaltar que nos anos de 2015 e 2016, o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), órgão instituído pela Lei federal nº.12.847/2013, empreendeu visitas em unidades de privação de liberdade e de assistência social de diversos estados brasileiros, e ao final de cada visita é mister a elaboração de um relatório em que são relatadas pormenorizadamente as situações em que se encontravam as referidas unidades.
São vários os problemas vividos nos presídios Brasileiros, tais como deficiências estruturais, condições precárias de saúde, educação, higiene, insalubridade, tortura, superlotação, onde os presos ficam amontoados, independente dos crimes cometidos, enfim são problemas que geram caos e, consequentemente a ineficiência do sistema carcerário vigente.
Como exemplo da situação degradante e desumana em que se encontram os presos nos presídios brasileiros, será transcrito abaixo alguns trechos do relatório, elaborado pelo Mecanismo Nacional de prevenção e combate a tortura, de visita no presidio Estadual Metropolitano 1 (PEM 1) no Estado do Pará:
“De forma geral, a unidade chama atenção pelas condições infraestruturais muito precárias sob várias perspectivas, tais como: paredes e pisos imundos (restos de alimentos espalhados no interior das celas e seus arredores, ausências de ventilação cruzada, pátio com esgoto a céu aberto e presença de roedores e baratas em todos os espaços da unidade.
Algumas celas são ainda piores, como é o caso da cela destinada ao cumprimento de medida disciplinar (isolamento), que abriga os presos no “castigo”. Sem nenhuma condição de habitabilidade, uma vez que não possui iluminação, já que a entrada de luz natural é ínfima, deixando a pessoa privada de liberdade em quase completa escuridão. Além de ser extremamente suja e fétida, há restos de alimentos em decomposição, bem como forte odor de urina e fezes. Há casos de pessoas que permanecem nesse espaço por mais de vinte dias, sem colchão, em condições totalmente desumanas e degradantes.
Em razão das precárias condições infraestruturais, os presos vivem em condições degradantes. O MNPCT, durante sua visita, observou presos sem colchões, dormindo no chão imundo, em cima de fezes e urina de rato. Também, em razão do quadro de superlotação presentes nas unidades, há muitas pessoas dividindo celas pequenas onde precisam se revezar para dormir.
No CRASHM, a cela conhecida como “chapão” e a ala feminina merecem especial destaque, pois possuem condições ainda mais precárias. Em relação a esta última, será realizada uma análise na seção 3.2.7 deste relatório. No que tange ao “chapão”, como já apontado, essa cela foi improvisada a partir de um antigo banheiro. Foi aberta uma porta pequena na parede e mais nada foi feito. Assim, esta cela não possui camas e tampouco colchões. Os presos, que foram colocados ali, têm problemas de saúde e passam o dia, confinados em um espaço limitado, sem condições de habitabilidade, configurando-se tortura.” (OLIVEIRA, 2012, p.15)
 Dianteda situação acima narrada, vislumbra-se a necessidade de repensar sobre o sistema penal carcerário, visto que a finalidade da ressocialização deixa de ser cumprida em meio a tantos casos de violação dos direitos humanos, haja vista a ineficiência do sistema que não proporciona ao preso passar por um processo de ressocialização que lhe garanta uma saída do cárcere com condições de conviver em sociedade e recomeçar uma vida digna.
Ademais a experiências de passar pelo cárcere, os sofrimentos e traumas vividos na prisão, bem como a imposição de condições sub-humanas, o contato com presos perigosos, que proporciona ao preso, o conhecimento de como praticar crimes cada vez mais graves, gera neste um sentimento de revolta contra o sistema, que em nada contribui para a sua reinserção na sociedade, apenas restringe o seu direito de liberdade sem, contudo, proporcionar a este, a ressocialização, que seria o objetivo primordial do encarceramento.
Para Braga (2008), o sistema prisional apresenta um fracasso de ressocialização cuja data de nascimento configura-se mais de 200 anos atrás, na verdade, o pretenso fracasso da prisão é constitutivo do seu próprio funcionamento. Braga (2008) ressalta que a justiça penal exerce uma função produtiva no que diz respeito ao gerenciamento das ilegalidades, diferenciando-as, selecionando-as, ocultando-as ou destacando-as, o que estabelece o que é tolerado ou não, o que pode ser visto como criminalizado ou não, que vai ser preso ou não.
2.1 DAS ESPÉCIES DE PRISÃO
 
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º. inc. LVII assevera que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, ou seja, a pessoa só poderá ser preso se for efetivamente condenado, e ninguém deverá ser levado a prisão, ou nela mantido se não houver uma sentença condenatória penal transitada em julgado. 
Contudo, vale ressaltar que, recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) reafirma jurisprudência sobre execução da pena após condenação em segunda instância em julgamento do HC 126292 pelo STF, conforme matéria veiculada no sitio do STF. 
“Por maioria, o Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou jurisprudência no sentido de que é possível a execução provisória do acórdão penal condenatório proferido em grau recursal, mesmo que estejam pendentes recursos aos tribunais superiores. A decisão foi tomada na análise do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 964246, que teve repercussão geral reconhecida. Assim, a tese firmada pelo Tribunal deve ser aplicada nos processos em curso nas demais instâncias”
Assim sendo, o entendimento é que a liberdade é regra e a prisão é exceção. Embora seja possível, em casos excepcionais, que uma pessoa seja levada ao cárcere antes de ter contra si uma sentença penal condenatória definitiva.
No Brasil existem dois tipos de prisão; a prisão processual e a prisão por condenação criminal. A prisão processual é aquela em que o indivíduo pode ser levado ao cárcere sem ter contra si uma sentença penal condenatória transitado em julgado; por outro lado, a prisão por condenação criminal é aquela decorrente de condenação criminal transitado em julgado, se a pena for privativa de liberdade, sem que possa ser convertida em pena restritiva de direito.
As penas privativas de liberdade são: Reclusão e Detenção. No que se refere à pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto, enquanto que a pena de detenção em regime semiaberto ou aberto. 
Pode-se configurar da seguinte forma: a pena em regime fechado é aquela cujo cumprimento ocorre em estabelecimento de segurança máxima ou média. 
No regime semiaberto a execução da pena se dá em colônia agrícola, industrial ou em estabelecimento similar, e o regime aberto à execução da pena ocorre em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
A prisão processual é aquela que ocorre quando o indivíduo ainda não teve a condenação definitiva, é um instrumento utilizado e autorizado por lei para garantir a ordem pública, a aplicação da lei penal e a instrução processual. 
São espécies de prisão processual: Prisão em flagrante; Prisão preventiva; Prisão temporária; Prisão domiciliar; Prisão para extradição; Prisão do devedor de alimentos, sendo que essas duas últimas são prisões civis.
Contudo, ressalta-se, que o presente estudo tratará apenas das prisões em flagrante, preventiva e temporária. 
A Lei nº. 12.403/2011 introduziu mudanças significativas no Código de Processo Penal Brasileiro no que tange às prisões, cujo objetivo era evitar o encaminhamento ao cárcere do indiciado ou acusado, antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Antes do advento da Lei 12.403/2011, o magistrado não tinha outra opção, a não ser encaminhar o acusado para a prisão, onde permanecia por tempo indeterminado à disposição dos órgãos competentes, o que ensejou na explosão demográfica carcerária, levando o legislador a repensar sobre o sistema carcerário vigente, de modo a encontrar uma alternativa que pudesse, de qualquer modo, contribuir para a melhora do sistema carcerário como um todo. 
A Lei nº. 12.403/2011 trouxe novas regras para as decretações das prisões existentes no ordenamento jurídico brasileiro, tendo introduzido no título IX do Código de Processo Penal as medidas cautelares como meios alternativos de prisão, de modo a mandar para o cárcere apenas os acusados de crimes que não pudessem ser beneficiados por medidas cautelares, objetivando consequentemente que a população carcerária fosse reduzida. 
A seguir será analisado, as prisões cautelares existentes no nosso ordenamento jurídico penal, com ênfase às principais mudanças trazidas pela Lei 12.403/2011.
2.1.1 Da Prisão Temporária
A Prisão temporária é regulada por Lei especial nº. 7.960/1989, e tem por finalidade garantir o bom andamento da investigação criminal, podendo ser decretada nas seguintes hipóteses, quais sejam: 1) quando for imprescindível para a investigação policial, ou seja, quando não houver outro meio que não a prisão; 2) quando o indiciado não tiver residência fixa, para evitar que a pessoa desapareça, frustrando a investigação criminal; 3) quando o indiciado não fornecer dados suficientes para a sua identificação, neste caso a prisão é decretada para que seja possível a identificação da pessoa.
Para Mirabete (2007), essa modalidade de prisão será decreta pelo juiz, exclusivamente em fase de inquérito policial, contudo, jamais poderá ser decretada de ofício, somente sendo possível mediante requerimento do Ministério Público ou representação da autoridade policial.
O prazo de duração da prisão temporária será de 05 dias, podendo ser prorrogada por igual período no caso de extrema e comprovada necessidade, e esgotado o referido lapso temporal, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se for decretada a prisão preventiva.
 
2.1.2 Da prisão em flagrante
A prisão em flagrante é aquela em que a liberdade do individuo é cerceada, sem que haja necessidade de ordem judicial, é uma prisão de natureza cautelar, e ocorre no momento em que o indivíduo está cometendo um crime ou tenha acabado de cometê-lo, quando encontrado em situação que se presuma ter cometido uma infração penal.
Efetua-se também a prisão em flagrante com o objetivo de evitar que crimes sejam consumados ou exauridos, bem como, cabe no sentido de evitar que o suposto acusado empreenda fuga, e como forma de garantir a integridade física tanto do suposto acusado como da vítima.
Uma das peculiaridades da prisão em flagrante é o fato de que qualquer cidadão poderá prender o acusado de cometer a infração penal, conforme preceitua o artigo 301 do Código de Processo Penal.
Diferente do que ocorria antes do advento da Lei 12.403/2011, o indivíduo preso em flagrante delito não poderá mais permanecer preso, haja vista que a referida prisão não se configura mais em hipótese em prisão cautelar para garantir o processo, ou seja, ninguém permanece preso em flagrante, esta prisão, ou é convertidaem prisão preventiva, ou é convolada em liberdade provisória. 
Uma das mais importantes mudanças trazidas pela Lei 12.403/2011, no que concerne a prisão em flagrante, foi o fato de a prisão ter deixado de se prolongar no tempo ao sabor da morosidade dos órgãos competentes, ou seja, com as novas regras estabelecidas, lavrado o auto de prisão em flagrante, em 24 horas, o magistrado terá que decidir sobre o flagrante, dispondo de três opções, quais sejam, o relaxamento, se a mesma for ilegal, a conversão em preventiva, se presentes os pressupostos autorizadores, e a concessão da liberdade provisória com ou sem fiança.
Existem várias espécies de prisão em Flagrante, quais sejam: 
Flagrante próprio - é o flagrante propriamente dito, aquele que ocorre no momento do cometimento da infração penal ou imediatamente após cometê-lo (art. 302, inc.I e II CPP);
Flagrante impróprio – é o “quase flagrante” o agente é perseguido “logo após” ter cometido a infração e neste momento encontra-se em situação que se presume ter cometido o crime (art. 302, inc.III CPP);
Flagrante presumido – é aquele em que o agente é encontrado “logo após” de posse de objetos, documentos, armas ou quaisquer outros documentos que possam levar a presunção de que aquele agente cometeu a infração penal (art. 302, inc.IV CPP);
Flagrante facultativo – é aquele que poder ser efetuado por qualquer pessoa do povo, no exercício regular de seu direito de acordo com a oportunidade e conveniência, ou seja, a pessoa exerce esse direito se quiser (ART. 301 1ª parte CPP);
Flagrante compulsório – é aquele que tem que ser realizado por autoridades policias ou seus agentes, sem que haja qualquer discricionariedade (ART. 301 2ª parte CPP);
Flagrante preparado – é aquele delito preparado, ou seja o policial ou terceiro induz o indivíduo a pratica o delito e o prende em flagrante. Essa modalidade de flagrante é considerado ilícito, e o STF considera essa conduta atípica conforme leciona a súmula 145 STF;
Flagrante esperado – é aquele em o policial ou terceiro espera a prática de uma infração, sem que haja qualquer tipo de induzimento;
Flagrante Forjado – é aquele em que o policial ou terceiro cria prova de um crime que não existe, portanto, é considerado flagrante ilícito porque o crime é inexistente;
Prorrogado ou retardado – Só é possível em crimes realizado por associação criminosa (art. 8º. Lei de associação criminosa)
2.1.3 Da prisão preventiva
Com o advento da lei 12.403/2011, as espécies de prisões previstas no código de processo penal Brasileiro sofreram mudanças significativas, especialmente no que tange à prisão preventiva.
 A partir da redação da nova Lei o magistrado passa a ter opções diversas da prisão, e só deverá optar pelo cárcere se, nenhuma outra medida cautelar, prevista no art. 319 do Código de processo penal, puder ser aplicada ao caso concreto, ou seja, a prisão passou a ser a última ratio do processo, a última opção.
É importante demonstrar o que preceitua §6º art.282 Código de Processo Penal, in verbis: §6º. A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art.319).
Para Mirabete (2007), esse tipo de prisão é uma medida cautelar, a qual se constitui pela privação de liberdade e decretada pelo juiz, durante a fase de inquérito policial ou instrução criminal em virtude da existência de pressupostos legais a fim de resguardar os interesses sociais da segurança.
Cabe ressaltar que a prisão preventiva é uma espécie de prisão cautelar que pode ser decretada tanto no curso da investigação policial, nesse caso não pode ser decretada de ofício, necessitando de requerimento do Ministério Público, ou do assistente de acusação ou de representação da autoridade policial, no que concerne a decretação no curso da ação penal, está poderá ser decretada pelo juiz de ofício.
É sabido que a decretação da prisão apenas ocorre em virtude da decisão fundamentada de um magistrado. Desta forma, a legitimidade para requerer a decretação da preventiva pertence ao Ministério Público e ao querelante, segundo o que dispõe o artigo 311 do Código de Processo Penal, cabendo à autoridade policial somente representar a decretação da prisão, todavia não requerê-la. 
De acordo com Tourinho (2003), a prisão preventiva configura-se como uma medida excepcional e, desta forma caracteriza-se como decretável em casos de extrema necessidade. Segue-se, haja vista que, se durante o processo o Juiz constatar que o motivo ou os motivos que ditaram já não subsistem, terá a possibilidade de revogação.
Desta forma, será decretada somente nos casos de necessidade e urgência, assim como devem estar presentes dois pressupostos: materialidade (prova do crime) e indícios de autoria, e os motivos:
 - Garantia da ordem pública – Consiste na necessidade da urgência em privar a liberdade de alguém que cometeu uma infração penal, sob pena de uma vez ter soltura durante o curso natural do processo, e continuar a praticar crimes; 
- Conveniência da Instrução Criminal – Consiste na possibilidade do acusado estando em liberdade poder ameaçar ou corromper testemunhas, ou seja, é conveniente para o bom andamento do processo e produção das provas, que o acusado fique com sua liberdade cerceada; 
- Garantia da aplicação da lei penal – Consiste na restrição da liberdade do acusado como garantia para que não haja fuga do distrito da culpa.
Caso não estejam presentes os fundamentos que ensejam a prisão preventiva, o juiz deverá conceder a liberdade provisória com ou sem fiança, ainda que não restem dúvidas quanto a materialidade e a autoria da infração penal.
Cabe ressaltar que a certeza da materialidade, todavia, é a mais rígida. Impõe-se “ab initio”, já quando do juízo de delibação da denúncia. No que diz respeito à autoria, apenas ao final da instrução processual, bastando, quando da exordial acusatória, apenas indícios idôneos. Pode-se afirmar que a materialidade, o “corpus delicti”, pode estar representada nos autos, como exemplo, o laudo pericial que atesta a morte violenta na imputação por homicídio doloso, ou presentada, como é a hipótese da moeda falsa(art. 289 do CP).
Não será imposta a prisão preventiva nas infrações penais em que a lei não prevê pena privativa de liberdade, tampouco nas infrações de menor potencial ofensivo. 
3. O MONITORAMENTO ELETRÔNICO.
Vivencia-se na contemporaneidade uma crise carcerária que se deteriora a cada dia em função de um sensível aumento da criminalidade em território brasileiro. Soluções prementes carecem de serem postas em debates no sistema penal brasileiro como forma de sanar tal crise. 
Sobre a crise carcerária Corrêa Júnior (2012), aponta como problemas mais frequentes a insuficiência de vagas, estabelecimento prisional inapropriado apresentando estrutura em desacordo com o detento, e ambiente gerador de promiscuidade entre os condenados por delitos diversos. Adverte que os transtornos estão longe de terem soluções a médio prazo, porém chama a atenção para o desenvolvimento tecnológico dos finais do século XX que inserem um novo prisma nos debates penais e penitenciários no cenário mundial.
Diante do exposto, pode-se dizer que tais debates evoluíram para a gênese do monitoramento eletrônico como forma alternativa de execução penal. Fato corroborativo está posto em Fonseca (2012), ao indicar como uma das formas de solver a problemática carcerária seria a adoção do monitoramento eletrônico objetivando amenizar os impactos nefastos do cárcere na sociedade contemporânea a luz da globalização. Desta feira, a tecnologia coloca-se como um instrumento à disposição dos indivíduos possibilitando soluções factíveis para a crise carcerária. 
3.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO MONITORAMENTO ELETRÔNICO
 Figura 1: modelos de aparelhos de monitoramento
 
 Fonte: http://prisional.blogpost.com.br
Monitoramento eletrônico refere-se ao uso equipamento eletrônico, pulseira ou tornozeleira, pelo acusado ou condenado, como formade gestão ao controle das disposições a ele atribuídas enquanto permanecer em regime aberto, ou prisão domiciliar por exemplo, durante o tempo em que estiver submetido a um processo penal. (CORRÊA JUNIOR, 2012). 
Corroborando com o supracitado Hata (2011) conceitua monitoramento eletrônico como uma das formas de execução penal atribuída a um réu ou sentenciado, que não será aprisionado, porém será monitorado pelo Estado, ficando a este vetado frequentar determinados lugares, ou mesmo, sair de sua residência e desta forma seguir um ordenamento comportamental “de acordo com os ditames da Lei. (HATA, 2011, p.3)
Para Vidal (2014) o monitoramento eletrônico utiliza um dispositivo chamado de Sistema de Acompanhamento de Custódia 24 horas - SAC 24, nos quais os usuários são constantemente acompanhados via satélite, cujo funcionamento está atrelado a frequência de rádio que envia informações de dados criptografados sobre a localização do indivíduo usuário. Ao tratar dos aspectos técnicos do artefato aplicado ao direito penal o autor aponta para três finalidades que são:
1. Detenção: A finalidade da vigilância neste caso é assegurar a permanência do monitorado em determinado local. É a forma utilizada para fiscalização da prisão domiciliar. 
2. Restrição: o monitoramento eletrônico é utilizado para evitar que o indivíduo adentre em áreas demarcadas pela justiça penal ou para proibir que não se aproxime de determinadas pessoas. 
3. Vigilância: Nesta situação, o indivíduo é monitorado de forma permanente mas não está sujeito a nenhuma restrição de permanecer em determinado lugar ou se aproximar de determinadas pessoas. (VIDAL, 2014, p. 49)
Outro aspecto técnico que merece destaque neste argumento segundo Oliveira (2012), refere-se ao Centro de Monitoramento que pode estar estabelecido nas instituições prisionais, ou mesmo em empresas privadas que prestam serviços de monitoramento. Desta forma, os funcionários envolvidos no processo possuem a responsabilidade de fiscalização, dos réus ou sentenciados, de forma individual, com o intuito de verificação do cumprimento das penalidades ou condições impostas. Em caso de descumprimento os encarregados da fiscalização emitem sinais de alerta para as autoridades cabíveis.
Está posto em Oliveira (2012), que as primeiras experiências com o monitoramento eletrônico deram-se nos Estados Unidos no ano de 1964 e foram testados, de forma voluntaria, em 16 indivíduos de condenação reincidente gozando de liberdade condicional. Os idealizadores Ralph e Robert Schwitzgebel professores da Universidade de Harvard objetivaram criar dispositivo capaz de “captar um conjunto de sinais físicos e neurológicos da presença humana em um determinado lugar”. (OLIVEIRA, 2012, p. 95)
 Ainda segundo Oliveira (2012), no ano de 1983 o Juiz Jack Love, do Estado do Novo México, EUA, convenceu a Administração Judiciária ao uso de aparelho de vigilância eletrônica. Os primeiros protótipos foram em forma de bracelete, e utilizados para monitoras cinco infratores que haviam desrespeitado as regras. Assim, o electronic monitoring foi lançado e ganha espaço em outros estados americanos, assim como, em outros países como: Brasil, Canadá, Andorra, China, Espanha, França, Hungria, Japão, Taiwan, Singapura, Austrália, Nova Zelândia, Dinamarca, Alemanha, Bélgica, Portugal, Itália, Argentina, dentre outros. 
3.2 O MONITORAMENTO ELETRÔNICO NO BRASIL: AS LEIS 12.258/2010 E 12.403/2011 
A partir de sua introdução em diversos países, o monitoramento eletrônico passa a entrar no debate jurídico de penalistas e legisladores brasileiros. As primeiras discursões sobre o assunto ocorrerem no ano de 2007 por ocasião da apresentação de vários projetos de lei, que culminou com a aprovação do Projeto de Lei nº. 175/2007, de autoria do senador Magno Malta, que previa a possibilidade de utilização do equipamento de vigilância indireta pelo condenado nos casos de: pena restritiva de liberdade; regimes aberto e semiaberto ou progressão para tais regimes; saída temporária no regime semiaberto; pena restritiva de direitos com restrição de horários ou da frequência a determinados lugares; prisão domiciliar e livramento condicional ou suspensão condicional da pena. (BURRI, 2011)
Entretanto, na redação original do Projeto de Lei supracitado, não trazia referência acerca da possibilidade de o novo sistema ser utilizado de forma autônoma, ou seja, como modalidade de pena alternativa às privativas de liberdade, tampouco a possibilidade de utilização do monitoramento eletrônico como opções às prisões cautelares. 
Contudo, o Brasil avança em consonância à tendência mundial e introduz em seu ordenamento jurídico interno o monitoramento eletrônico, como uma alternativa ao encarceramento por meio das Leis nº. 12.258/2010 que altera a Lei de execuções penais de nº. 7.210/2003, trazendo a possibilidade de utilização do equipamento de vigilância eletrônica pelos condenados e em seguida a Lei nº 12.403/2011. (FONSECA, 2012)
As alterações da Lei nº. 12.258/2010 (LEP), nas hipóteses de condenados que estão em prisão domiciliar ou em cumprimento de pena no regime semiaberto, e que poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento sem vigilância direta, determina no parágrafo único do Art. Nº 122, que tal “ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. ”  (BRASIL, Lei 12.258, 2010, art. 122) 
Em estudos de Dias (2014) está posto que o objetivo a ser alcançado a partir da LEP diz respeito a ressocialização do preso a partir das imposições de direito e deveres dos mesmos registrado nas leis brasileiras. Contudo, há uma notória violação dos direitos de dignidade humana no sistema carcerário brasileiro que não viabiliza a ressocialização do mesmo. Desta forma, justifica-se o monitoramento eletrônico como uma alternativa para as pessoas condenadas ou que aguardam julgamento, pois desta forma garante-se sua integridade física.” (DIAS, 2014).
Desta forma o monitoramento eletrônico apresenta-se como vantajoso no que diz respeito ao confinamento provisório de maneira a evitar as mazelas do cárcere, viabilizando prisões cautelares, assim como a ressocialização do egresso. (DIAS, 2014)
 Está posto na Seção VI da Lei nº 12.258/2010 (LEP) sobre a Monitoração Eletrônica os seguintes Artigos: o 146-B estabelece que ficará a cargo do Juiz definir a fiscalização por intermédio da monitoração eletrônica na hipótese de saída temporária e prisão domiciliar. No 146-C O condenado receberá instruções acera dos cuidados a serem adotados com o equipamento eletrônico, ficando estabelecido nos seguintes incisos:
I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações; 
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça; (BRASIL, Lei 12.258, 2010, art. 146-C)  
Assim como, no parágrafo único, que na eventualidade da violação dos deveres estabelecidos no referido artigo, o juiz da execução poderá estabelecer a regressão do regime, a revogação da saída temporária e prisão domiciliar. Assim como está posto no Art. 146-D a revogação do monitoramento no caso de irregularidade ou delito considerado grave, será revogada o monitoramento eletrônico que pode tornar-se dispensável, e finalmente ficará sob a responsabilidade do poder executivo implementar ou regulamentar a monitoração eletrônica. (BRASIL, 2010, Lei nº 12.258/2010)
Entretanto após Sancionada a Lei Ordinária nº12.258/2010, esta foi vetada pela Presidência da República e assim fundamentado pelo Ministro da Justiça:
A adoção do monitoramento eletrônico no regime aberto, nas penas restritivas de direito, no livramento condicional e na suspensão condicional da pena contraria a sistemática de cumprimento de pena prevista no ordenamento jurídico brasileiro e, com isso, a necessária individualização,proporcionalidade e suficiência da execução penal. Ademais, o projeto aumenta os custos com a execução penal sem auxiliar no reajuste da população dos presídios, uma vez que não retira do cárcere quem lá não deveria estar e não impede o ingresso de quem não deva ser preso.
Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar os dispositivos acima mencionados
do projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional. (BRASIL, Lei Ordinária 12.258/2010 – VETO) 
De acordo com Oliveira e Azevedo (2011) A política criminal do Estado brasileiro torna inviável o uso de monitoramento eletrônico em outros casos, uma vez que cria maneiras de fiscalização para indivíduos já em estado de liberdade, sem, no entanto, um olhar voltado para a superlotação do cárcere, excluindo-se o modelo de vigilância eletrônica em regime aberto no caso da realização de atividades educacionais dentre outras.
Ainda seguindo os estudos de Oliveira e Azevedo (2011), outros vetos foram empreendidos como no que diz respeito a ccompetência do juiz da execução em determinar quando achasse necessário o uso da vigilância eletrônica. Tal determinação daria ambiência à várias interpretações a partir de sua natureza particular. Ainda ficando vetado:
 A, que permitia ao juiz determinar a vigilância indireta para fiscalização das decisões judiciais, havendo meios disponíveis para tanto.11 O artigo 146-B foi vetado parcialmente, retirando-se a autorização para uso do monitoramento eletrônico como fiscalização da pena restritiva de liberdade em regime aberto ou semiaberto; da pena restritiva de direitos com limitação de horários ou frequência a certos lugares e do livramento condicional e suspensão condicional da pena.
[...] inciso III do artigo 146-C, que atribuía ao condenado monitorado o dever de informar à entidade responsável pela vigilância eletrônica as falhas do equipamento.
Por decorrência da inviabilidade de monitoramento eletrônico do livramento condicional e da suspensão condicional da pena, também foram vetados os incisos III, IV e V do parágrafo único do art. 146-C, que previam como consequência da violação dos deveres impostos ao monitorado a revogação da suspensão condicional da pena, do livramento condicional e a conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade. (OLIVEIRA e AZEVEDO, 2011. p. 105)
Com referência a justificativa para o veto dos dispositivos foram admissíveis, porém na redação legal aprovada não justificava o ingresso do sistema de monitoramento eletrônico em nosso sistema jurídico, razão pela qual mereceu críticas de grande parte da doutrina majoritária brasileira, pois deste modo não ocorreria a diminuição da população carcerária, nem tampouco haveria economia de custos pelo fato de os indivíduos sujeitos ao monitoramento não estarem mais sujeitas ao sistema prisional, a exemplo a prisão domiciliar, ou mesmo no caso da saída temporária do regime semiaberto, fato que caminha em direção contrária aos interesses do Estado. (MORAIS, 2012)
Desta forma, a referida Lei cria uma imposição para o do uso do equipamento eletrônico que seria destinado apenas na saída temporária e prisão domiciliar, ocasionando dessa forma limitação à liberdade do preso, fato que não beneficia de forma eficaz o mesmo, uma vez que antes da Lei não havia vigilância para esses casos.
No que tange fato da Lei não ter contribuído para a redução da população carcerária, justifica-se no caso de prisão domiciliar, pois pessoas já não estavam mais no sistema prisional, ou teriam retornado ao estabelecimento prisional, no caso de saída temporária do regime semiaberto. Ademais, as alterações trazidas pela Lei 12.258/2010 em nada alterou o ordenamento jurídico, tampouco criou meios alternativos de prisão. 
3.2.1 A Lei 12.403/2011 e o monitoramento eletrônico como medida cautelar
Em contrapartida aos vetos da Lei 12.258/2010 debates acalorados continuam mobilizando magistrados, legislativo e entidades civis, desta forma convergiu na promulgação, em 04 de julho, da Lei 12.403/2011, que amplia uma variedade de opções no que se refere as possibilidades de utilização do equipamento eletrônico. No artigo 39 a lei apresenta uma diversidade de medidas cautelares dentre as quais consta o monitoramento eletrônico. (OLIVEIRA E AZEVEDO, 2011).
Sobre as medidas cautelares diversas da prisão, está posto no capítulo V – Art.319: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 
IX - monitoração eletrônica. (BRASIL, Lei 12.403, art. 319)
Portanto a Lei 12.403/2011, altera o Código de Processo Penal, trouxe em seu bojo mudanças importantes no que tange a inclusão de medidas cautelares diversas da prisão, que se constituem em alternativas que poderão ser utilizada pelo juiz, de modo a evitar, sempre que possível, o encarceramento. 
Para Cecato (2013) o propósito da Lei em questão supera a visão do processo penal com fins punitivista, e viabiliza uma renovação em seus princípios pois supera a divisão prisão/liberdade, visto que proporciona ao juiz criminal utilizar diversas medias cautelares, como as acima mencionadas, possibilitando a este um caminho intermediário para o acusado que esteja submetido a outros parâmetros até seu julgamento. Desta forma “todo este processo de mudança é resultado do cotejamento da prisão cautelar em face ao princípio da presunção de inocência. ” (CECATO, 2013, p. 54)
Dentre as mudanças trazidas pela Lei 12.403/2011 no que diz respeito ao monitoramento eletrônico, (Art. 319 Inc. IX), contribui para que seja uma alternativa a prisão preventiva.
Corrêa Junior (2012), em seus argumentos estabelece que o monitoramento eletrônico se constitui “como medida cautelar autônoma ou como método de controle ou execuções das medidas cautelares pessoais” (CORRÊA JUNIOR, 2012, p. 128). Deste modo, concebe sua utilização como medida ou mecanismo de controle de medida cautelar nos casos da prisão preventiva a ser executada em moradia e perante a cautela de equipamentos eletrônicos.
Não obstante, o fato do monitoramento eletrônico ter sido instituído tardiamente no Brasil, se comparado com outros países, sua implementação representou um avanço tecnológico de grande relevância jurídica e social, uma vez que permite fiscalizar o cumprimento das medidas judiciais impostas, localizar o indivíduo, bem como utilizar a prisão eletrônica como meio alternativo apto a substituir a prisão no cárcere brasileiro ora sucateado. Ademais são muitas as razões para que se implemente alternativas diversas da prisão para cumprimento de pena, dentre as quais; o fato da prisão se constituir em exceção; a interferência mínima na liberdade do indivíduo; evitar o convívio do cidadão comcriminosos experiente; a prisão ser um local degradante; ser um lugar que está longe para que se possa alcançar a ressocialização.
4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BRAGA, Ana Gabriela Mendes. A identidade do preso e as leis do cárcere. 215f. Dissertação (mestrado em Direito Penal) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
BRASIL. 2005. Lei n. 7210, de 11 de Julho de 1984 : Lei de Execução Penal. In : BRASIL. Código Penal, Código de Processo Penal, Constituição Federal. São Paulo : Saraiva.
_____. Lei 12.258 de 15 de junho de 2010. Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), para prever a possibilidade de utilização de equipamento de vigilância indireta pelo condenado nos casos em que especifica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12258.htm. Acesso em: 22 de Setembro de 2017.
_____. Lei nº 12.403, de 4 de maio de 2011. Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, relativos à prisão processual, fiança, liberdade provisória, demais medidas cautelares, e dá outras providências. Brasília, DF, 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12403.htm. Aceso em 250 de setembro de 2017.
_____. Lei Ordinária nº12.258/2010 – VETO Disp. Em; http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/fraWeb?OpenFrameSet&Frame=frmWeb2&Src=%2Flegisla%2Flegislacao.nsf%2FViw_Identificacao%2Flei%252012.258-2010%3FOpenDocument%26AutoFramed. Acesso em 20 de setembro de 2017
BURRI, Juliana. O Monitoramento Eletrônico e os Direitos e Garantias Individuais. Revista dos Tribunais, v.100, nº904, fev.2011. p.475-493. Disp. em: www.pucsp.br/cienciascriminais/agenda/site_nucci_monitoramento_eletronico.doc. Acesso em 24 de setembro de 2017.
CECATO, Thais. LEI Nº 12.403/2011 e desdobramentos no Código de Processo Penal: prisão como medida cautelar de última rátio. Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná. (TCC) Curso de Bacharel em Direito no curso de graduação em Direito. Curitiba 2013. Disponível em: http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/35578/82.pdf?sequence=1. Acesso em 28 de setembro de 2017.
CORRÊA JUNIOR, Alceu. Monitoramento eletrônico de penas e alternativas penais. Tese (Doutorado em Direito) Faculdade de Direito, USP, São Paulo, 2012. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-20062013-132709/pt-br.php. Acesso em 20 de setembro de 2010.
DIAS, Kauê Pontes. O Monitoramento Eletrônico dos Presos: alternativa ao sistema carcerário brasileiro sob a égide dos direitos fundamentais. Monografia - Faculdade Farias Brito. Fortaleza, 2014. Disponível em 
http://www.conteudojuridico.com.br/pdf/cj050474.pdf
FONSECA, André Luiz Filo-Creão da. O monitoramento eletrônico e sua utilização como meio minimizador da dessocialização decorrente da prisão. Ed. Núria Fabris. Porto Alegre, 2012. 
HATA, Fernanda Yumi Furucawa. Monitoramento eletrônico – Aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. Dissertação de Mestrado em Direito Penal. Faculdade de Ciências Sociais, PUC, São Paulo, 2011. Disponível em Biblioteca virtual PUC-SP: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/5709. Acesso em 18 de setembro de 2017. 
MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento Eletrônico: liberdade vigiada. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n.2601, 15 ago. 2010. Disponível em: http://.jus.uol.com.br/revista/texto/17196. Acesso em 24 de setembro de 2017.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 19ª ed. São Paulo: atlas, 2007 
MORAIS, Paulo José Iasz de. Monitoramento Eletrônico de Preso. 1ªEd. São Paulo. SP: Editoras IOB, 2012..  
OLIVEIRA, Edmundo. Direito Penal do Futuro. Lex Editora. São Paulo, 2012.
OLIVEIRA, Janaina rodrigues; AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. O monitoramento de apenados no Brasil. Artigo Revista Brasileira de Segurança Pública/São Paulo Ano 5 Edição 9 Ago/Set 2011. Disponível em: revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/download/100/97
PERROT, Michelle. Os Excluídos da História.: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988. 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. vol III, 25ª ed. São Paulo, Saraiva, 2003.
WISSENBACH, Maria Cristina Cortez. Sonhos africanos, vivências ladinas: escravos e forros em São Paulo (1850-1888). São Paulo. Hucitec, 1998.
VIDAL, Eduarda de Lima. Monitoramento eletrônico: aspectos teóricos e práticos. Dissertação de Mestrado – Mestrado Profissional em Segurança Pública, Justiça e cidadania. Faculdade de Direito, Universidade de Direito. Salvador, 2014. Disponível em: http://www.progesp.ufba.br/wp-content/uploads/2016/07/Disserta%C3%A7%C3%A3o-final-Eduarda-de-Lima-Vidal-2014.pdf. Acesso em 15 de setembro de 2017.

Outros materiais